Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

Jair Bolsonaro é eleito presidente em vitória que reflete antipetismo

Eleito presidente da República para o mandato de quatro anos a partir de 1º de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro (PSL) obteve 55,18% dos votos válidos no segundo turno realizado, neste domingo, de acordo com informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às 20h41 com 99,72% das urnas apuradas. Haddad está com os 44,82% restantes, portanto. Das cinco eleições havidas no Brasil depois da redemocratização em que a disputa foi a segundo turno, três foram definidas com margens mais folgadas, as de 2002 (Lula), 2006 (Lula) e 2010 (Dilma).

Bolsonaro só teve uma margem mais folgada do que a de Collor, em 1989, e a da reeleição de Dilma, em 2014. O resultado é importante porque é um indicativo de que o eleitorado resistirá a medidas extremas do presidente eleito, como aquelas anunciadas na reta final da eleição, no sentido de prisão de opositores e repressão de movimentos sociais.

Os últimos dias daquela que deverá ficar marcada como a mais imprevisível e disruptiva eleição presidencial desde a redemocratização foram marcados por uma inédita espécie de competição de rejeição. De um lado, o antipetismo exacerbado que tomou conta de parte relevante da sociedade. De outro, o medo de aumento da violência e enfraquecimento da democracia associado a Bolsonaro.

No fim, o antipetismo acabou se mostrando maior. Uma vitória de Bolsonaro com cerca de 60% dos votos válidos aumentaria demasiadamente sua influência naquela que deverá ser a próxima grande disputa política com data marcada: a das presidências da Câmara e do Senado no ano que vem, no início da próxima legislatura. O resultado positivo pró-Bolsonaro, mas não tão elástico, poderá servir de contrapeso a sua influência.

Depois de confirmada a vitória, Bolsonaro fez uma “live” no Facebook. Ao lado da mulher, Michelle, no discurso improvisado com duração de quatro minutos, afirmou que fará um governo “seguindo ensinamentos de Deus, ao lado da Constituição brasileira, inspirado em grandes líderes mundiais e com uma boa assessoria técnica”. Criticou os adversários. “Não poderíamos mais continuar flertando com o socialismo, com o comunismo e com o populismo, e com o extremismo da esquerda”.

Em seguida, em tom mais moderado, leu um discurso de dez minutos para TVs, em que citou Deus por seis vezes. “Faço de vocês minhas testemunhas de que esse governo será um defensor da Constituição, da democracia e da liberdade. Isso é uma promessa, não de um partido, não é a palavra vã de um homem, é um juramento a Deus”, disse Bolsonaro (confira a íntegra do discurso aqui).

Nesse discurso, Bolsonaro afirmou que o futuro do país passa por um governo que crie condições para que todos cresçam. Nesse sentido, ressaltou que o governo “dará um passo atrás”, com redução de estrutura e corte de privilégios. “Vamos confiar nas pessoas, vamos desburocratizar. Vamos desamarrar o Brasil”, afirmou o presidente eleito.

Por fim, em mais uma transmissão via internet, Bolsonaro agradeceu aos eleitores e destacou a importância da pacificação do país. Ele citou Duque de Caxias - Luís Alves de Lima e Silva, político, monarquista e militar apelidado de “O Pacificador” e “O Duque de Ferro” – para sinalizar que pretende acalmar o clima de polarização política que dividiu o país durante a corrida presidencial. Segundo Bolsonaro, sua vitória nas urnas mostra que o eleitor “não é refém desse ou daquele partido”.

Ele afirmou que, para “resgatar o Brasil (retomar o crescimento)”, colocará “gente competente nos ministérios”. O presidente eleito disse que recebeu ligações de líderes internacionais, entre eles o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Ligaram-me desejando boa sorte”, afirmou ele, ao destacar que pensará num projeto de comércio exterior que não prejudique o Brasil e que deseja aproximação com países que não tenham viés ideológico.

 

Analistas apontam a polarização como obstáculo para Bolsonaro

Com 55% dos votos válidos, o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), chega ao poder com uma vitória “expressiva” e apoio do eleitorado. Para analistas políticos, esse impulso das urnas assegura a legitimidade do futuro governo contra eventuais acusações dos adversários e anima as perspectivas para sua agenda de reformas econômicas. No entanto, a polarização no país ainda representa um obstáculo para sua governabilidade e pode colocar em risco o ambiente positivo no ano que vem.

Na avaliação do analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores, além da diferença de votos em relação a seu adversário, Fernando Haddad (PT), a chapa do governo eleito também conta com a eleição de governadores “amigáveis” e de aliados no Congresso. “Governadores foram eleitos pegando carona na força eleitoral de Bolsonaro, e o Congresso ficou com um perfil da chapa dele”, diz o especialista. Isso se traduz numa “boa perspectiva de governabilidade”, acrescenta Ribeiro.

