Sexta-feira

ESTADÃO

‘Não se pode chegar lá e tirar os recursos’, diz presidente da CBIC

Com o apoio do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a indústria da construção conseguiu adiar o anúncio da liberação das contas do FGTS.

O setor foi pego desprevenido porque um dia antes da divulgação pelo Estadão/Broadcast dos detalhes da proposta, havia discutido com o ministro a ampliação do uso do FGTS como fonte para financiamentos para as áreas de habitação, saneamento básico e infraestrutura como estratégia para a agenda do governo após a aprovação da reforma da Previdência.

O orçamento de 2019 do fundo foi revisto nesta semana e não havia a previsão do impacto da liberação das contas do fundo. A proposta previa R$ 54,9 bilhões para habitação popular, R$ 4 bilhões para saneamento, R$ 5 bilhões para infraestrutura e mais R$ 2,1 bilhões para operações fora do Minha Casa, como o Pró-cotista.

Lorenzoni foi o responsável por anunciar o adiamento da medida esperada pelos trabalhadores. A ideia inicial era que a liberação do FGTS fizesse parte da cerimônia de 200 dias do governo Bolsonaro, nesta quinta-feira.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, avaliou que o adiamento pelo governo do anúncio de medidas para o saque de contas do FGTS foi “de muito bom senso”. O executivo negou ter solicitado à equipe econômica adiar a liberação de recursos do fundo.

Martins demonstrou preocupação com a possibilidade de liberação de cerca de R$ 42 bilhões, como foi confirmado pelo próprio ministro da Economia, Paulo Guedes. Na quarta-feira, porém, o governo revisou os cálculos para algo em torno de R$ 30 bilhões.

“Ainda não vi simulações suficientes para saques dessa magnitude. É preciso ter cautela, serenidade. Não se pode simplesmente chegar lá e tirar os recursos do fundo”, avaliou o executivo após solenidade que marcou os 200 dias do governo , no Palácio do Planalto.

Apesar disso, Martins disse ter confiança de que o governo não tomará medidas que afetem o uso do FGTS como fonte para os financiamentos imobiliários a juros mais baixos. Ele lembrou que, no ano passado, foram sacados R$ 111 bilhões do FGTS, o que já colocaria em risco o encaixe para os financiamentos de imóveis a partir de 2021.

Caixa d’água

Para o presidente da CBIC, o governo teria de apresentar medidas de compensação junto da proposta de saques do fundo. “É como uma caixa d'água. Se você abre uma torneira, é preciso fechar outra ou colocar mais água. Não acredito que o governo vai tirar dinheiro dos investimentos para jogar no consumo”, avaliou.

Lorenzoni garantiu que a fonte de recursos para os empréstimos imobiliários e para o Minha Casa, Minha Vida vai ser preservada. “Não vai haver nenhum prejuízo às fontes de financiamento de construção de casas populares”, disse. De acordo com ele, as equipes técnicas do Ministério da Economia ainda trabalham em cima dos ajustes necessários para a liberação dos saques. “Não era para vazar”, admitiu.

Martins voltou a defender uma revisão na fórmula de rendimento dos recursos do FGTS. Segundo ele, a atual remuneração do fundo está defasada, gerando distorções que precisam ser atacadas. “Mas ninguém no governo conversou sobre isso comigo até agora”, concluiu.

No ano passado, a distribuição de resultados do FGTS de 2017 elevou a rentabilidade das contas do fundo de 3,8% ao ano (3% + TR) para 5,59% ao ano.

 

O GLOBO

Caixa quer novo modelo de crédito imobiliário com taxa menor que a cobrada em habitação popular

A Caixa Econômica Federal vai anunciar, na semana que vem, uma nova modalidade de financiamento habitacional , que altera a estrutura do crédito imobiliário no país, cuja base é a Taxa Referencial ( TR ), atualmente zerada. Na nova modalidade, a TR será substituída pelo índice oficial de inflação, o IPCA , mais uma taxa que deve ficar entre 3% e 4% ao ano, conforme antecipado pela Folha de S.Paulo. Além disso, os recursos virão do mercado.

Como a inflação hoje é de 3,37% (dado de junho, em 12 meses), a taxa para o tomador poderá ficar entre 6,4% e 7,4% ao ano. São percentuais inferiores aos cobrados no programa Minha Casa Minha Vida, nas faixas de maior renda.

Os detalhes ainda estão sendo fechados, mas o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, defende que a nova modalidade trará o menor percentual possível para os mutuários. Atualmente, as taxas mais em conta do empréstimo da casa própria variam entre 8,5% e 9,75% ao ano. No Minha Casa Minha Vida, variam entre 5% a 8,47% ao ano.

