Quarta-feira

VALOR

Dólar desacelera alta após encostar em R$ 4,00

O mau humor com as tensões comerciais entre Estados e China voltou a assombrar investidores no Brasil e no exterior, levando o dólar a tocar rapidamente o patamar de R$ 4,00 no início do pregão. Como na sessão da véspera, no entanto, a tensão do início do dia foi cedendo pouco a pouco, abrindo espaço para uma acomodação da moeda americana em patamares não tão pressionados.

No final do dia, o dólar comercial encerrou em alta modesta, de 0,31%, aos R$ 3,9698. Participantes de mercado deram explicações variadas para a desaceleração da alta ao longo do pregão. Segundo Maurício Nakahodo, economista do MUFG Brasil, a proximidade do patamar de R$ 4,00 tem atraído exportadores e outros agentes interessados em vender moeda americana.

Já para José Carlos Amado, operador de câmbio da Necton, esse mesmo patamar traz de volta à baila especulações sobre uma intervenção do BC no mercado. Mauricio Oreng, economista sênior do Rabobank para o Brasil, não vê razão para uma intervenção no momento nessas condições. "O BC não vai atuar em razão de determinado nível, só se tiver alguma disfuncionalidade de velocidade ou origem", afirma, notando que o comportamento do câmbio no Brasil hoje acompanha o exterior.

 

Gestores seguem otimistas com expansão global

Mesmo com as recentes turbulências que sacodem os mercados globais após novos desentendimentos entre americanos e chineses sobre o acordo comercial em negociação, gestores ainda mostram otimismo com o ciclo de crescimento no mundo.

Alguns grandes alocadores internacionais, que estiveram reunidos nesta terça em evento do BTG Pactual, em São Paulo, consideram haver um risco remoto de uma recessão neste ou no próximo ano e até mesmo apontam para uma continuidade da expansão muito além do consenso de analistas e economistas. Mark Mobius é um deles.

O veterano investidor de mercados emergentes, que por mais de 30 anos esteve à frente da Templeton Emerging Markets e agora montou a própria gestora, minimizou o alerta feito pelo presidente americano Donald Trump de que pretende elevar, de 10% para 25%, as tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos importados da China na sextafeira. Para Mobius, a ameaça é apenas “Trump negociando”.

O gestor se mostrou despreocupado com a sombra que a eventual ação pode lançar sobre os mercados. O presidente americano “gosta de negociar em uma posição forte, mas, para mim, o próximo movimento [da negociação comercial entre EUA e China] será um aperto de mãos com seu oponente”, avaliou.

“Não acho que isso seja algo realmente importante. Trump até pode implementar o aumento de taxas, mas os negócios nos EUA estão dependentes desse acordo”, ponderou Mobius. Para o gestor, o presidente americano precisa do acordo “antes das eleições” em 2020 sob o risco de causar dano à economia e não se reeleger.

O gestor veterano, porém, ressaltou que, apesar de acreditar em uma resolução para a escalada das tensões comerciais, é preciso ter cautela no momento. “Temos de esperar para ver como isso se desenvolve, mas não vejo uma escalada acontecendo”, como uma guerra comercial total.

Mobius também expressou otimismo com a economia americana e a possibilidade de o ciclo de expansão global se estender. “Recentemente, no Texas, estive em uma conferência com Janet Yellen [ex-presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos] e ela disse que a economia americana está indo muito, muito bem — e isso antes da divulgação dos 3,2% de crescimento” do PIB dos EUA no primeiro trimestre de 2019, contou.

“Yellen estava muito otimista com os números da economia, com o baixo desemprego e outros dados muito bons”, acrescentou o gestor. Para Mobius, “há sempre a possibilidade de uma recessão, mas não vejo isso acontecendo nesse estágio [do ciclo] e, falando mais genericamente, acho que o crescimento global está em boa forma”.

De fatos, os dados divulgados pelo Departamento de Comércio no fim de abril mostram que a economia americana cresceu em um ritmo anualizado de 3,2% no primeiro trimestre. Foi uma forte aceleração ante a expansão de 2,2% ao ano vista no quarto trimestre de 2018. Neste mês, o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que o desemprego caiu ainda mais e atingiu o menor nível desde 1969, a 3,6%.

Sébastien Page, chefe de multiasset da gestora americana T. Rowe Price, que tem US$ 1,08 trilhão de ativos sob administração, engrossa o coro dos que enxergam mais crescimento pela frente. O gestor, na verdade, sugere que há a possibilidade de o ciclo de expansão nos EUA, apesar dos mais de dez anos de duração, estar mais perto da metade do que de seu fim.

Page explicou haver argumentos para concluir que o período de expansão pode continuar por ainda mais tempo. “Embora exista um consenso de que estamos em um momento de maturidade no ciclo, há bons argumentos que nos indicam que podemos estar mais perto do meio do que no fim”, afirmou.

