VALOR
Mercados adotam cautela antes de Fed e Copom
O último pregão antes das decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos foi marcado pela cautela. Na bolsa, o investidor novamente manteve o pé no freio, sobretudo no setor bancário, levando o Ibovespa de volta à faixa dos 102 mil pontos. Já o dólar acompanhou os pares no exterior e encerrou em alta de 0,21%, aos R$ 3,7908.
No mercado de juros, o dia foi apenas de ajustes na margem: a taxa do contrato de DI para janeiro de 2021 foi de 5,44% para 5,43% e a do DI para janeiro de 2025 passou de 6,85% para 6,83%.
Embora a perspectiva seja de que tanto o Federal Reserve (Fed, o BC americano) quanto o Copom cortem juros nesta quarta-feira, na tentativa de dar mais ânimo às respectivas economias, os investidores mantiveram o costume de adotar uma postura defensiva no pregão da véspera para se proteger de eventuais surpresas negativas.
Entre as dúvidas, estão a possibilidade de o banco central americano sinalizar um ciclo de cortes menor do que o antecipado pelos investidores, uma vez que a economia dos EUA ainda demonstra sinais de robustez.
No Brasil, parte do mercado vê chance de o Copom adotar uma postura mais conservadora, sobretudo se o Fed der uma sinalização menos tolerante à inflação. Nesse cenário, o Ibovespa encerrou em queda de 0,53%, aos 102.933 pontos, com giro financeiro de R$ 11,5 bilhões, perto da média diária do ano, de R$ 12 bilhões.
O desempenho do setor bancário explica a maior parte do movimento visto: Itaú Unibanco PN (-3,32%) e Santander Unit (-3,10%) lideraram as baixas, seguidos por Bradesco PN (-2,07%), Bradesco ON (-1,74%) e Itaúsa (-1,62%). Segundo operadores, o setor concentra instituições de grande peso e liquidez e, por isso, continua sendo usado pelos investidores estrangeiros para ajustar exposição ao Brasil. No mês até o dia 26, a posição líquida dessa classe de investidor já está negativa em R$ 5,07 bilhões, perfazendo um fluxo negativo de R$ 8,97 bilhões no ano.
Além disso, o desempenho dos bancos no segundo trimestre, conforme os balanços recentes, veio em linha com o esperado pelo mercado, sem surpresas e com alguns indicadores em recuperação mais lenta. Isso faz com que, ao invés de aumentar exposição, o investidor - nesse caso, inclusive o local - veja espaço para reduzir o tamanho do setor nas carteiras. Não é uma aposta contra os bancos, no entanto.
"Embora a performance [de ontem] tenha sido detonada logo depois do balanço do Itaú Unibanco, não é possível admitir que o resultado tenha sido ruim. Ocorre que os dados vieram, em linhas gerais, sem surpresa, então boa parte já havia sido precificada", diz um operador que prefere não ter a identidade revelada.
As ações preferenciais do Itaú Unibanco estão com o pior desempenho no acumulado do ano na comparação com os outros papéis do setor, mas nenhum deles cai no período. Todos, porém, estão com rentabilidade menor do que o Ibovespa: Itaú Unibanco PN avança 5,8% em 2019 até agora, atrás de Santander Unit (6%) e do Banco do Brasil (9,8%); Bradesco ON ganha 15,55%, enquanto Bradesco PN sobe 11,2% no intervalo.
O Ibovespa avança 17%. O Itaú entregou um lucro recorrente 10,2% maior no segundo trimestre, em base anual, de R$ 7 bilhões. Dessa forma, juntos, os três gigantes privados brasileiros - Itaú, Bradesco e Santander - reportaram lucro 17,85% maior no trimestre, também em base anual.
No mercado cambial, contribuíram para o clima de aversão ao risco comentários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a negociação comercial com a China. O republicano reclamou que os chineses não estariam dando sinais de que estão se esforçando para chegar a um acordo e que sempre mudam de opinião no final das rodadas de negociação.
Crédito fica mais caro, apesar da inadimplência sob controle
O saldo de crédito dos bancos praticamente não sai do lugar. No fim de junho, o estoque total estava em R$ 3,3 trilhões, com aumento de 0,4% em relação a maio e de 1,2% no semestre. Se for levado em conta que a taxa média das operações subiu 2 pontos percentuais, de 23,2% ao ano em dezembro para 25,2% no mês passado, apenas a apropriação dos juros contribuiu para o aumento da carteira.
