Quinta-feira

VALOR

Tributação de renda em vez de produção pode ser positiva

A intenção do governo de taxar dividendos e acabar com o benefício fiscal das empresas na distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) não é necessariamente ruim para as companhias reconhecidas como boas pagadoras de proventos nem para os fundos dedicados a fazer esse tipo de seleção. Alguns setores podem sofrer, porém, impacto nos resultados mais que outros, segundo gestores.

Para João Braga, gestor de renda variável da XP Asset Management, se a iniciativa for casada com redução de Imposto de Renda (IR) para as empresas, as companhias terão potencial de gerar mais lucro à frente. "Quando se faz a gestão do fundo de dividendos, a gente não se preocupa apenas com aquilo que a companhia paga atualmente. Se ela tem capacidade de reinvestir o dinheiro a uma taxa boa, em projetos bons, prefere que reinvista porque vai gerar mais dividendos no futuro."

Uma outra consequência possível, prossegue, é que as empresas optem por fazer recompras de ações, em lugar de distribuir dividendos, cancelando os papéis. Como efeito, haveria o aumento da participação dos acionistas nas companhias. Já um eventual fim do incentivo fiscal para as empresas na distribuição de JCP poderia acarretar uma redução média nos lucros das empresas listadas na B3 da ordem de 10% se não houver nenhum tipo de compensação, segundo a cogestora de renda variável da Genial Investimentos Paola Bonoldi.

Para que esse impacto fosse anulado, como contrapartida o governo teria que diminuir a alíquota de Imposto de Renda em 8,4 pontos percentuais para as companhias, calcula. Quando distribuem JCP, isso vira uma despesa dedutível da base de cálculo do imposto e, consequentemente, as empresas pagam menos tributos. Para as pessoas físicas, diferentemente do dividendo (que é isento), recai uma alíquota de 15%.

Sem o benefício fiscal, haveria efeitos diversos, dependendo da estrutura de capital das companhias, aponta Paola. Para aquelas que se valem mais do JCP para repartir resultados, o impacto seria mais negativo, caso de algumas empresas de telecomunicações. Já os setores de concessões rodoviárias, shopping centers e empresas de bens de capital poderiam ser favorecidos porque usam mais a distribuição de dividendos, diz a gestora.

"Estruturalmente pode significar benefício para a bolsa, para a saúde das empresas e no médio e longo prazo", diz Paola. Para Rodrigo Galindo, sócio-gestor da Novus Capital, um dos setores mais prejudicados seria o financeiro, que usa o JCP para reduzir sua base de tributação. Para as instituições financeiras, haveria potencialmente um impacto negativo de 2,5% sobre o valor de mercado.

Em contrapartida, companhias de consumo teriam um acréscimo de 6% de capitalização, e de infraestrutura e de energia um incremento da ordem de 3%. Na média, o impacto sobre o valor de mercado na bolsa seria nulo. Nos últimos 12 meses, Galindo cita que as empresas listadas na bolsa distribuíram o equivalente a 6,5% do seu valor de mercado, ou cerca de R$ 200 bilhões. A se confirmar que a redução do benefício fiscal será casada com alíquotas menores na produção, o gestor vê um efeito favorável para empresas. "Se vier na linha de promover mais investimento, mais crescimento e maior geração de empregos, isso significa mais produtividade para quem quer seguir investindo no longo prazo", diz.

Waldir Serafim, sócio-gestor da Navi Capital, também espera maior dinamismo para a atividade ao se incentivar as empresas a reter mais caixa e investir no próprio negócio. "Seria bom para a bolsa inteira, mas relativamente melhor para algumas em detrimento de outras", diz.

Companhias com alto potencial de retorno tendem a se beneficiar mais do que os negócios mais maduros. Como não há ainda uma proposta elaborada, o gestor tem dúvidas de como ficará a tributação em holdings que recebem os dividendos das empresas investidas, caso de uma Bradespar com a Vale.

Para o advogado Edison Fernandes, sócio do FF Advogados e professor da FGV, só para os investidores que pensam no curto prazo, que dão prioridade aos dividendos, que o plano de taxar os proventos é ruim. O professor Carlos Heitor Campani, do Coppead/UFRJ, vê com bons olhos a iniciativa do governo se essa ocorrer dentro de um pacote que taxe menos a produção e mais o ganho de capital.

