Segunda-feira

VALOR

Corte de juro em 2019 ganha espaço em projeções

A opinião dos especialistas sobre os próximos passos do Banco Central na política monetária passa por mudanças desde o fim do ano passado e agora as projeções de corte da Selic começam a entrar no cenário base de uma parcela do mercado. E a transição tem sido rápida — no fim de 2018, a maioria dos economistas contava com aumento dos juros até o fim de 2019. As apostas na estabilidade viraram maioria na última reunião e, desta vez, surgem as primeiras estimativas de queda para o ano.

Por trás da alteração está a expectativa de aprovação da reforma da Previdência, condição vista como necessária, e a decepção com o ritmo de retomada da atividade. Do total de 54 economistas ouvidos pelo Valor, 14 trabalham com a expectativa de que a taxa básica de juros terminará o ano em nível mais baixo do que começou.

 Evidência clara de que o tom do debate mudou, apenas duas casas veem elevação de juros nos próximos meses. Ainda assim, a grande maioria dos entrevistados dizem acreditar que a Selic permanecerá no nível atual de 6,5% ao ano, prolongando o período de estabilidade que vem desde março de 2018.

Um dos poucos pontos de consenso da pesquisa é que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira — a primeira sob o comando de Roberto Campos Neto — será de manutenção da Selic, em 6,5%. A perspectiva de continuidade foi reforçada, inclusive, nos primeiros discursos de Campos, que reiterou os princípios de “cautela, serenidade e perseverança”, que ancoraram as sinalizações da gestão anterior do Banco Central.

O que pauta os cenários de flexibilização monetária ao longo de 2019 é a aparente necessidade de estímulos adicionais à economia, já que a atividade continua patinando neste começo de ano. “Do ponto de vista do quadro macroeconômico doméstico, observamos uma combinação de atividade contida com uma trajetória benigna da inflação, mas o encaminhamento da reforma da Previdência deve permanecer como principal fator local a ditar as decisões do Banco Central”, diz Camila de Faria Lima, sócia e economistachefe da Canvas. “Nossa visão hoje é de corte da Selic a partir da aprovação da reforma da Previdência, que funcionaria como um gatilho para uma decisão do Banco Central nesta direção.”

Os contratos futuros de juros mostram expectativa de leve queda, de 0,10 ponto percentual, da Selic na decisão do Copom em setembro, de acordo com relatório da Quantitas da última quinta-feira. A chance ainda é pequena, sinalizando, assim, um mercado que ainda hesita em adotar o corte.

O início da flexibilização da política monetária não deve ter um gatilho específico, na visão de Alfredo Binnie, economista da Kapitalo, que espera corte a partir de meados de 2019. A boa tramitação da reforma, com consequente melhora dos prêmios de risco e preços de ativos no Brasil, levaria o BC a julgar oportuno um novo ciclo de estímulo. Outra possibilidade que pode levar o BC a considerar esse cenário é o aumento da diferença entre as projeções do BC e a meta de inflação, mas sem desconsiderar a Previdência.

No geral, a visão dos especialistas é que o corte não pode ser dissociado das reformas e que é necessário, no mínimo, algum sinal de confiança de que elas serão aprovadas no Congresso Nacional. “O BC coloca a reforma como um elemento importante para o juro neutro no médio prazo. Com isso, assumese que novos cortes estão condicionados à aprovação da reforma. Porém, acredito que o encaminhamento já reduz o risco de uma desancoragem das expectativas de inflação no curto prazo e isto já seria suficiente para o BC analisar os próximos passos da política monetária baseado no momento cíclico da economia”, analisa Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset.

A expectativa de estabilidade da taxa básica, no entanto, ainda prevalece. Isso porque as incertezas sobre a tramitação da Previdência são grandes e o cenário internacional contribui com dúvidas adicionais. O Santander, por exemplo, acredita que a Selic permanecerá estável este ano e subirá em 2020 até atingir 8,5% em dezembro daquele ano.

“Dificilmente o BC terá espaço para cortar a Selic porque ainda existe muita incerteza com relação à aprovação da Previdência — quando será aprovada e qual será o valor total da economia. Nós entendemos que uma das poucas possibilidades para o BC cortar seria em caso de aprovação da reforma ainda no primeiro semestre, com uma economia de pelo menos R$ 600 bilhões em dez anos, em conjunto com uma inflação abaixo do esperado e novas frustrações com a retomada da atividade”, afirma Vagner Alves, economista do Santander.

