Sexta-feira

TRIBUNA DO NORTE

Governo descarta pagar dívida de R$ 2,4 bilhões, mas nega que seja calote

O “Comitê de Gestão e Eficiência” do Governo publicou uma resolução na qual determina que as dívidas, contraídas pelo Estado até 31 de dezembro de 2018, não serão pagas com receitas de 2019. Assim, os fornecedores e prestadores de serviço só vão receber os pagamentos atrasados se o governo conseguir uma fonte extra de recursos. Isso significa que um débito que chega a R$ 2,4 bilhões ficou sem previsão de pagamento. Entre empresários, a resolução foi recebida como a “institucionalização de um calote”.

As Federações do Comércio (Fecomércio) e da Indústria (Fiern) divulgaram notas ontem nas quais criticam a decisão do governo. A Fecomércio apontou profunda preocupação, enquanto a Fiern defendeu a abertura de negociações.

A resolução do Comitê de Gestão do governo foi publicada no Diário Oficial. No documento, alega que a utilização de recursos deste ano para quitar tais dívidas poderiam “ocasionar paralisação das atividades operacionais e administrativas, uma vez que os fornecedores de produtos e serviços de 2019 somente teriam quitação dos seus pagamentos a partir de 2020”.

Os secretários estaduais também argumentam que esses débitos foram inscritos em “restos a pagar” em 31 de dezembro de 2018 sem que houvesse lastro financeiro para cobertura.

De acordo com a resolução, as receitas correntes de 2019 deverão ser utilizadas exclusivamente para o pagamento das “despesas de competência do atual exercício, quebrando a ordem cronológica de pagamento, determinada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). O governo afirma que a própria resolução do TCE admite exceções em caso de calamidade pública.

Assinaram a resolução os secretaria Raimundo Alves (Gabinete Civil), José Aldemir Freire (Planejamento e Finanças), Maria Virgínia Ferreira (Administração e Recursos Humanos), Carlos Eduardo Xavier (Tributação), Pedro Lopes (Controladoria), e Luiz Antônio Marinho da Silva (Procuradoria).

Segundo a resolução, os pagamentos em desacordo com a decisão do governo, a exemplo dos restos a pagar, despesas e indenizações também relativas a exercícios anteriores, só poderão ser efetuados após autorização do Comitê, “mediante justificativa plausível do ordenador de despesa primário relativo a necessidade do pagamento para manter regular a continuidade do serviço público”.

Além de atrasados com fornecedores, o governo do Estado também tem uma dívida com os servidores. O funcionalismo público do Estado enfrenta um atraso de quatro folhas de pagamento, referente a salários de 2017 e 2018. O atual governo pagou parte do atrasado do 13º salário de 2017 a quem ganha até R$ 12 mil e garantiu que o restante será pago na sexta-feira (28), inclusive os juros e a correção monetária, conforme determinação judicial.

Os servidores têm a receber, ainda, três folhas em atraso, o mês de novembro e dezembro de 2018 e também o 13º salário do ano passado. O governo diz que vai quitar os salários atrasados com recursos extras. O 13 salário de 2017 está sendo pago com recursos ordinários dos royalties do petróleo, cuja antecipação de receitas era tida como parte da quitação dos débitos, mas que acabou não sendo negociada junta aos bancos.

 

VALOR

Economia com reforma será de R$ 915 bi, aponta relatório

Com as mudanças feitas na proposta de reforma da Previdência do governo, o relator da matéria na Comissão Especial, Samuel Moreira (PSDB-SP), projeta ter uma economia de R$ 915 bilhões ao longo de dez anos. A economia esperada pela equipe econômica com proposta original era de R$ 1,2 trilhão.

 Pelos cálculos do relator, a economia projetada pode chegar a R$ 1,13 trilhão se for contabilizado, por exemplo, receita com a mudança na destinação do PIS/Pasep. O relatório zera os repasses da arrecadação do PIS/Pasep para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e destina à Previdência.

Pela proposta encaminhada pelo governo Bolsonaro ao Congresso Nacional, os repasses obrigatórios do PIS/Pasep para o banco seria reduzido de 40% para 28%. Agora, com o parecer do deputado Moreira, esses 28% seriam destinados para o financiamento da Previdência. Segundo técnico que trabalhou na elaboração do relatório, esses repasses obrigatórios acabam.

