TRIBUNA DO NORTE
RN encerra semestre com saldo negativo de empregos
Após cinco meses em queda, o saldo de empregos formais no Rio Grande do Norte foi positivo em 1.237 vagas em junho, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia nesta quinta-feira, 25. O saldo decorre de 11.452 admissões e 10.215 demissões.
No acumulado dos seis meses deste ano, porém, o saldo (diferença entre admissões e demissões) é negativo em 5.115 vagas. Esse número é superior ao saldo do mesmo período do ano passado, que ficou negativo em 4.234 vagas.
Conforme histórico do Caged, os meses de junho costumam encerrar com saldo positivo na geração de empregos formais, com carteira de trabalho assinada. O número do mês passado é maior que o registrado no mesmo período de 2018 – 805 empregos gerados -, mas distante do pico registrado na década. Em 2010, ao longo do mês de junho foram gerados +2.670 postos de trabalho no Rio Grande do Norte.
Ao longo do mês passado, o setor com maior saldo positivo foi a Agropecuária, com 750 vagas abertas. Em seguida, aparece o setor de Serviços, com +365 vagas. Depois surge a Construção Civil, que empregou 212 trabalhadores no mês de referência. Os Serviços Públicos de Utilidade Pública contrataram 77 pessoas, enquanto a Indústria Extrativa Mineral, 59. Os números negativos ficaram com o Comércio, que desligou 114 trabalhadores, e a Indústria de Transformação, cujas demissões somaram 111. A Administração Pública desligou 1 trabalhador.
Nos municípios com mais de 30 mil habitantes no Estado, cujo mercado de trabalho é analisado pelo Ministério da Economia, as cidades de Mossoró e Apodi, redutos da agricultura irrigada no Rio Grande do Norte, responderam pelo maior volume de contratações em junho passado: 443 e 281, respectivamente. Os maiores números de demissões se concentraram nos municípios litorâneos. Em Natal, 68 postos de trabalho foram fechados. Em Canguaretama, 31. Em Macaíba, outros 30.
No Nordeste, o Estado que mais gerou empregos em junho foi a Bahia, com 2.362 postos. O Maranhão registrou saldo positivo de 2.001 vagas. O vizinho Piauí fechou o mês também com evolução de 1.308 carteiras de trabalho assinadas, enquanto Sergipe contratou 265 trabalhadores. Os números negativos ficaram com Alagoas, cujos desligamentos superaram as admissões em 861 vagas. A Paraíba tem saldo negativo de 795 postos. O Estado de Pernambuco, com -253 trabalhadores e o Ceará com -122.
Brasil
O mercado de trabalho brasileiro criou 48.436 empregos com carteira assinada em junho, de acordo com dados do Caged divulgados nesta quinta-feira, 25, pelo Ministério da Economia.
O saldo de junho decorre de 1,246 milhão de admissões e 1,199 milhão de demissões. Esse foi o melhor resultado para o mês desde 2013, quando foram criadas 123.836 vagas no sexto mês do ano. Em junho de 2018, houve fechamento líquido de 661 vagas, na série sem ajustes.
No acumulado do primeiro semestre de 2019, o saldo do Caged foi positivo em 408.500 vagas, o melhor desempenho para o período desde 2014, quando a abertura de vagas chegou a 588.671, na série com ajustes. Em 12 meses até junho, houve abertura de 524.931 postos de trabalho.
VALOR
Cresce aposta em corte da Selic para 6%
A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados tirou da frente do Banco Central (BC) uma das principais fontes de risco, abrindo espaço para que a autoridade inicie já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) um novo ciclo de corte da Selic. Sem essa incerteza, o BC vai conseguir responder diretamente ao quadro macroeconômico: inflação caminhando para ficar abaixo da meta e a atividade insistentemente fraca.
Pesquisa com economistas realizada pelo Valor mostra que a expectativa de corte na taxa Selic, hoje em 6,5% anuais, na próxima semana é praticamente consenso e que o movimento inicial poderá ser, inclusive, mais intenso do que se imaginou inicialmente. Do levantamento com 48 economistas, 44 (ou 92% do total) esperam corte da Selic. E a maioria tem apostas mais ousadas: 25 casas, ou 52%, esperam redução de 0,50 ponto percentual.
O Copom anuncia na próxima quarta-feira sua decisão sobre o rumo dos juros. Fatores externos e internos abrem espaço para a retomada do ciclo de corte de juros no país, segundo Camila de Faria Lima, economista-chefe da Canvas Capital.
Ela afirma que, do lado externo, a perspectiva de desaceleração da economia global e os planos cada vez mais disseminados de diferentes bancos centrais de retomar uma política monetária mais acomodatícia são fatores que abrem espaço para o Copom buscar um estímulo monetário maior.
Um exemplo disso foi a sinalização do Banco Central Europeu (BCE), após sua reunião, de que seu próximo movimento na política deve ser de corte de juro, além de estar preparando a retomada do programa de recompra de ativos — embora o discurso de seu presidente, Mario Draghi, tenha frustrado investidores com seu tom considerado menos “dovish” (inclinado ao afrouxamento).
Também é esperado que o Fed (o BC dos EUA) caminhe na mesma direção na próxima semana e ajuste os juros básicos. Leonardo Porto, economista-chefe do Citi, vê um cenário externo ainda benigno. Além do movimento dos maiores BCs, ele destaca a acomodação de riscos provenientes das tensões comerciais.
O ambiente interno também fornece uma série de variáveis, que corroboram o cenário de queda da Selic, segundo o profissional. “Progresso no quadro de reformas estruturais, quadro de demanda agregada ainda bastante frágil com a economia operando com alto nível de ociosidade e, por fim, a suavização da volatilidade de ativos brasileiros, como o câmbio, e consequentemente da inflação e suas expectativas no horizonte relevante.”
Dados macroeconômicos que foram divulgados ao longo desta semana influenciaram os cenários tanto dos economistas quanto dos investidores, que aceleraram as apostas na queda da taxa básica. O destaque foi o IPCA-15 de julho, que funciona como antecedente da inflação oficial do país, que avançou apenas 0,09% no mês e ficou abaixo da expectativa do mercado.
No acumulado de 12 meses, o índice está em 3,27% e sinaliza que a inflação pode ficar bem abaixo da meta de 4,25% de 2019. Atualmente, a curva de juros futuros dos contratos negociados na B3 indica um corte de 0,42 ponto percentual na reunião da semana que vem e uma queda de 1,25 ponto em 2019.
Na esteira do quadro macroeconômico local e externo, já começam a surgir algumas apostas ainda mais ousadas para o novo ciclo de corte de juros. O Bank of America Merrill Lynch revisou seu cenário base e passou a projetar a Selic abaixo do patamar de 5% no fim do ano, aos 4,75%.
A mudança segue a revisão da projeção de crescimento do PIB, que saiu de 1,2% para 0,7%. “Vemos uma mudança importante no cenário externo, com o afrouxamento monetário global. Em particular, vemos a diminuição do risco de valorização do dólar americano e desvalorização das moedas emergentes com as sinalizações do Fed”, diz David Beker, chefe de economia e estratégia para Brasil e América Latina do BofA.
