Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Investidor reduz ritmo com indefinição política e exterior

Sem fatos novos que direcionem os investidores, os mercados financeiros reduziram o ritmo de negócios nesta segunda-feira. Segundo profissionais, a expectativa pela eleição reduz a disposição dos investidores seja na bolsa, seja em câmbio ou juros. "Os investidores têm evitado grandes apostas até ter definição melhor do cenário externo e do ambiente político local", afirma David Cohen, da Paineiras Investimentos.

O dólar comercial terminou a sessão em leve alta, de 0,35%, valendo R$ 3,8632. O comportamento foi na contramão do exterior, onde a moeda americana perdeu terreno em relação às principais divisas emergentes, como o rand sul-africano (0,43%) e peso mexicano (0,36%). Já os juros futuros fecharam o dia praticamente estáveis: o contrato de DI para janeiro de 2020 terminou com taxa de 8,19%, ante 8,20% na sexta, enquanto o DI para janeiro de 2025 fechou a 11,32%, ante 11,29%.

"Não há fato novo neste momento, nem no Brasil, nem no exterior, o que reduz a atividade do mercado", afirma Jayro Rezende, gerente de Tesouraria do Bank of China. Diante disso, o mercado acaba se movendo por fluxos pontuais, que aparecem toda vez que a cotação tenta escapar da faixa entre R$ 3,85 e R$ 3,90. No mercado de juros, o contrato de DI para janeiro de 2021 teve 90 mil contratos negociados, frente uma média diária recente entre 200 mil e 250 mil.

O contrato com prazo de janeiro de 2025 ficou em 15 mil, muito abaixo do volume normal, que é de uma faixa de 50 mil a 100 mil contratos. Segundo João Fernandes, economista da Quantitas, vértices mais curtos da curva seguem o movimento observado nas últimas semanas de redução de prêmio. "O tempo está passando e o mercado não vê se materializar os eventos de risco que poderiam fazer o Banco Central elevar a taxa de juros esse ano. Isso reduz dia-a-dia a precificação de altas", afirma.

A bolsa brasileira começou a semana praticamente no zero a zero. Embora o exterior novamente tenha pautado o movimento, com pressão das commodities, operadores avaliam que é o cenário eleitoral no Brasil que continua impedindo o Ibovespa de consolidar o ritmo positivo e atrair o interesse dos agentes de mercado. Após ajustes, o Ibovespa encerrou com leve alta de 0,08%, aos 76.653 pontos.

Durante o dia, o índice não saiu desse patamar, oscilando entre a mínima nos 76.129 pontos (-0,61%) e a máxima nos 76.924 pontos (0,43%). Na bolsa, em que o dia também foi de variações modestas, o volume financeiro somou R$ 6,9 bilhões, abaixo da média diária negociada nos pregões de 2018, perto de R$ 9 bilhões.

Esse giro mais estreito chama a atenção pelo fato ter sido dia de exercício de opções sobre ações, evento que costuma contribuir com o aumento do volume negociado no mercado à vista. O volume agregado da bolsa foi de R$ 12,3 bilhões. Relatório de análise gráfica do Itaú BBA destacou que, depois de superar a resistência dos 75.900 pontos no fechamento, o Ibovespa entrou em tendência de alta no curto prazo.

O índice abriu espaço para perseguir o próximo nível de resistência de 78.900 pontos, mas o ritmo de alta perderá força se a bolsa perder o suporte, que atualmente é de 75.500 pontos. As ações da Gol lideraram durante todo o pregão as altas do dia (11,60%).

O desempenho comportado do dólar e, principalmente, a queda firme do petróleo foram justificativas citadas para a performance, já que são dois dos principais componentes de custo da empresa. A aquisição de aeronaves novas da Boeing para a frota da aérea também elevou o interesse no papel. A ação ordinária da Vale fechou em queda de 0,83%.

