Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

Mercado vê taxa Selic estável até o fim de 2018

O mercado chega à semana da reunião do Copom convencido de que a taxa Selic será mantida em 6,5% ao ano na reunião que terminará na quarta-feira, dia 1º de agosto. Mesmo com a eleição a caminho e os crescentes riscos externos, a maioria dos analistas acredita que a taxa de juros permanecerá no mesmo nível até o fim do ano.

Embora muitos dos economistas consultados não descartem algum tipo de estresse nos preços de mercado, em especial no câmbio, apenas quatro de um grupo de 37 entrevistados pelo Valor esperam que o juro volte a subir ainda neste ano.

Além do fato de que a fraca atividade econômica deve limitar a alta da inflação, o cenário dos especialistas considera que, qualquer que seja o candidato vitorioso, ele terá que caminhar na direção de um ajuste fiscal, uma vez que margem de manobra é muito pequena. E, portanto, o impacto de uma reação negativa dos mercados tende a ser passageiro. Para o fim de 2019, há cenários bastante diferentes para a política monetária.

A maioria – 15 economistas – espera que a Selic suba para 8% ao ano até o encerramento do próximo ano. Outros 13 esperam uma taxa ainda menor, de até 7,75%, enquanto os seis analistas contam com um juro acima de 8,5%. Dois outros analistas preveem estabilidade do juro até o fim do período.

O economista-chefe da GO Associados, Luiz Fernando Castelli, acredita que o juro só volta a subir a partir de julho, em 0,25 ponto, e chega ao fim de 2019 em 7%. Esse cenário contempla a vitória de um candidato que prossiga com reformas econômicas. “A vitória de um candidato da esquerda deve causar estresse momentâneo no mercado.

Entretanto, hipótese é que, independentemente de quem for eleito, a margem de manobra é baixa e será preciso avançar com as reformas. O candidato eleito deve buscar sinalizar isso rápido depois das eleições”, afirma.

Para o economista sênior do Banco MUFG Brasil, Carlos Pedroso, a Selic só volta a subir em fevereiro do ano que vem e deve atingir 8% no encerramento de 2019. Mas essa alta de juros pode, sim, ser antecipada caso um candidato não comprometido com as reformas estruturais vença a eleição.

Nesse cenário alternativo, a taxa de câmbio deve chegar a R$ 4,30 no fim deste ano e no fim de 2019, podendo tocar os R$ 4,50 entre essas duas datas. “Avaliamos que o câmbio sofrerá um forte estresse no curto prazo, mas deve acomodar-se num patamar mais apreciado em relação ao pico no médio prazo”, afirma.

“Nessas condições, devido ao impacto gerado na inflação, o BC voltaria a apertar a política monetária para 8% ao final deste ano e para 15% no fim de 2019.” Outro fator de risco para a política monetária é a evolução do cenário internacional, afirma o economista da Modal Asset Daniel Silva.

Ele diz que a Selic pode voltar a subir já em setembro ou em outubro deste ano caso ocorra uma nova rodada de piora das condições financeiras internacionais, com um ajuste mais rápido das taxas de juros nos Estados Unidos. “Caso contrário, em um cenário eleitoral com resultado positivo e internacional sem grandes surpresas (cenário contemplado em nossas projeções), esse movimento de alta deve ocorrer apenas no segundo ou no terceiro trimestre de 2019”, afirma.

A Modal trabalha com juro de 8% no encerramento de 2019. O Itaú Unibanco espera que a Selic volte a subir na segunda metade de 2019 e que atinja 8% no fim do ano. Isso, a despeito da mudança no quadro internacional, que se tornou mais desafiador nos últimos meses, com os riscos para o comércio global diante da postura mais agressiva por parte do governo Trump.

Os economistas do Itaú explicam que essa ameaça se soma a sinais de que a economia americana está crescendo acima de seu potencial e leva os Estados Unidos a uma situação contraditória: há riscos tanto de superaquecimento (desemprego baixo, estímulos fiscais) quanto de recessão (recuperação longa, juros em alta e riscos de comércio). “Essa mudança no ambiente internacional reduziu o apetite de risco em relação a economias emergentes e pressionou as taxas de câmbio, dentre elas o real.

No entanto, o Copom vem afirmando a política monetária não reagirá de forma automática a movimentos da moeda, as expectativas de inflação permanecem bem ancoradas e a depreciação do real (que parece ter arrefecido nos últimos dias) não está gerando efeitos secundários relevantes até o momento, de forma que não vemos uma mudança significativa no balanço de riscos para a inflação”, diz o Itaú.