Para assegurar essa dinâmica mais favorável no curto prazo, Bolsonaro deve sinalizar como serão encaminhadas as iniciativas para a agenda econômica, observa. O período de transição será importante para apontar, de fato, o que o governo eleito tentará implementar no Brasil a partir de janeiro. Neste caso, entra o esforço pela reforma da Previdência, que, pelo menos por ora, não parece ser um tema de consenso mesmo no entorno de Bolsonaro.

Com base em comentários recentes de Bolsonaro e Paulo Guedes, coordenador de economia de sua campanha, a expectativa é de que a independência do Banco Central será uma das primeiras iniciativas a ganhar destaque. Um dos grandes desafios de Bolsonaro, entretanto, será compatibilizar demandas contraditórias do consórcio de forças político-econômicas que o apoiou.

A análise é de Cláudio Gonçalves Couto, professor de ciência política da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Como ele vai garantir o valor mínimo do frete aos caminhoneiros e articular isso com a turma do agronegócio?”, pergunta o professor, em referência ao fato de associações do setor serem contrárias ao cumprimento da tabela de frete mínimo na contratação de transporte rodoviário de carga. “Ou como Bolsonaro vai zerar o déficit em um ano, como prometeu, e manter o subsídio ao diesel dos mesmos caminhoneiros?” O presidente eleito enfrenta uma elevada taxa de rejeição e, a depender do conteúdo da agenda econômica, pode desagradar seu eleitorado, concorda Andrei Roman, diretor da consultoria Atlas Político.

“O fato de que tem mandato claro para governar, mas tem rejeição alta gera uma situação de polarização política que tende a permanecer”, afirma Roman. No curto e médio prazos, um de seus maiores desafios será justamente coordenar a base no Congresso, constituindo uma frente mais ampla do que a de seu partido, para aprovar as reformas, avalia Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe).

“É importante que ele faça as reformas que a sociedade e o mercado mostraram que desejam que faça para equacionar o ajuste fiscal”, afirma. Talvez mais óbvio, o candidato derrotado, Fernando Haddad, “não tem bom trânsito” com a direção do partido, afirmou a pesquisadora. “Uma questão inclusive é se ele vai ficar no PT”, opina.

“Estamos vivendo um processo de deseducação política. Os ritos democráticos estão sendo abandonados de maneira sequente.” A frase é do professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) Carlos Guilherme Mota. O historiador revela perplexidade com os rumos do país. Na avaliação de Mota, um “primitivismo político” permeia desde as massas populares até as elites. “Um segmento grande de elite aderiu ao Bolsonaro com grande facilidade, o que é assustador”, afirma o professor aposentado.

Para o historiador, a vitória de Bolsonaro revela o “estado anual da indigência mental em que está o país”, especialmente porque o presidente eleito não teria uma teoria cultural e político sobre o país. “Ele vem fazendo apelos a Deus e esquecendo que o Brasil está na vigência do Estado laico”. Diante desse cenário, Mota está pessimista com o futuro nacional. “O Brasil continua rachado”, diz, destacando negativamente os discursos feitos por Haddad e Bolsonaro após o resultado eleitoral. “Não houve por parte do Bolsonaro e nem por parte do Fernando Haddad uma menção [ao adversário]. Aquelas saudações que são de praxe”, afirma.

Na entrevista, Mota também avalia que a adesão de setores populares à candidatura de Bolsonaro se dá por uma “irritação”. De acordo com ele, isso só foi possível em razão do déficit educacional do país. “O Lula alimentou toda uma população sem dar os instrumentos culturais e ideológicos. O que deveria ter sido feito a partir da educação”, acrescenta; É só diante de um quadro como esse que as massas migram, de uma hora para outra, “do populismo de Lula”, para o “autoritarismo” de Bolsonaro.

 

Analistas preveem rali de alta para Ibovespa e queda do dólar

Os mercados brasileiros devem dar continuidade ao “rali” nesta segunda-feira, com nova alta do Ibovespa e queda dos juros futuros e do dólar, após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL). É o que apostam analistas e agentes de mercado Para José Alberto Tovar, sócio-fundador da Truxt Investimentos, Bolsonaro precisará sair do discurso e tomar medidas de saneamento fiscal para que haja perenidade no movimento positivo.

“A reação é sem dúvida positiva, embora o mercado já tenha precificado bastante a vitória dele. Mas Bolsonaro já é presidente amanhã. Então ele tem que começar a indicar o que vai fazer e acelerar esse processo em direção às expectativas precificadas até aqui”, disse ele, ao Valor. Renato Ometto, sócio da Mauá Capital, lembra que a maior parte dos ativos já capturou a vitória de Bolsonaro, e novas apostas devem ser ampliadas à medida que o novo governo confirme as expectativas do investidor. “Amanhã deve ser um bom dia para a bolsa, que agora opera com o benefício da dúvida para Bolsonaro”, afirma ele.