De acordo com boa parte dos analistas, o Banco Central deve manter na comunicado desta semana a sinalização de que os riscos de alta inflacionário diminuíram com a atividade fraca e a inflação contida neste começo de ano, mas são ainda maiores do que os riscos de desaceleração mais firme dos índices de preços. “Desde a última reunião, o cenário externo ficou mais negativo para emergentes. Por conta disso, apesar da revisão no cenário de crescimento achamos que o BC optará por manter o balanço de riscos como assimétrico”, diz Tomás Goulart, economista-chefe da Novus Capital.

O avanço da reforma é visto como elemento importante para que o novo presidente da autoridade monetária comece a imprimir a sua marca. É o que defende Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. Em sua opinião, sem o avanço na tramitação da Previdência, o BC seguirá sem ter previsibilidade sobre as variáveis mais importantes dos seus modelos. “Por enquanto, a incerteza é muito elevada, por mais que o mercado compre o cenário otimista. O papel da autoridade monetária é ser sereno, vigilante e prezar pelos fatos e não suposições.”

 

FOLHA

Juro do crédito vai demorar a cair com cadastro positivo

A queda nos juros para quem honra seus pagamentos, principal argumento em defesa do cadastro positivo, deve demorar a ser sentida pelo mercado.

O projeto que torna automática a inclusão de consumidores no banco de dados foi aprovado pelo Senado na última semana e aguarda apenas sanção presidencial para virar lei.

Segundo analistas, porém, vai levar um tempo até os birôs de crédito (os gestores do cadastro) reunirem informações suficientes sobre as pessoas.

 Se o presidente Jair Bolsonaro der seu aval, passa a valer um prazo de 90 dias para que o cadastro comece de fato a ser usado por quem concede crédito para análise do risco de calote de clientes.

O período serve como uma transição mais suave para quem não quer estar no cadastro se manifestar junto aos birôs —embora o pedido para exclusão possa ser feito a qualquer momento, ressalta Marcelo Fortes, do Fortes & Prado Advogados.

É também um momento para as instituições financeiras desenvolverem formas de enviar os dados para os birôs irem engordando sua base.

“Imediatamente, não muda nada. As pessoas não vão começar instantaneamente a pagar menos [juros]. O cadastro vai sendo construído conforme as pessoas vão tendo seu escore [nota que mede o risco de calote] levado em conta”, diz Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.

Na estimativa de Dirceu Gardel, do birô Boa Vista Serviços, a queda nos juros deve começar a ocorrer no início de 2020.

Hoje, a adesão ao cadastro positivo, que existe desde 2011, é voluntária, e a base agrega cerca de 11 milhões de nomes.

O que predomina no Brasil é o cadastro negativo, com informações de inadimplência.

“Apesar de o cadastro positivo existir há um tempo, muitas pessoas não formaram nota. Vamos começar quase do zero. Nos Estados Unidos, quando o indivíduo nasce já começa a contar ponto”, diz Viriato.

O cadastro positivo terá dados de todas as contas do consumidor: despesas mensais —água, luz, condomínio— e dívidas bancárias, como cartão de crédito e cheque especial.

A ideia é que quanto mais longo for esse histórico, mais fácil prever o comportamento do consumidor. É como o histórico construído em redes sociais: depois de muitas curtidas e compartilhamentos, o app consegue prever melhor os gostos do usuário e mostrar anúncios mais certeiros.

 A inadimplência elevada é usada pelos bancos para explicar o custo dos juros. Uma ferramenta de medição melhor do risco de inadimplência permitiria que bons pagadores passagem menos taxas, segundo as instituições.

“Com esse tipo de análise, conseguimos em 82% dos casos taxas mais próximas do que é o risco do consumidor”, diz Renata Feijó, diretora institucional da fintech Guiabolso.

Quem teve dificuldade de pagar contas em dia porque ficou desempregado por três meses, por exemplo, continuaria visto como um boa pagador se nos últimos cinco anos sempre foi pontual.

Sem o histórico, teria a nota de crédito reduzida de forma significativa, porque apareceria, aos olhos dos bancos, apenas como um devedor.

O cadastro positivo deve ainda trazer para a mira dos bancos mais clientes. Segundo Gardel, o sistema não vê 20 milhões das 130 milhões de pessoas economicamente ativas.

