VALOR
Projeção para PIB em 2019 cai para 2,48%, mostra Focus
A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia em 2019 mostrou leve recuo, de 2,50% para 2,48%, segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira com estimativas de economistas do mercado coletadas até o fim da semana passada. Entre o fim de fevereiro e o começo de junho do ano passado, a mediana das projeções para a economia brasileira neste ano ficou praticamente parada em 3,00%, patamar alcançado no fim de janeiro passado, de acordo com o levantamento sistemático do BC.
Desde o fim do primeiro semestre, a estimativa permanece em torno dos 2,50%. Para 2020, o ponto-médio das estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiu, de 2,50% para 2,58% entre um levantamento e outro. Desde fevereiro do ano passado, essa projeção tem ficado em 2,50%, com uma breve oscilação para 2,60% em 18 de janeiro, da qual retornou na semana seguinte.
Em dezembro, o BC divulgou suas projeções mais recentes para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileira, mantendo a expectativa de crescimento de 2,4% neste ano e revisando de 1,4% para 1,3% a de 2018. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o PIB de 2018 na quinta-feira da próxima semana, dia 28, em suas Contas Nacionais Trimestrais relativas aos quatro últimos três meses do ano passado.
Na última sexta-feira, o BC informou que a economia brasileira cresceu 0,21% em dezembro, segundo o seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br). Em 2018, o IBC-Br teve alta de 1,15%, abaixo da média das estimativas de economistas colhidas pelo Valor Data, de um crescimento de 1,3%. IPCA A mediana das projeções para a inflação oficial em 2019 entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, caiu de 3,88% para 3,86%.
Em relação a 2020, o ponto-médio das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) manteve-se nos mesmos 4,00% das últimas 37 semanas, entre os campeões de acertos. Entre os economistas em geral, a mediana das estimativas para o IPCA no fim do ano manteve-se em 3,87%. Para 2020, o ponto-médio de todas as projeções para a alta de preços permanece em 4,00%.
Para os 12 meses seguintes, a pesquisa indicou alta de 4,00% para 4,02%. Dólar A mediana das projeções para o dólar entre os economistas do chamado Top 5 voltou a cair, de R$ 3,87 para R$ 3,80 no fim deste ano, e de R$ 3,97 para R$ 3,78 no de 2020. Entre os economistas em geral, o ponto-médio das apostas permaneceu em R$ 3,70 para o fim de 2019 e R$ 3,75 no encerramento de 2020.
FOLHA
Com mais confiança e crédito, classe média volta a comprar imóvel
O ano começa animador para o setor imobiliário. A retomada do crédito com recursos da poupança e o aumento expressivo de lançamentos mais caros em 2018 apontam para um retorno das classes médias ao mercado.
Em 2018, o volume financiado para aquisição ou construção de imóveis interrompeu três anos consecutivos de queda e avançou 15%, segundo a Abecip (associação das entidades de crédito imobiliário).
O grande impulso veio do salto de 33% nos valores financiados com recursos da poupança, o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), para R$ 57,4 bilhões.
O setor vinha sendo sustentado mais pela demanda no programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida.
Já com recursos do FGTS, muito usado no MCMV, o crescimento em 2018 foi de só 2%, para R$ 60 bilhões —patamar de desembolso que segue em níveis históricos altos. A projeção da associação, porém, é de queda de 5% neste ano.
“O FGTS foi fundamental nos anos de crise. Mas ele tem uma característica de fundo, de recursos limitados. O SBPE volta a ter o papel que sempre teve no mercado, de puxá-lo, ainda que sobre uma base baixa”, afirmou Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Abecip, ao divulgar os resultados do setor.
No auge, em 2014, os desembolsos do SBPE chegaram a R$ 113 bilhões.
Cristiane Magalhães, diretora de crédito imobiliário do Itaú Unibanco, diz ser positivo ver o avanço do mercado em um segmento “mais livre”. “É um movimento mais natural e menos induzido”, afirma.
O financiamento imobiliário no banco subiu 5,8% em 2018.
Para este ano, a Abecip projeta mais um crescimento de 20% do SBPE, a R$ 69 bilhões.
“Essa é uma estimativa diante de um cenário intermediário de incerteza. Não sabemos se as reformas serão aprovadas”, disse Abreu Filho.
