Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

Odebrecht almeja R$ 4 bilhões em contratos na área de energia até 2021

A Odebrecht planeja arrematar R$ 4 bilhões em encomendas de obras na área de energia no Brasil nos próximos três anos. Neste momento, a companhia negocia quatro contratos no segmento, apurou o Valor. Os detalhes dos projetos em negociação, no entanto, não são revelados.

 A disputa pelos novos contratos faz parte do novo posicionamento estratégico do grupo para o setor de energia, após o turbilhão da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, cujo cenário passou a ser caracterizado por empreendimentos de menor porte, em relação às grandes hidrelétricas erguidas no passado, e por fontes de geração diversificadas.

“A energia continua sendo um dos principais focos da companhia. Queremos participar de forma relevante dessa nova forma do setor”, afirmou Antonio Augusto Santos, gerente responsável pela área de energia na Odebrecht Engenharia & Construção.

“No momento, estamos próximos de todos os segmentos [de energia], nesse novo modelo de consolidação”. A nova estratégia da Odebrecht, por exemplo, inclui obras de linhas de transmissão, experiência obtida pelo grupo no exterior mas pouco utilizada no Brasil, onde a atuação maior se dava na construção das hidrelétricas.

“Estamos trabalhando nos leilões”, disse Santos, acrescentando que a empresa tem mantido conversas com investidores do segmento, com vistas ao próximo leilão de linhas de transmissão, previsto para 20 de setembro e que ofertará 20 lotes, com investimentos estimados de R$ 13,5 bilhões. Dentro da carteira atual de projetos, a Odebrecht está concluindo as obras da usina de Baixo Iguaçu (PR), a terceira maior hidrelétrica em construção no país, com 350 megawatts (MW) instalados, atrás apenas de Belo Monte (11.233 MW, no Pará) e Sinop (400 MW, em Mato Grosso).

A expectativa é que a primeira turbina da usina entre em operação em dezembro deste ano. As outras duas máquinas darão a partida em janeiro e fevereiro do próximo ano, respectivamente. Empreendimento da Neoenergia e Copel, a usina tem investimento estimado em R$ 1,6 bilhão. A usina é a última hidrelétrica a ser implantada no rio Iguaçu, um dos mais importantes do país em termos de geração de energia, com quase 7 mil MW instalados.

Segundo Fernando Rauhan, gerente da Odebrecht Engenharia & Construção responsável pela obra de Baixo Iguaçu, apesar da proximidade da usina com o Parque Nacional do Iguaçu, o empreendimento tem impacto ambiental relativamente baixo. Isso porque, da área total do reservatório, de 31,6 quilômetros quadrados, 57% são da própria calha do rio. Com isso, a área inundada é de apenas 13,5 quilômetros quadrados.

No histórico, a Odebrecht já construiu 86 hidrelétricas, totalizando 61 mil MW de capacidade, além de 17 termelétricas e de duas usinas nucleares. No setor de transmissão, a empresa já instalou 6,3 mil km de linhas. Incluindo todos os segmentos de infraestrutura, a Odebrecht prospecta US$ 71 bilhões em contratos ao redor do mundo, com expectativa de conseguir encomendas no valor total de US$ 18 bilhões nos próximos três anos. Desse montante, 30% seriam no Brasil.

 

BIS alerta para riscos de novas turbulências nos mercados financeiros

O Banco Internacional de Compensações (BIS) aponta impacto da escalada de tensões comerciais sobre as economias emergentes e alerta para riscos de novas turbulências nos mercados financeiros no rastro da situação nos desenvolvidos. Claudio Borio, chefe do Departamento Monetário e Econômico do banco, diz que se deve esperar em algum momento novas turbulências, já que os mercados dos países desenvolvidos estão sobrevalorizados, as condições financeiras são demasiado flexíveis e o endividamento é excessivo em todo o mundo.