Moreira não detalhou o impacto de cada alteração que fez na proposta do governo. Ressaltou apenas que, com os valores arrecadados com PIS/Pasep, a economia total chega a R$ 1,13 trilhão. Em análise no Valor, Cláudia Safatle escreveu que os valores arrecadados com PIS/Pasep até agora eram usados para financiar investimentos. Com a mudança do parecer, irá para o pagamento dos gastos correntes com a Previdência Social. Equivale, assim, à família que vende a prataria para pagar o almoço. Imposto

O parecer prevê ainda o retorno da cobrança da alíquota de 20% da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), que foi cobrada até dezembro do ano passado das instituições financeiras. Neste ano, a alíquota havia retornado a 15%. Com a medida, em dez anos, a estimativa conservadora de arrecadação é de R$ 50 bilhões.

No parecer, Moreira lembra que a majoração da alíquota foi adotada em 2015 e ficou vigendo entre 2016 e 2018 e deixou de ser aplicada a partir de janeiro de 2019. “Considerando a necessidade imediata de recursos adicionais, a necessidade de adequar a tributação incidente sobre o setor a capacidade contributiva das instituições financeiras, bem como os efeitos neutros para o sistema tributário nacional da referida alteração, propõe-se retomar a alíquota vigente até dezembro de 2018”, diz o relatório.

Segundo o parecer, estimativas apontam redução da arrecadação de CSLL no montante de R$ 5 bilhões, no ano de 2019, decorrente do fim da cobrança da alíquota adicional. “Desta monta, uma estimativa conservadora aponta para o potencial arrecadatório de aproximadamente R$ 50 bilhões, em valores atuais, nos próximos 10 anos com a medida proposta neste substitutivo”, destaca o documento.

No parecer, o relator informa que no período recente, mesmo com a mais grave crise econômica da história do país, é observado crescimento dos lucros no setor financeiro, sendo que apenas entre 2017 e 2018 o aumento dos lucros dos 11 bancos foi de 17%, alcançando o montante de quase R$ 100 bilhões no ano de 2018. Entre 2015 e 2016, conforme relatório, a arrecadação de CSLL pelas instituições financeiras saiu de R$ 12,7 bilhões para R$ 18,5 bilhões em termos reais (aumento de 44%), elevando a representatividade deste tributo na arrecadação administrada pela Receita Federal.

 

ANÁLISE: Parecer afeta estratégia de Guedes para retomada da economia

A retirada do sistema de capitalização do texto da reforma da Previdência Social é um tiro de morte na proposta da “Nova Previdência”, idealizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que serviu de slogan ao governo Jair Bolsonaro em seus primeiros meses e era um dos fundamentos da estratégia de Guedes para a retomada da economia. Com o sistema de capitalização, o ministro desejava reduzir significativamente os custos de contratação da mão de obra, com o objetivo de facilitar a criação de novos empregos. Quando apresentou sua proposta, Guedes deixou claro que não queria apenas remendar o atual sistema previdenciário que está, em sua avaliação, fadado ao colapso.

 O ministro desejava criar um novo regime, que permitisse, ao mesmo tempo, garantir as aposentadorias dos trabalhadores que ingressarem no mercado de trabalho daqui para frente e criar condições para que os empresários contratassem as milhões de pessoas que estão desempregadas no país.

A “Nova Previdência” seria acompanhada por uma proposta de reforma tributária, que teria, como um de seus pilares, a criação de um novo tributo que iria substituir todas as contribuições previdenciárias que incidem sobre a folha de pagamentos das empresas. Com a desoneração completa da folha, a equipe econômica esperava estimular os empresários a gerar milhões de novos empregos.

O substitutivo da reforma apresentado nesta quinta-feira pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), relator da matéria, diz que o sistema de capitalização idealizado por Guedes e sua equipe não é um objetivo a ser perseguido neste momento. E foi além: proibiu novas desonerações da folha de pagamento, como as realizadas durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Os líderes partidários na Câmara admitem voltar a discutir a capitalização no futuro, em proposta de emenda constitucional própria. A promessa não é suficiente, no entanto, para garantir que a proposta seja votada ainda na atual legislatura. Se não foi agora, dificilmente será nos próximos três anos.