Sem recursos públicos

Não haverá dinheiro público nas novas operações. Os recursos virão do mercado, via emissão de Letra Imobiliária Garantida (LIG). Isento de imposto, este papel rende o equivalente a um título do Tesouro Direto (NTN-B) de longo prazo, também corrigido pela inflação mais juros semestrais, algo em torno de 3%. A Caixa quer usar a liderança no setor para captar recursos com um custo menor e, assim, reduzir um pouco mais suas taxas.

O objetivo é ser uma alternativa às fontes tradicionais de financiamento, como a poupança e o FGTS, com a vantagem de que os recursos são ilimitados e poderão ser acessados por todos os tipos de tomadores. Além disso, a Caixa teria a possibilidade de securitizar, isto é, oferecer ao mercado, as novas carteiras. Hoje, com a TR, não há interesse dos investidores.

— Quando a economia começar a reagir, o mercado não ficará preso às piscinas tradicionais, como poupança e FGTS, que têm orçamento limitado — diz o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Antônio França.

Ele lembra que, há alguns anos, houve escassez de recursos para o crédito imobiliário porque os saques da poupança cresceram muito. Foi preciso criar uma linha especial no FGTS, a fim de não paralisar os empréstimos para a classe média.

Para o consultor José Urbano Duarte, a nova modalidade tem potencial para mudar a estrutura do mercado de crédito imobiliário. Segundo ele, isso permitiria ciclos de retorno de financiamento mais curtos para os bancos. Além disso, a investida da Caixa poderá estimular outras instituições financeiras a fazerem o mesmo.

Duarte explica que o mercado tem apetite pelo recebível atrelado ao IPCA e, com a venda das carteiras, será possível antecipar o fluxo de 20 anos para dois ou três, retornando então para novos empréstimos. Em 2018, foram financiadas 670 mil unidades, somando R$ 104 bilhões. A estimativa do setor é que, com a nova modalidade, será possível dobrar a quantidade de moradias, sobretudo nos grandes centros urbanos.

Sérgio Cano, professor do MBA de gestão de negócios e incorporação imobiliária da FGV, defende a substituição da TR por uma taxa de mercado, como a inflação:

— Usar a TR restringe o crédito no mercado imobiliário, porque muitas empresas e fundos que poderiam estar injetando recursos neste setor não o fazem. O momento é propício, com a inflação sob controle e tendência de queda das taxas de juros. A medida pode aumentar a concorrência e ampliar a oferta de crédito, o que pode baixar os juros.

Risco da inflação

Há o risco, no entanto, de que um salto na inflação pressione o saldo devedor, sobretudo nos primeiros anos. Mesmo assim, a princípio, não se estuda criar um mecanismo de ajuste dos contratos para contornar esse problema, com o argumento de que os salários dos trabalhadores costumam ser corrigidos pela inflação.

Para Cano, da FGV, um pico inflacionário provocará “aumento significativo do custo do dinheiro para todos, e a TR também subirá.”

Outra justificativa é que não existe nenhuma trava em outros países com economia estável e que buscam dinheiro no mercado por meio de papéis corrigidos pela inflação.

 

VALOR

Valor de mercado de empresas na bolsa ultrapassa R$ 4 trilhões pela 1ª vez

O valor de mercado das ações de empresas negociadas na bolsa de valores brasileira, a B3, bateu, pela primeira vez, a marca de R$ 4 trilhões esta semana. No fechamento da quarta-feira, dado mais recente divulgado, as 332 empresas que têm papéis listadas na bolsa valiam R$ 4,166 trilhões, quase 30% maior do que em julho de 2018 e o dobro de maio de 2016.

O alcance dessa marca se explica por dois motivos. O principal é a própria alta do preço das ações. Só o Ibovespa, principal índice, composto por 66 papéis das empresas mais relevantes do mercado, já subiu 19,15% em 2019 e 35,36% nos últimos 12 meses, até o fechamento desta quinta-feira.

O segundo motivo, de peso menor, é a realização de emissões primárias de ações, que atraem dinheiro novo para o mercado — no primeiro semestre deste ano, foram cerca de R$ 8 bilhões, segundo dados da Anbima — e a listagem de novas empresas (mesmo quando sem captação de recursos), como o caso recente de Neoenergia, que sozinha agregou R$ 21 bilhões para essa conta.