Longos períodos de turbulência podem vir, na medida em que mais bancos centrais encerrarem seus programas de estímulo e elevarem as taxas de juros, sinaliza o banco. “Visto que as taxas de juros ainda são inusualmente baixas e os balanços dos bancos centrais continuam mais inchados do que nunca, restam poucos remédios para se devolver a saúde ao paciente e tratá-lo em caso de recaída”, avisa Borio.

O BIS destaca também que o movimento de rejeição política e social da globalização e do multilateralismo agrava a situação. Em relatório trimestral sobre a atividade financeira internacional, considera que “divergência” é a palavra que descreve a conjuntura atual. O aperto das condições financeiras globais tem sido desequilibrado. Enquanto os mercados dos EUA continuam em alta, os emergentes têm sido afetados pela valorização do dólar americano, a escalada de tensões comerciais e o ressurgimento de sinais de potencial enfraquecimento da economia da China.

Observa que, após perdas sofridas a cada má notícia sobre o comércio internacional, os preços dos ativos de economias avançadas rapidamente retomaram à alta, enquanto os ativos de emergentes não conseguiram se recuperar. Conforme o BIS, em alguns aspectos, as perdas nos emergentes superaram as registradas durante o “taper tantrum” de 2013 e se aproximaram às que se seguiram à desvalorização do yuan em agosto de 2015.

As diferenças no desempenho das moedas dos emergentes pareceram estar relacionadas à também percepção externa sobre a vulnerabilidade de cada um. Para o banco, incertezas políticas tiveram papel nos casos do Brasil e Rússia, países cujas moedas sofreram desvalorizações fora da linha com seus déficits de contas corrente e taxa de inflação. Por sua vez, o banco destaca que as condições financeiras nos EUA continuaram muito flexíveis numa perspectiva de longo prazo - na realidade, se flexibilizaram ainda mais.

Os mercados das economias desenvolvidas também seguem trajetórias divergentes, que refletem diferenças no ritmo da normalização da política monetária e a evolução macroeconômica na Europa e nos EUA. Considera que o estímulo fiscal americano reforçou as expectativas de maior crescimento econômico no curto prazo, e também as subidas dos rendimento das obrigações.

No relatório trimestral, o BIS aponta o contexto recente favorável para o dólar americano, que afetou economias emergentes. Nota que os empréstimos em dólar a residentes não bancários dos emergentes mais que dobraram desde a grande financeira de 2008 e atingiram US$ 3,7 trilhões. Essa cifra não inclui o endividamento em dólares através de swaps de dívida, cujo volume poderia ser facilmente próximo a esse montante.

Esse crescimento ocorre num contexto de expansão mais geral do crédito internacional para entidades não bancárias. Indicador chave da liquidez mundial, esse tipo de empréstimo passou de 33% a 38% do PIB mundial entre o primeiro trimestre de 2015 e igual período de 2018. A emissão de títulos de dívida superou os créditos bancários como principal motor do financiamento internacional às empresas, famílias e governos.

A parte do crédito internacional em dólar americano aumentou desde a crise financeira de 2008, sobretudo nos emergentes, o que amplia os efeitos de contágio potenciais de mudanças de condições monetárias nos EUA.

 

Para Schalka, empresariado se omite na política

O empresariado está sendo omisso no atual processo eleitoral, repetindo um comportamento histórico, ao não se posicionar claramente. A avaliação é do engenheiro Walter Schalka, que preside a Suzano Papel e Celulose. "O Estado representa 40% da economia brasileira, o que é um absurdo. Então, muita gente tem receio de se indispor com o futuro presidente", disse. O executivo concedeu uma entrevista sobre política na sexta-feira sob a condição de falar apenas em seu nome e não no da empresa que dirige. "São minhas opiniões pessoais."

Schalka vê com preocupação a possível polarização entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) no segundo turno. "Nenhuma das duas alternativas será capaz de unir o país." Ele acredita que qualquer um dos dois, se perdedor, irá questionar a validade da eleição. "É preciso que haja uma desistência de quatro dos cinco candidatos de centro", disse, declarando votar em João Amoêdo, do Partido Novo.