A mineradora divulgou recorde de produção e vendas de minério para um segundo trimestre: a produção da commodity totalizou 96,7 milhões de toneladas de abril a junho, 5,3% acima da verificada em igual período em 2017. Mesmo assim, operadores indicam que as perspectivas positivas para a companhia já estão precificadas, uma vez que a alta do dólar e do minério de ferro foram movimentos amplamente capturados pela ação.

 

Atividade tem queda recorde em maio, mas deve estabilizar no 2º tri

O tombo da atividade econômica em maio, confirmado pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC), foi temporário e, na visão de economistas, junho já deve recompor em grande parte, as baixas pontuais na produção industrial, vendas no varejo e serviços.

Embora esperem algum repique da atividade após o fim da paralisação dos caminhoneiros, os analistas ainda continuam avaliando que o crescimento seguirá lento e sujeito a solavancos pelo caminho por causa da incerteza em alta, das eleições presidenciais de outubro e de um cenário externo mais desafiador.

Considerado uma 'prévia' do Produto Interno Bruto (PIB), O IBC-Br apontou queda de 3,34% na passagem de abril para maio, na série com ajustes. Foi o pior resultado já registrado na série do índice, que começa em 2003, mas veio em linha com a projeção média de 22 instituições consultadas pelo Valor Data.

Para junho, o banco UBS projeta alta de 3% do indicador em base anual e de 4% em relação a maio. Em entrevista ao Valor, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, lembrou que alguns indicadores mostram "recuperação em V", como a produção de automóveis, os embarques de papelão e o fluxo de caminhões em estradas com pedágio (ver gráficos acima).

Para o segundo trimestre, as projeções dos bancos e consultorias oscilam entre estabilidade e alta de 0,3% da atividade em relação aos três primeiros meses do ano. O UBS está na ponta mais otimista, ao prever avanço de 0,3% no período. "Em geral, esses números apontam para uma recuperação lenta no Brasil, consistente com nossas projeções do PIB recentemente revisadas", diz o relatório.

O UBS projeta alta de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 e de 2,5% em 2019. Já o banco Fibra, antes otimista, espera agora estabilidade no segundo trimestre, com algum viés de alta. "Não descartamos que, à medida em que mais indicadores sejam divulgados, a revisão aponte para crescimento levemente positivo", diz relatório. Ainda assim, o Fibra revisou a estimativa para o PIB do ano de 1,8% para 1,4%, levando em conta uma série de variáveis econômicas e financeiras do terceiro e quarto trimestres.

O Bradesco também vê o PIB estável de abril a junho, de uma projeção anterior, revisada na sexta-feira, de contração de 0,3% no período. O que ainda é dúvida entre os analistas é o que sobrou como herança negativa na economia depois dos 11 dias da greve.

Para Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria, os eventos do fim de maio abalaram a confiança dos consumidores e empresários e desarticularam cadeias importantes, como a de aves. O economista lembra que o cenário eleitoral e o ambiente externo menos favorável a emergentes são dois fatores que devem criar um clima de mais cautela a partir de agora. Somadas as cicatrizes de maio, o resultado é um acréscimo de incerteza a um cenário já difícil.

"O que está claro, por enquanto, é que teremos um arrefecimento da atividade no segundo semestre. Nesse sentido, a queda da confiança prejudica as perspectivas", afirma Xavier. Antes da greve, as projeções para o PIB já vinham em queda, como pode ser visto na série do Focus, relatório do BC divulgado semanalmente.

A paralisação acelerou as revisões. Em fevereiro, auge das projeções do mercado, a mediana do PIB chegou a subir até 2,92%. Esse cenário mais positivo prevaleceu até a primeira semana de março. Mas diante de indicadores cada vez mais fracos, antes da divulgação do PIB do primeiro trimestre, que ocorreu dia 30 de maio, e da greve, entre os dias 21 e 31 de maio, a estimativa já tinha caído a 2,37%.