“Mas agora ele precisa anunciar toda a equipe econômica. Não acreditamos em um governo difícil, mas também será preciso fazer alianças e abrir diálogo com o Congresso para aprovar as pautas.” O estrategista Bernd Berg, da Woodman Asset Management, avalia que os mercados de moeda, ações e juros estão prestes a ter rali com os novos ingressos de portfólio. "O rali do mercado financeiro no Brasil está pronto para acelerar na esteira da euforia eleitoral e de uma recuperação sustentada e prolongada no ciclo econômico brasileiro após a forte recessão nos anos anteriores”, diz.

“O Brasil superará todos os outros mercados globalmente”, conclui. Ibovespa e dólar O “rali Bolsonaro” pode se concretizar em avanço da agenda de reformas e impulsionar o Ibovespa para 130 mil pontos enquanto o dólar terá firme queda e será negociado abaixo de R$ 3 até meados do ano que vem. “Estou confiante que Bolsonaro vai entregar as reformas tão necessárias (para reduzir o déficit fiscal)”, diz Bernd Berg, em nota.

Para Tovar, da Truxt Investimentos, o Ibovespa pode testar os 90 mil pontos já no curto prazo e o dólar, se aproximar dos R$ 3,55 ou R$ 3,60. Para que isso se mantenha, porém, Paulo Guedes, coordenador econômico de Bolsonaro, deve enfrentar rapidamente a reforma da Previdência e outras medidas de controle do déficit fiscal.

Deve, ainda, atuar de forma a controlar a carga fiscal, incentivar o empreendedorismo e as privatizações — e tecer, junto ao Congresso, o apoio necessário para aprovação dessas pautas. Ometto, da Mauá Capital, afirma que o mercado já operava, desde o começo do mês, com boa dose de certeza de que Bolsonaro seria eleito. Até aqui, porém, houve sempre um teto para o avanço da bolsa e queda do dólar, que agora não deve existir, confirmado o resultado.

Isso deve fazer o Ibovespa se aproximar dos 90 mil pontos, com provável avanço até os 100 mil pontos até o fim do ano, mas também condicionado a reformas. “Ainda não acredito em uma alta ainda mais forte porque os investidores vão questionar os planos de governo, as atuações, todos os próximos passos, embora a postura seja otimista.”

A previsão da XP Investimentos, contida em relatório assinado pelo estrategista-chefe da XP, Karel Luketic, é de que o mercado deve dar o benefício da dúvida para Jair Bolsonaro, antevendo um governo reformista e liberal. Com isso, o Ibovespa pode atingir um patamar entre 90 mil e 100 mil pontos até o fim deste ano, uma valorização entre 10% e 20% sobre os preços atuais.

Segundo as previsões, esse movimento deve vir acompanhado de um alívio da curva de juros, para uma taxa entre 7,5% e 8,5% no contrato de DI com vencimento em 2020 e para 10% para 2030, o que significa um recuo entre 0,5 e 1 ponto percentual. Já para o dólar, a expectativa é de que a cotação chegue ao fim do ano entre R$ 3,60 e R$ 3,90.

Segundo Luketic, esse movimento positivo só será sustentável caso seja confirmada a evolução das reformas. Num cenário otimista, em que as reformas são aprovadas ao longo de 2019, o Ibovespa poderia buscar os 125 mil pontos até o final do próximo ano. Mas, no cenário base traçado pela XP, o Ibovespa deve encerrar 2019 entre 105 mil e 115 mil pontos. Já num cenário pessimista, o índice voltaria para 80 mil. “A principal variável é a evolução da agenda reformista, com foco na Previdência”, diz Luketic.

 

Paulo Guedes diz que Mercosul não é prioridade de Bolsonaro

Anunciado como ministro da Fazenda pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o economista Paulo Guedes afirmou neste domingo que o Mercosul não é prioridade do futuro governo. Ele disse que o bloco é “restrito demais” e afirmou que o Brasil ficou prisioneiro de alianças ideológicas em governos anteriores. “O Mercosul é restrito demais para o que estamos pensando.

O Mercosul, quando foi feito, foi totalmente ideológico. O Brasil ficou prisioneiro de alianças ideológicas e isso é ruim para a economia”, afirmou Guedes a jornalistas, pouco tempo depois de sair da casa de Bolsonaro, no Rio. O economista e futuro ministro disse que o governo não vai “quebrar nenhum relacionamento” e que pretende negociar com o mundo. “Eu só vou comercializar com Argentina? Não. Eu só vou comercializar com Venezuela, Bolívia e Argentina? Não. Nós vamos negociar com o mundo”, disse. “Serão mais países. Não seremos prisioneiros de relações ideológicas. Nós faremos comércio.”