 

Crédito acelera em junho com operações para pessoas jurídicas

As concessões de crédito do sistema financeiro aceleraram em junho, alavancadas pelo financiamento para as empresas, que buscaram com mais força operações de prazo mais curto e também linhas de financiamento às exportações. Dados do Banco Central mostraram que, no mês, as taxas médias cobradas pelos bancos caíram pelo quarto mês consecutivo e os spreads — diferença entre a taxa de captação das instituições e o que é cobrado dos clientes — também recuaram.

Em outro dado favorável para o crédito, houve redução da inadimplência pela primeira vez desde março. “Os dados parecem consistentes com uma economia que está recuperando gradualmente, o que contribui para a retomada da demanda por crédito e também, por parte dos bancos, para o aumento da oferta de crédito”, afirmou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.

As concessões de crédito tiveram alta de 3,5%, no mês passado para R$ 312,3 bilhões e o estoque total de crédito aumentou 0,7% no período, chegando a R$ 3,130 trilhões. Em maio, concessões e estoque haviam crescido respectivamente 0,4% e 0,5%. O aumento em junho foi concentrado no crédito concedido às empresas, com alta de 9,2% nas concessões, para R$ 143,7 bilhões.

As modalidades desconto de duplicatas e recebíveis (14,5%), antecipação de faturas de cartão (22,1%) e financiamento a exportações (3,6%) estão entre as que mais contribuíram para o crescimento. O saldo dos empréstimos concedidos às empresas com recursos direcionados — operações regulamentadas pelo governo ou que contam com recursos orçamentários — seguiu em queda no mês, de 0,4%, impactado pelo fraco desempenho dos empréstimos com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com queda de 0,8% no estoque.

Pessoas físicas

As concessões para as pessoas físicas sofreram queda de 0,8% no mês. Rocha atribuiu o movimento a uma sazonalidade. Em maio, há um aumento recorrente no crédito para as famílias por causa do Dia das Mães, o que gera uma base de comparação elevada para junho. Mesmo com o recuo, o total concedido no mês — R$ 168,7 bilhões — foi o segundo melhor resultado mensal do ano. A inadimplência ficou em 3,1% em junho, recuo de 0,2 pontos em relação a maio. As taxas médias de juros recuaram 0,3 ponto, para 24,7% ao ano e os spreads caíram 0,8 ponto, a 17,8%.

 

Juro real mais alto reduz eficiência da política monetária do BC

O forte aumento da taxa de juro real visto nas últimas semanas pode reduzir a eficiência do Banco Central em sua estratégia de estimular o crescimento da economia, apesar da perspectiva de manutenção da Selic em 6,5% ao ano nos próximos meses. A autoridade monetária tem buscado manter o juro básico em um patamar considerado “estimulativo”, aquele que auxilia o avanço da atividade mesmo que gere inflação.

Na prática, no entanto, o estimulo está ficando menor. Isso acontece porque fatores que fogem do controle do BC têm adicionado prêmio na curva de juros e mesmo com a manutenção da Selic, ao descontar a inflação, a taxa que vale para os agentes econômicos fica mais alta. “Uma situação como essa deixa o Banco Central menos eficiente e não tem muito o que ele possa fazer”, afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economistachefe do Fator. “O BC está encilhado”, concorda Jankiel Santos, economistachefe do Haitong.

Dados levantados pelo Valor Data, a partir do patamar do contrato de swap de 360 dias e da projeção de inflação, mostram um juro real em 3,56% ao ano. A taxa é 1,39 ponto percentual acima da mínima do ano, de 2,17%, registrada no fim de abril antes da aceleração da alta do dólar e da greve dos caminhoneiros.

O primeiro efeito dessa conjuntura é visto na sociedade com o aperto das condições financeiras. “Se você vai ao banco tomar um empréstimo, a taxa analisada para estimar o custo é a real, que está mais cara. A lógica do estímulo acaba sendo o contrário do que o BC está querendo”, explica Santos, do Haitong.

“Por mais que o juro básico seja mantido, existe esse empecilho para a retomada da atividade econômica.” A taxa mais elevada também interfere na decisão de empresários e investidores na hora de aplicar recursos e isso acaba, indiretamente, afetando o potencial de retomada da atividade. Gonçalves, do Fator, afirma que em um ambiente de estimativa de crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), acaba sendo mais conveniente para os empresários aplicarem em títulos públicos (NTN-Bs) do que assumirem todos os riscos de um negócio. O último efeito é direto no governo – a taxa real mais alta aumenta do custo da dívida pública e torna a reforma fiscal ainda mais urgente.

Ana Flávia Oliveira, economista-chefe da Icatu Vanguarda, explica que com uma relação dívida/PIB de 77%, o aumento de um ponto percentual no juro real faz muita diferença. “É necessário um resultado primário maior e acaba gerando contração na economia”, afirma. O forte aumento recente do juro real é explicado por dois conjuntos de fatores, segundo Ana Flávia, da Icatu Vanguarda.

O primeiro deles é relacionado ao ambiente internacional e o segundo à questões internas. Desde o início do ano, o ambiente global vinha sendo marcado pela valorização do dólar, movimento de alta nas taxas de juros americanas e, desde abril, aumento acentuado de prêmio nos mercados emergentes, o que incluiu o Brasil.

A economista explica que foi crescendo também o aperto das condições financeiras globais, com o estouro da crise na Argentina, elevação do juro na Turquia, e o Brasil foi sofrendo um contágio negativo adicional. Todos os aspectos juntos levaram a uma cobrança maior de prêmio de risco pelos investidores.

Ao se voltar para o ambiente interno, as primeiras pesquisas eleitorais mostraram indefinição na corrida pela presidência da República e a greve dos caminhoneiros expôs a fragilidade do governo atual. A associação dos dois fatores só aumentou as preocupações com o equilíbrio fiscal, também aumentando a exigência de prêmio na curva de juros para embutir os riscos.

“Nos últimos anos, havia a esperança de que a taxa neutra [aquela que permite o máximo de crescimento sem gerar inflação] pudesse cair com uma política fiscal mais responsável. Na medida que coloca o risco fiscal de uma forma muito presente na discussão, isso se traduz em aumento de expectativa de juro real à frente e cobra-se um prêmio de risco adicional”, afirma Ana Flávia.

 

Recesso termina; política sobrecarrega economia

Análise - Angela Bittencourt - jornalista

Na terça termina o recesso de julho e, na quarta, 1º de agosto, Congresso e Judiciário retomam suas agendas. A volta ao trabalho de deputados, senadores, procuradores, juízes e ministros de Tribunais Superiores deve orientar decisões que evitem atropelos e compensem vacância inevitável neste período pré-eleitoral. Partidos políticos têm até 15 de agosto para registrar seus candidatos às eleições de outubro.

Em 31 de agosto começa o horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. Em poucas semanas, o Brasil estará de frente para a urna. E, para não fugir à regra, terá esperança de que, desta vez, um país melhor estará em construção e a economia sairá do buraco. Agosto e setembro serão meses voltados à disputa por vagas na Câmara dos Deputados, Senado Federal, governos estaduais e Presidência da República. Cerca de 90% dos deputados pretendem concorrer à reeleição. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, será um deles.

Maia desistiu, na semana passada, de concorrer ao Palácio do Planalto. Pretende ser reeleito à presidência da Câmara. Mas, antes disso, deve se reeleger deputado. Nesse posto desde maio de 2016, Rodrigo Maia é forte aspirante à renovação de compromissos na Câmara, onde será de grande valia ao próximo presidente da República, inclusive, por não ser um neófito em Economia.

Na última eleição, Maia representou MDB, PSDB, PP, PR, PSD, DEM, PRB, PTN, PPS, PHS, PV e PCdoB - 12 legendas que compõem o Centrão. Já os maiores partidos políticos brasileiros (MDB, PSDB e PT) realizam convenções nesta semana para oficializar seus candidatos. Para a Presidência da República, o MDB concorrerá com o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o PSDB sairá com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

O PT ainda pretende lançar o ex-presidente Lula, preso desde abril nas dependências da Polícia Federal, em Curitiba. E, enquanto alguns luminares do partido negam ter um plano B para substituir Lula, outros apontam o ex-prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, como opção a Lula na batalha pelo Planalto. É mais que provável que surgirá uma pendenga jurídica em torno da candidatura do PT.

Contudo, Raquel Dodge, procuradora-geral da República (PGR), indicou a impugnação de candidaturas não enquadradas na Lei da Ficha Limpa. Essa é a situação de Lula, que é condenado em segunda instância por crime de corrupção e lavagem de dinheiro e cumpre pena, desde abril, nas instalações da Polícia Federal, em Curitiba.

A agenda econômica será concorrente de peso à agenda política a catalisar as atenções em agosto. Ficou evidente, nas últimas semanas, a atuação do governo em diversas frentes para evitar um futuro ainda mais obscuro, capaz de afugentar investidores. O governo insiste em manter um ambiente de negócios positivo. E, para isso, apresenta decisões recorrentes. Entre elas, algumas dependem de aprovação no Congresso.

Outras podem ser executadas sem aprovação Legislativa, mas não raro são inviabilizadas por interesses e pressões setoriais. De dentro e de fora do governo. A Caixa deve usar seu lucro fiscal para a própria capitalização. O BNDES conspira a favor das contas públicas comprometendo-se a antecipar, em 20 anos, pagamentos devidos ao Tesouro que vão aliviar, no futuro, a conta bilionária da instituição com o banco de fomento.

Rezam os entendimentos que esse pagamento será mensal. Está decidido também que o lucro do Banco Central (BC), da ordem de R$ 160 bilhões neste ano, será destinado ao cumprimento da "Regra de Ouro" em 2019. A "Regra de Ouro" do governo brasileiro proíbe que a União emita títulos para fazer caixa e financiar despesas correntes - como pagamento de servidores e aposentados.

Negócios firmados entre grupos ou empresas nas últimas semanas já dão dor de cabeça aos participantes das operações, aos concorrentes e/ou ao governo. E sob o risco de fomentar maior instabilidade em parcerias ou o descrédito quanto ao aparato legal e/ou regulatório que circunda a economia brasileira.

A americana International Paper (IP) e a indonésia Royal Gold Eagle (RGE) solicitaram ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) participar do processo que vai julgar a compra da Fibria pela Suzano Papel e Celulose. A IP aponta que suas atividades, inclusive sua relação c om a Fibria em Sete Lagoas, Mato Grosso do Sul, podem ser afetadas pela operação.

Outro negócio a concentrar a atenção de analistas é a compra de parte da Embraer pela Boeing e a criação de uma segunda empresa para atuar no setor de defesa. Essa operação ainda está no memorando de entendimentos e seu desfecho dependerá de acionistas minoritários, governo e reguladores do setor aéreo.

Na quarta-feira, quando o Congresso voltar à ativa, esse negócio poderá ser discutido no plenário da Câmara quanto às portas que se abrem pela Embraer, a partir dessa operação, e eventuais consequências para a segurança nacional e para os trabalhadores.

No Senado, também na quarta, deverá ser retomada a discussão sobre a intenção de venda de seis distribuidoras da Eletrobrás nas regiões Norte e Nordeste - com exceção da distribuidora do Piauí (Cepisa), que já foi vendida para a Equatorial Energia, na semana passado. A venda das distribuidoras deve condicionar a privatização da Eletrobrás.

Até por esse motivo espera-se para os próximos dias a retomada de debates no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a decisão tomada recentemente pelo ministro Ricardo Lewandowski que proibiu, por decisão monocrática, que o controle de estatais seja transferido à iniciativa privada sem a aprovação do Congresso Nacional.

O Congresso deve retomar a apreciação da Medida Provisória 844 que altera o marco regulatório do Saneamento. Em apenas 11 dias, essa MP recebeu 525 pedidos de emendas. Um deles prevê mais poderes à Agência Nacional das Águas (ANA); outro pede a retirada de um artigo da proposta de regulamentação do setor de Saneamento e prevê chamamento público. A justificativa para tal ato é que o chamamento público afetaria a política de subsídios cruzados que torna operações mais rentáveis e que podem compensar operações deficitárias.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Alta na informalidade não antecipa volta do emprego formal, diz estudo

O aumento no número de trabalhadores informais não garante que uma recuperação do mercado formal virá em seguida, ao contrário do que acreditavam muitos economistas no ano passado, quando houve queda no nível de desemprego do País sobretudo entre os trabalhadores sem carteira assinada. Estudo do Credit Suisse obtido com exclusividade pelo Estado aponta que a recuperação do mercado informal antecedeu a do formal em apenas dois de seis períodos de crise desde 1992.

“Não há evidências de que o mercado informal antecipa a recuperação”, frisa o economista-chefe do banco suíço, Leonardo Fonseca, que analisou o que ocorreu no emprego nos dez trimestres seguidos após seis recessões. Apenas em 1999 e em 2003 a recuperação do informal antecedeu a do formal. Nos outros episódios, houve uma situação (2009) em que o inverso foi registrado e casos (1992 e 1995) de contínua deterioração dos indicadores de trabalhadores com carteira assinada enquanto aumentava o número dos sem carteira. A crise de 2001 teve um comportamento diferente das demais: inicialmente, houve uma melhora nos dois mercados, mas uma nova crise na economia entre 2002 e 2003 fez com que o formal estagnasse e o informal avançasse.

“Tentamos ver se a relação entre recuperação da economia e melhora do mercado informal aconteceu em outras recessões. Não observamos que a população informal reage primeiro e a formal vem depois. Só há relação estatística entre atividade econômica e mercado formal”, acrescenta Fonseca.