Ele cita que uma medida nessa linha tornaria o Brasil mais parecido com o americano, onde já se tributa os dividendos, mas não há distribuição na forma de JCP. Já Alfried Plöger, presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), considera que o plano para taxar dividendos mudará a maneira como as empresas recebem o capital externo.

"Os investidores estrangeiros deixarão de entrar com capital, já que terão que pagar imposto aos receber dividendos, e passarão a oferecer empréstimos, que são dedutíveis", disse Plöger. Para ele, a redução planejada da alíquota de IR das companhias, de 34% para 15%, é insuficiente para compensar a taxação dos dividendos.

 

Banco agora pode conceder crédito a empresa relacionada

Uma mudança de legislação que começou a valer neste ano autoriza os bancos a conceder crédito a pessoas e empresas ligadas ao mesmo grupo econômico. A medida derruba uma proibição histórica que existia desde a criação do Banco Central (BC), em 1964. A partir de agora, os bancos podem conceder empréstimos e financiamentos, avais, fianças e outros tipos de garantia a pessoas físicas ou jurídicas relacionadas.

Também foram autorizados depósitos interfinanceiros e, ainda, aplicações no exterior em instituições financeiras do grupo. Antes, quase nada era permitido, com exceção de bancos públicos, que já podiam dar crédito a estatais. As medidas fazem parte de resolução aprovada no fim de outubro pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e que entrou em vigor no início de janeiro.

O texto regulamenta uma mudança de entendimento introduzida pela lei de 2017 que dispõe sobre processos administrativos do BC. A aplicação mais óbvia é que diretores de instituições financeiras poderão ter cheque especial, cartão de crédito e linhas de financiamento dos bancos em que trabalham. Mas a mais relevante é que uma instituição poderá emprestar dinheiro aos controladores e a empresas com as quais tenha relação societária direta ou indireta. Um banco de montadora poderia financiar a montadora.

O Itaú Unibanco poderia dar garantia à Duratex, controlada pela Itaúsa. O Bradesco poderia emprestar a subsidiárias, e assim por diante. Os exemplos são hipotéticos. As instituições financeiras têm até 1º de abril para formular suas políticas de operações com partes relacionadas, e é nisso que vêm trabalhando. De qualquer forma, a expectativa de fontes do setor é que os grandes bancos evitem transações polêmicas.

Por meio de nota, o Itaú afirmou que discute um desenho de governança para estabelecer como o limite autorizado pela regra "será alocado entre as diferentes partes". Santander e Bradesco não se manifestaram. O Banco do Brasil informou que, a despeito da norma, seu estatuto proíbe operações com administradores, conselheiros e diretores.

No caso de empresas, o BB - por ser público - já era autorizado a fazer transações com estatais. A regra exige que as operações com pessoas e empresas ligadas sejam feitas em condições de mercado - com taxas, prazos e características semelhantes às que o banco adotaria para terceiros. A resolução também impõe limites às transações. O saldo não pode ultrapassar o equivalente a 10% do patrimônio líquido ajustado da instituição. Operações com uma única pessoa física não poderão passar de 1%.

No caso de pessoa jurídica, o teto individual é de 5%. São percentuais menores que os aplicáveis a negócios com o mercado em geral, em que a exposição a um cliente pode chegar a 25% do capital de nível 1 (embora os grandes bancos trabalhem bem abaixo desse patamar). Os tetos da regra não se aplicam a bancos públicos.

A mudança deixa para trás um tabu no mercado brasileiro e aproxima o país de práticas internacionais. Havia duas grandes preocupações entre os reguladores locais para vedar operações com partes relacionadas. Uma era evitar que o dinheiro de depositantes fosse mal empregado. Outra era que houvesse favorecimento a acionistas e empresas do grupo, e isso acarretasse riscos para o sistema. "O que se viu ao longo do tempo é que algumas dessas operações não trariam prejuízo", diz Paula Ester, chefe em exercício do Departamento de Normas do BC.