O próprio executivo admite ser pouco provável que o arranjo aconteça e evita se posicionar sobre eventual segundo turno entre Bolsonaro e Haddad. Schalka defendeu ainda um imposto sobre a herança elevado e progressivo. "A próxima geração tem que batalhar."

Valor: Como o senhor vê o cenário político eleitoral?

Walter Schalka: Está parecendo que o Brasil vai repetir nessa eleição, mas de forma agravada, uma divisão do país. O que seria muito ruim para implementar as reformas necessárias para sair da crise política, econômica e social que vivemos. A tendência das pesquisas levam a um segundo turno entre Jair Bolsonaro e PT e nós vamos terminar a eleição com 53% a 47% não sei para que lado. E nenhuma das duas alternativas será capaz de unir o país. Esse processo de divergência vem se agravando nos últimos dezesseis anos e é preciso romper com isso. O Brasil obrigatoriamente terá que fazer reformas para voltar ao crescimento. A crise de confiança leva ao não investimento, e pior, leva à descrença da população e agrava a situação social que o país tem. É nítido que estamos em processo de "brain drain" [fuga de cérebros], em que jovens querem sair do país porque não acreditam mais nele. E esse é o pior sintoma que um país pode ter. É preciso criar oportunidades para que as pessoas se desenvolvam no Brasil. A pior desigualdade que existe é a de oportunidades.

Valor: O que é preciso?

Schalka: Nenhuma das duas pontas está conseguindo explicitar as reformas de que o país precisa. Ambas se comportam de forma eleitoreira e populista. Porque é nítido que o Brasil vai ter que fazer reforma previdenciária e nenhum dos dois fala nisso. É nítido que o Brasil vai ter que fazer cortes de despesas e cortes de subsídios, de direitos [faz o sinal de aspas com as mãos]. "Estamos num processo de 'brain drain', em que os jovens querem sair do país porque não acreditam mais nele" que foram dados, inclusive para os empresários. É preciso ter uma posição bastante firme e eu queria fazer um chamamento para que executivos e acionistas de empresas, de um lado, e, para a classe política, de outro. Essa fragmentação que tivemos do centro, com [Geraldo] Alckmin, [Henrique] Meirelles, Alvaro Dias, [João] Amoêdo e Marina Silva leva a que os extremos prevaleçam. É preciso que haja uma desistência de quatro dos cinco. Os programas dos cinco tem índice de convergência muito grande.

Valor: O senhor vai na mesma linha da sugestão feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Schalka: Sim, mas precisamos acelerar esse processo. Tirando questões específicas, se espremer, há 90% de convergência. E poderia ser a base para que os cinco se juntassem e fosse possível reverter o quadro de polarização antes do segundo turno.

Valor: Dos cinco, qual nome seria mais viável?

Schalka: O Alckmin é uma pessoa extremamente séria, mas está num partido em frangalhos. Ele seria um excelente presidente, mas por causa do partido é um péssimo candidato. O partido está se esfacelando porque é uma decepção para as pessoas que votaram no PSDB acreditando que o partido era absolutamente diferente do PT. O Alvaro Dias é um ótimo senador, mas não tem visibilidade eleitoral no Brasil. A Marina Silva é íntegra e correta e com visões positivas, mas não tem base política e tem tendência a começar alto nas pesquisas pela credibilidade pessoal e reduzir ao longo do tempo. O Meirelles foi um ótimo ministro da Fazenda e um excelente presidente do Banco Central, tem capacidade. Mas tem um partido que em grande parte nem o apoia e tem a mácula de ter sido envolvido em eventos de corrupção. E tem o João Amoêdo, que é o meu voto, que tem um partido que pode ter futuro, mas ainda não tem peso político no Brasil.

Valor: Nenhum deles reúne todas as características?

Schalka: Nenhum deles. Poderia haver aglutinação em torno de um sexto nome, mas as regras eleitorais já não permitem isso. O fundamental é que se reúnam o mais rapidamente possível, para definir qual dos cinco nomes deveria aglutinar os demais. Esse fato novo poderia mudar o panorama eleitoral. Porque hoje há 30% em cada uma das pontas, que são os "antis" e 40% no centro. Tem o grupo que é anti-Bolsonaro e o grupo que é anti-PT. E essa dicotomia já vivenciamos nas outras eleições, com o PSDB personificando o anti-PT. Essa situação vai gerar, pós eleição, qualquer que seja o vencedor, uma discussão ruim para o país. O perdedor vai questionar a eleição, o eleito, e vamos começar um novo governo em crise.

Valor: Diante disso, o senhor vê riscos à democracia?

Schalka: Inevitavelmente vamos ter questionamentos, se houve fraude, se o eleito tem credibilidade suficiente. E o pior de tudo é a divisão. Se pegar os votos do Bolsonaro e ver onde estão localizados em termos geográficos e de classe, e os votos do PT, são completamente diferentes. Na eleição entre Dilma e Aécio, era Nordeste versus Sul e Sudeste, pessoas que têm condições sociais diferentes de cada lado. Vamos agravar isso.

Valor: Vemos alguns empresários que vocalizam o voto em Bolsonaro e muitos que o apoiam silenciosamente. O que o senhor acha disso?

Schalka: O apoio que tem sido dado ao Bolsonaro é muito mais contra o que pode vir do PT. Ficamos discutindo remédios em vez do futuro. Como PT é pior que Bolsonaro, para essas pessoas, elas pensam em votar no Bolsonaro. Não acho que seja a solução, isso só agrava a divisão. Não podemos esquecer que Dilma falava que ia manter todas as políticas e depois tentou fazer um cavalo de pau. Isso tirou a base de sustentação dela e levou ao impeachment. Hoje, qual o programa efetivo de reformas que Bolsonaro ou o PT pregam? Estamos em um nível de superficialidade muito grande no debate a 15 dias da eleição.

Valor: Três já reagiram explicitamente contra a proposta de FHC até agora, Marina, Meirelles e Alvaro Dias. Não parece ser viável.

Schalka: Tem baixíssima viabilidade, mas eu vou continuar resiliente e insistindo nessa tese. Nós brasileiros precisamos parar de brigar um contra o outro nas redes sociais. Hoje há divisões dentro das famílias, nas relações com amigos, e isso mostra quão sensível e tênue é a nossa situação. Todo mundo acha que tem uma solução mágica no Bolsonaro e no PT. Nenhuma das duas.

Valor: Na hipótese mais provável de um segundo turno polarizado, qual cenário lhe parece mais preocupante, com Bolsonaro ou Haddad?

Schalka: Prefiro não discutir sobre isso.

Valor: Mas o senhor acha igualmente ruins?

Schalka: Igualmente.

Valor: Quais seriam as diferenças, então?

Schalka: Qual é o programa econômico do PT de inserção para a sociedade que não seja distribuição de renda? Esse é um modelo em exaustão. O Brasil precisa retomar investimentos, retomar de forma rápida um nível de eficiência do Estado, precisa prover melhores serviços de educação, saúde e segurança pública para a sua população. Por isso sou muito reformista do Estado. Não consigo ver isso no programa do PT e nem do Bolsonaro.

Valor: Bolsonaro tem um assessor econômico que lhe comprou credibilidade perante o mercado e empresários.

Schalka: O Paulo Guedes tem cancelado todas as reuniões para as quais foi convidado a participar. E Bolsonaro dizia que quem falava de economia era o Paulo Guedes. Na primeira discussão que surgiu, que foi a da CPMF, Bolsonaro o desautorizou. E quem é o economista que fala em nome do PT? Qual o programa efetivo?

