Quarta-feira

VALOR

Aprovação da Previdência deve levar à queda gradual do juro, diz BC

A reforma da Previdência deve diminuir de maneira gradual a taxa estrutural de juros, aquela que leva ao máximo de crescimento da atividade sem gerar pressão inflacionária. A avaliação foi feita pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em ata divulgada nesta terça-feira, sobre a reunião realizada na semana passada.

Na ocasião, o Banco Central (BC) diminuiu a taxa básica de juros de 6,5% ao ano para 6%. “O Copom entende que a reforma contribui para a redução gradual da taxa de juros estrutural da economia”, diz. Taxas estruturais menores geralmente levam a taxas básicas menores, embora o colegiado não faça essa relação mecânica no documento e o juro definido no curto prazo dependa também de outros fatores, como perspectivas inflacionárias e grau de aquecimento da economia.

Na ata, o BC também destaca a melhora das perspectivas para a atividade econômica na comparação com a reunião anterior, realizada em junho. Em relação à taxa estrutural, entre os fatores ligados à reforma que ajudariam na sua queda estão o aumento tanto da poupança pública quanto da poupança privada. No primeiro caso, a expansão se daria pelo crescimento mais lento dos gastos do governo.

No segundo caso, as mudanças gerariam “incentivos para aumento da taxa de poupança por parte da população, visando sustentar um certo padrão de consumo após a aposentadoria”. “A reforma da Previdência também reduz o componente de prêmio de risco da taxa de juros estrutural, posto que com ela melhoram as perspectivas de sustentabilidade fiscal”, diz.

Em sentido oposto, o BC cita fatores com potencial para elevar a taxa estrutural. Entre eles, estão o aumento da oferta de trabalho e o estímulo a investimentos privados, decorrente de menores incertezas ligadas a “aspectos fundamentais da economia brasileira”. O colegiado admite a “complexidade” de medir cada um desses fatores, mas acredita que o “efeito líquido” deve ser a queda da taxa estrutural, ainda que de maneira gradual.

Ainda assim, a tendência é que os benefícios da agenda reformista não se limitem ao recuo da taxa, na visão da autoridade monetária. “A continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a queda da taxa de juros estrutural, para o funcionamento pleno da política monetária e para a recuperação sustentável da economia”, diz.

No documento, o Copom também discute cenários de prazos mais curtos e a situação da atividade econômica. Indicadores recentes sugerem, por exemplo, “possibilidade de retomada” em ritmo gradual da economia brasileira. Na última reunião, o BC destacava uma possível “interrupção do processo de recuperação” em trimestres anteriores.

Agora, calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) ficará estável ou terá “ligeiro crescimento” no segundo trimestre. Mais para a frente, a tendência é que nos trimestres seguintes “haja alguma aceleração” da atividade, puxada pela liberação de recursos do FGTS e do PIS/Pasep.

Em prazos mais longos, entretanto, a expansão da atividade em “patamares mais robustos” dependerá de fatores como aumento da produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade econômica e melhoria do ambiente de negócios. A autoridade coloca inclusive a sua própria Agenda BC# como parte desse processo.

Outro ponto de destaque da ata “foi a distensão relevante nos meses recentes” das condições financeiras – movimento que, segundo o BC, já apresenta reflexos nos preços de ativos e na dinâmica dos mercados de crédito e capitais.

As razões para essa distensão, nas palavras do próprio colegiado, são: expectativas de ajuste no grau de estímulo da política monetária; evolução benigna das condições financeiras nos mercados globais; e perspectivas de melhoria dos fundamentos da economia brasileira decorrentes do progresso na agenda de reformas.

Por fim, o Copom reforça ainda a mensagem de que deve voltar a cortar juros. “A consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo monetário”, diz. Mas também ressalta que “os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”.