Ele se refere especialmente à reforma da Previdência, considerada pelo mercado financeiro passo fundamental para um ajuste fiscal do país.
A perspectiva de que as contas públicas entrem nos eixos ajudou a derrubar os juros de longo prazo, medida importante para a composição das taxas imobiliárias nos bancos.
Há cerca de seis meses, antes das eleições, contratos com vencimento em 2029, por exemplo, tinham taxas a 12%. Hoje, estão em 9%.
“Vai fazer muita diferença para o mercado o que acontecer com essas taxas. Se as reformas passarem, elas vão cair e o apetite dos bancos e de toda a economia aumentam”, disse o presidente da Abecip.
LANÇAMENTOS
Os dados da associação consideram crédito para a compra de imóveis prontos. Mas o crescimento expressivo de lançamentos voltados para a média e a alta rendas indica que incorporadores já antecipam alta da demanda também nos estandes de vendas.
Lançamentos para essa faixa avançaram 54% nos 12 meses até novembro, último dado da Abrainc (associação das incorporadoras), na comparação com igual período de 2017. Os lançamentos dentro do MCMV subiram menos, 24%, mas ainda são 75% das novas unidades no mercado.
Mirella Parpinelli, diretora da imobiliária Lopes, apontou que o mercado destravou em outubro, após a eleição.
“O ano começou com os desafios de muitos feriados, Copa, indefinição política. Mas sabíamos que, dependendo do resultado da eleição, o mercado ia reagir. Animou mais do que imaginávamos”, afirmou.
Segundo ela, a imobiliária vendeu 100% mais no último trimestre do ano e dobrou seu faturamento, na comparação com os três meses finais de 2017. “O impulso veio das classes média e alta. Até o terceiro trimestre, o ticket médio do comprador era de R$ 540 mil, mas no três meses seguintes foi para R$ 705 mil”.
A Abecip espera que um bom desempenho da poupança em 2019 estimule ainda mais essa fonte de crédito. O saldo dos recursos aplicados no SBPE atingiu R$ 618,1 bilhões em 2018, segundo a associação, que projeta um crescimento de 11% para 2019.
“Já coloca um compromisso nos bancos, uma pressão para financiar mais em 2019”, disse Abreu Filho.
Para Magalhães, do Itaú, a maior disponibilidade de dinheiro para emprestar é um incentivo. Ela destacou também mudanças que entraram em vigor em janeiro que ajudam a flexibilizar o uso, pelos bancos, de recursos da poupança para financiamento imobiliário.
Além disso, a combinação de inflação e juros baixos, benéfica para o setor, que vigorou ao longo de 2018 deve perdurar.
Foi de olho nisso que o bancário Raphael Messagi, 24, decidiu trocar uma casa da família em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, pelo seu primeiro apartamento próprio —uma unidade de um quarto no Ipiranga (na zona sul da capital paulista), que deve ser entregue em 2020.
“Eu procurei bastante. Esperei para ver a questão das taxas. Com a Selic [taxa básica de juros] baixa, vi que não havia previsão de elas subirem tão cedo e achei que era a hora de comprar”, disse.
O juro médio do financiamento imobiliário chegou a 9,5% ao ano em dezembro, segundo o Banco Central —e pode ser próximo de 8% em grandes bancos, dependendo do cliente.
A competição aumentou, as taxas caíram. Não vejo perspectiva para cederem mais, mas também não devem subir”, disse Magalhães.
Segundo Abreu Filho, hoje há políticas e preços semelhantes aos melhores momentos do crédito imobiliário no país. “Se não estamos fazendo ainda mais crédito é porque, de fato, estamos esperando o cliente ter mais coragem e ir para o balcão de venda”.
“A volta da confiança do consumidor é fundamental para uma aquisição de longo prazo como um imóvel”, disse Felipe Cunha, diretor de incorporação da Living, braço da Cyrela.
Para isso, o mercado de trabalho precisa avançar. A taxa de desemprego ficou estável em 2018, a 11,6%, mas o país ainda fechou o ano com 12,1 milhões de pessoas sem trabalho.
“Este ano já demonstra um aquecimento muito mais intenso. Mas o volume mais forte [de compra] deve vir a partir do momento em que os índices de desemprego caírem”, disse Emilio Fugazza, diretor financeiro e de relações com investidores da Eztec.
Por parte dos empresários, a cautela é maior. O índice de confiança geral da construção ficou estável em janeiro na comparação com dezembro, mas o segmento de edificações avançou.
“Começamos a ter um pouco de luz. Para este ano, a lei dos distratos ajuda bastante”, disse Milton Bigucci, presidente da MBigucci. O texto regulamentou multa de até 50% do valor já pago pelo consumidor que desistir da compra do imóvel.
Focada na classe média, a incorporadora segurou lançamentos nos últimos anos e investiu R$ 120 milhões em terrenos na capital paulista e região metropolitana para garantir novos empreendimentos por mais de uma década.
Mas, dizem especialistas, a combinação de aumento da demanda, com consequente queda de estoques, e o baixo ritmo de construção nos últimos quatro anos deve elevar o preço dos imóveis, principalmente nas grandes capitais.
Nem reforma da Previdência dá fôlego à retomada em 2019
Mesmo que a reforma da Previdência seja aprovada neste ano, é pouco provável que a economia brasileira encontre fôlego para deslanchar em 2019.
Passada a euforia com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), já há no mercado quem espere crescimento abaixo de 2%, com a retomada mais forte, uma vez mais, sendo empurrada para o próximo ano.
Até meados de 2018, economistas previam alta perto de 3% para o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
Aos poucos, no entanto, toma corpo a percepção de que os efeitos positivos da reforma da Previdência sobre a confiança dos agentes são incertos e não terão repercussão imediata sobre a capacidade de o governo voltar a investir.
Além disso, uma velha combinação de travas ao crescimento ainda não se desfez.
Analisando os componentes do PIB, especialistas ouvidos pela Folhaexplicam por que os canais de aceleração da retomada seguem obstruídos.
No front externo, uma expansão mais forte está descartada, dado que as exportações serão afetadas tanto pela desaceleração mundial quanto pela queda dos preços de commodities.
O impulso poderia vir dos investimentos, já que o setor teve um dos piores desempenhos durante a recessão, caindo cerca de 30% entre 2014 e 2016. Mas aqui o prognóstico também não é bom.
Ainda que saiam do papel, as concessões em infraestrutura prontas para serem oferecidas ao mercado só devem produzir algum efeito sobre a economia nos próximos anos.
O motor de investimento do governo, por sua vez, segue bloqueado pela crise fiscal e pela orientação da nova equipe econômica, que já deixou claro que a dianteira deve ser tomada pelo setor privado.
Da parte das indústrias, há a necessidade de lidar com pelo menos dois obstáculos importantes: o alto nível de máquinas ainda paradas e o consumo em ritmo lento por causa do desemprego: hoje, são mais de 12 milhões de desocupados.
Os setores que iam bem, como o automotivo, também dão sinais de acomodação.
Por fim, o desempenho frustrante da economia em 2018 deixa uma herança menos pujante para o ano seguinte.
Os dados fechados do PIB de 2018 serão divulgados no fim de fevereiro, mas analistas esperam que o ano deve repetir 2017, com alta de 1,1%.
Diante das evidências, o Itaú foi o primeiro a reconhecer que a economia segue em ritmo lento. O banco reajustou a alta esperada para o PIB de 2019 de 2,5% para 2%.
O movimento incorpora menor crescimento global, decepção com a safra estimada para a soja e uso maior das térmicas ao longo do ano diante das chuvas fracas de janeiro —o que encarece o preço da energia para a já enfraquecida indústria, diz Artur Passos, economista do Itaú.
O lance mais intenso, porém, foi dado pela consultoria 4E. Juan Jensen, sócio da empresa, diz que rebaixou a expectativa para o PIB deste ano de 2,3% para 1,9%, levando em consideração a herança a ser deixada por 2018.
“Parte do crescimento de um ano começa antes mesmo de ele começar, e isso não ocorreu”, diz Fernando Montero, economista-chefe da corretora Tullett Prebon.
Mesmo em relação aos efeitos da reforma da Previdência sobre a economia, especialistas se mostram cautelosos.
Eles reconhecem a necessidade de mudanças nas regras para reequilibrar as contas do governo, mas dizem que se aposentar mais tarde não tem necessariamente impacto imediato sobre o PIB.
