Segunda-feira

FOLHA

É espantoso estados serem contra MP do saneamento, diz ex-presidente da Sabesp

O engenheiro Jerson Kelman, 71, passou de crítico ferrenho a defensor da medida provisória que propõe um marco regulatório para o saneamento básico. A MP, que precisa ser votada até 3 de junho para não perder a validade, enfrenta a oposição de 24 governadores, que veem no texto uma ameaça às companhias estatais do setor.

Na opinião de Kelman, que presidiu a Sabesp entre 2015 e 2018, os maiores problemas do projeto foram dirimidos em sua tramitação. Na visão dele, o texto permite uma competição justa pela prestação dos serviços.

Por que o sr. é favorável à MP do saneamento?

Porque o texto tem qualidades que não têm sido abordadas nas discussões sobre o assunto.

Quais são?

A primeira é que a MP obriga as pessoas a se ligar à rede de esgoto. Hoje, a situação é mal definida, e há juízes que dizem que as pessoas têm direito de não se conectar. Essa conexão deveria ser uma obrigação social. Não tem sentido dar desconto ao cidadão que não se conecta à rede de esgoto. Pelo contrário, ele deveria pagar multa. Isso fica claro com o texto.

Por outro lado, o projeto reconhece que há famílias que não terão recursos para pagar essa ligação. Nesse caso, o texto admite que a concessionária faça o serviço e esse custo seja inserido na tarifa.

Outra vantagem muito importante diz respeito à remuneração dos ativos em caso de troca [da empresa que presta os serviços de saneamento].Pela regra vigente, se sai um prestador de serviço A e entra uma empresa B, é a prefeitura que deve pagar a quem sai pelos ativos instalados e que não foram quitados ainda.

Por que isso é ruim?

Na prática, com a mudança de mãos, a estatal seria desapropriada porque só pode cobrar da prefeitura, que tem uma longa lista de credores. Entrará na fila dos precatórios.

Essa situação leva a injustiças. É de interesse geral que haja uma regra mais clara, que determine que a indenização tem que ser prévia à mudança do prestador de serviço, e a MP faz isso. Quem entra paga os investimentos de quem sai.

O senhor se opôs ao texto original da MP e a texto anterior, que perdeu validade. O que mudou de lá para cá?

Como presidente da Sabesp, sempre me opus aos textos porque eles admitiam que os contratos fossem celebrados na escala municipal.

O texto da MP está em linha com decisões judiciais que determinam que, quando há ativos compartilhados, como estações de tratamento e adutoras, há interesse conjunto e é preciso ter governança compartilhada na prestação e na regulação do serviço.

O senador Tasso [Jereissati, PSDB-CE, relator da medida provisória] teve o mérito de definir que [o saneamento] só é de interesse local se as instalações não são compartilhadas com outra cidade. Se são, uma entidade interfederativa deve cuidar do tema.

Além disso, o texto reconheceu que a escala na prestação do serviço deve ser mantida. A Sabesp, por exemplo, serve 380 municípios, mas tem 15 unidades de negócio, o que barateia a tarifa. Se fosse condenada a ter 380 unidades, o preço subiria.

O projeto agora diz que o serviço será preferencialmente prestado por blocos de cidades, e isso é um avanço.

Mas não define quais os critérios para formar esses grupos de municípios.

Não diz, mas atribui a estados e à União a responsabilidade de organizar isso. Na verdade, colocou a faca e o queijo na mão dos governadores. Eles é que poderão definir o tamanho dos blocos de cidades.

Mesmo assim, eles são contrários ao texto.

É espantoso que eles assinem uma carta contra a Medida Provisória que permite que eles organizem os serviços. Eles é que podem definir se será licitação por município ou conjuntos de cidades. Podem formar conjuntos em conjuntos misturando o filé e o osso. A acusação que eu mesmo fiz muitas vezes é que, da maneira como estava o texto [sem a formação de blocos, com disputas por cidade], as empresas privadas escolheriam o filé e deixariam o osso com as estatais.