PIB x Bolsa

Mas apesar de a bolsa ter batido esse recorde de capitalização de mercado, quando se analise a cifra como percentual do PIB (Produto Interno Bruto) a relação ainda é de 56%.

No antigo ápice do do mercado de capitais brasileiro, lá em maio de 2008, a relação entre o valor de mercado das empresas na bolsa e o PIB da época havia atingido 90%, o verdadeiro recorde histórico. Como disse ontem por aqui no Valor Investe, o Ibovespa pode até estar batendo seu recorde nominal, em pontos (quase 106 mil pontos), mas quando se analisa o indicador em dólar e ajustado pela inflação, o melhor momento desse mercado foi mesmo em 2008.

Brasil X Mundo

Na comparação internacional a bolsa brasileira tampouco está tão pujante quanto pode parecer. Os dados mais recentes do Banco Mundial sobre este tema, de 2018, mostram que o em países desenvolvidos como Reino Unido (64%), França (85%), Estados Unidos (148%) e Suíça (204,3%) a relação entre capitalização de mercado e PIB é bem maior do que a existente por aqui.

Mesmo países em desenvolvimento como Chile (84%), a Índia (76%) e a África do Sul ( 236%) estão bem à frente do Brasil neste quesito. Por outro lado, nosso mercado de capitais tem proporcionalmente mais peso que o de Portugal (26 %), México (31,5%), Turquia (19,5%) e mesmo da China (46,5%), para citar alguns exemplos.

 

Trabalhador poderá optar por saque anual do FGTS ou logo após demissão

O trabalhador poderá optar entre ter o direito ao saque anual de parte do seu FGTS na data de seu aniversário e o de sacar seus recursos em caso de demissão sem justa causa, informou uma fonte da área econômica ao Valor. Até ontem, não se conhecia essa possibilidade de opção entre as propostas que continuam em estudo na área econômica. Sem a hipótese de escolha, a situação para quem ficasse desempregado poderia se complicar, pois o dinheiro ficaria represado no momento de maior necessidade.

A fonte explicou que, se optar pelo saque anual, ao ser demitido o trabalhador receberia a multa de 40% e consumiria o saldo remanescente da conta ao longo do tempo, sacando sempre na data do aniversário. As medidas do FGTS estavam sendo costuradas para serem anunciadas nesta semana, mas ontem o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, se antecipou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e disse que ficarão para a semana que vem.

Um dos pontos que ainda estavam sendo resolvidos é como fazer uma regra que atinja todos os trabalhadores neste ano. Como já foi metade do ano, a ideia de permitir saque na data de aniversário não atingiria grande parte da população.

Os técnicos testam hipóteses para superar essa questão, como a liberação de até R$ 3 mil para quem já fez aniversário, deixando uma regra de porcentual de saldo da conta para quem ainda não fez. Ou a liberação de um limite igual para todo mundo, deixando a hipótese de saque no aniversário valendo somente a partir do ano que vem, como política permanente.

A intenção é fazer uma injeção da ordem de R$ 30 bilhões neste ano com a liberação do fundo, dando um impulso extra para a economia, cujo crescimento projetado para 2019 pelo próprio governo está abaixo de 1%.

O anúncio de uma política mais permanente para o FGTS também tem a intenção de mitigar críticas de que o governo estaria sucumbindo à necessidade de políticas também pelo lado da demanda por causa da letargia econômica. A ideia é mostrar que o governo vai buscar melhorar a alocação de recursos na economia e dar mais liberdade ao trabalhador para que ele use seu dinheiro como achar melhor.

Diante das pressões abertas pelo setor de construção, fontes do governo têm buscado enfatizar em suas conversas que o FGTS não será esvaziado como fonte de financiamento para o setor habitacional. Mas, se o trabalhador puder buscar opções mais rentáveis para seu saldo lá depositado, duas consequências são possíveis: a redução de recursos, se houver a possibilidade de direcionamento para aplicações financeiras não relacionadas ao setor imobiliário, ou encarecimento do crédito para o segmento, já que a remuneração baixa do fundo é o espelho do financiamento mais em conta pelo FGTS.

No fim da tarde de ontem, Onyx voltou a falar de FGTS. Prometeu que o anúncio dessa medida será na próxima quarta-feira. Segundo ele, o governo só antecipou o tema porque "vazou para a imprensa" e disse que a medida está sendo finalizada. Enquanto o governo discute como será feita a liberação dos recursos do FGTS, a Caixa, operadora do fundo, estuda como viabilizar os saques.

