Segunda-feira

VALOR

Destravar crédito passa por revisão de subsídios indiretos

Para cumprir o objetivo de reduzir distorções e impulsionar o mercado de crédito, o governo terá de atacar não apenas subsídios do Tesouro, mas rever, de forma ampla, as operações com taxas reguladas. Do estoque de R$ 1,487 trilhão em crédito direcionado no país em novembro, 89,8% referem-se a empréstimos com taxas de juros limitadas por normas específicas e que não podem ser livremente pactuados pelo mercado.

Essas operações embutem alguma forma de subsídio, seja concedida pelo governo ou, indiretamente, pela sociedade. Isso significa que 41,7% do volume de crédito no Brasil não tem preço definido pelo mercado. O financiamento imobiliário e as linhas do BNDES constituem o grosso - 81,5% - do saldo desses empréstimos.

São áreas em que os subsídios do Tesouro já vêm em queda, mas que continuam sendo beneficiadas, respectivamente, por fontes de funding mais baratas, como as do FGTS e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O BNDES, que se tornou alvo de polêmica ao conceder empréstimos com taxas inferiores às de mercado, passou por uma mudança importante no ano passado.

Foi quando substituiu a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que era fixada pelo Conselho Monetário Nacional e subsidiada, pela Taxa de Longo Prazo (TLP), que deve se igualar à remuneração dos títulos públicos atrelados à inflação (NTN-B) em cinco anos. Isso ajudou a reduzir a diferença entre o custo de captação do Tesouro e a taxa concedida nos empréstimos.

A TLP está hoje em 6,96%, ainda abaixo do custo médio do Tesouro, de 10,11% ao ano em novembro. Porém, o BNDES continua tendo como funding importante os recursos do FAT, remunerados à taxa dos títulos de cinco anos do Tesouro. Alguns economistas dizem que esse dinheiro poderia estar aplicado em operações com retornos mais altos. No setor imobiliário, grande parte do subsídio direto está concentrada no Minha Casa, Minha Vida e é destinada à compra da casa própria por famílias com renda mensal de até R$ 4 mil.

A partir deste ano, o benefício máximo foi concentrado naquelas com renda de R$ 1,2 mil. O governo gastou R$ 3,6 bilhões com incentivos ao programa em 2017 e R$ 3,9 bilhões no ano passado, até novembro. Do total subsidiado, 90% vêm do FGTS e 10% do Tesouro. A maior parte dos subsídios ao crédito imobiliário, porém, não é feita pelo Tesouro, mas pelos trabalhadores, por meio do FGTS.

Para Ana Carla Abrão, sócia da consultoria Oliver Wyman, atacar essa questão no crédito imobiliário é fundamental para estimular operações nessa área. "Esses recursos são subsídios dados pela sociedade, que tem uma remuneração baixa do dinheiro depositado no FGTS", diz. Durante anos, a remuneração do FGTS, que era de 3% mais Taxa Referencial (TR), ficou abaixo da inflação. Com uma mudança de cálculo, que passou a contar com a distribuição do lucro dos investimentos para os trabalhadores, esse rendimento aumentou, mas ainda fica aquém das taxas de mercado.

Isso cria distorções, como a concentração do crédito imobiliário na Caixa, que tem 70% desse mercado. Do saldo da carteira de crédito habitacional do banco no terceiro trimestre, de R$ 440,5 bilhões, R$ 258,5 bilhões eram de desembolsos com recursos do FGTS. "Precisamos liberalizar esse mercado", diz Ana Carla. Além de subsidiar investimentos em projetos como o Minha Casa Minha Vida, o FGTS serve de funding a financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro Habitacional (SFH).

O comprador pode usar sua conta no fundo para a compra de imóveis avaliados em até R$ 1,5 milhão. No ano passado, o Banco Central começou a preparar o setor imobiliário para um modelo mais flexível ao adotar mudanças no direcionamento de recursos da poupança. Um novo regulamento manteve a exigência de que os bancos destinem ao financiamento imobiliário 65% dos recursos captados na poupança, mas eles não precisarão mais alocar o dinheiro em operações no SFH, onde há limitação de taxa.

A medida foi celebrada por executivos da área como o início do fim das amarras no crédito habitacional. Grande foco de subsídios diretos, o crédito rural também deve ser alvo de mudanças. A estratégia do governo é encolher os benefícios nas taxas de juros e estimular a contratação de seguro agrícola para proteger o produtor das quebras de safra.

O economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, lembra que hoje ainda há subsídio relevante para o crédito agrícola por meio de linhas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e outras modalidades de custeio e investimentos. Em 2017, o aporte do governo só para o Pronaf e o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) somou R$ 4,2 bilhões.

No ano passado, até novembro, estava em R$ 3 bilhões. "O problema dos subsídios é que eles segmentam o crédito e criam um problema de alocação desses recursos", afirma a economista Elena Landau, ex-diretora do BNDES. "Se é para subsidiar, que seja feito via Orçamento. Da forma como se faz hoje, não se sabe qual a eficácia desses subsídios."

Na visão de Elena, a criação da TLP foi importante para rever o "mito de que subsídio é necessário" aos investimentos. Isso faz com que o próprio BNDES se torne menos relevante, segundo a economista, que costuma dizer que o banco de fomento, hoje, está em busca de uma função. O raciocínio vai na linha do que defendeu o ministro da Economia, Paulo Guedes, na semana passada. Segundo ele, transferência de renda e subsídios, quando necessários, devem ser feitos com repasses do Tesouro previstos no Orçamento.

Para Guedes, o crédito direcionado contribuiu para elevar as taxas de juros. O crédito direcionado passou a crescer após a crise global de 2008, à medida que os bancos públicos foram expandindo seus balanços para financiar o consumo e os "campeões nacionais". Representava 46% do estoque total de empréstimos e financiamentos do Brasil em novembro do ano passado. "Os bancos cobram um custo menor no crédito direcionado e um spread muito maior nos empréstimos com recursos livres para compensar", diz o professor do Insper Marco Bonomo.

Estudo realizado por Bonomo, pelo também professor do Insper Ricardo Brito e por Bruno Martins, do Departamento de Pesquisas do BC, mostra que as empresas maiores e mais maduras foram as mais beneficiadas pela expansão do crédito público entre 2004 e 2012. Essa relação começou a mudar com a adoção da TLP. A nova taxa fez com que o financiamento via mercado ficasse mais competitivo, a ponto de algumas companhias emitirem dívida ou tomarem recursos com outros bancos para pré-pagar o BNDES. "O poupador tem que escolher se quer dar dinheiro para educação ou para o empresário", diz Bonomo.

Kawall lembra, contudo, que só a equalização das taxas não basta e a diminuição dos subsídios do governo deve passar também pela redução do volume concedido pelos programas sociais como Minha Casa, Minha Vida e no financiamento estudantil dado pelo Fies.

 

Previdência puxa o PIB e potencializa juro baixo

Há dois anos a inflação está abaixo da meta no Brasil, e isso significa uma boa e uma má notícia. A boa notícia é que a taxa básica da economia brasileira, Selic, poderá ficar estacionada por muito mais tempo. A má notícia é que, mesmo com a Selic inalterada há dez meses em 6,50%, a reação da atividade é lenta. Um avanço consistente das reformas estruturantes - a começar pela Previdência - será uma alavanca para os investimentos e taxas mais consistentes de crescimento, já favorecido pela taxa de juro em sua mínima histórica.

Em contraponto, reformas frustradas ou aquém do esperado contratam ao menos duas consequências negativas: a manutenção de investimentos em banho-maria e maior pressão no câmbio porque investir no Brasil será mais arriscado. Dólar mais alto gera inflação e convida o Banco Central (BC) a aumentar o juro, o que não acontece desde julho de 2015. O dólar ronda R$ 3,70 e essa taxa não reflete um desfecho positivo do ajuste fiscal. E tampouco eventual fiasco do discurso reformista do governo Bolsonaro.

Confirmada a reforma previdenciária, o dólar tende a recuar a R$ 3,50 ou menos. Um discurso oficial frustrado poderá, sim, puxar o dólar a R$ 3,90 ou a R$ 4,00. E, nesse cenário, o câmbio contamina a inflação e abre caminho para o aumento do juro - um tiro curto, mas fatal contra um crescimento arrastado.

"A economia brasileira mantém um círculo virtuoso desde 2017, e o combustível deste ciclo é o juro baixo, hoje o único estímulo que o Brasil tem para crescer. Se esse estímulo for retirado haverá um grande prejuízo para a recuperação da atividade. Não acreditamos que isso acontecerá. Esperamos a manutenção da Selic em 6,50% em 2019 inteiro e acreditamos que o mercado está migrando para esse cenário. Ajuste do juro? Só em 2020", afirma Leonardo Porto, economista chefe do Citi no Brasil.