Como um “remendo” ao sistema atual, o substitutivo apresentado pelo relator Samuel Moreira permite um ganho fiscal bem maior, em valores nominais, do aquele que foi concedido pela comissão especial da Câmara dos Deputados, em 2017, à proposta de reforma da Previdência encaminhada pelo ex-presidente Michel Temer.

Com a proposta de emenda constitucional (PEC) 287/2016, Temer esperava um ganho fiscal de R$ 793 bilhões em dez anos. Com as mudanças feitas pelos deputados durante as discussões na Comissão Especial, o substitutivo apresentado reduziu a economia para R$ 604 bilhões. A PEC 06/2019 apresentada pelo presidente Bolsonaro previa uma economia de R$ 1,236 trilhão em dez anos. Pelas contas do deputado Samuel Moreira, divulgadas hoje, o ganho fiscal a ser obtido com o seu substitutivo será de R$ 913,4 bilhões.

Além disso, o substitutivo de Moreira eleva a CSLL sobre o lucro dos bancos e acaba com a destinação dos 40% de recursos do PIS/Pasep ao BNDES. Os recursos do PIS/Pasep que vão atualmente para o banco estatal serão transformados em receita da Previdência, se o substitutivo for aprovado. Isso, no entanto, não pode ser considerado como ganho fiscal da reforma, mas apenas como desvio de recursos de investimentos para o pagamento de despesas correntes.

 

Varejo tem forte retração em abril e sinaliza PIB ainda fraco no 2º tri

As vendas do varejo vieram abaixo do esperado em abril, após resultado também aquém do previsto para a produção industrial no mês. Com os resultados, é esperada queda para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em abril e já há economistas que não descartam uma nova retração do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre.

As vendas do varejo restrito recuaram 0,6% em abril, em relação a março com ajuste sazonal. Já o varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, ficou estável na comparação mensal. Ambos os resultados vieram piores do que o esperado pelos analistas (-0,2% e 0,3%, respectivamente, pela mediana do Valor Data).

Na comparação com abril de 2018, o varejo restrito teve alta de 1,7% e o ampliado subiu 3,1%. Dos dez ramos da atividade acompanhados na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), cinco registraram quedas na margem em abril. Os destaques negativos foram a retração de 1,8% nas vendas de supermercados - a terceira seguida para o segmento -, além das baixas de 8% e 5,5%, respectivamente, nas vendas de material para escritório e vestuário e calçados. Já os destaques positivos foram os avanços de 0,2% nas vendas de veículos, de 1,4% em material de construção e de 1,7% em móveis e eletrodomésticos.

No acumulado de 12 meses, o varejo dá sinais claros de perda de dinamismo. No conceito restrito, o setor desacelerou de um pico de 3,8% em março de 2018, para 2,3% em dezembro daquele ano e 1,4% em abril de 2019. Já o varejo ampliado foi de um pico de 7% em abril do ano passado, para 5% em dezembro e 3,5% no dado mais recente, pior resultado desde novembro de 2017.

"Com atividade econômica em baixa, alta capacidade ociosa e 13 milhões de desempregados, a massa de rendimento do trabalho não cresce de forma expressiva para impactar positivamente o consumo", afirma Isabella Nunes, gerente da coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As vendas de veículos, que têm sustentado o crescimento do varejo ampliado, também dão sinais de enfraquecimento, destacam os economistas da Boa Vista. No acumulado de 12 meses, as vendas do segmento têm perdido força ao longo deste início de ano, de 15,1% em dezembro, para 14,3% em janeiro e fevereiro, 12,7% em março e 10,6% em abril. "A recuperação da venda de carros é limitada pela queda da confiança e pela baixa capacidade de endividamento", afirmam os economistas do birô de crédito, em relatório.

"As concessões de crédito para aquisição de veículos vêm mostrando desaceleração, o que parece já ter impacto nas vendas do segmento", completam. O fraco resultado do varejo em abril vem depois de um desempenho também decepcionante da indústria no mês. A produção industrial cresceu apenas 0,3% na passagem de março para abril, com ajuste, abaixo do previsto.