Naquele momento várias instituições já cortavam suas estimativas para o primeiro trimestre e para o ano. Foi o caso de Itaú (de 3% para 2%), Anbima (de 3% para 2,4%), UBS (de 3,3% para 2,7%). Na ocasião, o Banco Pine, por exemplo, já dizia que um PIB de 2% seria improvável. A divulgação do PIB do 1ª trimestre, que cresceu 0,4% ante o último de 2017, ocorreu nos dias finais da greve, quando os estragos provocados pelo movimento aceleraram as revisões para baixo, que agora chegaram a 1,5% na mediana do Focus.

 

Dúvida é sobre efeito da piora da confiança na economia

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) despencou em maio, recuando 3,34% em relação a abril, feito o ajuste sazonal. Reflexo do impacto da greve dos caminhoneiros, o tombo ficou muito próximo da média projetada pelos 22 analistas ouvidos pelo Valor Data, de 3,3%. Em 12 meses, a alta do indicador é de apenas 1,13%. Em junho, a atividade econômica deu sinais de melhora, reagindo às quedas abruptas registradas no mês anterior, com a dissipação dos efeitos da paralisação dos motoristas.

Indicadores como o fluxo pedagiado de veículos pesados e as vendas de papelão ondulado, por exemplo, tiveram um desempenho extremamente positivo no mês passado, com altas que superaram as baixas observadas em maio.

O IBC-Br, nesse cenário, deverá ter uma alta considerável. A grande dúvida é saber qual será o efeito sobre a economia da forte queda da confiança de empresários consumidores que se seguiu à greve. Decisões de investimento e de consumo devem ser afetadas por essa deterioração nos índices de confiança, num cenário também marcado pelas incertezas relacionadas às eleições presidenciais de outubro.

Para completar, houve uma piora considerável das condições financeiras. Tudo isso conspira contra uma retomada mais forte da atividade. Em maio, a greve dos caminhoneiros causou estragos significativos, evidenciados pelo tombo de indicadores importantes na comparação com abril, na série livre de influências sazonais.

A produção industrial caiu 10,9%, as vendas no varejo ampliado (que inclui automóveis, autopeças e material de construção), 4,9%, e os serviços, 3,8%. Com esses dados, os analistas esperavam um tombo expressivo do IBC-Br em maio. O recuo de 3,34% foi a maior queda da série iniciada em janeiro de 2003, como lembra o economista-chefe da Tullett Prebon, Fernando Montero.

A baixa mais próxima do IBC-BR foi o mergulho de 3,19% registrado em dezembro de 2008. Naquela ocasião, porém, o indicador completou quatro meses seguidos de queda. Entre agosto e dezembro de 2008, na esteira da crise financeira global, o IBC-BR encolheu 7,66% observa Montero. "O impressionante da queda deste mês de maio, por outro lado, é ter ocorrido em dez dias", escreve ele, em nota.

"Enquanto 2008 refletiu um fortíssimo, mas progressivo, choque de demanda, nesta ocasião foi um violentíssimo choque de oferta, com seus efeitos mais imediatos." Alguns cálculos feitos por Montero dão a dimensão do efeito do tombo do IBC-Br em maio. Para que o indicador fique estável no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal, será necessário uma alta de 6,6% em relação a maio. Se o IBC-Br apenas voltar ao nível registrado em abril, o que requer um crescimento em junho de 3,5% sobre o mês anterior, a queda no segundo trimestre será de 1,03%.

Diretor de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos calcula que a herança estatística que o resultado do IBC-Br de maio deixou para o segundo trimestre é negativo em 2,14%. Isso significa que, se o indicador ficar em junho no mesmo nível de maio, ele registrará uma queda de 2,14% na comparação com o trimestre anterior, feito o ajuste sazonal. O IBC-Br é uma "aproximação imperfeita" do PIB divulgado pelo IBGE, na definição do próprio Alberto Ramos.