 

Demanda aquecida acelera as ofertas de fundos imobiliários

O segundo semestre começou aquecido para o mercado de fundos imobiliários e 2019 prometer ser um dos mais ativos para o setor. Em análise na CVM há R$ 3,83 bilhões em ofertas públicas e outros R$ 8,99 bilhões foram aprovados ou dispensados de registro, entre primárias e subsequentes, desde janeiro. Nem tudo já foi distribuído, mas essas cifras dão uma pista da boa disposição de gestores e investidores para esse tipo de risco.

O tamanho das operações aumentou, mas mesmo assim tem havido rateio em função da forte demanda. Com a Selic na mínima histórica e a retomada da atividade que se vislumbra para alguns setores da economia, o destino do investidor típico de renda fixa tem sido, em boa parte, para os fundos imobiliários, considerado um meio de caminho até que diversifique a carteira com opções aparentemente mais arriscadas como os fundos de ações.

Somando-se ofertas restritas, distribuídas para um número limitado de investidores, as operações no primeiro semestre chegaram R$ 11,6 bilhões, 26,5% acima do observado no mesmo período do ano passado, segundo dados da Anbima, que representa o mercado de capitais e de investimentos. Para se ter uma ideia do ritmo que se ensaia para 2019 é que em 2018 inteiro foram captados R$ 14,6 bilhões — e já tinha sido maior volume desde pelo menos 2013.

Ao se analisar a dinâmica do setor lá fora com o tamanho do mercado no Brasil, dá para ir muito mais longe, afirma Alan Hadid, sócio da BTG Pactual Asset Management. “Onde vai parar? Só está começando”, diz. “Com a queda do juros para 6% e, muito provavelmente, num futuro próximo, indo para 5%, não tem por que o mercado de fundos imobiliários não ser atraente, com a pessoa física buscando ativos reais, que conhece, sabe que tem o tijolo por trás e que pode ter boa rentabilidade.”

Michel Wurman, sócio responsável pela área imobiliária do BTG Pactual, acrescenta que nos Estados Unidos, quando se vai para a classe dos fundos ilíquidos, os imobiliários têm a maior fatia e aqui, entre portfólios listados na B3 e os não listados o patrimônio limita-se a pouco mais de R$ 100 bilhões.

“É um tamanho ínfimo do que pode ser”, diz. Ele cita que enquanto o número de pessoas físicas cadastradas na bolsa ultrapassou a marca de 1 milhão neste ano, os investidores de fundos imobiliários somam pouco mais de 360 mil.

O BTG tem cerca de R$ 19 bilhões em fundos imobiliários e um sinal de que há fôlego para mais foi a recente estruturação de uma carteira para acolher sete shoppings adquiridos do portfólio da BR Malls por R$ 696,4 milhões. As cotas, relativas a uma oferta restrita de R$ 900 milhões, incluiu uma captação excedente para uma emissão de dívida. Os recursos foram levantados em três semanas.

“Os fundos de shoppings foram uma grande mudança. O mercado era dominado por famílias nas décadas de 80 e fim dos anos 90 e 2000, daí começaram a aparecer as empresas listadas [com ações na bolsa], e de um ano e meio para cá os fundos de shopping. Vamos ser um player importante nesse segmento”, afirma Hadid.

As ofertas têm vindo com um volume relevante, em comparação aos anos anteriores, diz Bárbara Mota Lombardi, gestora de fundos de fundos imobiliários da Rio Bravo Investimentos. “Temos visto colocação de fundo de R$ 1,2 bilhão, que já nasceu deste tamanho. Antes, víamos operações na casa dos R$ 100 milhões a R$ 200 milhões, agora R$ 400 milhões parece que virou o padrão do mercado.”

Nesta atual safra, o maior fundo captado foi o FII Green Towers, da Votorantim Asset, que numa oferta mista — primária (R$ 306 milhões) e secundária (R$ 894 milhões) — atraiu cerca de 7 mil investidores. O fundo tem como ativo 85% do Green Towers, empreendimento em Brasília composto por três torres ocupadas pelo Banco do Brasil. O contrato de aluguel foi renovado em novembro passado por cinco anos.