Com as surpresas negativas, Flavio Serrano, economista-chefe do Haitong, tem viés de baixa para sua estimativa de queda de 0,1% do IBC-Br em abril, na margem, e já não descarta a possibilidade de uma nova retração no PIB do segundo trimestre. "Estamos esperando um PIB ligeiramente positivo, mas muito próximo de zero, algo como 0,1% ou 0,2%. Mas, se tivermos surpresas negativas em maio, eventualmente isso poderá trazer um número ligeiramente negativo no segundo trimestre", diz Serrano.

Já Luana Miranda, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), avalia que ainda é cedo para atribuir viés de baixa para as estimativas para o crescimento do PIB no segundo trimestre e no ano, mesmo diante da projeção de nova retração do IBC-Br em abril. Apesar da surpresa negativa com o resultado das vendas do varejo na comparação mensal, a economista destaca que a comparação anual teve desempenho positivo, especialmente se considerado que abril do ano passado foi marcado por um forte desempenho da atividade em geral. Esse resultado é o que mais importa para a estimativa do PIB, afirma.

"Na nossa opinião, ainda é cedo para dizer, por exemplo, que o PIB vai crescer menos de 1% neste ano", diz Luana. "Só faremos grandes revisões a partir do resultado de junho, se for o caso. Por enquanto, nosso número para o PIB segue em 1,2% no ano, 1% no segundo trimestre na comparação interanual e 0,4% em relação ao primeiro trimestre."

Para o IBC-Br de abril, a projeção preliminar do Ibre-FGV é de queda de 0,6% em relação a abril do ano passado e recuo de 0,4% em relação a março, com ajuste. José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Fator, acredita que o setor de serviços deve acompanhar a tendência do varejo e desacelerar no acumulado de 12 meses até abril - o resultado será divulgado hoje pelo IBGE.

O economista acrescenta que, com os dados disponíveis até o momento, espera que a indústria registre nova queda em maio. Safra, MCM Consultores e Bradesco também projetam preliminarmente recuo para a produção industrial em maio, na margem, considerando os dados de confiança da indústria, produção de veículos e fluxo nas rodovias. Assim, as notícias negativas sobre a atividade no segundo trimestre vão se acumulando.

 

Corte da Selic em 2019 torna-se cenário predominante no mercado

Uma nova rodada de redução da Selic em 2019 entrou de vez no cenário dos economistas. Pesquisa com economistas realizada pelo Valor mostra que o percentual dos que esperam corte da taxa básica de juros no segundo semestre praticamente dobrou em relação ao levantamento anterior. Muitas variáveis começam a jogar a favor da flexibilização monetária neste ano, passando pela atividade fraca, inflação caminhando para ficar abaixo da meta, ambiente político melhor e até mesmo pelo panorama internacional.

Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir e anuncia sua decisão de juros na quarta-feira. O consenso é de manutenção da Selic em 6,5% ao ano, mas a leitura de boa parte dos profissionais é que um corte está cada vez mais próximo de se concretizar. De 63 economistas ouvidos pelo Valor, 38 esperam corte de juros neste ano, o que representa 60% do total.

O número evidencia uma grande mudança nas projeções do mercado, uma vez que no mesmo levantamento feito às vésperas da última reunião do Copom, em maio, apenas um terço da amostragem tinha a flexibilização monetária como cenário base.

Evandro Buccini, economista-chefe da Rio Bravo, resume bem o que entrou de vez no radar dos especialistas e o levou a ajustar as suas projeções: é uma combinação de contração do PIB do primeiro trimestre, frustração com a atividade em abril, surpresas negativas de inflação, política monetária americana mais estimulativa e a maior probabilidade de aprovação da reforma da Previdência.

Os números do PIB do primeiro trimestre, divulgados no fim de maio, confirmaram a expectativa do mercado de queda de 0,2% na atividade. E os dados que saíram na sequência reiteraram o cenário de economia muito anêmica: indicadores da indústria e vendas no varejo ficaram abaixo do esperado e decepcionaram os especialistas.