Nesse ritmo, vai ser difícil atingir a projeção de crescimento do Banco Central (BC). Depois de ter encolhido 3,5% em 2016 e 0,5% em 2017, na esteira da retração da economia, o crédito voltou a se recuperar em 2018, quando registrou aumento nominal de 5,5%. A expectativa do Banco Central no início deste ano era de que o estoque de empréstimos avançasse um pouco mais e aumentasse 7,2%.
Há um mês, porém, o Banco Central reduziu a estimativa de crescimento para 6,5%. Embora a variação acumulada em 12 meses esteja em 5,1%, a previsão do BC parece otimista demais a essa altura do ano.
A desaceleração observada à medida que o ano avançava nas diversas áreas da economia, afetada pelos tropeços no andamento das reformas econômicas, com repercussões negativas também no mercado de trabalho, esfriou a demanda por crédito. Apesar da tramitação da mudança das regras da aposentadoria ter andado, nada indica ainda uma reação capaz de mudar radicalmente o cenário, até porque a desconfiança persiste, com a preocupação com outras reformas.
O que mais está segurando a evolução do crédito é a carteira de empresas, ainda afetada pela contenção das linhas direcionadas, notadamente do BNDES. As operações com pessoas jurídicas encolheram 2,9% no primeiro semestre e parece difícil que revertam essa queda e ainda cresçam 2,5% no ano, como prevê o Banco Central. Anteriormente, a estimativa era de crescimento de 4,1%. Já as operações com pessoas físicas acumulam expansão de 4,5% no semestre, menos da metade dos 9,7% projetados pelo Banco Central.
Ao justificar as estimativas para a expansão do crédito para as pessoas físicas, o Banco Central disse que estavam em linha com a "manutenção de níveis confortáveis de inadimplência e de comprometimento de renda das famílias com serviços financeiros e consideram continuidade do crescimento das principais modalidades de crédito livre (veículos, crédito pessoal e cartão de crédito) em patamares próximo aos atuais".
No entanto, não é bem esse comportamento que os bancos vêm adotando. A taxa média de inadimplência oscilou entre 2,9% e 3% no primeiro semestre, fechando o período nos mesmos 2,9% de dezembro. Apesar de o calote estar inalterado, os tomadores de crédito não registram alívio nos juros praticados. Ao contrário. Na contramão, os juros do crédito subiram. A taxa média passou de 23,2% ao ano em dezembro para 25,2% no mês passado.
Os tomadores de crédito também não foram beneficiados pela queda no custo de captação dos bancos, que está acompanhando o recuo dos juros no mercado futuro em consequência da previsão de queda da taxa básica, a Selic (Valor, 29/7). Em junho, a taxa de captação ficou em 5,6%, com queda de 0,4 ponto percentual em relação a maio. Como a taxa de crédito subiu, o spread aumentou e está no maior patamar desde maio do ano passado. Somente neste ano, o aumento foi de quase 3 pontos percentuais, de 17% em dezembro para 19,6% no mês passado.
O mercado futuro de juros sinaliza que a queda dos custos de captação seguiu neste mês, informa o Valor. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), porém, explicou que, além do custo de captação, diversos fatores influenciam o spread, como a inadimplência, as despesas administrativas e os tributos. A inadimplência, como mostram os dados do Banco Central, segue bemcomportada. O cadastro positivo, um recurso necessário de acordo com os bancos, está sendo implementado.
As fintechs de crédito ainda não apresentam uma ameaça consistente. Por outro lado, os lucros dos bancos, que estão em plena temporada de divulgação dos balanços semestrais, não perdem o fôlego. As instituições que já informaram os resultados até agora mostram ganhos em alta, apoiados nos empréstimos às pessoas físicas, cujos juros são mais elevados e garantem margens mais robustas.
ESTADÃO
BC deve iniciar novo ciclo de corte de juros
O Banco Central se prepara para anunciar nesta quarta-feira, 31, o primeiro corte da Selic (a taxa básica de juros) após 16 meses.
Com a inflação sob controle e a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara, a maior parte do mercado financeiro espera por uma redução da taxa, atualmente em 6,5% ao ano. A dúvida é se o BC optará por um corte de 0,25 ou de 0,50 ponto porcentual.