Uma recuperação no número de trabalhadores com carteira assinada, portanto, só vai ocorrer quando a economia voltar a crescer a um ritmo mais expressivo. “O mercado informal tem custos menores. É mais fácil ele reagir. Mas uma retomada do formal só vai acontecer quando a economia se consolidar.”

Se o PIB avançar 2% em média nos próximos anos (o Credit projeta 1,8% para 2018), a taxa de desemprego voltará à casa dos 7%, registrada em 2014, apenas no primeiro trimestre de 2023, apontam cálculos do banco. No trimestre entre março e maio deste ano, o desemprego ficou em 12,7%, atingindo 13,2 milhões de pessoas.

Um ano atrás, o Credit fez uma simulação semelhante que indicava que o patamar poderia ser atingido antes – no terceiro trimestre de 2022. O desempenho pífio no início deste ano, porém, mudou as projeções. Caso o PIB crescesse 4%, em média, a recuperação ocorreria em setembro de 2021.

Consumo

Ao contrário das outras recuperações analisadas, em que a retomada foi impulsionada pelo aumento nas exportações e, depois, nos investimentos, a atual está mais baseada no consumo, o que também reduz o nível de contratação, segundo Fonseca. “Houve, por exemplo, o estímulo do FGTS no ano passado. Há características mais temporárias. O nível de incerteza política também é alto. Isso tudo reflete na expectativa de contratação.”

Para realizar o estudo, o economista usou dados da Pesquisa Mensal do Emprego, feita pelo IBGE até fevereiro de 2016 com informações das regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

 

‘Agora é a hora de esperar para ver’, diz diretora da Standard & Poor's

O Brasil tem dois desafios pela frente, na visão de Lisa Schineller, diretora de rating soberano da Standard & Poor’s. O primeiro é a definição do cenário eleitoral. O segundo é a capacidade que o candidato terá para implementar na prática o discurso adotado durante a campanha. Segundo ela, decisões importantes de investimento deverão ficar “para um momento em que o cenário esteja mais claro”. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Vários bancos estão cortando as estimativas para a economia brasileira à medida que a eleição se aproxima. O risco político é um fator-chave para o País?

Sempre estivemos na faixa menos otimista das perspectivas para a economia brasileira. Em janeiro, quando rebaixamos a nota de crédito do Brasil, foi em parte por causa das eleições de outubro. Nós sempre previmos uma expansão de 2,2%, no máximo, para o Brasil em 2018, enquanto outros previam 2,5% ou mais.

Então é natural que a economia siga lenta?

Temos cerca de dois meses e meio para as eleições. Embora não acreditemos em uma paralisação da economia, o fato é que decisões importantes de investimento poderão ficar para um momento em que o cenário seja mais claro. E, depois das urnas, também haverá um período para analisar se a retórica de campanha poderá ser implementada na prática. Então, será um momento de provavelmente esperar para ver.

Que tipo de definição os investidores devem esperar?

O cenário global está um pouco diferente. Houve um momento em que os juros no Brasil estavam em queda – e esse ciclo se encerrou. O contexto de maior volatilidade, que também se refletiu num real em nível mais fraco, também tem um papel a cumprir nas decisões de investimento.

E as decisões externas, de países como os EUA, também afetam o Brasil?

Acho que a comunicação das altas de juros nos Estados Unidos tem sido clara, tudo tem sido informado com antecedência. Existe uma volatilidade para o real, mas não é tão grave quanto o que ocorreu na Argentina ou na Turquia, embora o Brasil tenha a questão fiscal e a dinâmica eleitoral como pontos fracos.

E a ameaça de guerra comercial, pode ter algum efeito por aqui?

Uma questão a se observar nessa dinâmica entre os EUA e a China é que esses dois países, assim como o Brasil, têm uma economia muito fechada. Todos dependem muito de seu mercado interno. Então, não existe risco de uma desaceleração considerável na China ou nos EUA (por causa dessa discussão).

Como está a visão atual da agência para o Brasil?

Nossa perspectiva, por enquanto, é estável.

O setor privado tem sido mais ativo nessa campanha do que nas anteriores. Isso é um fator positivo?

Acho que existe uma tendência do setor produtivo em tentar influenciar as políticas (econômicas). Acho que a sociedade civil está ampliando seu papel. O Brasil vem de um período de contração econômica e ainda tem significativos desafios fiscais. Por isso, é necessária uma melhora das regras. O governo de Michel Temer tinha uma agenda macroeconômica bem articulada, mas sempre achamos que o tempo de implementação era apertado. E esse tipo de mudança leva tempo, é um comprometimento que vai atravessar múltiplos governos.

 

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