A fraqueza da economia sugere que a diferença entre o PIB real e o PIB potencial, conhecido como hiato do produto, pode estar maior do que o imaginado e, portanto, a economia precisa receber mais estímulos. “Temos a percepção de que o Banco Central pode começar a perceber o hiato maior em seus filtros”, analisa Alexandre Azara, economista-chefe da Mauá Capital. A inflação também começa a abrir espaço para o corte de juros.

O IPCA se desvencilhou da pressão de alguns choques pontuais, como os preços de alimentos e combustíveis, e voltou a mostrar uma trajetória muito tranquila. Em maio, o avanço do índice foi de apenas 0,13% e há alguma expectativa de deflação em junho. E o mercado aposta, inclusive, que os números ficarão abaixo da meta nos próximos anos.

A inflação projetada nos títulos públicos, por exemplo, está em 3,14% para 2020, 3,55% para 2021 e em 3,71% para 2022. “Alteramos o nosso cenário por constatarmos um hiato do produto mais aberto e a percepção de que a inflação deve mostrar um comportamento muito benigno nos próximos meses”, diz Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.

O profissional espera que o IPCA fechará o ano em 3,68%. “O ambiente inflacionário confortável deve influenciar as projeções para 2020, que devem recuar abaixo do centro da meta de 4% prevista para o próximo ano”, acrescenta. Com a atividade econômica fraca e projeções de inflação caminhando para ficar abaixo da meta de 2020, aumenta a aposta de que o BC volte a estimular a economia, com o objetivo de trazer as expectativas de inflação para o centro da meta do próximo ano.

No caso da Mapfre Investimentos, que agora projeta estabilidade da taxa básica de juros por mais tempo, o cenário internacional foi o fator determinante. “Nossa expectativa foi alterada por conta da mudança da perspectiva de política monetária americana”, diz Luis Afonso Lima, economista-chefe da Mapfre Investimentos.

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed), banco central americano, começaram a admitir a possibilidade de flexibilização da política monetária dos Estados Unidos para sustentar a expansão econômica do país. Já o Banco Central Europeu (BCE) tem reiterado plano de manter juros baixos por mais tempo e iniciar um novo programa de estímulos à economia. Outros bancos centrais, como do Chile, Índia e Austrália, estão em processo de corte do juro básico.

“O cenário externo aponta para uma desaceleração maior do crescimento global, inclusive dos EUA, que deve ser acompanhada por queda nos juros das principais economias, diante da menor pressão inflacionária”, diz Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset. A crença no corte se fortaleceu de tal maneira que começam a surgir as primeiras avaliações de que o Banco Central poderia mudar a comunicação e sinalizar que deve seguir por este caminho. É o caso do economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato.

Na sua visão, o Copom deve mudar a sua avaliação do balanço de riscos e indicar mais chances de queda da inflação. Anna Reis, economista-chefe da GAP, vai na mesma linha: “Acreditamos que há chance de o Copom sinalizar que o balanço de riscos para a inflação se tornou assimétrico para baixo”.

A melhora recente do ambiente político também é responsável pela aposta mais intensa neste cenário entre os economistas. Mas é unanimidade entre os especialistas que a decisão do corte não será tomada pelo Banco Central sem um forte indício de que a reforma da Previdência será aprovada.

A maioria dos profissionais consultados pelo Valor acredita que, somente depois do recesso parlamentar, a reforma da Previdência será votada em primeiro turno na Câmara. Essa é a leitura de 43 especialistas do total de 63 — outros 18 analistas esperam que a votação ocorra antes da parada parlamentar e dois não responderam.

Além disso, 44 entrevistados trabalham com cenário de que a reforma trará economia fiscal de R$ 700 bilhões a R$ 900 bilhões em dez anos. Já um grupo de 17 analistas prevê uma poupança menor no intervalo de R$ 500 bilhões a R$ 699 bilhões. A consulta foi realizada entre segunda-feira e o início da tarde de ontem. O parecer do relator Samuel Moreira divulgado ontem na comissão especial estima economia em dez anos de R$ 915 bilhões.

 

FOLHA

Bancos freiam alta da Bolsa com relatório da Previdência

Mesmo com um relatório da reforma da Previdência que superou as expectativas do mercado, a Bolsa brasileira não teve fôlego para alcançar os 100 mil pontos. Pelo segundo pregão seguido, o Ibovespa fechou no patamar de 98 mil pontos.