A liberação dos negócios com empresas e pessoas ligadas divide opiniões entre advogados. Para Larissa Arruy, do Mattos Filho, é razoável que as instituições celebrem operações do tipo em condições de mercado. Rogério Taffarello, especialista em direito penal do escritório, acrescenta que a regra esclarece tratamentos conflitantes sobre o assunto nas esferas administrativa e criminal. "Havia uma insegurança jurídica grande", diz.

Para Nei Zelmanovits, do Machado Meyer, a legislação era anacrônica, já que em outros países é possível emprestar para pessoas e empresas ligadas. "[A regra] é mais leniente na concessão de crédito, mas evita situações esdrúxulas, como um conselheiro de um banco ter de usar cheque especial do concorrente", diz. Eduardo Salomão, do Levy & Salomão, afirma não ver razões para a mudança, pois há riscos nas operações com partes relacionadas. "A tentação para o banco é grande."

Segundo Paula, do BC, o órgão regulador tem ferramentas para saber se, de fato, as condições de mercado serão respeitadas. Os bancos também terão de reportar essas transações, seguindo orientação do padrão contábil Cosif emitida nesta semana.

 

Independência do BC está entre as metas para os 100 dias do governo

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, divulgou ontem as 35 metas para os 100 primeiros dias de governo, que incluem viabilizar nesse prazo o leilão do excedente da cessão onerosa e a independência do Banco Central. No âmbito do Ministério da Economia destacam-se a votação da medida provisória do combate às fraudes na Previdência Social, a extinção de 21 mil funções comissionadas e gratificações e a intensificação do processo de inserção econômica internacional, com medidas de facilitação de comércio, convergência regulatória, negociação de acordos comerciais e reforma da estrutura tarifária nacional.

Onyx ressaltou que a execução das medidas começa nas próximas duas semanas, e que no dia 11 de abril o presidente Jair Bolsonaro fará um balanço do cumprimento dessas metas. O objetivo é, segundo ele, realizar pelo menos 90% dessas metas. Duas medidas dessa relação já foram concretizadas pelo governo: a edição da medida provisória de combate às fraudes no INSS, e do decreto de facilitação da posse de armas de fogo. O anúncio da agenda prioritária, aguardado desde a primeira semana do novo governo, ocorreu na ausência de Bolsonaro, que participa do Fórum Econômico Mundial em Davos.

Trata-se do esforço de criar uma agenda positiva em meio às investigações das movimentações atípicas na conta corrente do senador eleito, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente. Uma estratégia que foi utilizada pelo ex-presidente Michel Temer durante a crise com a delação do empresário Joesley Batista, do grupo J&F, e que acabou inviabilizando a reforma da Previdência.

Chamou a atenção as ausências das reformas da Previdência e tributária na lista dos objetivos dos primeiros 100 dias. Em Davos, o ministro Paulo Guedes havia declarado que "a prioridade número um" do governo é a reforma previdenciária. Onyx, porém, justificou a ausência das reformas entre as 35 metas porque são "questões complexas".

Ele ponderou que os debates estão avançados, mas o modelo da reforma previdenciária será finalizado depois do dia 7 de fevereiro, quando Bolsonaro tiver retornado da cirurgia de retirada da bolsa de colostomia. Ele negou que a exclusão das reformas frustre os investidores, lembrando que o presidente reafirmou o compromisso com as mudanças em seu discurso em Davos.

O ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, ressaltou que o governo tenta resolver a cessão onerosa internamente, sem passar pelo Congresso, em negociações restritas à pasta, ao Tribunal de Contas da União, à Petrobras e à Advocacia Geral da União. No âmbito do ministério das Relações Exteriores, as prioridades são reduzir as tarifas do Mercosul e alterar o passaporte brasileiro, hoje com padrão do bloco do Cone Sul, para retomar o Brasão da República. "É algo muito importante", disse o ministro.

O argumento do governo para a mudança é "fortalecer a identidade nacional e o amor à Pátria". Além disso, há a previsão de uma medida provisória para regulamentar "o direito à educação domiciliar".

Segundo a Casa Civil, a medida beneficiaria 31 mil famílias. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal decidiu que essa prática de ensino "não é considerada um meio lícito para que famílias cumpram o dever constitucional de prover educação", e lembraram que falta lei que regulamente o tema.