Segundo fonte próxima ao banco, será montada uma operação de guerra para atender a demanda, o que provavelmente implicará a abertura das agências inclusive nos fins de semana. Colocar a operação em pé não será rápido, diz esse interlocutor, diante da complexidade do processo e da quantidade de contas.

 

Bancos retomam financiamento às incorporadoras de imóveis

Os grandes bancos brasileiros retomaram os financiamentos à construção civil, diante da perspectiva de que o setor vai entrar em um novo ciclo de crescimento após quatro anos de retração. O interesse das instituições financeiras se nota não apenas na maior oferta de crédito.

Os preparativos também incluem o lançamento de novos formatos de financiamento, reforço nas equipes dedicadas à área e maior disposição para equacionar dívidas que as incorporadoras deixaram de pagar durante a crise. Os financiamentos às construtoras realizados com funding da poupança somam R$ 6,8 bilhões até maio, um salto de 79,6% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o mercado ainda estava muito fraco.

Os dados são da Abecip, associação das instituições financeiras que atuam no setor. As informações referentes a junho serão conhecidas na próxima semana. Se o ritmo for mantido, este será o melhor ano para o mercado desde 2015 - quando as incorporadoras começaram a sentir o impacto dos distratos em massa e os bancos, por consequência, recuaram nos financiamentos.

"A palavra 'aquecida' está distante da realidade ainda, mas a recuperação do mercado está ocorrendo, e a cadeia está pronta", afirma o vice-presidente de habitação da Caixa, Jair Mahl. Sinais de melhora nos estoques das incorporadoras, juros mais baixos, a aprovação da lei dos distratos e maior concorrência entre os bancos impulsionam a modalidade.

O setor também se antecipa ao ciclo positivo para a construção que virá com novos cortes na Selic. Cada redução de 1 ponto percentual na taxa básica inclui mais 200 mil famílias no crédito imobiliário, segundo cálculo do Bradesco. "Passamos por uma crise profunda, com um boom de distratos e estoques altos. Agora, é a retomada do ciclo", afirma o diretor de crédito imobiliário do Bradesco, Romero de Albuquerque.

Para se preparar, o banco montou um escritórios especializados e, desde o ano passado, promove eventos com imobiliárias e incorporadoras. O Itaú BBA, que estava bastante restritivo no setor, estuda ampliar a estrutura de atendimento especializado a incorporadoras. O Valor apurou que o banco trabalha, em 2019, com um crescimento de 15% a 18% nessa carteira, que encolheu nos últimos anos.

Segundo dados da Abecip, a instituição liberou R$ 868,9 milhões entre janeiro e maio, quatro vezes mais que no mesmo período do ano passado. "O Itaú retomou de maneira relevante o apetite no setor, mas com foco em incorporadoras que têm boa governança", diz André Gailey, diretor comercial de corporate e imobiliário do Itaú BBA.

O Santander, por sua vez, criou neste ano o cargo de superintendente de negócios imobiliários para pessoa jurídica - ocupado por Robson Bhering, que faz par com a área de atendimento a pessoas físicas. "É um mercado estratégico para o banco, ainda mais num momento de queda da taxa de juros", diz o executivo. A demanda por crédito imobiliário começou a dar os primeiros sinais de melhora no ano passado.

Porém, naquele momento os bancos estavam ainda muito seletivos, fazendo com que uma parcela maior das obras fosse financiada com recursos próprios das empresas ou no mercado de capitais. Nas instituições financeiras, o financiamento a pessoas jurídicas voltou a se intensificar neste ano, mesmo com o desempenho frustrante da economia. Com os estoques começando a se normalizar nas principais praças, os lançamentos vêm sendo retomados, o que leva as empresas a buscar mais recursos.

As prévias de resultados operacionais das incorporadoras confirmam a trajetória recuperação. Dados divulgados por Cyrela, Direcional Engenharia, Even Construtora e Incorporadora, EZTec, MRV Engenharia e Tenda mostram que, no segundo trimestre, foram lançados empreendimentos com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 5,11 bilhões, volume 44,5% superior ao do mesmo período do ano passado. Não que haja uma corrida para colocar projetos no mercado.

A base de comparação é fraca. Por isso, trata-se de uma retomada moderada e de um mercado com volumes muito inferiores aos do recorde visto entre 2011 e 2014. "O mercado chegou a um ponto de inflexão, mas num patamar ainda muito baixo", diz Michel Chain, superintendente de produtos do Itaú BBA.