Na avaliação dos economistas do Bradesco, apesar do forte tombo do IBC-Br em maio, "outros indicadores de atividade divulgados anteriormente sugerem que os efeitos da greve dos caminhoneiros para a atividade foram intensos, mas inferiores ao previsto inicialmente". Além disso, prosseguem eles, "dados dos indicadores coincidentes de junho mostram que a dissipação dos efeitos da greve está acontecendo ainda no segundo trimestre."

Nesse cenário, eles projetam que o PIB no segundo trimestre fique estável em relação ao primeiro. Para o resto do ano, sobram incertezas quanto ao ritmo da atividade econômica. O abalo na confiança de empresários e consumidores e o impacto das incertezas eleitorais tornam o quadro complicado para a atividade econômica.

No Boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) ontem, o consenso de mercado para o crescimento de 2018 recuou mais uma vez, de 1,53% para 1,50%. É um número desanimador para uma economia que encolheu 3,5% em 2015, 3,5% em 2016 e cresceu apenas 1% no ano passado.

 

FMI vê crescimento global menos uniforme e desafio maior no Brasil

O Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou um crescimento econômico global de até 3,9% em 2018 e em 2019, mas advertiu para desafios de uma expansão que está se tornando menos uniforme e com riscos para alguns países, como o Brasil. No caso brasileiro, o Fundo Monetário prevê crescimento de 1,8% na economia neste ano e de 2,5% para 2019. São percentuais mais baixos na perspectiva para mercados emergentes, que foi colocada em 4,9%, em 2018, e 5,1% no ano que vem.

O Brasil aparece com previsões reduzidas na economia ao lado da Argentina e da Índia em estudo divulgado pelo Fundo ontem, em Washington. O Fundo advertiu que o dólar americano se fortaleceu em mais de 4% desde fevereiro, enquanto o euro permanece praticamente inalterado. "Em contraste, algumas moedas de mercados emergentes se depreciam acentuadamente", ressaltou a instituição.

"O real no Brasil desvalorizou mais de 10% em uma recuperação mais fraca do que o esperado" e em cenário de incerteza política, completou o Fundo. Outros países também sofreram com a elevação do dólar, como a Argentina, que teve enfraquecimento de mais de 20%, e a Turquia com cerca de 10% a menos no valor da moeda local.

A advertência do FMI é que o crescimento na América Latina deverá ser tão modesto quanto os 1,3% verificados em 2017, atingindo 1,6% em 2018 e 2,6% em 2019. "Enquanto os preços mais altos das commodities continuam a prestar apoio aos exportadores na região, a perspectiva reflete as tendências mais difíceis para as principais economias", informou o Fundo.

No caso do Brasil, o FMI apontou "efeitos persistentes de greves e incertezas políticas". Ao tratar da Argentina, o Fundo mencionou as condições financeiras mais rigorosas e a necessidade de ajuste nas políticas. Já o México foi citado com relação às tensões comerciais, a incerteza prolongada em torno da renegociação do Nafta e a agenda política do novo governo. "A perspectiva para a Venezuela, que está passando por um colapso dramático na atividade e uma crise humanitária, foi revisada para baixo, apesar da recuperação dos preços do petróleo, já que a produção de petróleo caiu drasticamente." Um dos fatores que estaria dificultando os países da América Latina é a política do Federal Reserve nos EUA. O Fundo destacou que dado o forte emprego dos EUA e a reafirmação da inflação naquele país, o Fed está a caminho de continuar aumentando as taxas de juros nos próximos dois anos "endurecendo sua política monetária em comparação com outras economias avançadas e fortalecendo o dólar dos EUA".

O Fundo advertiu que o dólar está se valorizando amplamente desde abril e "as condições financeiras enfrentadas pelas economias emergentes e de fronteira tornaram-se um pouco mais restritivas". "Essas condições financeiras permanecem relativamente benignas no contexto histórico", ressaltou o FMI. "Se o Fed se apertar mais rápido do que o esperado atualmente, no entanto, uma ampla gama de países poderia sentir pressões mais intensas" concluiu.