O projeto dá poder aos governadores. No limite, o estado inteiro pode ser um bloco.

A aprovação da medida provisória poderá estimular a privatização de estatais. Como o sr. vê isso?

Os governadores que quiserem vender suas estatais poderão fazê-lo. Hoje, não podem porque os contratos feitos sem licitação perderiam a validade. Em uma situação de profunda crise fiscal, é surpreendente que os governadores digam não a essa possibilidade [de capitalização].

 

VALOR

Estimativas apontam queda de 0,2% no PIB do 1º trimestre

A perspectiva de retomada da atividade no início de ano teve vida curta, frustração que se estendeu também ao desempenho previsto para o restante de 2019. A partir dos dados negativos conhecidos para o primeiro trimestre, 32 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,2% ante os últimos três meses de 2018, após os ajustes sazonais.

Se confirmada, esta será a primeira queda nessa comparação desde o último trimestre de 2016, quando a economia brasileira ainda estava em recessão. Naquela ocasião, o PIB encolheu 0,6%. As projeções para as Contas Nacionais Trimestrais, que o IBGE divulga na quinta-feira, estão em sua maioria em campo ligeiramente negativo, e variam de redução de 1% até estabilidade para os três meses encerrados em março.

Em relação ao primeiro trimestre de 2018, a estimativa mediana aponta que a economia cresceu 0,5%. Para o ano, as projeções indicam expansão de 1,1%, mesma magnitude registrada em 2018. Cada vez menos analistas esperam aceleração do crescimento em relação ao ano passado, visão que ainda era consenso há poucos meses.

"Tínhamos expectativa de melhora da atividade, mas o cenário político jogou um balde de água fria nessa percepção", diz Giulia Coelho, economista da 4E Consultoria, para quem o PIB ficou 0,2% menor no primeiro trimestre. Além das incertezas sobre os rumos da reforma da Previdência, cuja tramitação no Congresso tem corrido em ritmo muito mais lento do que o previsto, Giulia destaca que as declarações controversas do governo também afetam negativamente o humor dos agentes econômicos.

Também por isso, a atividade não contou com ajuda dos investimentos para ganhar tração. Nos cálculos de Luis Afonso Lima, economista-chefe da Mapfre Investimentos, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 1,5% entre o fim do ano passado e o primeiro trimestre. "Do lado de demanda, não há nenhum componente deslanchando, nem a FBCF, que costuma liderar o crescimento em períodos de retomada", afirma.

 Segundo ele, além das dificuldades com a tramitação da Previdência, a saída do BNDES do financiamento do setor produtivo está jogando contra a disposição dos empresários em investir. Mesmo que bem sucedida, a redução do gasto público é contracionista no curto prazo, lembra Lima.

"O governo diz que a atividade vai melhorar depois da aprovação da reforma da Previdência, mas em todos os países que passaram por ajuste fiscal, seja por aumento de impostos ou contenção de despesas, o ajuste fiscal teve um efeito líquido negativo para o consumo", diz.

O economista prevê que a economia caiu 0,1% no primeiro trimestre ante o quarto trimestre do ano passado, e chegará ao fim do ano com alta acumulada de 1%. O caminho para concretizar tal cenário não será trivial: o PIB terá de avançar a um ritmo médio dessazonalizado de 0,7% nos próximos três trimestres. Desde 1997, o ritmo de expansão do PIB tem sido, em média, de 0,5% por trimestre, segundo seus cálculos.

O setor externo também não deu alívio de janeiro a março, com as importações crescendo 0,8% e as exportações caindo 2,5%, destaca Lima. "Mesmo que em algumas culturas agrícolas o preço tenho aumentado por causa das disputas comerciais entre Estados Unidos e China, esse efeito não é computado no PIB, que reflete apenas a quantidade transacionada", diz.

Do lado da oferta, o ambiente mais adverso se traduziu em comportamento ainda pior do que o esperado da indústria, que recuou 0,8% nos primeiros três meses do ano, calcula Giulia, da 4E, retração maior do que a observada nos último trimestre do ano passado (-0,3%).