Em sua reunião de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC já havia indicado que, caso a Previdência avançasse na Câmara, a Selic poderia cair. Isso porque a aprovação da reforma abre espaço para um reequilíbrio das contas públicas, reduzindo o risco de a inflação voltar a acelerar.
O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic com o objetivo de buscar o cumprimento da meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional. Para 2019, a meta central de inflação é 4,25%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo (ou seja, o índice pode ficar entre 2,75% e 5,75%). Quando a inflação está alta ou indica que vai ficar acima da meta, o Copom eleva a Selic. Com isso, os juros bancários tendem a subir, freando o crédito e o consumo. Assim, a inflação costuma cair.
Os dados mais recentes, porém, mostram que a inflação segue acomodada no Brasil. Para completar, a atividade econômica continua fraca. Em junho, o BC já havia alertado que o processo de recuperação da atividade foi interrompido.
Consenso
“Acho que é hora de cortar juros”, avalia o ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carlos Langoni. “A inflação corrente está baixa e a atividade econômica está rodando abaixo das expectativas. E o mais importante: a reforma da Previdência está praticamente definida”, justifica.
Economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmaram que, embora o projeto de reforma ainda possa ser alterado, a percepção é de que o texto será aprovado no segundo semestre e algum ajuste será feito nas contas públicas. Pelo texto atual, a economia com a reforma seria de R$ 933,5 bilhões em dez anos.
Neste cenário, de 55 instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast, 51 esperam pelo corte dos juros na noite desta quarta e apenas 4 projetam estabilidade. Entre aquelas que preveem juros menores, 27 aguardam corte de 0,25 ponto porcentual (6,25% ao ano) e 24 apostam em 0,50 ponto (6%).
Em qualquer caso, será o menor patamar da história. “Em geral, os bancos centrais começam novos ciclos de corte com medidas mais conservadoras. Acredito em corte de 0,25, e não de 0,50”, disse o economista-chefe do Haitong Banco de Investimento Brasil, Flávio Serrano. Para ele, o BC tende a adotar um corte total de 1 ponto porcentual dos juros nos próximos meses, até 5,50% ao ano, o que conduziria a inflação em 2020 para perto de 4%.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve reduzir os juros pela primeira vez desde a crise de 2008. Espera-se uma queda também de 0,25 ponto-base, para 2,25% ao ano, respondendo assim a uma demanda do presidente Donald Trump.
A redução dos juros não tem efeito imediato na economia. “Do começo da crise até agora o Brasil já derrubou a Selic de 14,25% para 6,5% ao ano e a economia está praticamente parada. E 0,25 ponto ou 0,50 ponto não vão mudar as coisas”, afirma a economista-chefe do XP Investimentos, Zeina Latif.
Faria Lima informa: existem 72% de chances de os juros caírem 0,50 ponto percentual hoje!
Hoje (31/07) é o segundo dia da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que vai anunciar a nova taxa de juros brasileira. Considerando a curva de juros negociada na B3 – DI Futuro, existem 72% de chances de queda da Taxa Meta Selic em 0,5 ponto percentual, passando dos atuais 6,50% aa para 6,00% aa.
Introdução
Antes de desenvolver o texto, quero explicar algumas coisas. Primeiro, existe um produto negociado na Bolsa brasileira (B3) em que se aposta no movimento da taxa de juros. Foi através deste produto que cheguei à conclusão apresentada neste artigo.
De que produto estou falando? DI Futuro. No mercado desde os anos 90, está entre os derivativos mais negociados no planeta. Basicamente consiste em apostas sobre o movimento das taxas de juros brasileiras.
Para fazer minha análise, usei um vencimento específico, que é o DI para o próximo dia 1º de setembro. Foi este vencimento, combinado com a Selic atual de 6,50% aa, que me levou aos 72% de chance de redução da taxa em 0,5 ponto percentual.
Dito isto, vamos a algumas considerações.
– A última vez em que o Banco Central derrubou os juros.
Foi na reunião do dia 21 de março de 2018, quando o presidente da República ainda era Michel Temer e o Banco Central era comandado por Ilan Goldfajn. Foi a última de uma sequência de quedas que teve início no dia 19 de outubro de 2016, quando a Meta Selic passou de 14,25%aa para 14,00%aa. Agora estamos há aproximadamente 16 meses com a mesma taxa de 6,5%aa.