Descentralização

A executiva da Rio Bravo também nota uma melhor distribuição geográfica e diversificação dos ativos que servem de lastro para os fundos. O setor que sempre explorou mais o sudeste, agora tem buscado alternativas em outras praças, como, por exemplo, fundos de shoppings centers e outros ligados a imóveis de varejo no norte, nordeste e centro-oeste do país. Explorar o comércio fora dos grandes centros de compra também é uma novidade.

“Comprar varejo de rua era coisa que ninguém olhava e agora temos visto imóveis raros, de altíssima procura e rentabilidade, que têm se mostrado resilientes em algumas praças nas grandes cidades”, descreve Bárbara. Como exemplo, ela cita imóveis na Rua Oscar Freire, na região dos Jardins, em São Paulo, ou na zona sul do Rio, como áreas que agora têm gestores de fundos imobiliários por trás.

Mesmo com uma grande quantidade de operações chegando ao mercado, as colocações têm sido insuficientes para suprir a procura do investidor. “Desde dezembro, todas as ofertas públicas tiveram rateio por causa do excesso de demanda, fazia muitos anos que isso não acontecia e os investidores estão levando menos do que gostariam”, conta Lucas Stefanini, responsável pela área de Fundos Imobiliários da Guide Investimentos.

Ele cita que na oferta da CSHG Logística, de quase R$ 550 milhões, registrada em junho, por exemplo, quem fez a reserva ficou com cerca de 5% do que desejava. Nas demais, o investidor tem ficado com fatias entre 10% e 30% do que reservou.

“Com fortes vencimentos de títulos do Tesouro, boa parte dos investidores migrou para outras classes e os fundos imobiliários foram um dos principais beneficiários desse fluxo”, diz Stefanini. Só em 15 de maio o Tesouro pagou R$ 9 bilhões para 122 mil investidores pessoas físicas que tinham Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), lançadas em 2013. “Em um ano entraram praticamente 200 mil investidores neste mercado [de fundos imobiliários], a cada mês tem 30 a 40 mil novos cotistas que nem conheciam o produto.”

Mix de renda variável com fixa

Apesar de os fundos imobiliários serem classificados como ativos de renda variável, com muito deles com cotas negociada na bolsa, há a parcela de dividendos distribuída mensalmente referente ao aluguel, que é encarada como renda fixa. Nessa fatia, não há incidência de imposto de renda para a pessoa física. Nas ofertas realizadas neste ano, até junho, 52% delas ficaram com o investidor individual, segundo a Anbima.

“O que a gente está vendo, desde o início do ano, é a primeira grande migração da renda fixa para a renda variável, incluindo ações e fundos imobiliários”, diz André Freitas, sócio-fundador da Hedge Investments.

Apesar de a Selic ter ficado congelada em 6,5% ao ano desde março de 2018 até a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de julho, quando caiu para 6%, ele lembra que um ano atrás, as projeções da taxa apontavam para um juro na casa dos 8%, e que agora as estimativas estão em 5%. “O investidor percebeu que tem que se virar nessa taxa de juros, e se acha ruim, insuficiente, o fundo imobiliário é, sem dúvida, uma alternativa competitiva.”

Se entre 2013 e 2017, as ofertas se restringiam a “fundos de papel”, que abrigam títulos com lastro em ativos imobiliários (CRI e LCI), ou fundos de fundos, hoje já é possível comprar o imóvel e trazê-lo para a estrutura de um fundo imobiliário de forma competitiva com o que se pratica no secundário, prossegue Freitas. Com vacância alta no setor, a operação não se tornava viável a ponto de garantir o retorno em dividendos (o “dividend yield”) entre 8,5% e 9% que as cotas de alguns fundos já listados asseguravam.

Até o ano passado, o investidor buscava um retorno de 7% a 8% em dividendos e agora já aceita alternativas que paguem entre 5,5% e 6%, diz Guilherme Bueno, responsável por fundos de incorporação da RBR Asset Management. “O investidor está topando pagar mais caro na cota porque está buscando renda”, diz, referindo-se a compras no pregão da B3. “No mercado de hoje, qualquer oferta venderia”.