O efeito da recessão na Argentina, importante parceiro comercial para onde o Brasil exporta manufaturados, já estava na conta, diz, mas o setor também sentiu o impacto de uma demanda doméstica pífia. Na ponta mais otimista para o primeiro trimestre, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) trabalha com crescimento nulo no período, número que estava em alta de 0,6% há dois meses.

A coordenadora do Boletim Macro da entidade, Silvia Matos, destaca que a atividade só não se retraiu de janeiro a março por causa do consumo, que subiu 0,4% em seus cálculos. No entanto, pondera Silvia, a demanda interna pode mostrar arrefecimento mais expressivo ao longo de 2019, tendo em vista a "situação preocupante" do mercado de trabalho, que registrou alta do desalento e piora na composição do emprego.

Assim, diz ela, a economia pode crescer menos do que o 1,4% estimado atualmente na média do ano. "O risco de arrefecimento adicional da atividade persiste e dependerá de fatores internos e externos", comentam Silvia e a pesquisadora Luana Miranda. No cenário internacional, a guerra comercial entre EUA e China e a trajetória futura da economia argentina são os principais pontos de preocupação, avaliam.

 

Economia está mais sensível a juro baixo

Mesmo com a fraqueza da economia num ambiente de juros nas mínimas históricas, analistas rejeitam a tese de que a política monetária teria perdido potência. A leitura, ao contrário, é que as decisões do Banco Central sobre o rumo da taxa básica têm surtido cada vez mais efeito sobre a atividade, e que há outros aspectos estruturais que explicam o atraso na retomada.

As dúvidas sobre a eficiência da política de juros do BC começaram a ser levantadas no início do ano, uma vez que a atividade não reage mesmo com a Selic no menor nível histórico por 14 meses seguidos - a taxa se mantém em 6,5% ao ano desde março de 2018. Estudos apontam, contudo, que o corte da Selic dobrou seu efeito expansionista nos últimos anos.

Cassiana Fernandez, economista-chefe do J.P. Morgan para Brasil, afirma que os juros baixos estão, sim, funcionando para impulsionar a economia. "Basta ver a aceleração do crédito livre, principalmente para a pessoa física, desde 2017", afirma. A questão, segundo ela, é que o estímulo monetário vem sendo contrabalançado por outros fatores cíclicos, estruturais e provenientes de choques específicos.

O Itaú Unibanco fez um estudo sobre a relação entre juro básico e a atividade ao longo das últimas duas décadas. Pelas contas do banco, de 2003 a 2008, a cada corte de 1 ponto percentual na Selic, o efeito no PIB era de expansão de 0,6 ponto. Já no período de 2011 a 2014, aponta o estudo, a potência da política monetária diminuiu e não foi possível ver relação entre as duas variáveis.

Desde 2015, entretanto, a relação voltou a funcionar e tornou-se ainda mais intensa: para cada corte de 1 ponto na Selic, o efeito no PIB foi de alta de 1,2 ponto percentual. Na visão do Itaú, o que explica a mudança da eficiência da política monetária é a participação do crédito livre e do crédito subsidiado na economia. "Quanto maior a participação do crédito livre, maior o impacto dos juros de mercado no PIB, uma vez que eles são fortemente influenciados pela Selic.

Quanto maior for o crédito subsidiado, como a situação observada no início desta década, menor é o impacto dos juros", afirmam Luka Barbosa e Alexandre Gomes da Cunha, autores do estudo. Cassiana, do J.P. Morgan, lembra que, de meados de 2008 até 2015, houve um grande crescimento do volume de crédito direcionado, aquele atrelado a taxas de juros que não necessariamente correspondiam aos movimentos da política monetária. Ou seja, em diversos momentos, o BC alterava a taxa básica de juros, mas a TJLP - que remunerava muitos desses financiamentos, como os concedidos pelo BNDES, e era subsidiada pelo Tesouro - permanecia estacionada.