 

Guedes confirma corte de imposto de empresa para 15%

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo pretende reduzir de 34% para perto de 15% do imposto sobre companhias e repetiu o plano mais de uma vez no Fórum Econômico Mundial. Promete compensar a medida com a taxação de dividendos e juros sobre capital próprio, como o Valor publicou.

Atualmente as empresas são tributadas em 25% de Imposto de Renda (IR) e 9% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). "Quem vai investir no Brasil quando o imposto sobre as empresas é de 34% enquanto nos EUA são 20%?", argumentou Guedes no evento O Futuro do Brasil, a portas fechadas, no Fórum.

Um dos presentes era Jamie Dimon, presidente do JPMorgan Chase, maior banco dos EUA em ativos. "Good luck [boa sorte]. Eles têm o caminho correto", disse Dimon ao Valor. Informalmente, algumas personalidades estrangeiras interpretam o plano mais como uma intenção e preferem ver como ele será implementado. "É corte de imposto, privatização, reforma da Previdência...", comentou um banqueiro.

Guedes confirmou que seu plano é reduzir o imposto sobre as empresas e, portanto, baixar a carga tributária sobre o setor produtivo. Para compensar, deverá taxar dividendos e juros sobre capital próprio. Questionado pelo Valor se nesse caso a taxa poderia ser de 15%, o ministro respondeu: "Por aí", sem mencionar cifra. O ministro teve agenda carregada em Davos.

Ao presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luiz Alberto Moreno, pediu que a instituição acelere os financiamentos a projetos de privatização e Parcerias Público-Privadas (PPPs) no Brasil, mais do que para o setor público. O BID aprovou financiamento total de US$ 2 bilhões no ano passado para o Brasil, boa parte para o setor público. Neste ano, somente para o setor publico a expectativa é fornecer US$ 1,5 bilhão.

Moreno vai usar o braço privado do BID, o BID Invest, para atender Guedes. Ele vai em fevereiro ao Brasil para aprofundar as discussões. Declarou-se "entusiasmado" com as perspectivas que se abrem no país com os projetos de reforma. "A reforma da Previdência é o teste central", disse. "Se for aprovada, o Brasil vai certamente atrair muito mais investimentos."

A Ángel Gurría, secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Guedes deu a posição oficial do novo governo, de que quer acelerar o processo de negociação para aderir à entidade. Só que falta combinar com os EUA, que até o ano passado defendiam a entrada da Argentina.

Representantes do Brasil e da União Europeia (UE) se reuniram à margem do Fórum. O vice-presidente da Comissão Europeia Jyrki Katainen acha  agora que "nunca estivemos tão perto de concluir o acordo", desde que "a vontade política" supere dificuldades na área agrícola e haja liberalização do setor automotivo, regras de origem e outros.

O Brasil confirmou à UE que continuará negociando como bloco no Mercosul e não buscará negociação separada. Mais tarde, em entrevista à TV Bloomberg, Guedes disse que a prioridade número um do governo é a reforma da Previdência e que privatizações podem gerar US$ 20 bilhões neste ano. "Estamos indo na direção de uma economia pró-mercado, aberta e com privatizações", disse. Segundo ele, o país está 40 anos atrasado na agenda de liberalização econômica e hoje é "prisioneiro de uma armadilha de baixo crescimento".

 

Fluxo para Brasil depende de reformas, diz Pimco

Se o Brasil quiser se tornar mais atrativo para os investimentos estrangeiros terá de aprofundar a reforma fiscal, o que inclui as mudanças nas regras da Previdência, afirmou Ismael Orenstein, gestor de fundos da gestora Pimco em entrevista ao Valor. "Para ver mais fluxos de investimento para o Brasil, precisaríamos de confirmação de uma trajetória tranquila [sem percalços] para a agenda de reformas", disse o gestor.

A ausência de menção à reforma da Previdência no discurso do presidente, Jair Bolsonaro, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, chamou a atenção dos investidores, que queriam ver um comprometimento maior do governo com a reforma. "O novo presidente não tem detalhado sua proposta para a reforma fiscal, embora as primeiras indicações da equipe econômica tenham sido positivas", disse Orenstein.