Ele diz que apesar da demanda aquecida, os grandes bancos e demais estruturadores como XP, Guide e Genial, têm feito um trabalho eficiente de colocar na rua operações com bom lastro. Com cerca de R$ 2 bilhões em patrimônio, a RBR vem ancorando ofertas restritas, antes de partir para as ofertas públicas, tendo incubado seis operações.

Bárbara, da Rio Bravo, diz ver boas perspectivas para os diversos setores. No ramo logístico, ela cita que o Brasil está muito atrás de pares como o México, com um parque logístico 20 vezes menor, e sem ter uma relação de comércio exterior muito diferente. O crescimento do varejo on-line também ampara a necessidade de novos galpões para os lojistas.

Em lajes corporativas grandes, em áreas como a região da Faria Lima, ela cita que a vacância, abaixo de 10%, coloca o poder de barganha nas mãos do dono do imóvel. E um segmento que pode capturar imediatamente estímulos como a liberação do PIS e do FGTS são os fundos que abrigam participações em shopping centers.

 

Investimento cresce no 2º tri e sinaliza 'algum alento' , diz Ipea

A formação bruta de capital fixo (FBCF), medida dos investimentos em máquinas, construção civil e pesquisas, voltou ao campo positivo no segundo trimestre, ao crescer 2,3% em relação aos três primeiros meses do ano, segundo indicador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Se confirmado no fim deste mês, quando o IBGE divulga os dados do PIB do período, o resultado vai interromper uma sequência de dois trimestres de queda do investimento, que recuou no quarto trimestre do ano passado (-2,4%) e no primeiro deste ano (-1,7%). "Com a reforma da Previdência caminhando para aprovação, o resultado confere algum alento para os próximos meses.

Se o IBGE divulgar algo próximo de 2% para o investimento, isso colocará um viés de alta para o restante do ano, a não ser que o cenário internacional atrapalhe", disse Leonardo Mello de Carvalho, pesquisador do Ipea. A leitura do mês surpreendeu o próprio Ipea. No relatório "Visão Geral da Conjuntura", divulgado em junho, o instituto esperava um desempenho mais modesto dos investimentos no segundo trimestre, com avanço de 0,9%, ou seja, menos da metade do apontado pelo indicador divulgado ontem.

O resultado positivo do indicador refletiu o melhor consumo aparente de máquinas e equipamentos. Esse componente teve alta de 5,9% no trimestre, movimento explicado pelo avanço de segmentos tão diversos quanto bens de capital para fins industriais (7,7%), para construção (3,5%) e de equipamentos de transportes (7,2%).

"A disseminação foi uma mensagem mais positiva em termos de tendência. Dá um cenário de trajetória mais positiva para o segundo semestre. Pode ser algo que indique o início de uma aceleração da recuperação cíclica, que até aqui foi frustrante", disse Carvalho.

A construção civil também voltou a crescer, com alta de 0,6% no segundo trimestre, com ajuste sazonal. Esse avanço foi explicado pelo aumento da construção civil residencial e pelas vendas de material de construção para pequenas obras. "A infraestrutura tem potencial para contribuir, mais isso ainda não aconteceu", acrescentou.

Frente ao segundo trimestre de 2018, o Ipea mediu um crescimento de 5,3% dos investimentos. Nesse caso, o indicador é influenciado pela baixa base de comparação - maio do ano passado foi marcado pela greve dos caminhoneiros, o que produziu um choque na economia. Em junho, o indicador avançou 0,7% em relação a maio. A alta em 12 meses é de 4,3%.

 

Câmara aprova texto-base da reforma da Previdência em segundo turno

A Câmara dos Deputados aprovou no início da madrugada desta quarta-feira, por 370 votos a 124, o texto-base da reforma da Previdência em segundo turno. Apenas um parlamentar se absteve. A análise dos destaques supressivos que foram apresentados em relação a proposta de emenda constitucional (PEC) ficará para esta quarta-feira.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convocou sessão para amanhã, às 9h, para dar continuidade a tramitação do texto em segundo turno. Até o momento, oito destaques foram protocolados, sendo sete da oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro e um pelo partido Novo, legenda favorável a reforma.

Diferente do primeiro turno, nesta fase, os destaques apresentados só podem solicitar a retirada de trechos da PEC. Os parlamentares favoráveis a reforma precisam garantir 308 votos para manter o texto da mesma maneira que foi aprovado na primeira etapa da tramitação. As sessões da Câmara foram marcadas por uma articulação alinhada entre governistas e partidos favoráveis a reforma para derrubar requerimentos de obstrução apresentados pela oposição.

Mais cedo, Maia demonstrou estar confiante de que o segundo turno da reforma da Previdência será concluído nesta semana. “Precisamos superar essa agenda para seguirmos com outros propostas importantes”, disse Maia, que avaliava que o placar seria parecido com a votação do primeiro turno, quando o texto principal da reforma foi aprovado com 379 votos favoráveis. “Depende do quórum”.

Maia afirmou ainda que espera concluir o segundo turno da reforma da Previdência no plenário da Câmara até quarta-feira à noite para encaminhar o texto na quinta-feira (8) ao Senado, onde também passará por duas votações. Nessa nova etapa de tramitação, Maia não quer ver novas desidratações no texto da reforma. “Texto não deve, se depender da minha vontade, mudar no segundo turno”.

Entre os partidos da oposição, o PT apresentou três dos setes destaques. As propostas de mudanças no texto dos petistas sugere a alteração de regras de exigência de contribuição mínima; a retirada do texto do requisito de um quarto do salário mínimo de renda per capita na família e de outros critérios para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC); e a supressão do novo critério de cálculo dos benefícios em ambos os regimes e mantém a média de 80% dos maiores salários.

O PDT, por sua vez, propõe, em seu destaque, suprimir do texto da reforma o pedágio de 100% no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e no Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e manter apenas os requisitos de idade e tempo de contribuição. O PSB sugere que seja retirado da proposta o dispositivo que estabelece a elevação da regra de pontos na aposentadoria especial, enquanto o Psol propões a supressão as mudanças no pagamento do abono salarial.

O partido de Ivan Valente (Psol-SP) já havia apresentado esse destaque no primeiro turno. Hoje, trabalhadores que recebem até dois salários mínimos (R$ 1.996,00) recebem o benefícios, mas, de acordo com o texto aprovado em primeiro turno, o abono passará a ser pago apenas para os trabalhadores que recebem até R$ 1.364,43.

Também da oposição, o PCdoB propõe a supressão da regra que possibilita que a pensão seja inferior ao salário mínimo nos casos de acumulação e manter a atual redação da Constituição que garante o direito de pensão por morte em valor não inferior ao salário mínimo. Na avaliação de integrantes da equipe econômica, esse é destaque mais preocupante e com mais chances de propiciar uma surpresa negativa ao governo.

Diante deste cenário, o secretário especial da Previdência e do Trabalho, Rogério Marinho, prometeu que o governo encaminhará ao Congresso, após a reforma da Previdência ser aprovada, um projeto de lei ratificando a regra que garante pensão de um salário mínimo para quem tem renda formal menor que o piso.

Essa promessa foi incluída em uma portaria assinada por Marinho enquanto se reunia com integrantes da bancada evangélica. Parlamentares do Centrão afirmaram ao Valor que acreditam que, com a iniciativa, a oposição tem menos chances de emplacar o destaque. Único partido favorável a reforma que apresentou um destaque para mudar o texto, o partido Novo propõe retirada do artigo que define regras de transição para quem já está no mercado de trabalho.

 

Mercados globais ensaiam recuperação após turbulência

Depois da turbulência, veio alguma calmaria. Não se sabe ainda até onde vai a guerra comercial entre China e Estados Unidos, mas, ao menos nesta terça, o investidor aproveitou o momento de alívio para recomprar ações, garantindo a recuperação parcial de Wall Street e, no Brasil, a retomada do nível dos 102 mil pontos pelo Ibovespa.