 

Focus indica 1ª baixa para o IPCA em oito semanas

A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação oficial em 2018 se manteve recuou de 4,17% para 4,15%, segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central. Foi o primeiro corte depois de oito semanas seguidas de elevações, desde a sondagem publicada em 21 de maio.

Para 2019, o ponto-médio das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permaneceu em 4,10%. Para os próximos 12 meses, a estimativa recuou de 3,80% para 3,77%. Entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, a mediana para a inflação de 2018 se manteve em 4,10% e subiu de 4,00% para 4,06% em 2019.

O IPCA acelerou para 1,26% em junho, de 0,40% em maio, pressionado pela paralisação dos caminhoneiros e pelo aumento da conta de luz. Foi a maior alta de preços para um mês de junho desde 1995 (2,26%). As medianas das estimativas para a taxa básica de juros não sofreram alterações: permaneceram em 6,50% para o fim deste ano tanto entre os economistas em geral quanto entre os Top 5 de médio prazo.

Para o encerramento de 2019, o ponto-médio do mercado segue apontando para uma Selic a 8,00%. A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia em 2018 voltou a mostrar recuo, agora de 1,53% para 1,50%. Em seu auge no ano, no fim de fevereiro, o ponto-médio do sistema de expectativas do Banco Central era de um Produto Interno Bruto (PIB) 2,92% maior neste ano.

Entre a pesquisa divulgada em 7 de maio e a de 25 de junho, a projeção acumulou oito cortes seguidos. Depois disso, ficou parada por uma semana em 1,55%, mas voltou a cair na semana passada. Para 2019, o ponto-médio das estimativas ficou em 2,50% pela terceira semana seguida, na sondagem publicada hoje.

Entre fevereiro e o começo de junho, a mediana das projeções para a economia brasileira ficou praticamente parada em 3%. Ontem o Banco Central informou que a atividade econômica sofreu retração de 3,34% no país em maio, na comparação com abril, pela série com ajuste sazonal do seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br). A queda veio após uma alta de 0,50% em abril (dado revisado de alta de 0,46%), também com ajuste.

Os economistas do mercado decidiram elevar suas apostas para o dólar no fim de 2019 de 3,60 para R$ 3,68, segundo a mediana das estimativas informada na pesquisa Focus, do Banco Central, divulgada nesta segundafeira. Para o fim deste ano, a estimativa de manteve em R$ 3,70.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Protecionismo blinda Brasil contra guerra comercial, avalia Fazenda

A onda protecionista provocada pela guerra comercial entre China e EUA não deve estimular barreiras à entrada de importados no Brasil, na visão da Fazenda.

Embora industriais venham demonstrando preocupação com o risco de uma enxurrada de produtos chineses ou americanos —expulsos de seus mercados originais— para a equipe econômica o Brasil já é excessivamente protegido.

"É uma questão de magnitude. O Brasil é uma economia muito fechada, a mais fechada do mundo depois de alguns países africanos", diz Marcello Estevão, secretário de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda.

Enquanto EUA e União Europeia têm tarifas médias de 2,8% e 1,9%, respectivamente, o Brasil taxa a entrada de importados, em média, em 13,5%, segundo dados do Banco Mundial.

A distância entre as tarifas praticadas justifica uma maior abertura comercial, a despeito dos riscos protecionistas crescentes no exterior, diz o secretário.

A equipe econômica já patrocinou a suspensão de barreiras ao aço importado e estudos para a retirada de tarifas sobre máquinas e equipamentos estrangeiros —essa segunda iniciativa ainda está em aberto.

Dessa maneira, recebe críticas de empresários, queixosos do que consideram uma abertura unilateral no momento em que muitos países reativam a defesa comercial.

"Há coisas que são boas para a economia brasileira, e não é preciso negociar com os outros", afirma Estevão.

"Países que exportam muito são países que importam muito. A importação é relevante para baixar os custos de produção do que se pode fabricar de maneira mais eficiente e competitiva."