 "A retomada está concentrada nas grandes metrópoles e onde o estoque é menor." Além da melhora no ambiente de negócios, há outro fator importante por trás da expansão do crédito. A Caixa, principal agente financeiro do setor, voltou com força à modalidade, depois de ter passado os dois últimos anos pouco atuante nas operações com funding da poupança (SBPE).

"É uma decisão da Caixa ser o banco da habitação e reassumir sua posição de mercado também no SPBE. A gente não quer ser só o banco do Minha Casa Minha Vida [MCMV]", ressalta Mahl. O banco estatal financiou R$ 2,2 bilhões na construção com recursos do SPBE até maio, frente a pouco menos de R$ 1,4 bilhão no mesmo período do ano passado.

A recuperação da Caixa aumentou a pressão competitiva sobre os demais bancos, que veem como natural que a instituição volte à liderança nas operações com pessoas jurídicas e pessoas físicas neste ano. A crise que atingiu duramente o setor imobiliário, no entanto, deixou aprendizados. Hoje, os bancos têm preferência por empreendimentos menores e procuram entender melhor o projeto que vão financiar. "O risco do incorporador é importante, mas o risco do projeto também é", afirma Bhering, do Santander.

O Bradesco passou a controlar mais de perto os recebíveis das construtoras na fase em elas financiam o comprador do imóvel. "O banco tem aprimorado os controles para saber se o cliente está adimplente antes de ele receber as chaves", diz Albuquerque. As instituições financeiras também começam a oferecer novas modalidades de financiamento.

O tradicional Plano Empresário - em que os bancos financiam até 80% da obra e vão liberando os recursos à incorporadora conforme o empreendimento é construído - continua sendo o carro-chefe. Porém, agora ele convive com o financiamento na planta, em que o banco dá crédito à pessoa física no momento em que ela compra o imóvel, e não apenas quando pega as chaves, o que reduz a necessidade de funding da construtora.

Na Caixa, o modelo - chamado de "apoio à produção" - é responsável pelo maior volume de operações no banco neste ano, segundo Mahl. A modalidade é comum nas obras do MCMV, financiadas com recursos do FGTS, e já era usada em menor escala nos contratos do SBPE. Agora, o banco está intensificando o uso nos empreendimentos com funding da poupança.

O Santander lançou um piloto para financiar imóveis residenciais na planta em parceria com a MRV, lembra Bhering. O Itaú estuda a questão e o Bradesco deve testar o mercado em 2020. "A desvantagem do financiamento na planta é que você deixa de ter o histórico de pagamento do cliente para a construtora. A análise de crédito é diferente", diz Albuquerque.

Enquanto se posicionam para crescer, os bancos estão mais dispostos a resolver os problemas do passado. Empresários endividados com empreendimentos prontos, mas não comercializados, têm conseguido renegociar os contratos de financiamento. Há uma boa razão: as instituições financeiras têm um estoque de imóveis retomados durante a crise que ultrapassa R$ 18 bilhões, e preferem não aumentar essa cifra. "Em alguns casos, as instituições financeiras estão tirando da conta multas e o juro de mora, além de conceder uma carência maior", diz o advogado Alberto Mattos de Souza, do escritório Penachio, Moroni Câmara, Mattos e Fittipaldi.

Segundo ele, há situações em que os bancos optam por estruturas que mantêm a incorporadora engajada nas vendas. Sem revelar nomes, Souza diz que, numa renegociação, o credor aceitou que a companhia ficasse com 15% da receita de comercialização.

 

Fed sinaliza corte mais agressivo nos juros e mercados reagem

Faltando menos de dois dias para o início do período de silêncio do Federal Reserve (Fed) que antecede sua próxima reunião de política monetária, novos comentários de integrantes do banco central americano voltaram a alimentar a expectativa de corte na taxa de juros. A reunião do Fed está marcada para os próximos dias 30 e 31.

De uma forma que pareceu ser quase coordenada, John Williams, do Fed de Nova York, e Robert Clarida, vice-presidente do Federal Reserve, fizeram comentários que não só fortaleceram a expectativa de que haverá corte nos juros na próxima reunião: o mercado elevou as apostas em uma redução mais agressiva, de 0,50 ponto percentual, na taxa.

Os índices acionários americanos, que vinham sendo pressionados na sessão por alguns balanços corporativos fracos, viraram para terreno positivo logo após as falas dos executivos do Fed. No fim da sessão, o S&P 500 registrava alta de 0,36%, aos 2.995,11 pontos, enquanto o Nasdaq subiu 0,27%, a 8.207,24 pontos.