Segundo Cassiana, no fim desse período, o crédito direcionado chegou a corresponder à metade do estoque total. A partir de 2016, esse movimento começou a ser revertido. "Enquanto o Banco Central buscava uma política contracionista, bancos públicos atuavam na contramão, reduzindo a potência da política monetária", lembra a economista.

Segundo ela, a implementação da TLP (Taxa de Longo Prazo, em substituição à TJLP) deverá atuar na direção de incrementar, gradualmente, a potência da política monetária à medida que novos contratos de crédito utilizem taxas que respondem a movimentos de mercado, ou seja, são diretamente influenciadas pelas decisões de política monetária."

O que impede que a economia reaja, mesmo com juro básico menor e a política monetária mais potente, entretanto, são fatores conjunturais e a situação fiscal, na avaliação de David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch (BofA Merrill Lynch). Ele cita choques específicos como a crise na Argentina, o efeito climático na safra e o rompimento da barragem de Brumadinho (MG).

E todos esses percalços chegam num momento em que a economia é pressionada por aspectos estruturais, como o problema fiscal brasileiro. "A mudança fiscal [com a redução do tamanho do governo] está afetando a atividade de forma mais forte, incluindo o fato do crédito subsidiado do BNDES não existir mais. É uma economia que, no passado, funcionava em cima de estímulo. Quando você retira, mostra o peso grande que isso tinha sobre o comportamento [da atividade]", diz Beker.

De acordo com analistas, é necessário consolidar o ajuste fiscal com a reforma da Previdência para que instituições privadas sejam incentivadas pelas melhores perspectivas a ocupar a lacuna deixada pelo Estado, com a redução do crédito subsidiado. "Dado que estamos numa situação de contenção do gasto público e parafiscal, a política monetária num contexto posterior à aprovação da nova Previdência vai ter mais poder que tinha no passado", afirma Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra.

O crédito privado é muito mais sensível ao ambiente de incertezas, principalmente para o tomador de empréstimos, acrescenta Gustavo Loyola, economista e sócio da Tendências. "Não adianta os bancos terem dinheiro à disposição para oferta se ninguém quer se endividar", diz. "Existe demanda por crédito, mas talvez não tanto para grandes investimentos por causa de incertezas."

A falta de visibilidade em relação às reformas necessárias funciona como um fator de restrição às condições financeiras e, portanto, opera contra a política monetária, que atualmente é expansionista, diz Cassiana, do J.P. Morgan. Enquanto o empresário não tem visibilidade sobre os rumos da política econômica, ele não começa novos investimentos. "Essa condição pode tornarse definitiva caso o cenário não se mostre favorável ao crescimento sustentado da demanda no futuro", acrescenta a economista.

O Itaú defende que cortes da taxa básica só serão efetivos em reduzir os juros de mercado caso a incerteza fiscal seja reduzida. "Sem reforma da Previdência, o espaço para estímulo monetário adicional inexiste." O ajuste de contas públicas abre caminho para a queda de juro neutro da economia, aquele que permite o maior crescimento sem inflação.

Ao mesmo tempo, tende a derrubar as taxas de longo prazo, que ainda carregam grande prêmio de risco e atrapalham o avanço de investimentos mais robustos na economia. "A reforma faz com que a taxa neutra caia, e você vê que a economia consegue viver com juros mais baixos. É uma combinação de estímulo [monetário] com juro neutro mais baixo", diz Beker, do BofA Merrill Lynch, que também condiciona o corte da Selic à reforma previdenciária. "Na hora que você combinar uma Selic mais baixa com juros longos também menores, você tem efeito maior sobre a economia."

 

FMI corta projeção para crescimento do Brasil em 2019

O crescimento projetado para a economia brasileira em 2019 é de 1% a 1,5%, havendo riscos significativos para baixo, segundo a equipe de economistas do FMI. É uma projeção inferior à que foi anunciada no começo de abril, quando o Fundo cortou a estimativa para este ano de 2,5% para 2,1%. Em declaração da missão do Fundo sobre o raio X anual da economia brasileira, os economistas do FMI dizem que uma recuperação lenta da economia está em curso, sendo restringida pela demanda contida e pela produtividade fraca.