Já as projeções dos economistas consultados para a Selic no fim de 2019 são bastante dispersas, indicando que ainda não está claro para o mercado o ritmo e a profundidade do ciclo de cortes.
Dos 48 profissionais, 38% esperam que a taxa esteja em 5% no fim do ano e 31% esperam que a taxa chegue aos 5,50%. Uma dúvida para esta reunião é se o Banco Central irá dar sinais mais firmes sobre os próximos passos da política monetária. Silvio Campos Neto, economista da Tendências, acredita que não. “É razoável que o Copom procure manter o controle das expectativas e evitar uma queda ainda mais acentuada da curva de juros”, diz.
Entre os fatores em defesa de um posicionamento desse por parte do BC, diz o economista da Tendências, está o patamar historicamente já baixo da taxa básica, fazendo-se necessário monitorar a reação da economia e dos mercados a níveis nunca antes alcançados. Ele destaca ainda as incertezas sobre o desfecho da reforma da Previdência no Congresso, as incertezas sobre como será o comportamento da economia brasileira a partir da aprovação da reforma e da superação de choques ocorridos nos últimos meses.
São poucas as casas que esperam estabilidade na taxa na próxima semana. A REAG Investimentos é uma delas. Simone Pasionotto, economista-chefe da casa, defende que o regime de política monetária não deve ser indexado a decisões do Congresso, ou seja, o andamento da reforma previdenciária não deve ser atrelada ao início do ciclo de corte de juros.
Múltis registram aumento nas vendas do 2º trimestre
Três multinacionais, reconhecidas por sua posição de liderança nos setores em que atuam, atestaram ontem que o ambiente no Brasil melhorou, com impacto positivo nas vendas registradas no segundo trimestre: AB-InBev, Carrefour e Unilever. Carlos Brito, CEO da maior fabricante de cerveja do mundo, a AB-InBev, comemorou o desempenho das vendas da Ambev e chamou de "incrível" a volta do crescimento.
A subsidiária brasileira informou aumento das vendas de cerveja e refrigerantes. Brito disse que o consumidor brasileiro está se sentindo melhor e que a inflação está mais controlada. A Ambev, que domina com folga o mercado de cerveja no país, vendeu 3% mais dessa bebida no segundo trimestre, para 18,2 milhões de hectolitros, em relação a igual período de 2018. A venda de refrigerantes cresceu 5,6%, para 5,9 milhões de hectolitros.
O caixa cresceu 26% no período, para pouco mais de R$ 9 bilhões. Na bolsa, os investidores reagiram aos resultados da Ambev. A companhia ganhou, ontem, em um único pregão, R$ 24 bilhões: de R$ 282,5 bilhões, na quarta-feira, foi a R$ 306,5 bilhões. A ação fechou em alta de 8,5% (ver mais sobre Ambev em Com resultados acima do esperado, Ambev ganha R$ 24 bi na bolsa). A operação de varejo do Carrefour no Brasil teve o melhor desempenho dos últimos cinco anos, observou o presidente no Brasil, Noel Prioux.
O aumento das vendas brutas foi de 9%, em relação ao segundo trimestre do ano passado - o maior percentual para o trimestre desde 2014. A aprovação da reforma da Previdência, esperada para o segundo semestre, deve levar o humor do mercado de "estável para otimismo", disse José Roberto Müssnich, que comanda a operação atacadista do Carrefour, sob a bandeira Atacadão.
O diretor financeiro da companhia, Sébastien Durchon, afirmou que o plano do governo de liberar recursos do PIS e do FGTS também deve ajudar as vendas, quando for colocado em prática. No caso do Grupo Pão de Açúcar, controlado pelo francês Casino, o movimento no primeiro semestre ficou abaixo do esperado, mas a macroeconomia já inspira mais confiança na segunda metade do ano, disse o presidente da companhia, Peter Estermann.
Nas últimas semanas, o executivo começou a implementar um plano para recuperar rentabilidade. A Ambev, por sua vez, informou que já começou a por na rua seu programa de reajuste de preços, que deve ser implementado ao longo do terceiro trimestre.
A Unilever, dona de marcas como sabão Omo, sabonete Dove e desodorante Rexona, comentou em suas demonstrações financeiras que o ambiente de consumo está voltando ao normal no Brasil. No primeiro semestre, as vendas na América Latina cresceram 4,4%. No segundo trimestre, o aumento foi de 4,1%, apesar da situação crítica na Argentina. Graeme Pitkethly, diretor financeiro global da Unilever, afirmou, ontem, que "o ambiente no Brasil continua a se normalizar.
Mesmo excluindo o efeito da greve dos caminhoneiros [entre maio e junho do ano passado], o negócio melhorou". A multinacional conseguiu elevar os preços na América Latina, o que ajudou no resultado geral. No caso do Brasil, a companhia registrou "fortes vendas" do sabão Omo em uma nova versão, embalada em pacote de 800 gramas, menor que a do Omo clássico de 1kg. Mas a sensação de que o ambiente para o consumo no Brasil está saindo da estagnação não é unânime entre as grandes multinacionais.
A espanhola Telefónica - que divulgou seus resultados globais ontem e tem no Brasil seu segundo maior negócio, atrás apenas da Espanha - informou que o nível de consumo não melhorou no segundo trimestre. A receita líquida da companhia no Brasil no segundo trimestre quase empatou com o mesmo período de 2018 - o aumento foi de apenas 0,4%, para R$ 10,8 bilhões.
Mas há uma demanda crescente para serviços de banda larga. Nesse segmento, a receita aumentou 12,3%, para R$ 1,39 bilhão. Falta, agora, a Telefônica acelerar a instalação de infraestrutura capaz de permitir levar a banda larga a mais consumidores. No âmbito global, a operadora carrega uma dívida líquida de € 40,23 bilhões, pouco acima da previsão de analistas que acompanham a empresa.
Globalização morreu, diz Michael OSullivan, do Credit Suisse
A globalização morreu. Uma nova ordem mundial emerge, na qual os protagonistas são os Estados Unidos, a União Europeia e a China e sua região de influência na Ásia. Esse novo momento trará instabilidade e potenciais conflitos entre nações por um período de 10 a 15 anos.
Uma das razões é que o crescimento futuro da economia mundial será menor nos próximos dez anos do que o registrado nas últimas três décadas, por conta da elevada desigualdade, alto endividamento, baixa produtividade e questões demográficas.
Países considerados potências médias como o Brasil terão difíceis escolhas a tomar. Essa é a tese do economista e principal executivo da área de gestão de fortunas internacionais do Credit Suisse, Michael O'Sullivan, em seu recente livro "The Levelling: What's Next After Globalization?" (O Nivelamento: O que Vem Depois da Globalização?", editora PublicAffairs, importado).