“Nos EUA, o juro real, quando descontamos a inflação, está em 0,5% e nunca tivemos uma recessão com taxas tão baixas”, ponderou. Segundo o gestor, os lucros das companhias nos Estados Unidos estão altos, mas “não tão altos em termos históricos”. Caso o crescimento se mantenha no ritmo atual, o patamar de lucratividade das corporações estaria dentro da média.

Além disso, a forte valorização do mercado acionário atual “veio a partir de um dos maiores mergulhos da história” após a crise de 2008. O crescimento americano atual, lento para padrões históricos, também é citado pelo gestor. “O ritmo ajuda a sustentar a expansão por mais tempo”, porque diminui o risco de sobreaquecer a economia. Conforme o gestor, diante da possibilidade de manutenção do ciclo, a gestora está com alocação “overweight” (acima da média do mercado) em ações de crescimento de longo prazo nos EUA.

A casa também está acima da média em ações de mercados emergentes. “Em particular, gostamos de emergentes e estamos ‘overweight’ no momento”, afirma Page. “A própria China está reestimulando a economia”, destacou Page, o que adicionaria efeito positivo sobre o crescimento global. Mobius também chama a atenção para a estabilização do país asiático que segue crescendo a 6% ao ano mesmo com as questões comerciais.

 

ESTADÃO

Copom sob pressão

Com a projeção mediana do crescimento do PIB em 2019 caindo para 1,49% no relatório Focus divulgado hoje (6/5, segunda-feira), e a possibilidade de um PIB negativo no primeiro trimestre, devem se intensificar as pressões para que o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne para mais uma decisão sobre a Selic na terça e quarta-feira desta semana (dias 7 e 8/5), volte a considerar de forma mais incisiva novos cortes da Selic.

Em estimativa recém-concluída, Bráulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA e pesquisador associado do Ibre/FGV, conclui que a taxa de juro real neutra no Brasil hoje está em 2,9% em “steady state” (condições mais regulares de funcionamento da economia), mas no curto prazo caiu para 2,5% no primeiro trimestre de 2019.

A taxa neutra de curto prazo está abaixo do “steady state”, segundo Borges, por conta do crescimento real per capita brasileiro quase nulo verificado desde 2014, do risco-país relativamente baixo (devido à sólida posição externa) e da taxa real neutra dos Estados Unidos mais reduzida, de cerca de 0,5%.

“Pelos meus cálculos, a política monetária brasileira está em território neutro (não estimulativo) há três trimestres”, diz o economista da LCA.

Evidentemente, estimativas da taxa neutra, que dependem de variáveis não diretamente observáveis como PIB potencial e hiato do produto, variam bastante.

Para o BC, a atual postura da política monetária é estimulativa. Entretanto, na sua comunicação recente, a autoridade monetária informou que está avaliando até que ponto os choques do ano passado – como a greve dos caminhoneiros e a crise argentina – podem ou não ainda estar manifestando efeitos que explicariam a marcha extremamente lenta da recuperação brasileira.

Mas o BC indicou que faria isso sem muita pressa, o que aparentemente não se coadunaria com já ter uma resposta pronta para aquela questão e tomar sua decisão dessa quarta-feira em função dela.

Adicionalmente, a inflação corrente tem se mostrado mais elevada e há o temor de que a crise da gripe suína na China possa afetar globalmente a cadeia das proteínas e trazer altas destes itens no segundo semestre. Apesar de estar sempre mais ligado nas pressões inflacionárias mais autênticas, que se refletem nos núcleos, do que em altas episódicas causadas por choques de oferta, o sistema de metas de inflação oficialmente trabalha com o IPCA cheio – e o BC não pode ignorar totalmente este fato.

O câmbio, por sua vez, não tem exatamente contribuído para abrir o caminho para novos cortes da Selic, embora a experiência do ano passado tenha mostrado que mesmo desvalorizações bem fortes podem ter impacto inflacionário pequeno no cenário de elevada capacidade ociosa que o Brasil enfrenta.

A reforma da Previdência, por sua vez, permanece uma grande interrogação. O governo Bolsonaro subverteu todos os códigos de relacionamento com o Congresso e ninguém sabe exatamente o que resultará desta arriscada escolha em termos da aprovação (e do grau de diluição) da principal iniciativa do novo governo neste primeiro ano de mandato.

O BC, instituição geneticamente conservadora, certamente não deve estar contando com probabilidade muito alta de aprovação de uma reforma amplamente satisfatória do ponto de vista fiscal.

Dessa forma, o Copom se vê num fogo cruzado de fatores que apontam em direções opostas, e mais uma vez atravessa um período em que haverá um pesado escrutínio crítico das suas decisões.

Por enquanto, Jair Bolsonaro não emulou seu estadista preferido, o presidente Donald Trump, que pressiona abertamente o Fed, BC americano, para relaxar a política monetária, mesmo com a economia americana apresentando recorde de baixa da taxa de desemprego. Aqui, na situação inversa, o presidente da República até agora respeitou religiosamente o mandato informal de autonomia do Banco Central. É pelo menos uma postura de Bolsonaro à qual se deve dar o devido crédito. Tomara que perdure.

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