Em entrevista à coluna, Porto lembra que, em setembro e outubro do ano passado, período de maior desvalorização cambial, o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou aumento da taxa Selic, a despeito da elevada ociosidade da economia. A sinalização do Comitê não se confirmou, a Selic ficou inalterada. Contudo, ficou patente a preocupação que o câmbio desperta.

O economista lembra que o dólar é uma variável cuja evolução não depende apenas das condições domésticas. "O dólar sofre influência externa e [seu comportamento] não depende de ações isoladas da maioria dos bancos centrais." Hoje, mais que em qualquer episódio recente, as relações econômicas e políticas dos EUA, sobretudo com a China, têm impacto cristalino na formação global da taxa de câmbio a que todos os países estão expostos. Apesar dessa incontrolável influência externa, diz o economista, no Brasil há hoje um antídoto disponível para limitar o contágio negativo do dólar: a reforma da Previdência.

"A Previdência é o gasto mais elevado das contas públicas brasileiras que estão em uma trajetória insustentável. Está claro que o governo Bolsonaro vai endereçar o problema fiscal ao Congresso. Mas o Congresso rejeita, há pelo menos uma década, propostas de ajuste fiscal. Some-se a isso o orçamento engessado da União e não é difícil compreender por que, sem a reforma previdenciária, uma melhoria nas contas públicas não acontece", diz o economista.

Até pela resistência parlamentar, acrescenta Leonardo Porto, a reforma da Previdência pode ser condição necessária, mas talvez insuficiente para a consolidação fiscal capaz de impulsionar um ciclo de crescimento econômico. O Citi projeta expansão do PIB de 3% a 3,5% nos próximos anos em um contexto de ajuste fiscal a ser pautado pela reforma previdenciária.

Ele avalia que respostas a três questões ajudam a monitorar o andamento dessa reforma: "Há disposição, de fato, de o governo Bolsonaro realizar a reforma? O presidente e o ministro Paulo Guedes terão habilidade política para negociar a reforma com o Congresso? Em que ponto de sua lista de prioridades, o Congresso colocará a reforma da Previdência?" O economista está convencido de que, se de início havia dúvida no mercado financeiro quanto a possibilidade de Jair Bolsonaro, então candidato à Presidência, rejeitar as ideias de Paulo Guedes, desde a eleição essa dúvida não procede.

Quanto à habilidade política do presidente e do ministro negociarem com o Congresso as condições da reforma, Porto acredita que a resposta estará clara em pouco tempo. Para ele, também em semanas, ficará evidente se os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado são afinados ou não com o governo Bolsonaro. As mesas diretoras das duas casas serão definidas em 2 de fevereiro.

Para o economista do Citi, mais importante que o nome do deputado e do senador que comandarão Câmara e Senado será o apoio que eles terão do presidente da República. "Especialmente, o candidato ao comando da Câmara merece atenção porque é lá que a proposta da reforma previdenciária caminha primeiro", alerta o economista que vê o encaminhamento ao Congresso e a apresentação detalhada do projeto do governo capaz de "fazer preço" de ativos no mercado financeiro.

"Neste momento, a habilidade política do governo estará sendo testada. E os principais pontos a acompanhar são idade mínima proposta para aposentadoria, existência ou não de aumento de alíquota de contribuição previdenciária; inclusão ou não de militares na proposta; e a regra de transição", pondera Leonardo Porto, para quem é preciso também considerar quem será o negociador do governo junto ao Congresso. Será o ministro Onyx Lorenzoni ou não? Quem será o líder do governo na Câmara e quem será o líder do governo no Senado?"

O economista chefe do Citi chama atenção para um balanço de medidas já implementadas e outras sugeridas pelo Tesouro no Panorama Fiscal de encerramento de 2018 por considerá-las de "efeito imediato". E destacou duas: correção do salário mínimo apenas pela inflação e restrição ao abono salarial.

 

Núcleos sugerem IPCA em alta, mas comportado em 2019

A inflação tende a acelerar em 2019, com reajustes nos preços de serviços puxados pela gradual melhora do emprego e maior espaço para as empresas repassarem custos aos consumidores, recuperando margens. Ainda assim, os preços de serviços e a média dos núcleos da inflação - medidas acompanhadas de perto pelo Banco Central para definição da política monetária - continuarão em nível tranquilo e abaixo do padrão histórico.