Ele busca inspiração no século XVII para tratar do fim da globalização e avaliar a nova ordem emergente. "A atual onda populista será superada pelo desejo das pessoas em formular exatamente aquilo que elas querem dos políticos e das políticas públicas", diz O'Sullivan ao Valor. "Construir essa nova ordem e estabelecer o que se quer será o grande desafio em um mundo com diversos desafios."
No caso brasileiro, por exemplo, em muitas esferas o governo terá de escolher entre EUA e China, diz. Segundo Sullivan, para o país é interessante estudar o que ocorreu com a Argentina durante as décadas de 20 e 30, quando o país vizinho era uma potência econômica, mas perdeu sua posição com o fim da primeira onda de globalização após a Grande Depressão, por ter uma economia predominantemente agrícola.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Valor: A tese do seu livro é de que a globalização morreu e que nós agora temos o desafio de pensar no mundo multipolarizado que emerge dessa morte. O que matou a globalização?
Michael O'Sullivan: Se nós examinarmos elementos que compõem a globalização - fluxo de comércio, ideias, pessoas, finanças e serviços -, nós iremos perceber que eles tiveram seu auge há três anos. O crescimento ficou menor e mais financeiro, com os bancos centrais injetando dinheiro e as pessoas obtendo mais crédito. Vivemos o processo inverso de um movimento que vinha moldando o mundo há 30 anos. A cada dia que nós abrimos os jornais percebemos que o mundo está menos integrado e menos interdependente. O exemplo mais concreto é a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Grosso modo, a globalização não apenas perdeu sua força motriz como milhões de pessoas passaram a olhar para o lado negativo dela. Em muitos países, a globalização está associada a um sentimento negativo em relação à imigração, à tecnologia, aumento da desigualdade, ao aumento do desemprego, embora a culpa desses problemas seja dos países que não conseguiram criar mecanismos para gerar riqueza. A globalização morreu, e um mundo multipolar emerge desse contexto. Essa transição não será tranquila.
Valor: O mundo que emerge desse cenário será multipolar? Terá mais disputas entre as potências?
O'Sullivan: Acredito que a ordem mundial que emerge após o fim da globalização será liderada por três áreas de influência: Estados Unidos, União Europeia e China-Ásia. Esses três novos pontos de referência trazem potencial incerteza sobre a dinâmica global. Deveremos assistir a muito mais fricção entre as nações e as regiões em diversos campos. Emergências de novas ordens sempre trazem ruídos. Essa instabilidade pode durar 10 a 15 anos. Há três razões para isso. Primeiro, estamos deixando as certezas de algo já conhecido e ingressando em uma esfera que está se iniciando, o que traz desconfiança naturalmente. Segundo: a nova forma de fazer política que está ganhando espaço - Megaphone ou o Twitter, dependendo do país - também cria desconfiança. Mais importante: o crescimento futuro da economia mundial será menor nos próximos dez anos do que o registrado nas últimas três décadas por conta da elevada desigualdade, alto endividamento, baixa produtividade e questões demográficas. Ou seja, mais países vão disputar um pedaço de bolo que será menor. Não será uma disputa apenas por crescimento, mas também pelo retorno dos ativos espalhados pelo planeta.
Valor: Como fica o Brasil nesse cenário? Como ficam outros emergentes, como Rússia e Índia?
O'Sullivan: Países que podem ser considerados de tamanho médio para a economia e geopolítica mundial, como Brasil, Austrália, Japão, Rússia e Reino Unido, terão difíceis escolhas a fazer. Em muitos pontos, eles estão divididos entre esses dois grandes polos. No caso do Brasil, por exemplo, entre EUA e China. Haverá alguns momentos em que essas potências médias terão de escolher um dos dois em alguns campos. O que será interessante é analisar qual modelo político e econômico o Brasil e esses países escolherão. Nos anos que antecederam a Presidência de Jair Bolsonaro, havia a certeza de que o modelo dos EUA era de democracia e livre mercado. Hoje isso alterou-se em parte. Outro ponto a ser notado é que a tecnologia agora oferece à China um maior controle sobre países. Um ensinamento histórico que pode ser relevante para o Brasil é revisitar o caso da Argentina durante as décadas de 1920 e 1930. Naquele momento, o mundo estava vivendo o fim da primeira onda de globalização, e a Argentina era uma potência econômica e financeira. No entanto, a economia argentina era bastante dependente da agricultura e, como consequência, não foi resistente o bastante para lidar com o colapso da globalização. O resto é história.
Valor: Vê-se uma onda de descontentamento político global e de descrédito em instituições e a ascensão de partidos de direita radical. A democracia está sob ameaça nesse cenário?
O'Sullivan: Parece que a expansão dos regimes democráticos, algo que está muito ligado à globalização, já atingiu seu pico no mundo. Deveremos assistir a uma série de profundos desafios porque o crescimento econômico mundial está em desaceleração. Isso elevará os custos políticos, o que trará maior pressão sobre a estabilidade política em diversas regiões do mundo. Neste momento nós vemos uma efervescência política, com a ascensão de nomes com mão firme. Isso coincide com a criação de novos partidos e movimentos. Estamos em um momento em que a nova ordem começa a surgir. Minha tese é de que, em algum momento, essa onda populista será superada pelo desejo das pessoas em formular exatamente aquilo que elas querem dos políticos e das políticas públicas. Isso já ocorreu no mundo, mais precisamente no século XVII, com os Niveladores ("Levellers", em inglês), que foram um importante partido político na Inglaterra durante o período da Guerra Civil (1642-1651) e da Comunidade (1649-1660). Eles escreveram um documento chamado "Acordo do Povo", pelo qual estabeleceram o que eles queriam e como eles podiam alcançar seus desejos. Eles propuseram limite aos mandatos políticos e que algumas leis tinham de se aplicar a ricos e pobres. Mas, como muitos partidos emergentes, eles fracassaram em boa parte de seus intuitos. Os políticos terão de estar atentos a esses desafios, oportunidades e ameaças.
Valor: Esse momento de disrupção trará mais conflitos internos e externos para os países?
O'Sullivan: Não é uma coisa agradável prever conflitos e guerras, mas os últimos 40 anos foram bem diferentes do restante a que assistimos na história mundial, porque tivemos muito poucas grandes guerras. Sei que, na América Latina, há uma questão de segurança pública, que tem ceifado mais vidas que qualquer dos grandes conflitos no Oriente Médio desde 2001. Mas não temos tido grandes guerras no mundo em 30 anos. As áreas de estresse que eu acompanho com mais atenção são Hong Kong, Taiwan, Vietnã, Índia, Paquistão e África Ocidental, por exemplo, o Mali. As tensões sobre imigração deverão levar países como Nigéria e Turquia a ficarem em situação conturbada com a Europa.
Valor: Nesse mundo em que a guerra comercial e os conflitos são mais prementes, como ficam o Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização Mundial do Comércio (OMC) e outras organizações multilaterais?