A nova estimativa está em linha com o consenso do mercado que aparece no Boletim Focus do Banco Central, atualmente em 1,24%. “Uma reforma da Previdência robusta e medidas fiscais adicionais são necessárias para colocar a dívida pública em trajetória sustentável, impulsionando assim a confiança do investidor”, diz o texto.

A missão de economistas do FMI também afirma ver com bons olhos a “ambiciosa agenda de reformas do governo”, que inclui a mudança do sistema de aposentadorias, privatizações, abertura comercial, reforma tributária a redução da intervenção estatal nos mercados de crédito. “Essas reformas são essenciais para impulsionar o crescimento potencial”, destacam eles, numa referência ao ritmo de expansão da economia que não acelera a inflação.

A missão do FMI considera ainda que a política monetária está no momento num nível apropriadamente estimulativo. Ao falar sobre a atividade econômica, os especialistas notam que os indicadores de curto prazo mostram que a fraqueza continuou no primeiro trimestre deste ano.

“O investimento permanece contido, devido à grande capacidade ociosa e à persistente incerteza sobre as perspectivas para as reformas fiscais e estruturais”, aponta a declaração. Além disso, o crescimento global fraco e a recessão na Argentina afetam as exportações.

Para 2020, há expectativa de aceleração da economia, apoiada pela recuperação do investimento privado, mas isso está condicionado à aprovação de uma reforma robusta da Previdência e a condições financeiras favoráveis, observam os economistas do FMI. Em abril, o Fundo elevou a estimativa de expansão para o ano que vem de 2,2% para 2,5%. No texto divulgado nesta sexta-feira, não há menção a uma nova projeção. O texto reitera a necessidade de uma ampla agenda de reformas, num cenário marcado por crescimento historicamente baixo, dívida pública elevada e alta desigualdade. No campo fiscal, a reforma da Previdência é o “passo crucial”.

A ambiciosa proposta do governo estabilizaria o gasto com aposentadorias na próxima década, tornando ainda o sistema mais igualitário. No entanto, medidas adicionais são necessárias para assegurar o cumprimento do teto de gastos e estabilizar a dívida, adverte a declaração da missão de economistas do FMI que esteve recentemente no Brasil.

É necessário manter a política fiscal neutra em 2019, segundo eles. Além disso é preciso reduzir a folha de salários do setor público e baixar outras despesas correntes, o que requer, entre outras iniciativas, limitar os aumentos do salário mínimo à inflação. Dado o nível elevado da dívida pública, os economistas do FMI afirmam que receitas de petróleo — incluindo as que serão obtidas com os leilões dos campos relacionados à cessão onerosa à Petrobras — devem ser usadas exclusivamente para baixar o endividamento do governo.

 Eles dizem ainda ser fundamental proteger programas sociais eficientes, como o Bolsa Família, assim como apoiar o investimento público, por serem “essenciais para o crescimento inclusivo e sustentado”. A declaração também destaca a importância de reformar o sistema tributário, por ser complicado e distorcivo, além de outras medidas para elevar a produtividade. O programa de privatizações é visto como extremamente relevante para aumentar a eficiência na economia, incluindo em setores como os de infraestrutura e energia.

A abertura comercial, por sua vez, tem como um dos principais trunfos ajudar a elevar a competitividade na economia. Ao falar da política monetária, os economistas do FMI dizem que ela deve permanecer expansionista, dada a grande ociosidade e as expectativas inflacionárias ancoradas. Para eles, o estímulo monetário atual é adequado ao momento. “No futuro, uma vez que a consolidação seja contracionista, há espaço para afrouxar adicionalmente a política monetária, desde que as expectativas inflacionárias permaneçam bem ancoradas.”

O raio X anual das economias dos países-membros do FMI está previsto no artigo IV do estatuto da instituição. Num futuro próximo, será divulgado um relatório amplo com a análise da economia brasileira.