Para Fabio Romão, economista da LCA Consultores, a elevada ociosidade da economia explica os preços comportados, apesar dos choques provocados pela greve dos caminhoneiros e pela desvalorização cambial. Prova disso é que a média dos núcleos da inflação - que retiram itens mais voláteis para melhor captar a tendência de preços - desaceleraram de 3,15% em 2017 para 2,77% em 2018, no índice acumulado de 12 meses.

A expectativa da LCA é de que a média dos núcleos chegue ao fim de 2019 em 3,59%, acelerando em relação aos anos anteriores, mas ainda muito comportada. Como base de comparação, de dezembro de 2003 a dezembro de 2018, a mediana do indicador é de 6,1%. "O núcleo da inflação reflete melhor o estado da demanda doméstica, excluindo ou reduzindo o peso de itens que geram alguns choques de preços (positivos ou negativos) relacionados à interrupção de fornecimento no mercado interno, questões sazonais ou até mesmo alguns choques nos preços globais de commodities específicas que são repassados para os preços no mercado local", explica o Banco MUFG Brasil, sobre a relevância da métrica.

Já a inflação de serviços encerrou 2018 em 3,34%, no menor patamar desde 2000. Segundo Fernando Gonçalves, gerente de Índice de Preços do IBGE, a própria inércia inflacionária jogou a favor. "O fato de a inflação de 2017 ter sido de 2,95% faz com que os reajustes praticados em 2018 tenham sido menores do que no ano anterior", disse Gonçalves.

Para Romão, a inflação de serviços deve ir a 4,3% em 2019, puxada pela melhora da economia, com redução do desemprego e aumento do trabalho com carteira, o que afeta os custos do setor com salários e também a demanda das famílias. Ainda assim, o nível é bastante tranquilo, considerando que de 2011 a 2015 a inflação de serviços ficou acima dos 8% ao ano.

O desemprego ainda elevado, a capacidade ociosa da indústria e uma depreciação mais moderada do câmbio devem contribuir para esse cenário benigno. A LCA projeta a taxa de desemprego média de 2019 em 11,6%, ante 12,2% em 2018. Já o câmbio médio foi de R$ 3,19 em 2017 a R$ 3,65 em 2018 e é projetado em R$ 3,86 em 2019. Assim, a depreciação cambial cairia de 14,6% no ano passado para 5,6% neste ano.

Outra tendência para 2019 é que a distância entre preços livres e administrados (como combustíveis e energia) deve continuar a diminuir. Em 2017, os preços monitorados subiram 8%, ante alta de 1,3% dos livres. No ano passado, os administrados moderaram a alta para 6,2%, enquanto os livres aceleraram para 2,9%. Para este ano, a estimativa da LCA é de uma alta de 5,5% para preços monitorados, contra avanço de 3,6% dos livres. Fabio Ramos, economista do UBS, vê espaço para recuperação de margens pelas empresas este ano. "Em duráveis e semiduráveis, que incluem eletrônicos, móveis, vestuário e utilidades domésticas, as empresas passam a ter alguma margem para reajustar preços", considera, projetando uma aceleração dessa inflação para algo entre 2% e 3%.

A LCA calcula o IPCA ao fim de 2019 em 4,1%, ainda abaixo da meta, que neste ano cai a 4,25%. Já o MUFG vê a inflação alinhada com o alvo, e o UBS, ligeiramente acima, em 4,5%. Apesar das diferenças, as três casas apostam em uma taxa básica de juros estável ao longo do primeiro semestre, podendo ser elevada na segunda metade do ano, já de olho nas pressões inflacionárias de 2020.

Para este ano, o consenso é de que o quadro inflacionário segue favorável. "A inflação ao consumidor deverá continuar se beneficiando da ociosidade ainda presente na economia bem como da expectativa de safra volumosa de grãos, que seguirá contendo os preços de alimentos", avaliam os economistas do Bradesco.

Para janeiro, as estimativas preliminares para o IPCA vão de 0,36% a 0,42%, numa aceleração em relação ao avanço de 0,15% de dezembro. "A maior contribuição de alta no mês virá do grupo alimentação e bebidas", prevê Elson Teles, do Itaú. "Por sua vez, o grupo transportes, após dois meses consecutivos de quedas, deve apresentar pequena alta, pressionado por aumentos nas tarifas de transporte público."

Na sexta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2018 com alta de 3,75%, acima dos 2,95% registrados em 2017. Apesar da aceleração, o indicador ficou pelo segundo ano seguido abaixo do centro da meta (4,5%).