O'Sullivan: O espaço para essas organizações será bastante limitado. São instituições do século XX para um mundo do século XXI. As grandes potências resolverão suas questões entre elas mesmas, ou instituições regionais como o Banco de Desenvolvimento da Ásia ocuparão o papel do FMI na Ásia. Na questão entre EUA e China, os fóruns multilaterais não têm relevância. Mas ainda existe espaço para que alguns temas possam ser discutidos em instituições globais em assuntos deste século. Isso ocorrerá em discussões que demandem a construção de uma solução entre países, por exemplo, na área de segurança na internet e em discussões climáticas. Nós ainda não temos um acordo que estabeleça regras e procedimentos em relação a uma guerra cibernética entre países. E nós precisaremos de uma resposta mais forte para a questão climática, com uma autoridade mundial com muito mais peso.
Valor: O Acordo de Paris foi assinado para reduzir as emissões de dióxido de carbono e evitar o aquecimento global. A questão ambiental se tornará ainda mais desafiadora neste mundo com conflitos, ainda mais com a posição dos EUA, que se retirou do acordo?
O'Sullivan: No meu livro, tento examinar como é feita a tomada de decisão sobre questões que afetam as condições climáticas. A reunião sobre o clima em Paris e o consequente acordo trouxeram poucos resultados. Não fazem grande coisa. Não há uma autoridade ou um acordo internacional com poder para implementar de fato políticas que façam realmente as emissões de poluentes globais serem reduzidas. Minha sugestão é de que uma solução parcial seria realocar esse processo de tomada de decisão de governos centrais para um grupo de grandes metrópoles mundiais. As cidades são mais progressivas, mais modernas, seus habitantes são mais sensíveis a temas como poluição. A maioria das cidades tem também mais espaço para criar tarifas e para desenvolver políticas sobre a ocupação do solo e o desenvolvimento econômico e industrial.
Entrevista/Presidente do Bradesco: ‘Reforma tributária da Câmara é melhor’
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, prefere a reforma tributária patrocinada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), às demais propostas. Com o argumento de que o texto, apresentado originalmente pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP), é muito consistente, ele defende a simplificação do sistema brasileiro, com redução do número de impostos para no máximo sete.
Sobre a retomada da economia após um primeiro semestre aquém do esperado, Lazari diz que o Produto Interno Bruto (PIB) só vai deslanchar se a reforma tributária e a independência do Banco Central vierem na sequência da aprovação dos ajustes na Previdência. “Se a reforma tributária e a independência do Banco Central vierem no bojo da reforma da Previdência, estamos no caminho certo para crescer por muito tempo”, afirmou, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast. Abaixo, os principais trechos da entrevista:
A reforma da Previdência está encaminhada e o governo vai liberar R$ 30 bilhões do FGTS. O que falta para a economia brasileira deslanchar?
De fato, a reforma da Previdência está aprovada para gerar o impacto de R$ 1 trilhão de economia, e trazer no bojo duas mudanças importantes: a reforma tributária e a independência do Banco Central. A reforma tributária é valiosa do ponto de vista do investimento. É muito complexa e grande a escala de tributos no Brasil. Empresas têm 350 pessoas só para cuidar disso. A independência do Banco Central, por sua vez, dará confiança para o investidor internacional, principalmente. Se essas duas medidas virem logo em seguida à reforma da Previdência, estamos no caminho certo para crescer por muito tempo.
Qual das propostas de reforma tributária o senhor prefere?
O mais importante é diminuir a quantidade de tributos. Não é o valor da tributação porque não dá para reduzi-lo agora porque temos o (governo) precisa da receita tributária. Mas é preciso diminuir a complexidade dos impostos. Não é só o imposto em si e o trabalho para geri-lo. É tudo que vem depois, a judicialização dos impostos, advogados. Tudo isso é custo, que deixará de existir quando tivermos uma simplificação para seis ou sete impostos no máximo no Brasil.
Qual das reformas tributárias é a mais indicada para mudar essa realidade?
A reforma tributária encaminhada pela Câmara é muito consistente.
Após idas e vindas, o FGTS ainda será eficaz na economia?
Não podemos imputar ao FGTS a responsabilidade de crescimento da economia. De qualquer jeito, por menos que seja, o FGTS somado ao pagamento do PIS/Pasep, o 13º salário, vai ajudar. São pílulas de ajuda e boas iniciativas que no todo vão colaborar. Pode parecer pouco porque o saque do FGTS está limitado a R$ 500, mas vai permitir às pessoas consumir mais. Cerca de 70 milhões de brasileiros consumindo mais dá um bolo de dinheiro. Sozinho, porém, o FGTS é ineficaz para a retomada da economia.
Se o recurso do FGTS é mais seguro que folha de pagamento para concessão de crédito, a população terá acesso a empréstimos com juros mais baixos?
Estamos ainda fazendo estudos em torno da linha de crédito com o FGTS como garantia para sabermos quais são os custos. Não sabemos como irá funcionar. Na modalidade que utilizará o fundo de garantia, se tivermos regras boas e a tarifa paga à Caixa for pequena, é para ter taxa de juros inferior, inclusive à do crédito consignado, de 1,8% a 1,7%.
O sr. pode garantir ao cliente Bradesco que o banco não repassará o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSSL) trazido pela reforma da Previdência aos empréstimos?
Não dá para garantir porque não sabemos o que vai acontecer. Tudo depende da concorrência. Mas se pensarmos que até alguns meses não tínhamos mais a CSLL e voltaremos a ter, o impacto no juro não foi tanto assim. Os dados do Banco Central mostram que as taxas até caíram. Nosso desejo é operar com taxas de juros atendendo o desejo dos nossos clientes. Mas tributo é tributo. Nós teremos de pagar.
Mas os bancos não têm dito que a competição está acirrada?
Se a competição é acirrada e nossos concorrentes não aumentarem a taxa de juros, o Bradesco vai acompanhar.
O ex-ministro Antonio Palocci acusou os bancos de doarem recursos ao PT em troca de favores. O banco abriu alguma investigação por conta disso?
Todos os processos dentro do banco de compliance (atender leis e regulamentos) e segurança são feitos não em função de uma denúncia, mas todos os dias dentro da organização. Estamos super tranquilos com relação a isso. As doações foram feitas a vários candidatos e estão registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As denúncias do Palocci não preocupam o Bradesco?
Não temos preocupação porque não tivemos nenhuma mudança nos nossos números ou lucros absurdos em determinado momento. Também mantemos crescimento consistente há 76 anos. Não precisamos nos valer desses subterfúgios ou artifícios para conquistar resultado e admiração dos clientes. Para, nós, isso não faz sentido. O processo de investigação é um algo contínuo na inspetoria do banco, auditoria interna e externa e também do Banco Central. Os números do Bradesco estão abertos.
Do lado dos investimentos, com a ação da Cielo a R$ 6, faz sentido tirá-la da bolsa como o Itaú Unibanco fez com a Rede?