Guedes demonstrou irritação ao ser questionado por uma repórter do Clarín, jornal argentino, sobre o que pensa para o futuro do bloco. “O Mercosul é uma aliança de alguns países daqui. E se eu quiser negociar com o resto do mundo, podemos?”, disse. “O foco do programa é controle de gastos. Ai você pergunta e o Mercosul? Não é prioridade”, afirmou. “A prioridade não é o Mercosul. Mercosul não é prioridade. Não, não é prioridade. É isso o que você quer ouvir? Você está vendo que tem um estilo que combina com o do presidente. A gente fala a verdade. A gente não está preocupado em te agradar”, disse.

O economista estava sentado no lobby do hotel Windsor, perto da casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca, quando foi abordado por jornalistas. Guedes não se levantou para responder e, demonstrando incômodo com os questionamentos, levantou-se, disse que não iria responder mais e começou a andar. A jornalista do Clarín caiu e o economista preocupou-se em dizer publicamente que não havia empurrado ela, mantendo o tom ríspido.

Déficit público

Guedes reiterou ainda a promessa de campanha de zerar o déficit público no primeiro ano de governo. Segundo ele, a medida é “factível”. Ao ser questionado por jornalistas se em um ano dá para zerar o déficit, assim como propôs durante a campanha eleitoral, Guedes afirmou que é possível. “Nós vamos tentar, nós vamos tentar. É factível, claro que é factível”, disse, afirmando em seguida que o governo terá como meta o controle de gastos.

Guedes disse que o programa econômico de Bolsonaro terá vários blocos, mas evitou antecipar quais serão as primeiras medidas da gestão. “Não é uma medida, num acordar à noite e de repente vamos subir impostos, congelamento de preços, de ativos, não tem nada disso. Não é assim, vamos anunciar blocos de medidas. Tem uma abertura gradual da economia, tem um ataque ao déficit fiscal”, afirmou.

“Não adianta falar em medida isolada. Se você fala em medida isolada, ninguém entende nada. 'Ah, vai subir o imposto'. Se falou durante a campanha de criar um imposto, criar o imposto único federal, substituindo 8 impostos. Aí o jornal saía: “quer criar um imposto”. “Não, é substituição de impostos”.

O economista disse que o país passou por 30 anos de descontrole sobre gastos públicos. “Temos impostos muito altos, temos juros muito altos, temos um endividamento em bola de neve, comercializamos com poucos países, alianças ideológicas de comércio”, declarou a jornalistas. “Esse é um modelo ruim para o Brasil, fez mal para o Brasil, empobreceu o povo brasileiro. Então nós vamos mudar o modelo econômico. Se o principal problema foi o descontrole de gastos públicos, que corrompeu a política e travou o crescimento econômico, nós vamos controlar os gastos públicos. Então o foco do programa é o controle dos gastos públicos”, reiterou.

Guedes citou a reforma da Previdência como um dos grandes gastos públicos e defendeu uma reforma do Estado. “Vamos simplificar e reduzir impostos, nós vamos eliminar encargos e impostos trabalhistas sobre a folha de pagamentos para gerar em dois, três anos 10 milhões de empregos novos”, prometeu. “Nós vamos regulamentar corretamente, fazer os marcos regulatórios na área de infraestrutura porque o Brasil precisa de investimentos em infraestrutura, o custo Brasil é alto por falta de segurança jurídica, de marco regulatório adequado.”

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Bolsonaro assume com aval do mercado, mas sob escrutínio da indústria

Eleito com uma plataforma liberal, Jair Bolsonaro (PSL) assumirá a presidência com a missão de cumprir as promessas que fez ao mercado financeiro, mas ficará sob escrutínio da indústria que teme uma abertura unilateral da economia, nos moldes do que foi feito pelo ex-presidente Fernando Collor.

Representantes de setores empresariais ouvidos pela Folha afirmaram que estão otimistas com o novo governo, que chegará com o respaldo das urnas para promover as reformas previdenciária e tributária.

Ressaltam, todavia, que só apoiam uma maior inserção do Brasil no mercado externo por meio de acordos bilaterais.

Para José Velloso, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) é urgente uma profunda reforma da Previdência, que reduza os benefícios concedidos aos servidores públicos. Na sua opinião, ajustar os gastos do governo é a única maneira de baixar juros e estimular o investimento.

Ele também apoia uma reforma tributária, que desonere o investimento e a exportação, mas é contra a abertura unilateral da economia que vem sendo ventilada por alguns assessores do presidente eleito. “Se fizermos isso, vamos repetir o mesmo erro do Collor e destruir empregos no Brasil”, afirmou.