O Dow Jones, por sua vez, fechou praticamente estável, em leve alta de 0,01%, a 27.222,97 pontos. A sinalização dos dois integrantes do BC americano teve reflexos diretos no mercado futuro de juros. De acordo com os futuros dos Fed Funds, a probabilidade implícita de um corte de 0,50 ponto percentual chegou a tocar os 71% na tarde ontem, antes de recuar um pouco, a 69%, por volta do fechamento em Nova York.

Na quarta-feira, essa expectativa de 0,50 ponto projetada nos contratos estava em 34,3%, de acordo com dados do CME Group. Em outras palavras: cresceu bastante o número dos que projetam redução da taxa em 0,50 ponto, contra o 0,25 ponto que dominava até pouco as apostas. Williams afirmou ontem que "é preciso tomar medidas imediatas quando confrontado com condições econômicas adversas" e "manter as taxas de juros mais baixas por mais tempo".

Os sinais dados por Williams foram reforçados algumas horas depois por Clarida, que disse em entrevista à Fox Business que "você não quer esperar até que os dados piorem decisivamente para agir, se você puder evitar". Clarida disse também que a economia ainda parece saudável, mas a pressão inflacionária diminuiu nos últimos meses. Os títulos soberanos americanos também tiveram uma forte reação à mudança nas expectativas em torno da taxa referencial de juros do Fed.

O juro da T-note de dois anos recuou seis pontos-base, a 1,77%, enquanto o dos papéis de três meses recuou a 2,05%, de 2,14% do fechamento anterior. O rendimento do papel de dez anos, por sua vez, recuou dois pontos-base, para 2,04%.

No começo da sessão, balanços corporativos fracos pressionavam os índices em Wall Street. As ações da Netflix fecharam em queda de 10,27% em resposta à baixa no número de assinantes, apontada em seu balanço trimestral. O serviço de streaming perdeu 126 mil assinantes nos EUA durante o segundo trimestre, o primeiro declínio desde 2011.

 

Com cena doméstica calma, Ibovespa e câmbio acompanham o exterior

 Com a cena doméstica bastante calma e sem grandes catalisadores, o exterior foi o grande responsável por ter fornecido alívio aos ativos locais. Sinais de que o Federal Reserve (Fed, o BC americano) deve de fato realizar um corte de juros em julho levou o Ibovespa a recuperar a faixa dos 104 mil pontos, enquanto o dólar voltou ao patamar dos R$ 3,72.

O mercado operou praticamente todo o pregão sem direção definida, até que o presidente do Fed de Nova York, John Williams, teceu comentários bastante inclinados a um afrouxamento monetário ("dovish", no jargão do mercado). Isso deu mais força à tese de que uma redução no juro nos Estados Unidos possa ocorrer já neste mês.

Juros menores em países desenvolvidos acabam forçando os investidores a buscar, globalmente, por alternativas de rendimento, o que eleva a atratividade de mercados emergentes - considerados mais rentáveis, porém mais arriscados.

Como resultado direto dos comentários, o Ibovespa abandonou a estabilidade e subiu 0,83%, aos 104.717 pontos, com ganho de tração de giro financeiro, no total de R$ 11,2 bilhões no dia. No mercado de câmbio, o dólar comercial acelerou a baixa a 0,87% e terminou em R$ 3,7277.

No mesmo sentido, os contratos de juros futuros anotaram quedas, sobretudo no vértice mais longo da curva: o DI para janeiro de 2025, por exemplo, ficou com taxa de 6,92% na sessão, de 6,96% no ajuste anterior na B3.

Williams afirmou que o BC americano precisa agir rapidamente para enfrentar os sinais de enfraquecimento da economia. Perto do fechamento, o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, foi na mesma linha e afirmou que o Fed deve agir de forma apropriada a dar suporte à expansão da atividade americana.

Com a reforma da Previdência em compasso de espera devido ao recesso parlamentar, o mercado está concentrado nas ações dos bancos centrais, sobretudo o Federal Reserve e o Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil, afirma Marcos de Callis, estrategista de investimento da asset do banco Votorantim. "[No exterior] os mercados têm se acomodado de olho no próximo movimento do Fed e, se precisar, uma nova ação viria mais para frente. Por aqui, o mercado aguarda o Copom do fim do mês e avalia as combinações entre o que será feito e o que será sinalizado em termos do tamanho do ciclo de corte e o ritmo", afirma.

A cena doméstica só não foi mais esvaziada porque o mercado opera de olho na liberação de saques do FGTS e do PIS/Pasep aos trabalhadores. Na bolsa, a notícia continuou dando impulso à demanda pelas ações de varejistas, mas logo elas absorveram o efeito depois que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que uma definição do tema deve ocorrer apenas na semana que vem.