Apesar da maior parte das companhias registrar alta nesta quinta-feira (13) , o índice teve sua valorização freada pela forte queda dos bancos. Para compensar os pontos retirados da reforma, o relator Samuel Moreira (PSDB-SP) propôs um aumento na tributação sobre as instituições financeiras para elevar as receitas do sistema de pagamento de aposentadorias e pensões.

A ideia é elevar, de 15% para 20%, a alíquota sobre a CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) de bancos.

Com o aumento do tributo, o impacto fiscal total de R$ 1,13 trilhão em dez anos, considerando medidas de aumento de receitas propostas pelo relator, Samuel Moreira (PSDB-SP).

A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) endurece regras de aposentadorias e pensões e elevação de receitas para a Previdência, como a majoração de tributos sobre bancos. Essa parte da proposta representa uma economia de R$ 913,4 bilhões em dez anos.

Os outros R$ 217 bilhões viriam do aumento de arrecadação para a Previdência com o fim da transferência de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

"Este relatório foi melhor do que esperávamos, com boas regras de transição. A nossa expectativa era de uma economia de R$ 700 bilhões ao final da tramitação e talvez tenhamos que revisar este número para cima. Agora, o mercado vê que a reforma é uma realidade, que vai passar e vai ser boa”, afirma Victor Cândido, economista-chefe da Guide Investimentos.

Com a proposta de aumento do CSLL, as ações do Itaú tiveram uma das maiores quedas da Bolsa brasileira, com recuo de 1,79%, a R$ 33,98. As ações ordinárias e preferenciais do Bradesco cederam 1%, a R$ 32,44 e R$ 36,19, respectivamente. Banco do Brasil recuou 1,58%, a R$ 51,43 e Santander, 1,33%, a R$ 43,52.

A queda do setor limitou a alta do Ibovespa em 0,46%, a 98.773 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,6 bilhões, acima da média diária para o ano. As companhias de maior peso no índice, Petrobras e Vale, registraram alta com a valorização de commodities no exterior.

Após supostos ataques a dois petroleiros no Golfo de Omã, perto do Irã e do Estreito de Hormuz, por onde passa um quinto do consumo global de petróleo, o barril do Brent teve alta de 2,27%, a US$ 61,33.

As ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras subiram 1,22%, a R$ 27,18. As ordinárias (com direito a voto), 1,35%, a R$ 29,91.

A Vale teve alta de 0,69%, a R$ 51,85 com valorização de 3% do minério de ferro na China.

Com a nova investida pela Netshoes, as ações da Magazine Luiza subiram 3,2%, a R$ 209,6. A Netshoes teve alta de 10,47% na Bolsa de Nova York, a R$ 3,80, máxima do ano. Na véspera, as ações da companhia subiram 13,16%.

Ações da JBS foram a maior perda desta sessão, com recuo de 2,62%, a R$ 21,55. Apesar da liberação da exportação de carne bovina para a China, o banco JP Morgan abaixou a recomendação sobre a companhia para neutra.

A cotação do dólar teve queda de 0,38%, a R$ 3,855. Dentre as moedas emergentes, o real foi a que mais se valorizou nesta quinta, com alta de 0,13% na base de comparação em dólares.

O risco-país de dez anos medido pelo CDS (Credit Default Swap) recuou 0,6%, a US$ 251,236, menor patamar desde 21 de março, período de otimismo em que a Bolsa alcançou os 100 mil pontos durante o pregão.

O contrato futuro de juros referente a agosto recuou de 6,38% a 6,356%. O contrato de janeiro de 2020 caiu de 6,17% para 6,08%.

No exterior, o viés foi positivo. Investidores aguardam o encontro do presidente americano Donald Trump e do presidente chinês Xi Jinping na cúpula do G20 no fim do mês e um possível corte na taxa de juros.

Os índices americanos Dow Jones e S&P 500 subiram 0,4%, enquanto Nasdaq acumulou 0,57% de alta. Frankfurt teve 0,44% de ganhos e Londes e Paris se mantiveram estáveis.

 

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