Em relatório enviado a seus clientes, a XP Investimentos afirmou que o plano de governo de Bolsonaro aborda a “redução de muitas alíquotas de importação e das barreiras não-tarifárias, em paralelo com a constituição de novos acordos bilaterais internacionais“. Segundo a corretora, empresas de setores como siderurgia e industriais como a fabricante de motores WEG poderiam ser negativamente impactadas.

Na semana passada, representantes da indústria estiveram com Bolsonaro em encontro intermediado pelo deputado Onyx Lorenzoni, já indicado como futuro chefe da Casa Civil do novo governo. Na reunião, externaram sua preocupação com o tema e pediram que o então candidato desistisse, por exemplo, da ideia de fundir os ministérios da Fazenda e da Indústria –pleito que deve ser atendido.

“Nunca é bom concentrar muitos poderes em uma única pessoa”, explicou Fernando Pimentel, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), referindo-se a promessa de Bolsonaro de transformar o economista Paulo Guedes num “super ministro”, que englobaria Fazenda, Planejamento e Indústria.

Conforme o empresário, a principal tarefa do novo presidente será pacificar o país e, em seguida, promover reformas estruturais, como previdência, tributária e política.

Humberto Barbato, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) está “otimista” com o novo governo, que teria “autoridade” para implementar as reformas que o país necessita.

“Bolsonaro chega com grande respaldo popular, o que vai facilitar sua relação com o Congresso”. Ele, contudo, também se revela “preocupado” com a possibilidade de uma abertura unilateral da economia.

Economistas ouvidos pela reportagem dizem que, nos próximos dias, a bolsa deve encontrar fôlego para subir mais e o real deve seguir se valorizando em relação ao dólar, num período que deve ser de lua de mel entre o mercado financeiro e o governo.

Para a XP Investimentos, a perspectiva de um governo reformista e liberal poderia levar a Bolsa a atingir algo entre 90 e 100 mil pontos até o final do ano, o que representa alta de 10% a 20% sobre os níveis atuais, levando o dólar para o nível de R$ 3,50 a R$ 3,70.

Marcos Casarin, economista-chefe para a América Latina da Oxford Economics afirma que o otimismo do mercado com Bolsonaro é fundamentado. “Pela primeira vez em 12 anos, temos a chance de dar uma guinada na política econômica com certa garantia de pouca interferência do estado na política econômica”.

O economista conta que os investidores com os quais conversa não estão preocupados com temas como segurança, minorias, liberdade e eventuais retrocessos sociais, mas focados em questões econômicas.

"Olhando por um prisma muito restrito, como condição de financiamento de investimento e valorização no preço de ativos, o Bolsonaro é superior ao Haddad [Fernando Haddad, candidato derrotado do PT].”

Para Casarin, Bolsonaro representa uma continuidade à plataforma do Temer que, para a economia, foi “sensacional, ao menos até o escândalo do Joesley [Batista, empresário do grupo JBS que fez delações implicando o presidente na operação Lava Jato]”.

“O Brasil estava um ritmo de aprovação dificilmente visto. O fato de Bolsonaro continuar com a ponte para o futuro dá ao mercado base para comemorar”, afirma.

Para ele, a lua de mel do mercado com Bolsonaro perdura por ao menos um ano.

Destaca ainda que um dos fatores que poderiam antecipar uma crise de relacionamento seria algum choque externo. “Se estourar uma crise americana, a equipe do Bolsonaro pode ter uma resposta titubeante. Mas isso aconteceria com qualquer equipe. Não sabemos quem serão os atores do governo e como vão reagir no caso de uma crise externa”, ressaltou.

Segundo ele, em caso de crise, o governo do PT seria “mais kamikaze, enquanto o Paulo Guedes dificilmente abriria mão da austeridade fiscal por um choque externo”.

José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, também prevê que, após o período de euforia do mercado, os questionamentos devem começar a aparecer em breve. “Ainda não há sinais muito claros e convincentes sobre o que o próximo governo vai querer fazer e de que forma”, diz Gonçalves.

É consenso entre os analistas que a reforma da Previdência é condição necessária, embora não suficiente, para equacionar o rombo das contas públicas. Para Ramos, do Goldman Sachs, a proposta terá que estar pronta em fevereiro para que seja votada, no máximo, até o terceiro trimestre de 2019.

Em um prazo mais longo, no entanto, a percepção é que os desafios são imensos e devem se impor.

“Bolsonaro vai enfrentar uma economia com crescimento fraco, desemprego alto e contas públicas muito deterioradas, tendo que encontrar rapidamente apoio político para avançar na parte fiscal”, diz Alberto Ramos,diretor de pesquisas para América Latina do Goldman Sachs.

O economista avalia, no entanto, que a vitória de Bolsonaro com uma diferença de dois dígitos com relação a Fernando Haddad (PT) pode facilitar a composição política num Congresso bastante fragmentado e menos experiente no processo legislativo.

Para a economista-chefe da XP, Zeina Latif, o cenário para 2019 é binário e o divisor de águas é a aprovação de uma boa reforma da Previdência, de preferência aquela proposta pelo Presidente Temer e aprovada nas comissões da Câmara em 2017. Em relatório, a XP lembra que a Previdência é a principal despesa do governo, representando em torno de 60% do Orçamento federal.

A perspectiva de que o economista Paulo Guedes vai assumir a Fazenda também é elogiada por Carlos Hardenberg, sócio da gestora Mobius Capital Partners. “Ele é um economista conhecido com forte apoio a políticas ortodoxas e amigáveis ao mercado que têm grande apelo aos investidores. Por isso, se Bolsonaro nomeá-lo ministro da Fazenda, como disse que faria, seria um sinal positivo parar a comunidade investidora”, afirmou.

Ele vê, no entanto, um cenário ainda muito incerto, propiciado por declarações divergentes dentro do círculo de Bolsonaro e uma investigação do Ministério Público Federal contra Paulo Guedes por supostos “crimes de gestão fraudulenta ou temerária” e “emissão e negociação de títulos sem lastros ou garantias”.

Ele afirma que o Brasil continuará no foco da estratégia de investimento da gestora. “Nós começamos recentemente a nos posicionar em uma empresa brasileira.”

 

Ativos brasileiros listados na Europa saltam após eleição de Jair Bolsonaro

Os ETFs, fundos de índices, do Brasil listados na Europa saltaram nesta segunda-feira depois que Jair Bolsonaro venceu a eleição presidencial no Brasil no domingo.

Ações no índice MSCI Brazil ETF listado na Alemanha avançaram 6,4%, enquanto o iShares MSCI Brazil ETF listado em Londres saltou 6,8% após a vitória de Bolsonaro.

As ações da Latin American Investment Trust, da Blackrock, também subiram 6,9%.

Investidores devem receber com otimismo a eleição de Bolsonaro, em meio a apostas de que a sua equipe econômica adotará uma agenda positiva para o país, mas a manutenção do ânimo dependerá de sinais claros sobre o comprometimento da nova administração, notadamente detalhes sobre os planos para a economia.

JAPÃO

A eleição de Bolsonaro já se reflete também no desempenho de alguns ativos brasileiros negociados na Ásia. 

Na bolsa japonesa, o ETF (Exchange Traded Funds, no termo em inglês) de Ibovespa sobe 13%, segundo a Bloomberg. A alta pode funcionar como um bom indicador antecedente do comportamento esperada para a Bovespa nesta segunda-feira (29).

 

Indicadores desta eleição tiveram sinais trocados e abrem chance de retomada

A trajetória recente de indicadores, como a do câmbio, a do CDS (seguro contra inadimplência) e a da Bolsa apontam para um possível destravamento de consumo e de investimentos, segundo analistas de mercado.

A evolução desses números durante as eleições deste ano não foi apenas diferente, mas o oposto daquela observada no pleito de 2014.

Na disputa de quatro anos atrás, os indicadores começaram estáveis e pioraram depois do primeiro turno. Já neste ano, melhoraram com a proximidade da votação.

A taxa de câmbio, o Ibovespa e o CDS terminam em níveis melhores que os do começo da campanha eleitoral, segundo levantamento da Tendências Consultoria.

“É um cenário positivo de saída da eleição. Sinaliza que as empresas poderão dar um prêmio de risco mais baixo, com tendência de juros menores para captar”, diz Silvio Campos Neto, responsável pela análise.

O fato da curva do dólar ser de queda também faz com que haja menos pressão inflacionária, segundo Michael Viriato, do Insper.

“Essa mudança de direção da taxa de câmbio é o principal efeito para as famílias porque afeta o preço de produtos que dependem de importação”, afirma o professor.

Há a expectativa ainda de uma retomada de aportes em capacidade produtiva, segundo Marcel Balassiano, professor da Fundação Getulio Vargas.

“Desde o começo de 2018 os investimentos foram fracos porque se esperava passar as eleições e uma diminuição das incertezas. Elas ainda existirão, mas serão de outra natureza”, afirma.

 

ESTADÃO

Papéis brasileiros disparam na Europa, Japão e pré-mercado de NY com eleição de Bolsonaro

Os fundos de índices (ETF, na sigla em inglês) brasileiros na Europa dispararam nas primeiras horas de negócio na Europa e no pré-mercado de Nova York, depois de um salto ainda maior ter sido visto em Tóquio, na madrugada. O movimento é uma reação à vitória do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, nesta domingo, 28, na disputa pela Presidência da República.

Os ETFs (Exchange Traded Funds, na sigla em inglês) são fundos que replicam índices e têm cotas negociadas em Bolsa. Ao comprar uma cota de um ETF, o investidor tem um retorno quase idêntico ao índice que aquele fundo espelha. Por exemplo: o investidor pode comprar um ETF que replica o índice Bovespa, em vez de comprar todas as ações que compõem o indicador.

Já os American Depositary Receipts (ADRs) - que são papéis de empresas de fora dos Estados Unidos negociados no mercado de ações americano - da Petrobrás e da Vale operavam em forte alta nos negócios do pré-mercado em Nova York na manhã desta segunda-feira. Por volta das 8h20 (de Brasília), o ADR da petroleira saltava 8,56%, a US$ 17,63. Mais cedo, em torno das 8h, o ADR da mineradora subia 3,85%, a US$ 15,65.

Às 6h03 (de Brasília), o ETF HSBC Brazil disparava 7,44%, comercializado a 18,49 euros, ante 17,21 euros do fechamento de sexta-feira (26), na Bolsa de Frankfurt. Em Londres, o CSBR iShares MSCI Brazil Ucits (ACC) era cotado a US$ 79,31, ante US$ 73,84 da sessão anterior, com alta de 7,40%. A elevação do IBZL (Dist) era de 7,34%, comercializado a 2.618,12 libras esterlinas, ante 2.501,12 libras do fim de sexta-feira.

Durante a madrugada, em Tóquio, o Next Funds Linked ETF chegou a subir 14% (comercializado a 220 ienes). No encerramento das atividades financeiras do Japão, no entanto, a alta acabou sendo levemente menor, de 10,88%, com o papel cotado a 214 ienes, ante 193 ienes na sessão anterior.

Em Nova York, onde há o maior volume de negociação de um ETF brasileiro, o EWZ, a disparada do preço também era registrada há pouco no pré-mercado. Os papéis eram comercializados a US$ 45,52, ante US$ 40,04 na sexta-feira, uma elevação de 6,19%.

 

Às vésperas de eleição, conselheiro de Paulo Guedes critica criação de Imposto sobre Valor Agregado

Apontado com um dos principais conselheiros do economista Paulo Guedes na formulação do plano econômico do candidato Jair Bolsonaro, o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Marcos Cintra, criticou a adoção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) no País. Em artigo no Twitter, publicado na véspera da eleição, Cintra marca posição e afirma que levar adiante o burocrático IVA seria "desastroso" e o "pior dos mundos".

A necessidade de criação do IVA era unanimidade entre os outros candidatos à Presidência e defendida pelo Ministério da Fazenda. Proposta de reforma tributária, prevendo a criação do IVA, já tramita na Câmara dos Deputados com relatoria do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).

No artigo, Cintra diz que o projeto mais promissor refere-se à unificação de vários tributos sobre os pagamentos e recebimentos no ambiente eletrônico do sistema bancário. "É a forma mais eficaz de gerar receita pública em um mundo regido pela economia digital", defende ele, que foi deputado federal (1999-2003) e autor do projeto do Imposto único.

Segundo ele, por meio dessa proposta seria possível aplicar uma alíquota reduzida sobre toda transação nas contas bancárias. Ela não usa, porém, o nome de CPMF, o imposto sobre movimentação bancária que foi extinto durante o governo Lula.

Cintra avalia que com essa mudança na tributação a sonegação, que hoje ultrapassa R$ 400 bilhões por ano, se tornaria "quase inexistente" e os custos para as empresas e o governo seriam fortemente reduzidos. Na avaliação do economista, haveria estímulo ao consumo por causa da extinção de impostos embutidos nos preços e as empresas poderiam contratar e formalizar funcionários com a redução dos desembolsos com mão de obra ocasionada pelo fim dos tributos sobre a folha de salários.

Cintra lembra no artigo que, no final dos anos 1960, o economista Roberto Campos adotou a tributação sobre valor agregado no país, algo que para a época representou uma inovação impactante para a economia nacional, contribuindo para o chamado "milagre econômico". Mas a partir dos anos 1980, Campos começou a criticar o sistema tributário que ele mesmo ajudara a criar, mas que segundo ele havia se transformado em um grande obstáculo para o desenvolvimento econômico do país.

"A mesma proposta de reforma tributária de quase 20 anos atrás que Roberto Campos renegou vem sendo cogitada novamente. É um dever resgatar seu pensamento no debate atual", destaca Cintra.

Para Cintra, os princípios do IVA não se ajustam ao mundo moderno. "Insistir nessa proposta será desastroso. A reforma tributária requer uma forma de cobrança baseada no fluxo de caixa eletrônico no sistema bancário", insiste. Procurado pelo Broadcast, o economista não quis comentar o artigo.

 

‘Previdência, sozinha, não resolve problema fiscal’

O próximo presidente brasileiro terá de fazer mais do que a reforma da Previdência para resolver desafios do País na economia, afirma o economista brasileiro José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Columbia e professor emérito da Universidade de Princeton. “Precisamos rever todo um sistema de gastos para chegar ao equilíbrio das contas e permitir ao governo fazer o que precisa fazer, como investir em ciência e tecnologia”, diz Scheinkman, em entrevista ao Estado.