Para o gestor, o principal desafio continua sendo aprovar uma proposta dura e impopular em um Congresso fragmentado. "Nós somente saberemos as chances reais de isso ser aprovado em meados de fevereiro", disse o representante da Pimco. Ele destaca que os ativos brasileiros têm apresentado uma boa performance desde as eleições no ano passado e, de maneira geral, parecem estar com um nível de preços mais justo do que barato, quando se compara com outros mercados emergentes. A Pimco é uma das maiores gestoras de renda fixa do mundo, com US$ 1,6 trilhão sob gestão em dezembro de 2018.

 

Vaga formal volta ao positivo, mas 2019 ainda deve ser difícil

Após três anos de retração em meio à crise econômica do país, o mercado de trabalho brasileiro terminou 2018 com uma expansão no número de vagas formais. Mesmo com o fechamento de 334,5 mil postos em dezembro, quando tradicionalmente o saldo é negativo, o crescimento na maior parte do ano garantiu um saldo positivo de 529,6 mil postos de janeiro a dezembro.

A avaliação do governo é que as contratações foram impulsionadas principalmente pela melhora na atividade econômica. O resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério da Economia, mostra uma reversão na trajetória do emprego formal, já que nos três anos anteriores o saldo foi negativo. Em 2015, houve eliminação de 1,5 milhão de vagas.

Em 2016, de 1,3 milhão de postos. E, em 2017, o resultado ficou mais próximo ao equilíbrio - mas ainda com corte de 11,9 mil posições. Considerando os três anos, o país fechou 2,8 milhões de vagas. O secretário do Trabalho e Previdência, Rogério Marinho, afirmou que a inflexão de 2018 acontece após um período marcado por erros em políticas econômicas que, segundo ele, precisam ser "esquecidos". A retomada é observada de maneira mais contínua desde abril de 2017.

"Equívocos podem gerar transtornos e prejuízos que o Brasil não pode continuar a suportar. Esses erros não podem se repetir no futuro", disse em declaração à imprensa sobre os números. Apesar do crescimento em sete dos oito setores econômicos divididos pelo Caged, a análise dos dados mostra que a expansão está concentrada em serviços e comércio - que, juntos, representaram 94% do saldo líquido do ano (foram abertas 398, 6 mil e 102 mil vagas, respectivamente).

As demais áreas analisadas mostraram um crescimento bem mais tímido. São elas construção civil (18 mil vagas), serviços industriais de utilidade pública (7,8 mil vagas), agricultura (3, 2 mil vagas), indústria (2,6 mil postos) e extrativo mineral (1,5 mil). Só a administração pública registrou recuo, com corte de 4,2 mil postos. Segundo Marinho, o governo pretende retirar trabalhadores da informalidade. Mesmo assim, ele disse que é preciso "diminuir as diferenças entre o mercado formal e informal".

O secretário afirmou que o objetivo é buscar reduzir a "tutela" do Estado na relação entre público e privado, além de "desburocratizar" e "facilitar a vida dos que querem empreender no Brasil". O presidente Jair Bolsonaro já chegou a apresentar a ideia da criar uma nova carteira de trabalho, "verde e amarela", que teria regras mais flexíveis e garantiria apenas direitos previstos na Constituição - como férias, 13º salário e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Mas o secretário não chegou a comentar a questão.

Para Marinho, é preciso buscar medidas considerando trabalhadores que não estão protegidos pelas lei trabalhista. "O modelo tradicional com carteira assinada, da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], é importante. Mas precisamos olhar trabalhadores de outras modalidades", disse citando o trabalho em aplicativos de transporte como exemplo.

O secretário afirmou que os números de 2018 poderiam ser ainda maiores não fosse a greve dos caminhoneiros, em maio, que impactou a produção industrial e, em consequência, a atividade econômica. Mesmo assim, o ano de 2018 ficou acima da expectativa média do mercado, de mais 436 mil postos. Na divisão por regiões, o mercado de trabalho permanece com dados desiguais.

O Sudeste puxou a criação de vagas em 2018 com um saldo líquido positivo de 251,7 mil postos no ano. Em seguida, ficaram Sul (criação de 102,2 mil postos), Nordeste (80,6 mil vagas), Centro-Oeste (66,8 mil postos) e Norte (28,2 mil postos). Os dados do Caged também continuam registrando um baixo avanço dos rendimentos do trabalhador brasileiro. Em todo o país, o salário médio real de admissão foi de R$ 1.531,28 em dezembro.

Já o salário médio de desligamento foi de R$ 1.729,51. Em termos reais, houve aumento o real de 0,21% para o salário médio de admissão e perda real de 1,39% para o salário de desligamento. O secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Silva Dalcolmo, afirmou que os dados de rendimentos estão ligados à ainda grande massa de desempregados no país. Segundo ele, a retomada da atividade e o crescimento da economia devem fazer com que indicadores como esse comecem a registrar melhora. Para analistas, o resultado de 2019 deve continuar na trajetória de expansão, mas ainda distante do desempenho do início da década.

Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria, diz que a projeção preliminar da casa é a criação de 850 mil postos neste ano. "Ainda vai ser um ano difícil, mas essa aceleração da atividade vai permitir a continuidade de melhora no mercado de trabalho", afirma Xavier. Segundo Xavier, o Produto Interno Bruto (PIB) deve avançar 2% em 2019, depois de ter provavelmente crescido 1,2% no ano passado, o que explica a maior absorção de trabalhadores.

Tal cenário contempla o encaminhamento até o primeiro semestre da reforma da Previdência. Bruno Ottoni, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e da consultoria iDados, espera aceleração no ritmo de criação de empregos para algo em torno de 700 mil a 800 mil vagas formais neste ano.

O pesquisador lembra que o saldo positivo do emprego é muito aquém do que seria necessário para recompor a destruição de vagas durante a recessão. Pelo Caged, o Brasil encerrou 2018 com 38,4 milhões de trabalhadores com carteira assinada, cerca de 2,3 milhões a menos do que no pico, de 40,7 milhões, registrado em dezembro de 2014.

 

ESTADÃO

Guedes empolga investidores e dólar fecha em queda de 1%, cotado a R$ 3,76

A entrevista do ministro da Economia, Paulo Guedes, à tarde contribuiu para que o dólar quebrasse uma sequência de seis altas seguidas e renovasse mínimas sucessivas, até fechar com a maior queda porcentual em 13 pregões, caindo 1,13%, a R$ 3,7624, no segmento à vista.

No mercado de ações, o Ibovespa, com sinalizações mais fortes do presidente Jair Bolsonaro e de Guedes sobre a reforma da Previdência, em reuniões no Fórum Econômico Mundial, encerrou em alta de 1,53%, aos 96.558,42 pontos, batendo recorde nominal de fechamento pela décima vez no ano.

Antes das declarações de Guedes, o dólar vinha oscilando em leve baixa, seguindo o movimento do câmbio no exterior. O ministro afirmou que vai zerar o déficit primário este ano, por meio de privatizações, que podem render ao menos US$ 20 bilhões ao País, além de outros US$ 10 bilhões que viriam do corte de subsídios. Ele também reforçou que a reforma da Previdência é a prioridade número um do novo governo.

Colaborou para o otimismo local a exposição do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, sobre as metas para os primeiros cem dias da gestão. Entre as medidas anunciadas por Onyx, está a intensificação do processo de inserção econômica internacional e a independência do Banco Central.

A líder do ranking de maiores altas do Ibovespa nesta quarta-feira foi a Kroton, com alta de 7,33%, na máxima do dia. A empresa divulgou projeções, em que prevê uma expansão do Ebitda entre 1% e 5% em relação ao ano passado, uma surpresa positiva. Para as linhas de lucro líquido e receita líquida, a Kroton projeta estabilidade este ano em relação a 2018.

No exterior, em meio à queda do petróleo e o noticiário sobre a Venezuela no radar, as Bolsas americanas operavam sem direção única, enquanto as Bolsas europeias encerraram majoritariamente em baixa, com a expectativa pela decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) amanhã e a cautela com o Brexit.

 

 

 

 

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