Mas qual era o contexto nacional em março de 2018? No campo político, o cenário estava cheio de incertezas, com Lula ainda como possível candidato à Presidência da República, assustando o mercado financeiro. Bolsonaro estava então despontando – naquele momento, não era um forte candidato.
No campo econômico, a tabela a seguir compara as situações em março de 2018 e atualmente.
Produto Mar2018 Julho2019
Taxa Meta Selic antes da reunião 6,75%aa 6,50%aa
IPCA projetado para 12 meses 3,97% 3,68%
PIB projetado para o ano 2018 – 2,83% 2019 – 0,82%
Taxa de câmbio 3,29 3,79
Taxa de câmbio projetada para o final do ano 2018 – 3,30 2019 – 3,75
Desemprego 13,07 milhões 12,98 milhões
Olhando para os dados, observamos que algumas coisas mudaram pouco, como o IPCA e o desemprego. Continuamos com a inflação controlada e com o desemprego bombando. Já o dólar agora estressou um pouco mais e a expectativa de crescimento da economia piorou em relação a março do ano passado.
– E a reunião deste mês?
O que passa na cabeça dos diretores do Banco Central? Pelas últimas atas, dá para perceber que a grande preocupação tem sido as reformas, com destaque para a da Previdência. Mas existem outras pulgas atrás da orelha, como baixo crescimento externo, brigas comerciais etc.
E o que mudou nas últimas semanas? O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, conseguiu passar com folga a reforma da Previdência no primeiro turno. Mas vale lembrar que ainda temos o segundo turno na Câmara e mais dois turnos no Senado. Ou seja, teremos um mês de agosto de fortes emoções e isso, com certeza, está no radar do Banco Central. Se mantiver o que tem escrito e/ou falado, nem deveria baixar os juros – já que a reforma da Previdência ainda não passou de forma definitiva. Eu particularmente acho que ainda teremos boas brigas pelas regalias dos policiais e professores, que podem gerar grande embate no Senado.
– Argumentos para cada possível movimento do Copom
– Não derruba os juros: neste cenário, o Copom alegaria que a reforma ainda não passou, mas que está atento aos próximos passos do Congresso. Com certeza, uma decisão assim vai estressar o mercado financeiro.
– Derruba 0,25 ponto percentual: neste caso, o objetivo do Copom seria somente sinalizar que está atento e deu um voto de confiança para o Congresso.
– Derruba 0,50 ponto percentual: aqui o Copom demonstraria que, como a reforma passou no primeiro turno na Câmara, está confiante nos demais passos e, por isso, decidiu derrubar os juros. Além disso, o comitê pode argumentar que o mundo todo já está baixando os juros, ou fará isso nas próximas semanas, que a nossa inflação está sob controle e que a expectativa de crescimento do PIB brasileiro não melhora. Neste cenário, o mercado não estressa, pois tudo isso já está precificado. E o Copom ainda joga para o governo a “batata quente”, na linha “eu estou fazendo o dever de casa. Se a reforma não passar ou der dor de cabeça, eu aumento os juros nos próximos meses e posso estressar o mercado. Tá okay?”.
– Reação à decisão
Considerando a queda de 0,50 ponto percentual, a reação será de indiferença, pois já está no preço. Mas temos que olhar com atenção o que o Copom vai escrever no comunicado após a reunião (se vai ter alguma frase de impacto).
Conclusão
Acho uma reunião difícil, porque o mercado financeiro aposta todas as fichas em uma queda de 0,50 ponto percentual. Podemos até ter uma votação dividida.
Se eu fosse o diretor e votasse, faria o seguinte: “baixo em 0,25 ponto percentual os juros, dando voto de confiança ao Rodrigo Maia por ter passado a reforma da Previdência no primeiro turno na Câmara e acreditando que a tramitação no Congresso será concluída ainda no mês de agosto. Ao mesmo tempo, destaco o interesse em uma queda maior nos juros, mas que não depende somente da minha vontade e que se mostra inoportuna, devido a números econômicos internos ruins”.
E ainda complementaria: “sabemos que estímulos para a melhora da economia não dependem somente da Taxa Meta Selic e, sim, de políticas como compulsório e decisões tomadas pelo Ministério da Economia. Por esses motivos, só derrubo os juros em 0,25 ponto percentual, confiante de que, nas próximas reuniões do Copom, o cenário estará mais propício a novas mexidas na taxa”. Tenho dito!
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