Ao mesmo tempo que quer injetar dinheiro na economia para aquecê-la, o governo deseja fechar outras "torneiras", no intuito de manter fundos para o setor habitacional. A indicação dessa estratégia retirou boa parte da pressão sobre as construtoras do Ibovespa - MRV ON subiu 2,85% e Cyrela ON ganhou 2,36% ontem.

Entre as companhias de varejo, destaque para Lojas Americanas PN (2 58%). Com o recesso parlamentar, a pausa na tramitação da reforma da Previdência e as férias de verão no hemisfério Norte, o volume de negócios diminuiu nos últimos dias, uma tendência que dificilmente deve mudar no curtíssimo prazo. "O mercado se habituou a trabalhar em cima da fofoca política. Como não tem isso, restaram apenas os movimentos técnicos", diz Italo Albucater dos Santos, gerente de câmbio da Tullet Prebon.

 

ESTADÃO

Pressão de construtoras e pedido da Caixa adiam anúncio de saque do FGTS

A pressão da indústria da construção e o prazo curto para a Caixa preparar o atendimento dos trabalhadores levaram o governo a adiar para a semana que vem o anúncio da liberação das contas do FGTS, previsto para esta quinta-feira, 18.

Com o intuito de evitar uma redução grande no volume de recursos do fundo, que é usado como fonte para financiamentos a juros mais baixos, a equipe econômica passou também a trabalhar com outras regras para os saques.

Na quarta-feira, o Estadão/Broadcast revelou que o Ministério da Economia previa liberar até 35% das contas do FGTS. O porcentual foi confirmado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Primeiro, ele estimou que R$ 42 bilhões seriam injetados na economia. A equipe econômica refez as contas, porém, e diminuiu o valor para cerca de R$ 30 bilhões.

Depois que o setor da construção alertou que a liberação poderia comprometer os financiamentos à casa própria, o governo passou a estudar alternativas para evitar uma retirada maciça dos recursos.

Uma delas é deixar que os trabalhadores retirem parcela do FGTS uma vez por ano, no mês de aniversário. Em troca, seria preciso abrir mão de resgatar todo o fundo caso seja demitido sem justa causa.

Não haverá mudanças nas regras que dão direito aos 40% de multa sobre o valor depositado pela empresa, mesmo que o trabalhador opte por resgatar uma parcela do FGTS todo ano.

Hoje, é possível sacar o FGTS em 18 situações. As mais comuns são demissão sem justa causa e aposentadoria. Como o Estadão/Broadcast antecipou, impedir a retirada de recursos na demissão sem justa causa deve ser compensada com a possibilidade de se retirar uma parte do dinheiro uma vez por ano.

O porcentual de quanto seria possível sacar por ano não está definido. No primeiro ano da possível nova regra, o governo pensa em colocar uma trava: um porcentual único, que pode ser de até 35%, ou um limite em dinheiro, provavelmente R$ 3 mil.

Estímulo constante

Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o anúncio deve ser feito na próxima quarta-feira. Projeções oficiais apontam que a liberação dos recursos tem potencial de incrementar o PIB em 0,3 pontos porcentuais, o que elevaria a projeção de crescimento da economia do primeiro ano do governo Bolsonaro para 1,1% – o mesmo patamar de 2017 e 2018. Sem a medida, o governo trabalha com a projeção de crescimento de 0,81% para este ano. A ideia em permitir o saque uma vez por ano é garantir um estímulo constante à economia.

Se ficar decidida a opção pelo saque anual, os porcentuais que serão permitidos devem seguir a mesma ideia da proposta original: quanto maior o volume de recursos no fundo, menor a parcela que poderá ser sacada. A parcela de 35% seria para os que têm até R$ 5 mil e a de 10% para quem tem saldo acima de R$ 50 mil.

Prazo

Além do impasse sobre a parcela que poderá ser retirada das contas do FGTS, a Caixa também foi responsável pelo adiamento da liberação dos recursos. O Estadão/Broadcast apurou que representantes do banco estatal reclamaram que estava muito em cima da hora para colocar de pé um plano de atendimento aos trabalhadores para o saque do FGTS.

Em 2017, para que 25,9 milhões de trabalhadores retirassem R$ 44 bilhões das contas inativas (de contratos anteriores) do FGTS, a Caixa preparou um esquema de atendimento que previu a abertura das agências mais cedo e nos fins de semana no período, que foi de 10 de março a 31 de julho.