“Imagine a faxineira sem emprego formal, mas que tem renda e paga a conta de luz direitinho. Essa pessoa ninguém vê, e o banco vai passar a olhar. Você vai ampliar a massa de crédito”, afirma.

Em nota, a Febraban (federação dos grandes bancos) disse que o cadastro vai beneficiar o bom pagador que não era incluído por ter pouca ou nenhuma atividade bancária.

Para Luciano Godoy, professor da FGV Direito SP, a ampliação do número de bancarizados, bem como a diminuição da concentração bancária, não é fator colateral, mas agente direto para a queda dos juros.

“O discurso é que o juro é alto porque bons e maus pagadores são colocados na mesma cesta. Isso é verdade em parte, mas a questão é mais complexa”, afirma.

O mau pagador, porém, pode até ver suas taxas aumentarem, pondera Viriato, do Insper. Ainda que com uma nota baixa, o professor recomenda que os consumidores permaneçam no cadastro.

“Como estarão automaticamente registrados, quem sair é provavelmente o mau pagador. É melhor ter alguma nota e ser o ‘menos ruim’ do que estar fora e ser o pior.”

O Procon-SP tem uma percepção diferente. A entidade diz que a ideia da lei é boa, mas aguarda decreto com critérios de composição das notas, o que, segundo o Procon, evitaria arbitrariedades. 

“Caso não haja regulamentação, vamos agir, com o Ministério Público ou por Ação Civil Pública. E se a aplicação do sistema começar a levar a risco, nós temos que orientar o consumidor a sair do cadastro”, afirma Fernando Capez, presidente do Procon-SP.

Órgãos de defesa do consumidor conseguiram acrescentar no texto da lei a responsabilidade solidária de birôs, bancos e instituições por eventuais prejuízos ao consumidor caso informações inverídicas sejam incluídas no cadastro.

Os bancos não gostaram. A Febraban disse que é essencial para o bom funcionamento do sistema a mudança dessa regra. O setor tem a avaliação de que existe uma predisposição da Justiça para condenar as instituições com base em sua capacidade financeira. 

O projeto de lei caminha para entrar em vigor menos de um ano após ser aprovada a Lei Geral de Proteção de Dados, que deve estar em pleno funcionamento em 2020.

A normativa sancionada em agosto regula como empresas devem tratar os dados pessoais que coletam dos cidadãos.

Ao impor o cadastramento automático, o projeto entra em rota de colisão com a ideia de que as pessoas devem possuir controle sobre o fluxo de seus dados —a chamada autodeterminação informativa, um dos pilares da lei de dados—, afirma Rafael Zanatta, pesquisador do Núcleo de Ética, Tecnologia e Economias Digitais do Instituto de Energia e Ambiente da USP.

Para Rafael Pereira, presidente da ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital), a proposta deveria, no sentido contrário, ter se aprofundado mais, permitindo o acesso das instituições a informações detalhadas de cada dívida.

Pela nova lei, os birôs acessam todas as informações e atribuem, a partir delas, a nota que mede o risco de inadimplência daquele consumidor.

Mas um banco ou loja que quiser emprestar dinheiro ou vender um produto a prazo a só conseguirá ver essa nota. Os detalhes seguem privados, a não ser que o consumidor permita expressamente àquele credor consultá-los.

“Esse poder vai estar na mão do titular dos dados”, diz Gardel, da Boa Vista. Ele não descarta, porém, que algumas instituições financeiras possam pressionar clientes a liberarem o acesso às informações detalhas em troca da aprovação do empréstimo.

 

Bolsonaro precisa ter foco para aprovar a reforma da Previdência, diz presidente do Bradesco

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, cobra foco do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para a aprovação da reforma da Previdência e diz que é preciso “ter cuidado com as coisas que a gente coloca na rede social”.

Lazari diz que, se a reforma não sair no primeiro semestre, o mercado pode começar a questionar o quanto o governo conseguirá implantá-la.

“Em isso acontecendo, pode ter desdobramentos muito prejudiciais à economia.”

Questionado sobre o comportamento um tanto errático de Bolsonaro até aqui, o executivo afirma: “Todo mundo erra. Não estou dizendo que ele errou, mas estou dizendo que faz parte do ser humano essa curva de aprendizado.”

“Como presidente, vai ser orientado e terá uma postura de ter esse foco naquilo que a gente precisa fazer no país.”

O novo governo começou com tropeços, caso Queiroz [ex-assessor de Flavio Bolsonaro suspeito de desvio de verba de gabinete], a queda do ministro Gustavo Bebianno [Casa Civil] e ainda os tuítes polêmicos no Carnaval. Qual é a sua avaliação desse início de governo?

A gente tem uma expectativa muito boa, o mercado está apostando nisso. Pode ter tido alguns desencontros, mas a gente tem uma pauta preponderante, a Previdência. O que o governo precisa fazer é focar absolutamente essa reforma, trabalhar com muito afinco e concentrar as forças para que ela possa andar rápido. O ideal é que a gente tivesse [a aprovação] no primeiro semestre. Se isso não acontecer o mercado pode começar a questionar o quanto o governo conseguirá implantar da reforma. Em isso acontecendo, pode ter desdobramentos muito prejudiciais à economia brasileira.

O governo está perdendo tempo em pautas não essenciais?

Na iniciativa privada, quando assume uma empresa, a primeira coisa que um executivo faz é ter foco. Elege dois, três, quatro índices que precisa trabalhar e foca para resolver rapidamente. Essa receita se aplica também ao setor público. Se temos uma pauta prioritária, precisamos lutar por ela. E todo o governo, Paulo Guedes [ministro da Economia] e o próprio presidente Bolsonaro, [Sergio] Moro [Justiça], têm o foco para fazer com que a reforma saia.

O comportamento um pouco errático do presidente, colocando assuntos fora da pauta, criticando a imprensa, atrapalha o foco que o sr. cobra?

Eu acho que sim. Tudo é uma curva de aprendizado. As pessoas têm livre arbítrio para fazer o que precisam, mas a gente tem que saber as nossas necessidades. E ele, como presidente, vai ser orientado e terá postura de ter foco naquilo que a gente precisa fazer no país.

Todo mundo erra. Não estou dizendo que ele [Bolsonaro] errou; estou dizendo que faz parte do ser humano essa curva de aprendizado, especialmente quando você está enfrentando um cargo novo e da importância que tem.

Notícia falsa viraliza mais que informações verdadeiras. As postagens de Bolsonaro sobre a Previdência mostraram isso. A gente tem quer ter cuidado com as coisas coloca na rede social. Acho que aí é critério de cada um o que vai postar. Volto a repetir, a gente tem prioridades que devem ser colocadas em primeiro plano para que as coisas possam acontecer na velocidade que a gente precisa. Esses desvios vão ser solucionados.

O projeto da Previdência prevê economia de R$ 1,1 trilhão. Mas logo na saída, Bolsonaro disse que poderia reduzir a idade mínima para mulher e flexibilizar outros pontos. Ele está sendo um bom vendedor da reforma?

A gente tem que lutar pelo projeto da forma como foi escrito. É lógico que talvez algumas concessões precisem ser feitas para atender os interesses da nação. Não interesses de grupos específicos, isso tem que deixar claro. E, lógico, proteger as pessoas que mais necessitam. Se tivermos que abrir mão de alguns valores por conta disso, vamos ter que encontrar outras fontes para supri-los.

Qual piso o mercado consideraria?

R$ 1 trilhão. O mercado estava satisfeito com os R$ 700 bilhões do Temer, só que as coisas mudam. Qualquer número abaixo de R$ 1 trilhão não é adequado. Isso é o que eu estou dizendo e é o que ouço dos analistas do mundo inteiro: de R$ 800 bilhões a R$ 900 bilhões seria razoável, acima de R$ 1 trilhão seria essencial. Se for mais que isso, R$ 1,2 trilhão, R$ 1,3 trilhão, passa a ser excepcional.

O crescimento de 2019 foi atrelado à reforma, mas ela não deve passar no primeiro semestre. Se a reforma escorregar para o segundo semestre, não vamos conseguir crescer o que prevíamos, 2,8%, 2,9%.

Alguns analistas já não contam com essa alta. Estão falando em 2,4%, 2,3%, porque estão prevendo que até passar no Congresso, vai para o segundo semestre e então o PIB não vai vir na velocidade que a gente gostaria. Toda a recuperação que poderia ter, vamos escorregar para 2020. É um ano a menos para aproveitar as benesses que um crescimento maior pode fazer.