Não. A gente não quer fechar o capital da Cielo, que está se reinventando. Ela é uma empresa vitoriosa, com mais de 40% de participação de mercado e está mostrando com crescimento da base de clientes. É lógico que, com a margem comprimida, a Cielo não vai mais dar o resultado do passado até em função da concorrência e da própria regulação. A Cielo é uma empresa importante no mercado e nossa ideia é permanecer lá e manter o capital aberto.
Significa que o Bradesco está fechado a estrangeiros que queiram comprar a Cielo? Chineses estão de olho na líder, não?
Interessados podem comprar na bolsa. Vamos manter nossa participação por enquanto.
E no ressegurador IRB Brasil Re? O banco pretende se desfazer de ações?
Não. Estamos no IRB como investidores. Só. Tivemos a preocupação de manter essa condição para termos uma porta de saída assim que acharmos que devemos vender. Depois da oferta, a ação do IRB subiu. Por enquanto, vamos manter a nossa posição na empresa. Se vier o crescimento que estamos esperando no Brasil, o IRB tem possibilidade de melhorar ainda mais a rentabilidade.
O Bradesco está mais perto de voltar a ser o segundo banco mais rentável do País?
Sinceramente, não me preocupo com isso até em função do tamanho do patrimônio do Bradesco em relação a seus concorrentes. Obviamente, vou trabalhar sempre para dar o melhor retorno possível. Nossa meta é crescer o retorno.
Desembolsos do BNDES caem quase 40%
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) caíram 38,4% no segundo trimestre, ante igual período de 2018, para R$ 10,678 bilhões. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, houve baixa de 27,3%. As informações constam da série histórica fornecida pelo banco em seu site na internet, a preços constantes.
Pela série, é possível mensurar que, no caso das consultas de empréstimo, houve recuo de 54% no segundo trimestre, perante o mesmo intervalo do ano anterior, para R$ 17,303 bilhões. Na comparação com os três primeiros meses de 2019, as consultas subiram 102,3%. As consultas são usadas para medir interesse do empresariado em prover novos investimentos na economia.
As aprovações, por sua vez, totalizaram R$ 8,644 bilhões entre abril e junho, 43,1% abaixo do segundo trimestre do ano passado. Em relação ao primeiro trimestre deste calendário, as aprovações caíram 15%. Junho Apenas no mês de junho, os desembolsos do BNDES caíram 8,5% na comparação com maio, para R$ 3,711 bilhões. Na relação com junho do ano passado, o recuo é de 35%.
A maioria dos grandes setores que acessam recursos do banco mostraram recuo de liberações, tanto na comparação com maio deste ano, quanto em relação a junho de 2018. A agropecuária registrou liberações de R$ 648 milhões em junho, 41,7% abaixo de maio deste ano. Na comparação com junho do ano passado, o recuo foi de 39,5%. As liberações para o setor industrial, por sua vez, totalizaram R$ 1,008 bilhão em junho.
Este volume é 44,8% abaixo de maio deste ano, e 31,7% inferior a junho do ano passado. Já o setor de infraestrutura totalizou R$ 1,695 bilhão em desembolsos em junho, 12% abaixo de maio – sendo que, na comparação com junho do ano passado, a queda foi de 14,1%. Por sua vez, a indústria de comércio e serviços mostrou o único sinal positivo entre os quatro grandes setores pesquisados.
Houve alta de 12,9% nos desembolsos para o setor de maio para junho, para R$ 359 milhões. Entretanto, esse montante é 69,9% inferior em comparação com as liberações para o setor em junho do ano passado.
Semestre
O BNDES desembolsou ao todo R$ 25 bilhões no primeiro semestre, 9% a menos que em igual período no ano passado. Em comunicado, o banco detalhou que, em 12 meses, as liberações atingem R$ 66,7 bilhões, aumento de 3% em relação ao período anterior.
No primeiro semestre, as aprovações de novos financiamentos atingiram R$ 18,7 bilhões, redução de 39% em comparação com o mesmo período de 2018. Por sua vez, as consultas, primeiro passo para pedido de financiamento junto ao banco e indicador usado para medir o interesse do empresariado em investimentos, somaram R$ 24,7 bilhões nos primeiros seis meses do ano.
Isso foi 49% a menos do que em igual período no ano passado. Ao detalhar as liberações por setores, o BNDES informou que a infraestrutura foi destaque ao receber R$ 11,45 bilhões — 45,5% dos recursos totais liberados pelo banco no primeiro semestre. Segundo a instituição, o desempenho foi puxado por projetos de energia elétrica — responsáveis por 19,1% de todos os desembolsos — e transportes (que responderam por 24,3%).
Em relação a igual semestre em 2018, as liberações para projetos de infraestrutura no Brasil cresceram 4%. Já o setor de agropecuária mostrou alta de 10% nos desembolsos, no primeiro semestre, para R$ 6,36 bilhões (25,3% do total). Houve, ainda, recuos nas liberações destinadas a Indústria (7%) e Comércio & Serviços (56%), no primeiro semestre, ante mesmo semestre em 2018.
Enquanto o setor industrial recebeu R$ 4,78 bilhões, 19% do desembolsado pelo BNDES, o de comércio e serviços teve R$ 2,57 bilhões, 10,2% do liberado no período. Retomada tímida Segundo o BNDES, o desempenho no primeiro semestre mostra que a retomada da economia brasileira ainda é tímida e que o patamar de desembolsos já aponta para o objetivo da atual gestão da instituição, de um banco mais enxuto, com atuação complementar ao mercado.
Para Pedro Iootty, superintendente da área de planejamento do BNDES, a fraca atividade econômica é a principal explicação para a queda do desempenho do banco. Mas ele ressalta que os volumes emprestados para infraestrutura e para as micro, pequenas e médias empresas, as MPMEs, apontam para o que a atual administração entende como principal função do BNDES.
“A infraestrutura é forte no banco, alinhada com as prioridades estratégicas”, disse Iootty, acrescentando que a fatia das MPMEs dentro dos desembolsos deve ficar estável até o fim do ano, a depender da retomada da economia.
Segundo ele, a adoção da Taxa de Longo Prazo (TLP) também é um elemento a ser considerado para a redução de consultas e desembolsos no banco, uma vez que, com o fim da TJLP — Taxa de Juros de Longo Prazo, utilizada anteriormente como parâmetro para os financiamentos do BNDES —, os empréstimos ficaram mais caros para os tomadores. Iootty destaca que agora o prazo passa a ser a principal atração para as empresas que desejam os recursos do banco, o que é um diferencial para os projetos de infraestrutura.
“Temos carência de bons projetos de infraestrutura. Vamos ver o banco mais ativo com estruturação de projetos de infraestrutura”, disse Iootty, que reforçou a projeção de desembolsos entre R$ 60 bilhões e R$ 70 bilhões ao fim do ano, a depender da velocidade da retomada econômica. “Quando a economia deslanchar, vai deslanchar para todos”, frisou.
Empresas menores receberam R$ 11,5 bilhões do BNDES no 1º semestre
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltados para micro, pequenas e médias empresas (MPME) totalizaram R$ 11,5 bilhões no primeiro semestre, equivalente a 45,6% das liberações do banco para o período.