 

Não há BC que resista a uma situação fiscal como a nossa, diz Arminio

O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga disse “ter pena” da situação fiscal que será herdada pelo futuro presidente da instituição, Roberto Campos Neto. “Tenho até pena do Roberto”, disse Fraga, que participa, na tarde desta sexta-feira (11), de um evento que marca o lançamento da coleção “História Contada do Banco Central”, com depoimentos de ex-dirigentes da instituição. “Minha situação era muito melhor que a sua”, disse ele, que assumiu em 1999, logo após uma maxidesvalorização que colocou fim ao sistema de âncora cambial do Plano Real.

Ele fez um balanço da situação que encontrou, naquela época, no BC. O ajuste fiscal de cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), disse, estava encaminhado e podia haver ganhos, diante das expectativas de inflação dispersas e de perspectiva de uma contração de 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Hoje, disse Arminio, o que precisa ser feito é o ajuste fiscal. “Esse é o problema”, disse. “Não há Banco Central que resista a uma situação fiscal como a nossa.” Para ele, a situação é muito grave. “O governo federal está muito mal das pernas, e, os Estados, quebrados”, afirmou.

“A situação da Previdência piora em ritmo bastante assustador e precisa ser resolvida de maneira impactante”, lembra Arminio. “Uma reforma da Previdência mais ou menos vai ser uma ducha de água fria.” Arminio, no seu pronunciamento, voltou a se referir diretamente ao futuro presidente do BC, lembrando que esteve presente no evento que comemorou 100 anos do nascimento de Roberto Campos. “O BC sozinho não resolve”, disse. “O ambiente é difícil, com o Congresso pulverizado, o mundo político polarizado. Desejo muita sorte”, disse, mais uma vez se dirigindo a Roberto Campos Neto, que estava na plateia.

 

Economistas Top 5 do Focus preveem que taxa de juros vai a 7% ao ano

O grupo de economistas que mais acertam as previsões no boletim Focus — o chamado Top 5 — elevou a estimativa para a taxa Selic este ano de 6,5% para 7%. Com a alteração, o grupo se alinha com a mediana do mercado que manteve a projeção para o juro em 7% este ano. A pesquisa, divulgada hoje, traz as estimativas coletadas pelo Banco Central até sexta-feira, 11 de janeiro.

 Para o ano que vem, a mediana do Focus e a do Top 5 para Selic também foram mantidas em 8%. A ata da última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) — em que a autoridade monetária manteve a Selic nos mesmos 6,50% em que está desde março — afirma que a economia brasileira segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego.

IPCA

Os analistas que alimentam o boletim Focus elevaram de 4,01% para 4,02% as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. Na semana passada, o IBGE informou que o indicador acumulou alta de 3,75% em 2018, como resultado do pouco dinamismo na economia brasileira. Para 2020 os economistas ainda mantêm em 4% a previsão para o IPCA.

O grupo Top 5 reduziu suas projeções de inflação pelo IPCA para 2019, de 3,96% para 3,90%. Para 2020, seguem com estimativa de 4%. PIB A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia brasileira em 2019 voltou a subir de 2,53% para 2,57% — nível em que estava há duas semanas.

Entre o fim de fevereiro e o começo de junho, a mediana das projeções para a economia brasileira no ano que vem ficou praticamente parada em 3,00%, patamar alcançado no fim de janeiro de 2018, de acordo com o levantamento sistemático do BC.

Desde o fim do primeiro semestre, a estimativa permanece em torno dos 2,50%. Para 2020, o ponto-médio das estimativas para a atividade permaneceu em 2,5%, segundo a sondagem publicada nesta segunda.

Para a produção industrial, os economistas que alimentam o boletim Focus mantiveram a previsão de alta de 3,04% para 2019 e de 3% para 2020. Na semana passada, o IBGE informou que a produção no país subiu apenas 0,1% em novembro, ante outubro, na série com ajuste.

 

FOLHA

ESTADÃO

Goldfajn diz a jornal suíço que expectativas no Brasil estão muito altas

O alerta já vem sendo feito por analistas estrangeiros do mercado financeiro e por alguns setores da sociedade doméstica, mas o aviso de que há um excesso de otimismo com o Brasil surgiu agora de um membro do próprio governo. O presidente do Banco Central, Ilan Goldgfajn, que deixará o cargo em março, avaliou ao jornal suíço Le Temps que as expectativas no País estão muito altas. “O desafio é de poder colocar em prática as medidas anunciadas e satisfazer o eleitorado”, disse ele à publicação com sede em Genebra, citando este clima como um dos riscos para o Brasil.