Nas contas da Fazenda, o Brasil pode até ganhar mercado com a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Estimativa da SPE (Secretaria de Política Econômica), comandada pelo economista Fabio Kanczuk, mostra que poderá entrar US$ 1,8 bilhão a mais nas contas do país nos próximos 12 meses.

O principal ganho se daria via maiores exportações para a China (mais US$ 1,4 bilhão), onde o Brasil ganharia sobre produtos americanos. Já nos EUA, os exportadores brasileiros poderiam ganhar mais US$ 400 milhões.

A projeção considera que o Brasil tem potencial de ampliar a quantidade de produtos vendidos aos dois países e tem como premissa um cenário de preços externos estáveis.

Para Estevão, porém, os ganhos são incertos e, para o comércio global, tendem a ser negativos.

"Pode ser que um caso ou outro faça o Brasil ter aumento de mercado, se um dos afetados resolver desviar sua demanda para o Brasil. Mas não é claro se isso compensaria a possível queda do preço das commodities", diz, referindo-se ao impacto sobre as matérias-primas vendidas pelo país no exterior.

Em junho, quando os ataques mútuos recrudesceram, quem mais sofreu foi a soja, que caiu 15%, nos cálculos da AEB (associação do comércio exterior do Brasil).

Dados com as cotações dos primeiros dias de julho, sobre a mesa de Estevão, sugerem uma queda generalizada: minério de ferro, petróleo, milho, trigo e açúcar oscilaram para baixo.

"A rixa é ruim para todos, a partir do momento em que afeta o crescimento mundial e os fluxos de comércio", diz.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

JP Morgan eleva projeção para dólar e vê moeda a R$ 4 antes da eleição

O JPMorgan elevou as projeções para o dólar no Brasil e vê a moeda terminando o ano em R$ 3,80, ante R$ 3,60 da estimativa anterior. Os estrategistas do banco veem ainda a moeda norte-americana batendo em R$ 4,00 no final de setembro, ou seja, antes da eleição. A corrida presidencial é definida pela instituição como "altamente incerta" e "sem visibilidade". Para o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão do JP para 2018 foi cortada recentemente de 2,4% para 1,2% e foi mantida nesse patamar no relatório "Estratégia e Cenário para Mercados Emergentes", divulgado nesta segunda-feira, 16.

O JP não espera elevação de juros pelo Banco Central ao menos até o segundo trimestre de 2019, na medida em que o IPCA deve seguir dentro da meta, ficando em 3,9% este ano e 4,3% no ano que vem. O menor crescimento esperado para o PIB é reflexo dos efeitos da greve dos caminhoneiros e das eleições incertas, que estão afetando a confiança de empresários e consumidores. O banco ressalta, porém, que é preciso esperar mais indicadores para se ter uma visão mais clara de como ficará a atividade.

O aumento da tensão comercial entre os Estados Unidos e a China deve ser um fator a pressionar as condições financeiras dos emergentes, alerta o JP. O "efeito colateral" de uma guerra comercial pode ser "significativo", de acordo com o relatório. O banco estima que o aumento da tarifa para 25% em US$ 50 bilhões de produtos chineses importados pelos EUA pode ter um impacto total no PIB do país de 0,2%. Caso o total de produtos com tarifa mais alta seja elevado para US$ 200 bilhões, como anunciou Donald Trump na semana passada, o JP ressalta que a projeção do PIB chinês pode ser cortada.

Com o cenário externo mais adverso, o JPMorgan destaca que os bancos centrais dos emergentes foram colocados sob pressão, sobretudo para responder ao enfraquecimento de suas moedas. A expectativa do banco norte-americano é que 60% dos BCs dos emergentes monitorados pela casa tenham que elevar juros no segundo semestre deste ano. Apesar dos preços baixos em ativos financeiros, a tensão comercial deve limitar qualquer rali nos mercados emergentes, ressalta o documento.

 

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