O BNDES detalhou que, no primeiro semestre deste ano, 96,7% das mais de 114 mil operações de crédito foram realizadas com esse segmento de empresas de menor porte. Além disso, o banco detalhou que, nos seis primeiros meses, as micro empresas receberam R$ 1,8 bilhão (ou 7,1% dos desembolsos); as pequenas, R$ 3,8 bilhões (ou 15,2% dos desembolsos); e as médias, R$ 5,9 bilhões (ou 23,3%). Já as grandes empresas foram destino de R$ 13,67 bilhões (ou 54,4% dos desembolsos).
Ao detalhar os desembolsos por região, o BNDES destacou as liberações para o Norte. Impulsionada por empreendimentos no setor de energia elétrica, essa região contou com R$ 1,6 bilhão em liberações no primeiro semestre, com crescimento de 108% ante igual período no ano passado.
Além disso, o banco detalhou que a participação da região nos desembolsos do BNDES foi de 6,5% do total. O BNDES detalhou que a região Sul também apresentou crescimento, de 10% nas liberações no mesmo período, com R$ 7 bilhões no primeiro semestre deste ano ante igual período no ano passado. Isso correspondeu a 27,9% do total liberado pelo BNDES. Já a região Sudeste recebeu R$ 9 bilhões em desembolsos (ou 35,9% do total liberado), sendo um volume 19% menor em relação aos seis primeiros meses de 2018.
O Nordeste recebeu R$ 4,7 bilhões, ou 18,8% do total desembolsado no período — o que representou queda de 17% ante o primeiro semestre de 2018. Já o Centro-Oeste R$ 2,6 bilhões em liberações, 10,9% do liberado, e com recuo de 28% na comparação com igual semestre em 2018.
CNI reduz projeção de alta do PIB a 0,9% e da indústria a 0,4% em 2019
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para baixo as estimativas para o crescimento da economia brasileira e do setor neste ano. As novas previsões indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 0,9%, menos do que os 2% estimados em abril. O PIB industrial terá uma expansão de 0,4%, abaixo do 1,1% previsto no primeiro trimestre.
“É um resultado decepcionante; a economia mantém-se muito próxima da estagnação desde o fim da crise”, diz o Informe Conjuntural do segundo trimestre, divulgado nesta quinta-feira pela entidade. A indústria também reduziu de 2,2% para 1,5% a previsão de crescimento do consumo das famílias.
A estimativa para a expansão do investimento caiu de 4,9% em abril para 2,1%. A taxa de desemprego continuará elevada e atingirá 12,1% da força de trabalho. “O marasmo dominou a economia no primeiro semestre”, avalia a CNI.
“O consumo não reage, o investimento continua travado e as exportações apresentam dificuldades. Portanto, as fontes privadas de demanda seguem sem capacidade de promover a necessária reativação da economia”, afirma o texto.
Diante desse cenário, a CNI avalia que a liberação de parte dos recursos das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode impulsionar o consumo. “A liberação do FGTS não é uma solução única para reativar o consumo, mas irá contribuir no curto prazo enquanto as medidas mais estruturais se materializam", afirma o economista Marcelo Azevedo, da CNI, em comentário enviado à imprensa.
A entidade sugere que o governo adote outras medidas para estimular a demanda no curto prazo, como a redução dos juros e o estímulo ao crédito. "A queda dos juros é mais importante no curto prazo, pois seus efeitos já se farão sentir na cadeia de financiamento. Não faz sentido manter a taxa de juros se a economia se encontra estagnada e não há pressões de inflação", completa Azevedo.
No entanto, adverte a CNI, as medidas de curto prazo devem ser complementadas com ações estruturais para que a economia retome o crescimento sustentado. Essa agenda inclui a conclusão da aprovação da reforma da Previdência, a reforma tributária, os avanços nas privatizações e o aperfeiçoamento dos marcos regulatórios.
Projeções
A CNI estima que os juros básicos da economia fecharão 2019 em 5,25% ao ano. A taxa Selic, que está em 6,5% ao ano, deve ser reduzida na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para os dias 30 e 31 de julho, segundo a entidade. “A inflação baixa, o fraco desempenho da economia, a valorização do real frente ao dólar e o movimento global de redução dos juros permitirão um novo ciclo de cortes na taxa Selic”, diz a CNI.
A dívida bruta do setor público atingirá 79,2% do PIB, pelas projeções da confederação. Com estabilidade das despesas do governo, o déficit primário nominal do setor público recuou de 7,14% do PIB em dezembro de 2018 para 6,96% do PIB em maio deste ano, destaca o relatório. “A queda, no entanto, foi insuficiente para estabilizar a relação dívida/PIB, que subiu de 77,2% do PIB em dezembro de 2018 para 78,7% em maio deste ano. A tendência é que aumente ainda mais nos próximos meses ainda que o déficit nominal do setor público caia para 7,08% do PIB até o fim do ano”, diz o documento.
Para a CNI, o dólar valerá R$ 3,75 em dezembro. “A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno reduziu as incertezas e ajudou a estabilizar o câmbio. No plano externo, o afrouxamento da política monetária em diversos países também contribuiu para desvalorização do dólar diante do real.
Caso a agenda de reformas do país continue avançando, a expectativa da CNI é que o real tenha uma leve valorização até o fim do ano.” A balança comercial encerrará 2019 com saldo positivo de US$ 48 bilhões, segundo a CNI. “A crise na Argentina afetou as exportações brasileiras, sobretudo as de produtos industrializados. Além disso, a redução das perspectivas de crescimento da economia mundial e os conflitos comerciais prejudicam o fluxo comercial do país. Diante deste cenário, o total das exportações será de US$ 238 bilhões. As importações somarão US$ 195 bilhões e o superávit comercial do Brasil será de US$ 48 bilhões, abaixo dos US$ 58,7 bilhões registrados em 2018.”
Abecip eleva projeção de expansão do financiamento imobiliário a 13%
A Abecip, associação das entidades de crédito imobiliário, revisou para cima suas estimativas para 2019. A projeção de expansão do financiamento total passou de 7% para 13%, com o crédito imobiliário chegando a R$ 132 bilhões. A previsão de crescimento dos empréstimos com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) passou de 20% para 31%.
Para a parcela com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), destinado basicamente para o programa Minha Casa Minha Vida, a expectativa era de encolhimento de 5% e houve ligeira melhora, para uma projeção agora de redução de 4%. om isso, a Abecip estima que já no próximo ano seriam superados níveis de desembolsos anteriores à crise – o pico foi de R$ 155 bilhões em 2014.
Além do benéfico cenário para o setor de juros e inflação baixos, a entidade considera que haverá interrupção da queda do Produto Interno Bruto (PIB), aprovação da reforma da Previdência nas próximas etapas e andamento de mudanças no sistema tributário. “Apesar de não vermos todo o potencial econômico, os indicadores estão melhorando.