Segundo o economista, o enfrentamento da crise fiscal e da baixa produtividade não se dará apenas “cortando um pequeno gasto”. Ele disse ter visto poucas propostas explícitas dos candidatos nesse sentido.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Quais os desafios econômicos do próximo presidente?

Temos dois tipos de desafios. Um é de curto prazo, que é o balanço fiscal. Chegamos a um ponto em que a combinação de despesas obrigatórias não permite investimentos do governo. Daqui a pouco, nem com investimento zero as contas vão fechar. Resolver o problema fiscal é uma situação de urgência. A segunda questão, de longo prazo, é a do baixo aumento da produtividade, que se traduz no baixo crescimento da renda da população.

Qual é o papel da reforma da Previdência nesse cenário?

A reforma proposta (por Michel Temer) foi substancialmente diluída no Parlamento. Minha impressão é que a reforma perdeu metade da eficácia nesse processo. No mundo inteiro, as idades da aposentadoria foram aumentadas. As pessoas estão vivendo mais tempo e é preciso de uma certa maneira fechar as contas. E há outras questões particulares ao Brasil, como a indexação das pensões ao salário mínimo, que cresce mais do que o custo de vida. No curto prazo, é o único tipo de reforma que se pode implementar.

Mexer na Previdência é suficiente para levar a uma situação fiscal saudável?

Sozinha, não. O crescimento dos gastos e transferências obrigatórias do governo federal aos Estados está deixando muito pouco espaço para investimentos. Precisamos também avaliar os programas nos quais o governo está gastando dinheiro. É algo que a Austrália, por exemplo, faz muito bem. No Brasil, se ouve falar no sucesso de um programa de governo dizendo quanto ele gastou. Mas a medida deveria ser qual é o objetivo do programa e se está sendo atingido.

Quais outras medidas podem ser tomadas?

Temos de imaginar qual a máquina que precisamos para tocar o Estado brasileiro. Há alguns níveis de salários absurdos e privilégios. Nos EUA, só o presidente da Suprema Corte tem um chofer – os outros dirigem os próprios carros. A questão de (auxílio) moradia também não existe. Isso é pequeno em relação aos problemas do Brasil, mas isso dá um certo clima dos gastos.

As isenções tributárias foram um dos fatores para o baixo crescimento da produtividade?

Certamente. Muitos desses incentivos permitiram a expansão de companhias que eram muito boas em lobby. Não quer dizer que a empresa que é melhor em convencer um governador a lhe dar isenção seja aquela mais produtiva. Há um certo encantamento com setores em que o Brasil tem tido um crescimento de produtividade muito baixo, como a indústria de transformação.

Como o País pode avançar no desafio da produtividade?

A economia brasileira é muito fechada. Muitas vezes os ganhos de produtividade vêm de combinações de insumos brasileiros com insumos estrangeiros. E uma economia na qual você protege bens de capital, afeta a produtividade de todos os outros setores. A proteção em si já traz embutida uma força que diminui o crescimento da produtividade. É um problema sério, pois os ganhos de produtividade em indústria são em geral trazidos por novos participantes que tomam o mercado das velhas firmas.

E a questão dos impostos?

Há alguns anos tentei entender o ICMS brasileiro só no Rio de Janeiro, e não consegui. O sistema foi construído pouco a pouco com “essa indústria pediu isso, outra aquilo”. Nesta eleição, houve várias propostas, que acho boas, de substituir todos esses impostos que afetam produção e distribuição, como ICMS, por um só imposto sobre valor agregado, que é um sistema que se usa na Europa.

Das propostas apresentadas pelos candidatos, alguma faz acender sinal de alerta?

Na campanha do Bolsonaro, no começo, o sistema de capitalização estava aparecendo como uma solução mágica para o problema da Previdência. Acho que agora está se admitindo que precisa ser algo com transição. Mas é o tipo da coisa que preocupa, porque a passagem para o sistema de capitalização no curto prazo vai ter um custo fiscal. Do lado do Fernando Haddad, o que me preocupa é diminuir a importância da reforma da Previdência e os ataques à reforma trabalhista.

E o combate à corrupção? Pode ajudar a fomentar o crescimento nos próximos anos?

Os problemas do Brasil estão muito acima disso. O combate à corrupção não é a solução para todos os problemas. Tínhamos um problema seriíssimo de inflação – e resolvê-lo não solucionou todos os problemas. De certa maneira, isso tem um efeito muito maior na economia do que o custo da corrupção. Não vai se resolver tudo só pensando em combate à corrupção. Precisamos trabalhar as instituições, melhorar a qualidade das instituições, decidir o que o governo poderá fazer.

 

 

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