 

ESTADÃO

Número de lojas fechadas no País volta a subir após cinco trimestres

Depois de quase um ano e meio no azul, o comércio varejista voltou a mais fechar do que abrir lojas no primeiro trimestre. Entre janeiro e março, 39 pontos de venda lacraram as portas no País. O número é pequeno, mas emblemático, pois indica grande mudança de rota. E confirma o quadro de estagnação da economia, já apontado por outros indicadores.

No último trimestre de 2018, o saldo entre abertura e fechamento de lojas foi positivo em 4,8 mil unidades. O ano passado também tinha sido o primeiro ano positivo de inaugurações depois da recessão, com 11 mil pontos de venda abertos. O saldo de lojas de 2018 é pequeno comparado às 220 mil lojas que o varejo perdeu entre 2014 e 2017. Mas era importante porque sinalizava a recuperação do setor, agora ameaçada.

Os dados de abertura de lojas fazem parte de estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) feito com base nas informações prestadas por empresas formais e com vínculo empregatício, reunidas no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

No final do ano passado, ainda sob a influência do prognóstico favorável para a economia neste ano, a expectativa era de que 2019 encerrasse com a abertura líquida de 22 mil lojas, diz o economista-chefe da CNC, responsável pelo estudo, Fabio Bentes. Hoje, ele acredita que essa projeção está prejudicada diante do pífio desempenho da atividade econômica esperado para o ano.

“Essa previsão vai derreter como todas as previsões de indicadores têm derretido. Seguramente não vamos ter crescimento no número de lojas e há o risco de que o ano termine com um número negativo”, diz Bentes.

O retrocesso do varejo é visível. Quem circula pelas principais ruas de comércio de São Paulo encontra várias lojas vagas, tanto em shoppings como no comércio de rua. Na rua Teodoro Sampaio, no bairro de Pinheiros, zona oeste da capital, por exemplo, há sequências de lojas fechadas em vários trechos.

Roberto Frias, diretor-superintendente da distrital de Pinheiros da Associação Comercial de São Paulo, diz que aumentou muito o número de lojas vagas nos corredores comerciais da sua região, depois da pequena recuperação que houve no ano passado. “O desempenho de 2018 foi febre em defunto”, brinca, pondo em xeque os resultados positivos alcançados até dezembro.

Bentes ressalta que todos os fatores condicionantes do consumo, como emprego, renda e juros ao consumidor estão evoluindo muito mal, o que reforça sua avaliação de que este será mais um ano perdido para a expansão do varejo. “Os números mostram que o varejo está indo para o ralo de novo e quem tinha planos de expansão deve estar engavetando”, diz.

O economista lembra que, no fim do ano passado, uma pesquisa com comerciantes feita pela CNC apontava que quase metade dos entrevistados pretendia abrir lojas ou ampliar as existentes. Hoje, esse indicador está abaixo de 40%.

Vestuário lidera fechamento de lojas

O estudo mostra que o segmento de vestuário e calçados foi o que mais fechou lojas no primeiro trimestre deste ano – quase 400 – e também foi o que mais demitiu trabalhadores, 65,7 mil pessoas, de um total de 101,4 mil funcionários no varejo como um todo.

“O segmento de vestuário é o mais democrático do varejo, tem tíquete médio para todos os bolsos”, afirma Bentes. Para ele, o fato de esse segmento ser o mais atingido revela a grande abrangência da crise.

Até as farmácias, que vinham resistindo à crise, sucumbiram no primeiro trimestre. Foram fechados 196 estabelecimentos no primeiro trimestre, número que supera o encerramento de pontos de venda de móveis e eletrodomésticos. Já os supermercados e hipermercados, que vendem itens de consumo básico, continuaram no azul e inauguraram 645 lojas entre janeiro e março.

 

Fatores que podem mexer com os mercados esta semana

O mercado financeiro encerrou a semana em um ambiente de humor mais positivo dos investidores, diferente do sentimento que permeou os negócios em seu início, com o dólar tendo disparado e ultrapassado os R$ 4,10 dias antes. A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou a sexta-feira em 93.627,80 pontos e valorização acumulada de 4,04% na semana. Já o dólar comercial foi cotado por R$ 4,016 na sexta-feira, com desvalorização de 2,09% no mesmo período.