Valor: O senhor acredita que, num eventual segundo turno contra Bolsonaro, Fernando Haddad faria uma sinalização para o mercado e o empresariado, trazendo um economista do agrado desse segmento?

Schalka: Vai ser inevitável que no segundo turno, se houver essa polarização, ambos queiram caminhar para o centro para ganhar a eleição. Mas isso não é sustentável. Tive uma reunião de família três dias atrás e ouvi as duas opiniões: vou votar em 'A' porque sou contra 'B' e vou votar em 'B' porque sou contra 'A'. Ninguém tem um alinhamento conceitual com as ideias deste ou daquele. Ninguém é a favor, apenas contra. Esse voto contra é que precisa acabar.

Valor: Também existe um movimento no eleitorado mais à esquerda de olhar as pesquisas para ver quem bateria Bolsonaro no segundo turno para decidir em quem votar no primeiro. Fala-se muito no Ciro Gomes como essa opção.

Schalka: Asseguro que qualquer candidato de centro supera qualquer candidato das pontas. Se for um de centro versus Bolsonaro, ganha. Se for candidato de centro versus Haddad, ganha. Se for o Ciro, ganha. Quanto mais para o centro vier, mais ganha.

Valor: E Ciro seria uma alternativa viável em um eventual segundo turno contra Bolsonaro?

Schalka: Não é minha preferência eleitoral, mas não vou manifestar meu voto entre esses dois. Quero manifestar minha intenção de tentar buscar uma convergência do centro. Tem que acabar com essa divisão de mortadela versus coxinha, de Norte versus Sul. Queria pedir para as pessoas abrirem mão de seus projetos pessoais e de projetos de partido político, se necessário, em prol do Brasil. O Brasil vem piorando em suas relações sociais ao longo do tempo, vem perdendo competitividade, não está inserido no mundo digital e cada vez menos tem essa inserção. Enquanto outros países de muito menor porte têm gerado tecnologia e competitividade futura, o Brasil continua sendo exportador de commodities. Essa é a única inserção global que o país tem.

Valor: O senhor acha que a classe empresarial se omitiu nesse processo eleitoral até agora?

Schalka: Acho que se omitiu ao longo da história e está se omitindo neste momento mais uma vez.

Valor: E por que?

Schalka: Porque a presença do Estado é muito relevante. O Estado representa 40% da economia brasileira, o que é um absurdo. Então, muita gente tem receio de se indispor com o futuro presidente. Tem outra questão que é o distanciamento dos empresários em relação à política ao longo do tempo. Existe uma percepção da sociedade como um todo de que a política não é ética. Com medo de se contaminar, os empresários foram se distanciando. Vejo isso acontecer de forma recorrente conversando com outros amigos presidentes e até acionistas de outras empresas.

Valor: O senhor vê algum desapego em relação à democracia em empresários e executivos?

Schalka: Não. Isso é um valor preservado em todo mundo com quem converso e visto como fundamental. Nunca escutei algo diferente disso.

Valor: Qual o risco da omissão?

Schalka: Há um processo de italianização, porque isso aconteceu na Itália. Vejo que somos sapos fervidos. A água está agradável, só que a água não para de esquentar até que os sapos sejam fervidos. Hoje uma indústria que cresce muito no país é a de carros blindados. As pessoas têm segurança em casa, têm escolas fechadas. Estão todos se enclausurando, se fechando em um mundo muito limitado.

Valor: A elite, porque quem não pode pagar está exposto...

Schalka: É isso mesmo, o que é um absurdo. Volto a insistir. A maior desigualdade que existe neste país é a desigualdade de oportunidades. Um jovem de classe humilde tem muita dificuldade de crescer. Aí a gente começa a ver um monte de casos, alguns de sucesso, e endeusa esses casos que são exceções. São maravilhosas exceções. Precisamos transformar essa mobilidade social, isso tem de estar instalado na sociedade. Pessoalmente, e não tenho vergonha de falar, sou a favor de um imposto sobre herança.