Marcelo Gazzano, economista da consultoria AC Pastore, vai mais longe. Aprovada, diz ele, a elevação da contribuição previdenciária de servidores públicos e militares deve retirar renda da economia.
“São medidas necessárias, mas de efeito, a princípio, contracionistas. Além disso, quanto a confiança dos agentes vai subir só por aprovar a reforma? Não dá para saber.”
As revisões das expectativas para a atividade econômica em 2019 devem se intensificar, pois alguns analistas aguardam o número fechado de 2018 para refazer as contas.
José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, ainda tem em seu cenário alta de 2,4% para o PIB de 2019, mas isso deve cair para perto de 2%.
Um dos pontos de preocupação é o mercado de trabalho. O rendimento do trabalhador, diz Gonçalves, subiu nos últimos dois anos basicamente porque a inflação caiu.
ESTADÃO
Apesar do bom desempenho, fundos imobiliários ainda geram desconfiança
Apesar de um desempenho recorde no ano passado e um começo promissor em 2019, os fundos imobiliários ainda são encarados com desconfiança pelo investidor. O motivo, segundo pesquisa do buscador de aplicações financeiras Yubb, é a dificuldade das pessoas em entender o funcionamento desse nicho, que é negociado na Bolsa, mas não é ação, e teve volatilidade diária parecida com os títulos de tesouro atrelados à inflação em 2018, passando longe de ser um produto de renda fixa.
A pedido do Estado, a Yubb levantou a percepção de 24.982 aplicadores a respeito dos fundos imobiliários. Mesmo com 46% deles demonstrando interesse, apenas 19% já investiram no produto. Segundo a pesquisa, isso se deve ao fato de que 64% dos entrevistados disseram não entender como é a dinâmica dessa aplicação. Já 61% não sabem onde comprá-la e 77% desconhecem uma informação primordial da modalidade: se a categoria do fundo é de tijolo, papel ou híbrida.
Os fundos imobiliários são produtos de renda variável com cotas negociadas em Bolsa. Funcionam como ações, mas, em vez de empresas, o aporte é em imóveis. Os chamados “fundos de papel” são aplicações em títulos de renda fixa voltados ao setor imobiliário, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Letras de Créditos Imobiliários (LCIs). Os “fundos de tijolo” são investimentos em ativos físicos, como shoppings, galpões ou lajes corporativas. E os híbridos misturam papéis e tijolos num mesmo pacote.
Esse produto tem se tornado mais atraente após a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado. A perspectiva de juros baixos, inflação controlada e uma estabilidade econômica maior, que favorece investimentos, abre espaço para a valorização de ativos ligados à economia real, como ações e o setor imobiliário.
Em 2018, os fundos imobiliários registraram recorde em emissão. Foram 88 no total e um volume de cotas de R$ 13,8 bilhões, segundo a associação das entidades do mercado de capitais, a Anbima. Em janeiro, empurrados pelo início do governo de Bolsonaro e a expectativa do mercado em torno de sua agenda de reformas, sobretudo a da Previdência, já foram lançados 7 novos fundos e um montante de R$ 3,5 bilhões – mais que em todo o primeiro trimestre de 2018.
“Esse mercado tem crescido, mas é muito novo. O índice de fundos imobiliários, o Ifix, é de 2012. É algo que sem dúvida ainda precisa de tempo para se tornar conhecido”, afirma Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama.
Sem IR. O mercado de capitais tem hoje 160 fundos imobiliários e o índice da categoria na B3, o Ifix, é composto por metade desses produtos – 80 fundos.
Gustavo Bueno, gestor da área de fundos imobiliários da XP, diz que o crescimento tende a ser orgânico, na medida em que investidores forem obrigados a migrar parte de seu portfólio da renda fixa. “Não tem jeito, a variação entre os fundos é grande e não dá para o investidor ir sozinho conhecer esse mercado. Ele precisa de ajuda. Com taxa baixa de juros, as pessoas vão procurar novos ativos, com volatilidade relativamente pequena sem tributação de Imposto de Renda”.
Alguns fundos pagam valor mensal ao investidor, que é isento de tributação de IR. Mas, quando o investidor decide vender sua cota, o lucro é tributado em 20%.
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