A semana que começa, a última de maio, pode dar continuidade à expectativa positiva nos mercados diante dos sinais de avanço das reformas, principalmente a da Previdência Social, na Câmara. Não apenas essa, a da reforma administrativa, que prevê a redução, dentre outras medidas, do número de ministérios no governo Bolsonaro também caminhou, nos últimos dias, afastando o risco de que a medida provisória caducasse e tudo voltasse ao que era antes.

Apesar da melhor do clima e relaxamento da tensão política, investidores e mercado financeiro dirigem a expectativa à repercussão dos atos de apoio ao governo do presidente Bolsonaro, que aconteceram neste domingo em várias cidades. Em uma primeira avaliação, pelo número de participantes, o presidente não sai fortalecido da crise política e terá de articular uma base no Congresso para aprovação de medidas.

Esta semana promete mais emoções. Na quinta-feira, dia 30, está prevista outra manifestação de rua, desta vez contrária ao governo, sob o mesmo tema que motivou o ato de protesto anterior, há duas semanas, contra os cortes nas verbas às universidades federais, ainda que o governo tenha voltado atrás e aliviado parcialmente os cortes na educação.

Se os movimentos nas ruas podem adicionar novidades, acirrando a disputa política, a movimentação no Congresso sinaliza uma trégua na relação entre governo e deputados em torno de votação e aprovação das reformas econômicas. Isso depois que o próprio Congresso assumiu o papel de protagonista das principais propostas de reforma enviadas pelo governo. Paralelamente, por sua iniciativa, antecipou-se ao governo e deu largada aos debates para a aprovação de uma reforma tributária, para a simplificação da cobrança de impostos.

Esse protagonismo da Câmara, que dá sinais de ter assumido a rédea das votações sem as amarras das articulações com o governo, animou o mercado financeiro, com recuperação da bolsa de valores e interrupção da escalada do dólar, ainda que a cotação permaneça acima de R$ 4.

Apesar desse novo gás, o mercado financeiro permanece cauteloso, sem baixar a guarda. Ressabiados e escaldados, investidores querem ver acontecer para dobrar as apostas, diante das previsões de autoridades do governo. O ministro da Economia Paulo Guedes declarou, na quinta-feira, que a reforma previdenciária pode ser aprovada em até 60 dias e o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em menos tempo.

Um fator que pode atrapalhar essas previsões é o calendário. Junho é mês de festas juninas, eventos que tradicionalmente esvaziam o Congresso, porque deputados, principalmente nordestinos, aproveitam os eventos para ir ao encontro de suas bases eleitorais.

De todo modo, o que parece mais interessar aos investidores, por enquanto, é que a reforma previdenciária estaria aprumando de vez para a votação, sem aparentes danos significativos à economia prevista pelo governo nas contas públicas com sua aprovação – algo em torno de R$ 1,2 trilhão em dez anos.

O andamento da reforma da Previdência Social em ambiente político mais leve e menos dependente de articulação do governo, contudo, é apenas um dos focos de atenção. O mercado financeiro acompanha de perto também o cenário internacional, especialmente as idas e vindas das declarações do presidente americano Donald Trump em torno da disputa comercial dos Estados Unidos com a China.

Discursos que oram suavizam, ora acirram a tensão mercantil derivada do duelo comercial travado entre as duas maiores economias do mundo, sem perspectiva de desfecho rápido, com reflexos negativos nas economias dos demais países, sobretudo os considerados emergentes, dependentes de exportações de commodities para a China. Dentre eles o Brasil, grande fornecedor de minérios e grãos, que patina em recessão e, para alguns economistas, pode caminhar para uma depressão, um estágio de estagnação econômica piorado da recessão.

Por tudo isso, o cenário pode ter melhorado, mas as dúvidas e o impasse continuam, o que acena com a continuidade de instabilidade e turbulências no mercado financeiro, principalmente na bolsa de valores e dólar.

 

 

 

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS