Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Banco Central defende redução de crédito subsidiado

O Banco Central defendeu ontem, em evento em Brasília, uma diminuição da política de financiamento ao agronegócio (médios e grandes produtores) com juros controlados. Essa política é baseada, desde a década de 1960, em subsídios bancados pelo Tesouro Nacional e em recursos direcionados obrigatoriamente para a agricultura, as exigibilidades. Mesmo com a Selic em baixo patamar, a política de subsídios agrícolas passou a ser criticada com mais veemência por causa de rígido limite de gastos do governo.

Nesse contexto, disse Cláudio Filgueiras Pacheco Moreira, chefe do departamento de Regulação, Supervisão e Controle das Operações do Crédito Rural do Banco Central, o foco deve mudar dos médios e grandes produtores rurais para os pequenos, que precisam de mais apoio.

No evento promovido pelo Climate Policy Initiative e pelo Banco Central, Filgueiras destacou o avanço de fontes alternativas de crédito rural no financiamento da produção agropecuária, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e instrumentos de mercado de capitais como títulos financeiros captados no país e mesmo no exterior.

Apenas para o custeio da safra agrícola, disse ele, o Brasil tem demandado atualmente cerca de R$ 280 bilhões em recursos financeiros ao ano, advindos não só do sistema bancário. "Se estamos projetando dobrar a safra [de grãos] até 2040, vamos precisar de R$ 560 bilhões em custeio. Não vamos conseguir com o modelo de hoje", disse Filgueiras. "Nós gostaríamos que o mercado de capitais brasileiro tivesse uma participação cada vez maior", acrescentou ele.

Francisco Erismá Oliveira, coordenador-geral de Crédito Rural do Ministério da Fazenda, lembrou, também, que o governo não tem recursos para subvencionar todas as demandas do setor rural. Assim, afirmou, cresce a importância das fontes alternativas de crédito. Nesse sentido, afirmou Rafael Baldi, diretor de crédito rural da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as instituições financeiras vêm apostando numa agenda de menor burocracia do sistema sem abandonar o controle regulatório do governo.

 

Pesquisa consolida tendência de 2º turno entre Bolsonaro e Haddad

Pesquisa Ibope divulgada ontem encerra as especulações de que a eleição presidencial poderia terminar no primeiro turno. A sondagem, contratada pela "TV Globo" e o jornal "O Estado de S. Paulo", consolida um cenário de segundo turno entre o deputado Jair Bolsonaro (PSL), que lidera a disputa ao Planalto, com 28% das intenções de voto, e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que totalizou 22% das preferências.

A candidatura de Bolsonaro, no entanto, interrompeu a trajetória de alta depois de um crescimento de dois pontos percentuais em cada um dos quatro levantamentos realizados pelo instituto. Hospitalizado desde 6 de setembro, após sofrer uma facada em Juiz de Fora (MG), o ex-capitão do Exército aparece estável ao registrar o mesmo índice apurado na semana passada. Além disso, a rejeição de Bolsonaro, a maior entre os presidenciáveis, cresceu de 42% para 46% em um intervalo de uma semana. No caso de Haddad, essa taxa oscilou de 29% para 30%.

Segundo mais rejeitado, o petista segue em ascensão na preferência do eleitorado ao ser até o momento o único candidato ao Palácio do Planalto com tendência de alta em toda a série de cinco pesquisas do Ibope. Depois de saltar 11 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, quando a sondagem captou sua oficialização como candidato do PT, Haddad cresceu mais três desta vez. Com isso, reduziu a distância de Bolsonaro para seis pontos percentuais e abriu ainda mais a vantagem sobre o terceiro colocado, o ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT), com quem polariza as intenções de voto, sobretudo no eleitorado nordestino e mais identificado com a esquerda.

O pedetista segue com 11% das intenções de voto, seguido por Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva, que estão com 8% e 5%, respectivamente. Sem atingir a casa dos dois dígitos em nenhum momento, o tucano oscilou um ponto percentual para cima, enquanto a ex-senadora recuou um ponto para baixo. Os votos em branco e nulos diminuíram de 14% para 12%. Já outros 6% não sabem ou não responderam. Os demais postulantes subiram ou caíram dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos. Nas simulações de segundo turno, Bolsonaro perde para todos os adversários, com exceção de Marina. Ambos estão empatados com 39%.

No confronto com Haddad, atualmente o cenário mais provável, o petista derrota o candidato do PSL por 43% a 37%. No levantamento anterior, os dois estavam numericamente empatados. Trata-se da primeira vez que Haddad aparece fora da margem de erro à frente de Bolsonaro. Na disputa entre Bolsonaro e Ciro, o pedetista vence com uma vantagem mais confortável ao anotar 46%, ante 35% do deputado. Contra Alckmin, o candidato do PSL é derrotado por 41% a 36%. Nos dois casos, havia antes um empate técnico, o que reforça a fragilidade da candidatura de Bolsonaro no segundo turno.

 

Pesquisa deve pressionar mercados

O Ibovespa começou a semana com uma correção das altas recentes, pressionado pela menor demanda por risco no exterior e pela expectativa por nova pesquisa Ibope. O levantamento, divulgado ontem após o fechamento dos mercados, mostrou consolidação de Fernando Haddad (PT) no segundo lugar nas intenções de voto, com 22%, diminuindo a distância para Jair Bolsonaro (PSL), com 28%. Para profissionais de mercado, os ativos brasileiros devem sofrer uma pressão adicional hoje como reação aos dados da pesquisa. A resposta negativa de investidores ao Ibope já foi sentida ontem no exterior.

O maior fundo de índice (ETF) de ações brasileiras negociado em Nova York, o iShares MSCI Brazil Capped (ou EWZ), acelerou a queda no "after market" depois da divulgação da pesquisa. Próximo às 20h, o ETF operava em baixa de 1,65%, a US$ 32,25. Para Luiz Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital, era esperado um avanço de Haddad no primeiro e no segundo turno. "Mas não com essa margem tão grande. A surpresa foi no segundo turno, que veio bem pior que o esperado", diz. "O mercado deve abrir com sinal mais negativo por causa do resultado do segundo turno."

A pesquisa Ibope mostrou, no segundo turno, Bolsonaro com 37% de apoio, contra 43% de Haddad. O candidato do PSL perde para todos principais concorrentes, com exceção de Marina Silva (Rede). No pregão de ontem, a baixa dos papéis mais líquidos - bancos, Vale e Petrobras - levou o Ibovespa a recuar 1,84%, aos 77.984 pontos. O giro financeiro de R$ 6,12 bilhões, abaixo da média diária de 2018, ilustra a cautela dos investidores com o cenário eleitoral. Das 67 ações que fazem parte do Ibovespa, só 1 - Ultrapar (0,67%) - fechou em alta.

Para Paulo Petrassi, sócio e gestor da Leme Investimentos, o salto de Haddad e o desempenho mais fraco de Bolsonaro no segundo turno podem resultar numa piora adicional do ambiente de negócios, já que não estava nos preços de ontem. "A pesquisa mostra, no mínimo, que o segundo turno vai ser uma batalha", diz o especialista. Para ele, o nervosismo pode prevalecer até um novo levantamento relativizar esses resultados. O exterior foi um importante vetor de ajustes nas carteiras ontem - marcado pela volta da preocupação dos investidores com as tensões comerciais entre China e EUA -, mas é o cenário eleitoral que mantém o investidor de prontidão.

Para Rafael Passos, analista da Guide Investimentos, as pesquisas eleitorais continuam como principal elemento de cautela para os fundos locais, principalmente com o segundo turno se desenhando ao redor de Bolsonaro e Haddad. "É um momento difícil do ponto de vista do investidor porque ambos candidatos alinhados à esquerda [Haddad e Ciro Gomes] representam um risco para a agenda de reformas e para o compromisso fiscal. É difícil constatar que algum deles seria melhor recebido pelo mercado agora", afirma.

O movimento de ajuste do Ibovespa ontem foi puxado pela Vale, com queda de 1,33%, e siderúrgicas, com Usiminas PNA no destaque, em baixa de 2,24%. Além dessas, o setor financeiro também ficou no vermelho, caso das ações ON do Bradesco, que caíram 3,33%, e das PNs do banco, com recuo de 2,67%; o papel do Itaú cedeu 2,49%. Com a alta do preço do petróleo, a Petrobras até ameaçou uma continuidade dos ganhos da semana passada, mas o investidor de olho em embolsar ganhos acabou vencendo a queda de braço: a ON caiu 0,52% e a PN cedeu 0,70%.

 

Estrangeiro teme eleição, mas mira futuro

A duas semanas da eleição presidencial, os dados sobre investimentos estrangeiros relativos ao mês de agosto apontam, ao mesmo tempo sinais de confiança de longo prazo na economia brasileira, com um dos maiores ingressos de investimento direto da história, mas também de desconfiança, com a maior saída de capitais de curto prazo em quase quatro anos. Os dados parciais para setembro apontam para a mesma direção, com fluxos fortes de investimento na produção e retirada de aplicações em carteira, ainda que a um ritmo menor.

No lado otimista, o Investimento Direto no País (IDP), US$ 10,6 bilhões em agosto, foi o maior fluxo desde janeiro de 2017 (US$ 11,5 bilhões) e um dos dez maiores valores mensais desde o Plano Real. E a indicação é que haverá nova entrada significativa de recursos em setembro, da ordem de US$ 7 bilhões, segundo estimativa do BC - US$ 6 bilhões já haviam entrado no país até o dia 20. Com esses valores, o país já acumula em 12 meses o saldo de investimentos diretos estimado pelo BC para o ano, de US$ 70 bilhões, patamar próximo ao obtido em 2017, de US$ 70,7 bilhões.

Segundo o BC, 60% do fluxo de investimentos diretos do mês foi concentrado nos setores de petróleo, celulose, produtos químicos e extração de minerais metálicos. Foram registradas algumas operações de maior porte, próximas à casa de US$ 1 bilhão, valor que, segundo a autarquia, costuma estar associado a investimentos novos, e não apenas a expansão de operações já existentes.

Se do lado do investimento direto a sinalização é de relativo otimismo, os dados de investimento em carteira refletem o nervosismo e a volatilidade do mercado em meio às incertezas relacionadas às eleições. No mês passado, a saída de investimentos em renda fixa no mercado doméstico por não residentes superou em US$ 7,750 bilhões as novas aplicações. Foi o pior desempenho desde dezembro de 2014 (dois meses depois da última eleição presidencial), quando US$ 8,53 bilhões desses investimentos deixaram o país.

Em um retrato do sobe e desce que tem caracterizado os investimentos de curto prazo, em julho as aplicações em renda fixa haviam superado as retiradas em US$ 6,19 bilhões. E, em setembro, o fluxo das retiradas líquidas já está bem menor do que em agosto, tendo somado US$ 479 milhões até o dia 20. Já as aplicações em ações e fundos de investimento, que sofreram retiradas líquidas de apenas US$ 107 milhões em agosto, já amargam saques de US$ 1,88 bilhão neste mês.

"Permanece a volatilidade, causada pela perspectiva de ganhos ou perdas do investidor mais no curto prazo", afirmou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, ao comentar os dados das aplicações em carteira. Ele destacou que o investimento direto tem sido mais do que suficiente para financiar o déficit em transações correntes do país. A conta - que mede o resultado das trocas comerciais e de serviços do país com o resto do mundo, além de transferências e receitas e despesas com juros e lucros - fechou agosto com saldo negativo de US$ 717 milhões e acumulou déficit de US$ 15,5 bilhões em 12 meses.

Para setembro, o BC espera um déficit de US$ 600 milhões. Apesar de confortável, o déficit acumulado no ano, de US$ 8,90 bilhões, já é mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, de US$ 3,17 bilhões. Para Rocha, do Banco Central, esse crescimento se deve à alta nas importações (25%), que estariam refletindo uma melhora na demanda das empresas em um momento de gradual recuperação econômica. As despesas líquidas totais com serviços, por outro lado, vêm sentido a alta do dólar e estão em retração, impactadas principalmente pela queda das despesas com viagens.

No mês, os gastos com viagens foram 21% menores do que os registrados há um ano e somaram US$ 1,382 bilhão. Os brasileiros, com a desvalorização do real, têm optado por viagens mais modestas ou até mesmo cancelado os planos de ir para o exterior, segundo Rocha. A perda de valor do real também tem influenciado nas remessas unilaterais de não residentes para o país. De acordo com o BC, quem vive no exterior está aproveitando para antecipar o envio de dinheiro, já que com a mesma quantia de dólares é possível converter mais reais do que no início deste ano. No mês, as remessas feitas para familiares no Brasil aumentaram 21%, para US$ 244 milhões, maior valor para o mês desde 2007. Na semana passada, o BC simplificou essas transferências permitindo que o contrato de câmbio seja fechado já no país de origem e os depósitos aconteçam já em reais na conta dos beneficiários.

 

Mercado projeta inflação de 4,28% em 2018 e vê expansão menor do PIB

A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação oficial em 2018 subiu de 4,09% para 4,28%, segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), divulgada nesta segunda-feira. Para 2019, a expectativa para o aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também foi revisada para cima, de 4,11% para 4,18%.

Para os próximos 12 meses, a estimativa foi de 3,90% para 4,04% de aumento. Entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, a mediana para a inflação de 2018 subiu, de 4,17% para 4,38%, e manteve-se em 4,10% para 2019. Na última sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA15), que funciona como uma prévia do indicador "cheio" no mês, mostrou uma leve desaceleração em setembro, para 0,09% de avanço.

Selic

As medianas das estimativas para a taxa básica de juros não sofreram alterações: ficaram em 6,50% no fim deste ano tanto entre os economistas em geral pela 18ª semana consecutiva quanto entre os Top 5 de médio prazo pela 19ª semana seguida. Para o encerramento de 2019, a estimativa do mercado segue apontando para uma Selic a 8% pela 37ª semana seguida, enquanto para os campeões de acertos manteve-se nos mesmos 7,63% apontados nas últimas duas semanas.

Atividade

A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia em 2018 voltou a mostrar recuo, o quinto consecutivo, agora de 1,36% para 1,35%. Para 2019, a previsão de avanço seguiu em 2,50%, percentual em que está há 13 pesquisas agora. Câmbio Os economistas do mercado voltaram a subir suas apostas para o dólar no fim de 2018, de R$ 3,83 para R$ 3,90.

Para o calendário seguinte, a projeção também foi elevada, de R$ 3,75 para R$ 3,80. Nos dois casos, são as maiores cotações já estimadas no fim de cada semana por meio do Sistema de Expectativas de Mercado, do Banco Central, que dá origem ao boletim Focus. Entre os economistas Top 5, de médio prazo, a previsão permaneceu em R$ 3,95 para o fim deste ano e em R$ 3,57 para 2019.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Volume de crédito imobiliário é metade do concedido há quatro anos

O preço médio dos imóveis caiu 19% em relação ao pico de 2014. As taxas de juros estão muito próximas das mínimas históricas.

Bancos e empresários do setor imobiliário afirmam que não houve aperto nos critérios para a concessão de crédito para moradias.

No entanto, o total de financiamento imobiliário novo nos últimos 12 meses é 50% menor do que o dinheiro emprestado em 2014 ou 2015, no caso de pessoas físicas.

Para pessoas jurídicas, a baixa real (descontada a inflação) é de cerca de 80%.

De um ano para cá, há sinais de melhora nas vendas, mas um movimento que mal permite o setor sair do fundo do poço. Mesmo que o total de rendimentos do trabalho seja equivalente ao de 2014 ou que o peso da dívida na renda das famílias, embora alto, seja menor do que o registrado de 2011 a 2017.

A previsão ainda é de quase estagnação no crédito imobiliário para o ano que vem. É como avalia, por exemplo, a Caixa Econômica Federal, que detém quase 70% do mercado.

“Temos um orçamento para este ano de cerca de R$ 85 bilhões. No primeiro semestre, já foram emprestados R$ 42 bilhões, sendo que 84% desse valor é com recursos do FGTS, sobretudo para famílias que ganham até R$ 4.000”, diz Paulo Antunes de Siqueira, vice-presidente de habitação da Caixa.

O orçamento para este ano equivale ao oferecido anualmente de 2015 a 2017. E a tendência para os próximos três ou quatro anos é igual.

Luiz Antonio França, presidente da Abrainc (associação de incorporadoras imobiliárias), conta que não tem ouvido queixas de falta de crédito, mas sente a falta de confiança.

“No setor de baixa renda há tanta demanda, um déficit habitacional tão gigantesco e urgente, que um pouco de estabilização e juros mais baixos impulsionam as vendas, como no Minha Casa Minha Vida”, diz.

“Na média e alta renda, acontece algo parecido com o comportamento dos empresários: observa-se desemprego alto, instabilidade nos mercados, incerteza política e, claro, espera-se para ver o que vai acontecer”, afirma França.

Celso Petrucci, economista do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), tem opinião similar: “A recuperação vem de baixo. As vendas aumentaram, mas o valor médio das operações ainda não”.

Sem confiança, a roda da construção não gira.

Depois de um primeiro trimestre no vermelho, a atividade, que inclui construção pesada, voltou a cair 0,8% no segundo trimestre, ante os primeiros três meses do ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com a crise, os bancos haviam se tornado mais restritivos na concessão de crédito, mas Fabrizio Ianelli, superintendente-executivo de negócios imobiliários do Santander, diz que os modelos de admissão do banco estão em níveis quase iguais aos pré-crise.

“As taxas de juros, que chegaram a ficar entre 8% e 8,5% em 2014 e 2015, também não estão muito distantes”, diz.

As taxas do Santander no SFH (Sistema Financeiro da Habitação) iniciam em 8,99%.

“Os problemas são aqueles que todo mundo conhece. O nosso mercado depende basicamente de três fatores: juros baixos, desemprego e regulamentação ajustada e racional”, diz França.

“Temos taxas de juros no piso histórico, o desemprego é o que se sabe e, na regulação, a insegurança jurídica e as perdas causadas pelos distratos emperram os negócios. No mais, empresários e consumidores, precisamos ter menos insegurança quanto ao futuro”, afirma ele.

Ana Castelo, coordenadora de projetos da construção do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia), faz análise parecida: “As famílias estão preocupadas porque o mercado de trabalho reage lentamente e há incerteza sobre o que vai acontecer com a economia”.

No trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego ficou em 12,3%, segundo o IBGE.

“Isso trava uma decisão de longo prazo como a compra de um imóvel”, diz Castelo.

Petrucci, do Secovi, é dos mais otimistas. Ele diz acreditar que está havendo recuperação considerável das vendas, em particular em São Paulo.

A venda de imóveis novos de fato subiu 64% nos últimos 12 meses, voltando ao nível do início da recessão, em 2014. O fundo do poço ocorreu em 2017, com vendas 57% menores.

“Os números ruins do crédito devem melhorar em breve. Há uma defasagem nas estatísticas, que logo vão refletir o aumento do número de negócios que estão sendo concretizados”, diz Petrucci.

“Mas, como todo mundo, achamos que a recuperação recente nas vendas vai ganhar ritmo com mais clareza no país”, diz.

JUROS

Os preços dos imóveis devem subir e há espaço para que as taxas de juros de financiamento imobiliários caiam, dizem executivos de bancos e empresários do setor.

Isso em um cenário “cachinhos dourados”, na expressão de economistas americanos: economia nem muito fria nem muito quente em 2019.

O preço médio dos imóveis ainda cai, a um ritmo de cerca de 4% ao ano, menor do que os 9% do início de 2016, com base em cálculos feitos a partir do índice Fipezap, descontando a inflação.

O indicador acompanha o preço de imóveis anunciados em 20 cidades.

Segundo França, da Abrainc, a tendência geral do mercado deve ser de alta.

“Os preços estão baixos e devem ser corrigidos. Chegamos a uma situação de estabilização ou de recuperação em alguns segmentos do mercado”, diz.

“Passada a instabilidade ligada às eleições e com alguma recuperação econômica adicional, com mais previsibilidade, vai haver mais demanda”, explica França.

“Tende haver uma recuperação nos preços, com aumento da procura de imóveis de padrão mais alto”, diz Petrucci.

A baixa média nacional dos preços, de 19% desde o pico de 2014, apaga diferenças do mercado.

Os imóveis de um quarto ficaram em média cerca de 22% mais baratos; o preço daqueles de quatro dormitórios ou mais baixou 15%. Em São Paulo, o recuo foi de cerca de 15%; no Rio, de 28%.

As taxas de juros para financiamento estão perto do piso histórico, mas podem ficar estáveis ou cair um pouco mais, no caso do crédito imobiliário, mesmo com as expectativas crescentes no mercado financeiro de elevação da Selic (taxa básica de juros).

A depender de “definições macroeconômicas”, é o que pode acontecer, mesmo na opinião de executivos de Caixa, Bradesco e Santander, compartilhada por analistas e empresários do mercado.

“A conversa que eu ouço é que os bancos têm recursos e podem começar a disputar clientes, assim que o ambiente ficar mais claro”, diz Petrucci.

Um executivo do Bradesco, banco privado engajado no mercado imobiliário, diz que as taxas da instituição, como as da média do mercado, estão décimos acima do piso histórico. Um pouco mais de estabilidade, emprego e concorrência pode fazer com que os juros caiam.

Para Castelo, do Ibre/FGV, juros estão acima do que poderiam. “Se você olhar o funding da poupança, tem espaço para as taxas caírem. A oferta tem um peso grande no cenário, porque os juros ainda estão altos”, diz.

Siqueira, da Caixa, afirma que “os bancos começaram um movimento de redução das taxas, mas ainda não chegaram a um valor competitivo com o do FGTS”.

“Elas precisam cair mais? Sim, e isso deve acontecer, mas as instituições aguardam definições macroeconômicas”, diz.

Hoje o crédito com o FGTS tem taxa de 6%, em média. Com recursos da poupança, 9%. Na média do Banco Central, 7,96% (dado de julho, o mais recente).

 

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