O anúncio da liberação do saque do FGTS por Temer foi feita em dezembro de 2016. O banco estatal levou dois meses para desenhar o cronograma de pagamento, antes de começar os pagamentos.

 

O GLOBO

Caixa quer novo modelo de crédito imobiliário com taxa menor que a cobrada em habitação popular

A Caixa Econômica Federal vai anunciar, na semana que vem, uma nova modalidade de financiamento habitacional , que altera a estrutura do crédito imobiliário no país, cuja base é a Taxa Referencial ( TR ), atualmente zerada. Na nova modalidade, a TR será substituída pelo índice oficial de inflação, o IPCA , mais uma taxa que deve ficar entre 3% e 4% ao ano, conforme antecipado pela Folha de S.Paulo. Além disso, os recursos virão do mercado.

Como a inflação hoje é de 3,37% (dado de junho, em 12 meses), a taxa para o tomador poderá ficar entre 6,4% e 7,4% ao ano. São percentuais inferiores aos cobrados no programa Minha Casa Minha Vida, nas faixas de maior renda.

Os detalhes ainda estão sendo fechados, mas o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, defende que a nova modalidade trará o menor percentual possível para os mutuários. Atualmente, as taxas mais em conta do empréstimo da casa própria variam entre 8,5% e 9,75% ao ano. No Minha Casa Minha Vida, variam entre 5% a 8,47% ao ano.

Sem recursos públicos

Não haverá dinheiro público nas novas operações. Os recursos virão do mercado, via emissão de Letra Imobiliária Garantida (LIG). Isento de imposto, este papel rende o equivalente a um título do Tesouro Direto (NTN-B) de longo prazo, também corrigido pela inflação mais juros semestrais, algo em torno de 3%. A Caixa quer usar a liderança no setor para captar recursos com um custo menor e, assim, reduzir um pouco mais suas taxas.

O objetivo é ser uma alternativa às fontes tradicionais de financiamento, como a poupança e o FGTS, com a vantagem de que os recursos são ilimitados e poderão ser acessados por todos os tipos de tomadores. Além disso, a Caixa teria a possibilidade de securitizar, isto é, oferecer ao mercado, as novas carteiras. Hoje, com a TR, não há interesse dos investidores.

— Quando a economia começar a reagir, o mercado não ficará preso às piscinas tradicionais, como poupança e FGTS, que têm orçamento limitado — diz o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Antônio França.

Ele lembra que, há alguns anos, houve escassez de recursos para o crédito imobiliário porque os saques da poupança cresceram muito. Foi preciso criar uma linha especial no FGTS, a fim de não paralisar os empréstimos para a classe média.

Para o consultor José Urbano Duarte, a nova modalidade tem potencial para mudar a estrutura do mercado de crédito imobiliário. Segundo ele, isso permitiria ciclos de retorno de financiamento mais curtos para os bancos. Além disso, a investida da Caixa poderá estimular outras instituições financeiras a fazerem o mesmo.

Duarte explica que o mercado tem apetite pelo recebível atrelado ao IPCA e, com a venda das carteiras, será possível antecipar o fluxo de 20 anos para dois ou três, retornando então para novos empréstimos. Em 2018, foram financiadas 670 mil unidades, somando R$ 104 bilhões. A estimativa do setor é que, com a nova modalidade, será possível dobrar a quantidade de moradias, sobretudo nos grandes centros urbanos.

Sérgio Cano, professor do MBA de gestão de negócios e incorporação imobiliária da FGV, defende a substituição da TR por uma taxa de mercado, como a inflação:

— Usar a TR restringe o crédito no mercado imobiliário, porque muitas empresas e fundos que poderiam estar injetando recursos neste setor não o fazem. O momento é propício, com a inflação sob controle e tendência de queda das taxas de juros. A medida pode aumentar a concorrência e ampliar a oferta de crédito, o que pode baixar os juros.

Risco da inflação

Há o risco, no entanto, de que um salto na inflação pressione o saldo devedor, sobretudo nos primeiros anos. Mesmo assim, a princípio, não se estuda criar um mecanismo de ajuste dos contratos para contornar esse problema, com o argumento de que os salários dos trabalhadores costumam ser corrigidos pela inflação.

Para Cano, da FGV, um pico inflacionário provocará “aumento significativo do custo do dinheiro para todos, e a TR também subirá.”

Outra justificativa é que não existe nenhuma trava em outros países com economia estável e que buscam dinheiro no mercado por meio de papéis corrigidos pela inflação.

 

 

 

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