Valor: De que tipo?

Schalka: Progressivo. Quanto mais dinheiro tem, maior o imposto. Hoje existe, mas é muito pequeno. Nos Estados Unidos, é de 42%. Quem tem mais bens, tem de ter mais imposto.

Valor: E imposto sobre riqueza?

Schalka: Sou contra. Porque a riqueza, enquanto a pessoa criou em vida, não tem de existir imposto. Mas quando ela morre, a próxima geração tem de batalhar. Fiz isso com meus filhos. Todos se formaram em ótimas faculdades. Todos têm posição profissional porque batalharam, não ajudei nenhum deles. Dar as oportunidades para estudar é minha obrigação. Mas cobrei notas altas. Acho que é preciso levar todos para o seu máximo potencial, não fazer o mínimo que a sociedade requer. Faço isso na empresa em que trabalho. A gente está na sociedade brasileira exigindo direitos, direitos, direitos, e está esquecendo que tem deveres, deveres, deveres.

Valor: Como o senhor avalia os programas dos candidatos?

Schalka: Quem é contra a reforma previdenciária tem, para mim, duas questões: ou não sabe matemática ou não tem boa-fé. Porque é impossível o Brasil conseguir sustentar esse modelo previdenciário que está aí. Tem candidato que fala que não vai fazer essa reforma, tem candidato que diz que é contra a reforma trabalhista que foi aprovada. Tem que fazer ajuste? Tem, obviamente, como na questão das mulheres grávidas. Mas o país não pode viver na situação de ter 80 milhões de ações trabalhistas, quando o mundo inteiro junto tem 45 milhões de processos trabalhistas. Não faz sentido não dar para o indivíduo a possibilidade de fazer o acordo que ele ache o mais adequado, porque a lei está acima do indivíduo.

Valor: O senhor acredita que esse debate de fora para dentro, em relação ao Estado, é eficiente ou é preciso engajar o Congresso?

Schalka: Isso agrava a situação, porque faltando 15 dias para a eleição, a gente só discute a eleição presidencial. Ter um Congresso forte é fundamental, mas as pessoas não estão pensando nisso.

Valor: O senhor já tem todos os votos definidos?

Schalka: Já tenho. Vou votar em candidatos do Novo. Precisamos renovar o Brasil, gerar um Congresso que seja representativo da sociedade brasileira. E nada contra a pessoa, mas é triste ver uma propaganda de televisão e ver 30 segundos do Tiririca. Vamos reproduzir o mesmo modelo que a gente teve?

Valor: O que pode ser feito para mudar? É a sociedade civil se mobilizar mais, como faz o Você Muda o Brasil, o movimento do qual o senhor faz parte?

Schalka: Pela primeira vez, vi nessa eleição uma movimentação mais intensa, mas ainda tímida. Além do Você Muda o Brasil, tem o Renova BR, tem o Agora e vários outros programas dessa natureza. Dá a impressão de que existe uma ansiedade da população em fazer as coisas acontecerem. Tenho dito que a gente precisa fazer uma fusão desses grupos porque se não todo mundo fica fazendo seu próprio esforço e ninguém tem penetração e densidade suficientes para ter relevância.

Valor: O que pode acontecer depois das eleições em termos de decisão de negócios e investimento?

Schalka: O que gera investimentos é confiança e credibilidade. Precisamos gerar isso no Brasil. Sem isso, e não importa qual seja o governo, não vamos gerar investimentos. Não teremos do setor público, porque não conseguiremos reverter o quadro de déficit fiscal crônico. De outro lado, não conseguiremos do setor privado porque fica sempre a questão do pior que pode acontecer e os investimentos são postergados. Se conseguir buscar convergência e confiança, teremos um volume de investimentos globais descomunais, nunca vistos no Brasil. Um candidato do centro, já com o discurso do que vai fazer, atrairia investimentos logo depois da eleição. Quanto aos outros, todo mundo vai esperar.

 

 

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