O governo diz que a reforma fará o país voltar a crescer. Foi o que Temer fez com a reforma trabalhista, dizendo que criaríamos 10 milhões de empregos, o que não se concretizou. Isso não coloca areia na venda da reforma? E Temer não errou ao aprovar o teto de gastos antes da Previdência?

Tenho convicção de que não há bala de prata, um só movimento não vai resolver. A reforma trabalhista foi importante, desonerou ou vai desonerar as empresas porque diminui o volume de ações trabalhistas. Aqui no banco a redução foi de 47%. Isso dá tranquilidade maior para prever o que pode acontecer no futuro. Quer queira, quer não, nós temos 70 mil ações trabalhistas.

A reforma trabalhista é importante, a da Previdência é importante, a simplificação tributária é importantíssima para o crescimento, a desoneração da atividade produtiva é importantíssima. Mas não dá para fazer tudo de uma vez. Você depende de uma para que outras possam acontecer. A urgência da reforma da Previdência não é só por conta dela, é por outras coisas que também precisam ser feitas.

Há espaço para tocar uma reforma paralela, como sugerido por Paulo Guedes com a desvinculação do Orçamento?

Essa seria a segunda opção caso a da Previdência não possa sair nos moldes que deveria. Nós temos que dar foco, olhar a Previdência. Se o governo não tiver o sucesso que pretende, você pode voltar energias para outra pauta. Só que eu acho ela muito mais difícil de ser implementada.

A Previdência, bem ou mal, a população já sente que vai mudar; só precisa saber qual é a regra do jogo. Tenho 55 anos de idade e 40 de trabalho, não vou mais me aposentar aos 55, vou me aposentar aos 60, 62, 65. Não importa. Se a nova é que tenho que trabalhar mais dois anos, deixe isso claro.

O sr. completou um ano na chefia do Bradesco. Os resultados de 2018 foram elogiados pelo mercado, e as metas de 2019 são ambiciosas. Será possível entregar os resultados se o PIB não tiver o desempenho esperado?

A gente vem observando um crescimento dos retornos do banco nos últimos 13 meses, e o último trimestre foi particularmente muito bom. Óbvio, depende de o país crescer. Sei que os guidances [projeções] são audaciosos, mas não posso fazer um guidance tímido, pensando no pior. Eu tenho que fazer acreditando que as coisas vão melhorar.

Existe um questionamento sobre a lucratividade dos bancos, e a própria Febraban (federação de bancos) fez campanha para esclarecer os juros cobrados. Não dá para dar uma resposta mais objetiva para a população?

Esse assunto tem que ser discutido. Dos spreads no Brasil —e isso falado pela Febraban e comprovado por BC e consultorias—, o que fica como resultado do banco é 14%. Todo o resto vai em tributo, inadimplência, vários outros custos.

Se pegar carteiras que cresceram em 2018 no Bradesco, e também nos outros bancos, foi principalmente crédito imobiliário, que tem uma taxa que não é nenhum absurdo.

O problema é a taxa do cheque especial. Sou o maior defensor de baixar para 3% ou 4%. Por que que ela não é 3% ou 4%? Porque a inadimplência é muito diferente de um consignado. Em qualquer país do mundo o cheque especial tem tarifa. Quando o sujeito vê que estourou a conta e pagou uns R$ 20, vai pensar duas vezes antes de estourar de novo. Isso é educação financeira. Nós não podemos cobrar tarifa, é proibido.

O que eu digo é o seguinte: deixem as pessoas terem direito a seu livre arbítrio e tomarem suas decisões, e deixem que os bancos cobrem tarifas.

O sr. diz que gostaria de cobrar mais tarifas em um ambiente em que fintechs estão crescendo com serviços sem tarifas.

Eu estou fazendo um trade-off, estou dizendo que vou reduzir juros de 14% para 3%, 4%. É diferente. A partir da cobrança da tarifa, será que a inadimplência não vai cair? Se cair, os juros podem diminuir, ou até a tarifa. Não dá para conviver com o cheque especial a 14%.

No rotativo, o juro caiu bastante, mas voltou a subir Algumas casas sim, aí é de cada um. Agora, a entrada das fintechs é uma concorrência sadia. Se estão dando um serviço melhor, uma taxa de juro melhor e uma tarifa melhor, nós vamos ter que nos adaptar.

 

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