O emprego ainda não reagiu, mas já temos alguns meses com geração positiva de vagas”, afirma Gilberto Duarte Filho, presidente da Abecip. Segundo ele, a perspectiva é de melhora do ambiente de negócios. O crédito imobiliário total avançou 1% no primeiro semestre de 2019, ante 2018, praticamente estável em R$ 60 bilhões. Isso porque o financiamento pelo SBPE subiu 33%, para R$ 33,7 bilhões, mas, na fatia com recursos do FGTS, houve recuo de 23%, para R$ 26,9 bilhões.
Construção
O financiamento à construção com recursos do SBPE cresceu 62,3% no primeiro semestre, ante igual período de 2018, de acordo com a Abecip. Foram R$ 8,2 bilhões contratados no período, ainda distante do patamar de R$ 14 bilhões de anos pré-crise.
O presidente da Abecip, Gilberto Duarte Filho, destaca que, nos primeiros semestres dos últimos três anos, esse crescimento não passava de 5%. “Isso indica que os construtores estão voltando a colocar suas empresas para rodar, antecipando o movimento do mercado. Aqui neste ano a gente já está falando que a construção está voltando a fazer negócios”, afirma.
O financiamento para aquisição de imóveis, destinado à pessoa física, avançou menos que o otimismo das incorporadoras: 26% no primeiro semestre. Na abertura dos dados, Duarte Filho observa que o crédito para imóveis usados subiu 67%, enquanto para unidades novas caiu 6%.
“A venda de imóveis usados é um indicador antecedente do que vai acontecer com o mercado. Se estão comprando mais usados do que novos, é porque falta produto. O volume de financiamento de novas unidades depende de quanto foi construído”, diz.
Para Duarte Filho, já dá para dizer que a retomada do crédito imobiliário está consolidada. "O que virá a partir de agora é aceleração", afirma. Segundo a Abecip, os imóveis estão 27% mais baratos, descontados os efeitos da inflação, do que no auge do mercado imobiliário, em 2014. Uma aceleração da demanda significaria que "tem muito espaço para uma apreciação dos preços", diz Duarte Filho.
Fontes de recursos O FGTS sustentou o mercado imobiliário durante os anos mais severos da crise, mas Duarte Filho lembra que a modalidade esbarra no orçamento do próprio fundo destinado à habitação. A faixa atual de desembolsos e a estimativa da Abecip para este ano são consideradas “muito boas” pelo executivo. “O FGTS não pode ser o único motor de crescimento. Vamos ver o SBPE continuar crescendo e ocupando o mercado”, afirma.
No primeiro semestre, o SBPE propiciou o financiamento de 129,2 mil imóveis para aquisição e construção, uma alta de 30,7% em relação ao igual período de 2018. A poupança registrou uma captação líquida negativa de R$ 11,2 bilhões no primeiro semestre deste ano, após movimentações positivas em 2017 e 2018, de acordo com dados da Abecip coletados junto ao Banco Central.
Segundo Duarte Filho, os primeiros meses do ano são marcados por saques maiores, mas a normalização que costuma ocorrer a partir de abril foi mais sutil dessa vez. Apesar disso, a Abecip estima um saldo de poupança em R$ 686 bilhões ao final de 2019, uma alta de 11% em relação a 2018.
A entidade conta também com a expansão da Letra Imobiliária Garantida (LIG), que somou R$ 7,6 bilhões em recursos para o crédito imobiliário, mas representa apenas 0,6% da estrutura de funding do segmento. Duarte Filho lembra que está em audiência pública na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) proposta para simplificar as regras do papel e permitir a distribuição ao varejo. Hoje, pelas regras atuais, o produto é destinado a um público investidor mais qualificado, porém restrito.
Juros futuros sobem seguindo o exterior e com o Copom no radar
O ritmo de negócios do exterior se sobressaiu nos mercados locais e influenciou os contratos futuros de juros, que apresentaram alta ao longo do dia. O DI janeiro/2020 terminou o pregão regular, às 16h, com taxa de 5,60%, ante 5,585% no ajuste anterior, o DI janeiro de 2021 passou de 5,41%, no ajuste anterior, para 5,46% e o DI janeiro de 2025 foi de 6,84% para 6,90%.
Por trás da trajetória dos DIs, está o movimento do dólar contra o real e contra as demais moedas emergentes, que reagem aos sinais dados pelo Banco Central Europeu (BCE). A autoridade decidiu manter a taxa de depósito em -0,40% e a taxa refi a zero, em comunicado interpretado, inicialmente, pelo mercado, como mais favorável ao afrouxamento, com sinais de cortes de juros nos próximos meses.
Na sequência, no entanto, as declarações do presidente da autoridade, Mario Draghi, brecaram a leitura. Draghi disse que o BC da zona do euro ainda vê um risco muito baixo de recessão na região e que irá monitorar as projeções econômicas antes de tomar qualquer atitude.
Ele notou ainda que não se vê sinais de que as expectativas de inflação estejam se desancorando. Por aqui, o dólar operava em alta de 0,73%, aos R$ 3,7817, às 16h42. Selic O cenário de flexibilização monetária global continua no radar do mercado e ganha ainda mais peso com a proximidade da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para acontecer na próxima semana.
Com a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados, os investidores acreditam que o BC vai responder diretamente ao quadro macroeconômico: inflação caminhando para ficar abaixo da meta e a atividade insistentemente fraca. Pesquisa com economistas realizada pelo Valor mostra que, para o mercado, o corte da taxa básica é quase certo e que o movimento inicial poderá inclusive, ser mais intenso do que se imaginou inicialmente.
Do levantamento com 47 economistas, 43 deles, ou 92% do total, esperam corte da Selic. E a maioria tem apostas mais ousadas: 24 casas esperam corte de 0,50 ponto percentual, ou 51% do total. Na semana que vem, o Copom do Banco Central volta a se reunir e anuncia sua decisão de juros na quarta-feira (31).
Desde segunda-feira 22), os dados recentes de inflação e confiança do consumidor levaram as taxas futuras registrar nova quedas, movimento revertido no pregão de hoje diante do cenário internacional. A curva de juros, no entanto, continua precificando altas chances de corte de 0,50 ponto percentual na semana que vem e de 1,25 ponto percentual no ano.
Saque do FGTS não compromete dinâmica do setor imobiliário, diz Abecip
A liberação de saques do FGTS anunciada pelo governo não compromete a dinâmica do fundo para o setor imobiliário, afirma Gilberto Duarte Filho, presidente da associação das entidades de crédito do segmento (Abecip). Ele diz que o esquema de entradas e desembolsos não será alterado. “As liberações potenciais representam algo pouco menor que 10% do saldo do FGTS, portanto, não compromete nenhuma decisão do conselho de desembolso para o setor imobiliário. Não vemos nada mudando para o Minha Casa Minha Vida, para a construção civil”, afirma.
Duarte Filho diz que, se os cotistas usarem os valores sacados para consumir, isso beneficiará a própria construção. “Vai gerar mais confiança, atividade e renda para a economia”, afirma. Segundo ele, os juros estão baixos, a inflação, controlada, e incorporadoras e o mercado financeiro já precificam a retomada da economia, mas “falta o consumidor ganhar confiança e sentir no dia a dia dele que tem mais dinheiro no bolso e estabilidade”.
Apesar disso, Duarte Filho afirma que “já dá para dizer que a retomada está consolidada, o que virá a partir de agora é aceleração”. Sobre os saques de aniversário do FGTS, o presidente da Abecip diz que é um incentivo para que as pessoas continuem empregadas, sobretudo aquelas com salários mais baixos. “Havia incentivo para que elas saíssem de seus empregos para acessar o FGTS. Agora, o governo deu uma alternativa de acesso ao saldo sem que elas precisem sair do emprego”, afirma.
Mesmo com os saques anuais, Duarte Filho diz que o fundo continuará sendo oxigenado, conforme os trabalhadores permaneçam empregados e contribuindo. Mas ele reconhece que, se os cotistas tirarem dinheiro periodicamente, sobrará um saldo menor para eventuais usos como quitar uma dívida imobiliária. “Vai ser uma escolha da pessoa. Continua tendo tudo como funcionava antes, mas agora há opções diferentes.” Para a Abecip, porém, ainda há melhorias a serem feitas no uso do FGTS, como permitir que os trabalhadores acessem o fundo para quitar 100% de uma dívida imobiliária, e não apenas 80%, como é hoje. Além disso, a entidade pleiteia que a carência para um novo uso do saldo caia de dois anos para um ano.
Bradesco: Previdência deve permitir a empresário pensar no longo prazo
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., afirmou acreditar na retomada de investimentos e crescimentos nos próximos meses, diante do andamento da reforma da Previdência. “O bom encaminhamento da reforma da Previdência no Congresso deve permitir que os empresários finalmente possam pensar no longo prazo”, disse o executivo em teleconferência com jornalistas sobre o resultado do banco.
Lazari observou, contudo, que o ambiente econômico no segundo trimestre não se mostrou como o esperado, mas disse estar otimista com o futuro, e destacou os “resultados sólidos” apresentados pelo banco no trimestre. “Apesar de todas as dificuldades da economia brasileira, estamos no caminho correto”, afirmou. “Temos bom crescimento do crédito, custo sob controle e bom desempenho de seguros.”
O presidente do Bradesco chamou atenção para o crescimento anual de 53% na originação de crédito de pessoa física e 44% na de pessoa jurídica no primeiro semestre — o que, segundo ele, “oxigena e dá força na base de clientes”. Ele também indicou que a qualidade do crédito continua a evoluir de forma positiva e. no segundo trimestre, houve melhora da inadimplência em todos os segmentos.
FGTS
É “natural” que o Bradesco tenha interesse em atuar no empréstimo com garantia em recebíveis do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), conforme anunciado pelo governo na quarta-feira, observou o presidente do banco.
Para Lazari, o produto tem semelhanças com o crédito consignado, mas o lastro nas contas do FGTS é, em tese, mais forte que o desconto em folha de pagamento. No entanto, é preciso esperar as normativas que serão elaboradas pelo governo para saber como vai funcionar — se o credor descontará as parcelas do empréstimo diretamente da conta do FGTS ou se usará esse dinheiro apenas em caso de inadimplência.
O dirigente do Bradesco vê a medida como positiva. “É mais uma alternativa, ótimo para a economia do país que haja mais alternativas [no crédito] para atender o cidadão, para bancarizar”, disse, em teleconferência com jornalistas. Ele afirmou que a liberação das contas do FGTS para saque é benéfica porque injeta recursos na economia — tanto para consumo quanto para pagamento de dívidas. Segundo Lazari, o efeito para o banco será marginal, mas positivo. Indicou, no entanto, que é difícil precisar qual o tamanho do impacto.
ESTADÃO/ARTIGO
Celso Ming
O estrago que a nova CPMF provocaria na Bolsa e em outros mercados
Se prevalecer a proposta do governo, a volta da CPMF, na condição de “Imposto Único”, deverá provocar um desastre no mercado de ações.
Como prevê o secretário Especial da Receita Federal, Marcos Cintra, a nova CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, extinta em 2008), viria com outro nome: Imposto sobre Transações Financeiras (ITF). Não seria cobrada apenas em uma, mas nas duas pontas da transação bancária. Seria descontada automaticamente de quem paga e de quem recebe.
Da antiga CPMF dizia-se que era um imposto indolor. Tinha alíquota relativamente baixa, de apenas 0,38%, e era surrupiada pelos computadores a qualquer movimentação da conta bancária, sem declaração prévia do contribuinte, sem boleto, nada. Mas, por ser um imposto que viria para substituir nada menos que cinco impostos (PIS, Cofins, IPI, CSLL e IOF), cuja arrecadação alcança hoje 27% do PIB, teria uma alíquota bem mais alta, previamente avaliada em 2,8%. Nessas proporções, vai doer. E como vai!
Todos os mercados de alta liquidez serão prejudicados. A Bolsa será o primeiro deles. Quem, por exemplo, comprasse R$ 100 mil em ações de qualquer empresa, além das taxas de corretagem e emolumentos, que são relativamente baixos, teria de recolher outros R$ 2,8 mil. Como os 2,8% incidiriam também na venda, seria preciso que a ação se valorizasse bem mais de 6% para que a operação despertasse algum interesse por parte do investidor. Ou seja, a liquidez do mercado, característica essencial da Bolsa, ficaria comprometida porque o ITF desestimularia compras e vendas.
A falta de liquidez, por sua vez, prejudicaria todo o mercado de capitais, o ambiente em que as empresas mais organizadas podem se abastecer com capitais mais baratos.
A desestruturação do mercado de capitais derrubaria instantaneamente o valor de mercado das grandes empresas brasileiras, desorganizaria os fundos de investimento de renda variável e praticamente inviabilizaria qualquer programa de desestatização. A Petrobrás, por exemplo, acaba de vender no mercado de ações 33,75% de sua participação na BR Distribuidora. Se o imposto único estivesse em vigor, essa operação ficaria inviabilizada, não só porque o preço da ação ficaria bem mais baixo do que os R$ 24,50 em que foi negociada, mas porque os compradores teriam de recolher outros 2,8% correspondentes ao imposto.
O que está dito acima sobre o mercado de ações vale para todos os outros segmentos do mercado financeiro: para o câmbio, para o de juros futuros, para o de commodities e, também, para o de imóveis. Se você comprasse um apartamento por R$ 500 mil, teria de recolher imediatamente R$ 14 mil por conta dos 2,8% do imposto. O comprador também estaria sujeito à mesma tesourada, fora a corretagem, despesas de cartório e o Imposto de Renda sobre Ganhos de Capital. Por aí se vê que o mercado de imóveis também enfrentaria crises de liquidez.
Por essas e outras enormes distorções, fica incompreensível a defesa desse imposto pelos empresários do Instituto Brasil, liderados por Flávio Rocha, controlador das lojas Riachuelo.
Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental
O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.