Na terça-feira, o banqueiro central brasileiro fará uma apresentação no The Graduate Institute Geneve. No dia seguinte, também será palestrante em Milão, na Bocconi University, numa viagem pela Europa que começará neste fim de semana com as reuniões bimestrais de presidentes de bancos centrais, em Basileia, também na Suíça. “O mais importante é colocar em prática uma política monetária confiável, sabendo que o ambiente fiscal continua frágil. E esse sucesso depende da determinação de percorrer todo o caminho da reforma”, adiantou ao Le Temps sobre o teor de suas falas durante a semana que vem.

Na entrevista, Goldfajn explica que deixará o Banco Central por motivos pessoais, depois de dois anos e sete meses à frente da instituição, e que trabalhará “em outros setores”. Reafirmou também o compromisso de permanecer no cargo até que o Senado confirme a nomeação do sucessor Roberto Campos Neto, que trabalhava no Brasil para o banco espanhol Santander. Para ele, o atual presidente disse que muito trabalho foi feito para limpar a economia, mas que assim deve continuar. “O mercado deve ver a continuidade na política monetária e nas reformas estruturais”, recomendou.

O presidente considerou que a inflação está sob controle e que seguirá assim nos próximos anos. A taxa de juros também está em um nível baixo, o que, segundo ele, também é um bom estímulo para a atividade. Ainda sobre economia, Goldfajn recordou que o País entrou em recessão em 2015 e previu que 2019 será o segundo ano de recuperação do Produto Interno Bruto (PIB). “O crescimento - 1,3% - foi fraco em 2018. Para este ano, esperamos uma taxa de 2,5%”, relatou. Questionado, então, sobre a necessidade de um “tratamento de choque” pedido para a economia doméstica pelo presidente Jair Bolsonaro, ele argumentou que a ideia é buscar reformas e aumentar a flexibilidade da economia. “Se o novo governo colocar as contas em ordem, a economia se tornará mais produtiva”, considerou ele, acrescentando que os mercados gostam de liberalização da economia, privatização, redução dos gastos públicos e, sobretudo, de visibilidade e confiança.

Goldfajn avaliou que 2018 foi um ano difícil para os emergentes. Primeiro, houve um excesso de capital nos países ricos, o que causou um fluxo para os países emergentes, que alimentou a inflação. Depois, o aperto monetário causou o movimento oposto. “Vários países como a Argentina ou a Turquia viram uma desaceleração do crescimento. Outros países como a Índia, o Brasil e a Indonésia tiveram que se proteger. O Brasil havia feito reformas, o que ajudou a mantê-lo em curso para o crescimento”, lembrou. Durante os períodos de maior tensão econômica, principalmente no câmbio, o BC brasileiro ofereceu aos agentes de mercado contratos de swap cambial para que se protegessem das variações do real em relação ao dólar.

Sobre os “medos” levantados pelo governo de Bolsonaro, o presidente da autoridade monetária argumentou que o mais importante é colocar em prática uma política monetária confiável, sabendo que o ambiente fiscal continua frágil. “E esse sucesso depende da determinação de percorrer todo o caminho das reformas.” Na avaliação do número 1 do BC, a autonomia da instituição está assegurada e ela é uma condição para a estabilidade do sistema monetário. “O Ministério da Fazenda pode ter prioridades próprias que não são as do Banco Central. Mas neste momento, vejo apenas sinais positivos para os investidores.”

Em relação a este tema, o periódico ressaltou que a independência de alguns bancos centrais no mundo – em especial nos Estados Unidos, em função das críticas feitas pelo presidente Donald Trump ao trabalho do Federal Reserve (Fed, o BC americano). Goldfajn enfatizou, no entanto, que as autoridades monetárias são o último recurso no caso de uma crise financeira e econômica e que têm as ferramentas para agir. “Questionar sua independência é colocar em jogo sua credibilidade. Os mercados também precisam saber que os bancos centrais podem agir de forma independente quando uma situação o exige”, observou.

Na entrevista, Goldfajn disse ainda ter “certeza” de que as medidas adotadas pelo governo argentino em colaboração com o Fundo Monetário Internacional (FMI) produzirão frutos em 2019. No caso de outro vizinho, avaliou que cabe aos venezuelanos encontrar uma solução para o problema do país. “No que nos diz respeito à economia deles, é muito fraca para ter um efeito contagioso na América do Sul”, pontuou.

 

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