A percepção de risco se suavizou um pouco após o banco central da China ter atuado para conter uma depreciação adicional do yuan, amenizando a preocupação com os desdobramentos da disputa comercial com os EUA.

Na avaliação de analistas, a decisão chinesa evita que uma guerra cambial seja deflagrada, como se temia na segunda — quando os mercados globais desabaram após o governo de Pequim permitir que a cotação de sua moeda alcançasse a barreira psicológica de 7 yuans por dólar. Em Nova York o índice Dow Jones subiu 1,21%, aos 26.029,52 pontos, e o S&P 500 avançou 1,30%, aos 2.881,77 pontos.

A maior recuperação da sessão veio com o Nasdaq, que ganhou 1,39%, para 7.833,26 pontos. Mas, apesar das altas, nenhum dos índices chegou a retomar metade das perdas do dia anterior. Patrocinado pelo respiro lá de fora, o Ibovespa terminou o dia com ganho de 2,06%, aos 102.164 pontos.

O giro financeiro das ações do índice foi de intensos R$ 13,8 bilhões. Uma alta acompanhada de forte fluxo é indício de que parte dos fundos que venderam ações na véspera aproveitaram as baixas para reajustar as posições. Em outro sinal importante do ajuste local, os juros futuros brasileiros de longo prazo voltaram a devolver prêmio de risco depois de quase uma semana.

O contrato de DI para janeiro de 2025, por exemplo, recuou de 7,05% no ajuste anterior para 6,94% na B3. Já o dólar comercial alternou altas e baixas durante a sessão, fechando praticamente estável, a R$ 3,955.

No entanto, apesar da melhora sentida no pregão, ninguém abriu mão da cautela. Afinal, dizem analistas, a guerra comercial entre Pequim e Washington não tem prazo para acabar. “Vemos o conflito comercial e questões políticas como riscos persistentes para os mercados e razões para manter um posicionamento defensivo de maneira geral”, afirma a Pimco, em relatório. O desempenho dos ativos considerados seguros — como os títulos do Tesouro americano — é um indicativo claro de que as tensões não acabaram. A taxa da T-note de dez anos caiu de 1,75% para 1,73%, e a do T-bond de 30 anos baixou de 2,30% para 2,25%.

Quando os preços sobem, os juros caem, num sinal de busca por segurança no mercado. As taxas dos Treasuries caíram fortemente na segunda-feira, com os investidores reforçando suas apostas em um novo corte dos juros pelo Fed.

Mas o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse ser prematuro defender agora um novo corte na taxa de juros e que não se deve esperar que o BC reaja a cada movimento da guerra comercial com a China.

Analistas afirmam que ainda é importante não descuidar dos desdobramentos da guerra comercial, depois da forte piora no sentimento de risco gerada pela desvalorização da moeda da China na segunda-feira, seguida por declarações do Departamento do Tesouro dos EUA, que classificou o país asiático como um manipulador cambial. Esse tipo de cenário mostra que um acordo entre os dois gigantes pode demorar ainda mais para sair, deixando uma nuvem de instabilidade no horizonte.

 No curto prazo, porém, o investidor pode continuar aproveitando a abrupta queda de preços para buscar oportunidades. No Brasil, essa dinâmica trouxe impulso para as “blue chips”, como Itaú Unibanco, que teve alta de 3,02%, e Vale, que se valorizou 1,35%. Vale destacar que a economia doméstica continua a ser fator de maior destaque na bolsa, com as altas mais intensas localizadas nos setores de varejo, consumo e educação.

Esses papéis já eram citados pelos analistas como alternativas num ambiente de incertezas globais e mudanças estruturais no Brasil, onde o cenário de juro baixo — reforçado pela ata do Copom divulgada nesta terça — estimula a demanda pela renda variável. Dentre os destaques desta terça estiveram Magazine Luiza (6,09%) e Yduqs (antiga Estácio), com alta de 4,4%. Para analistas, o Brasil apresenta boas oportunidades de investimentos mesmo num cenário global de tensão.

Isso porque a economia daqui depende menos do comércio global do que outros emergentes e, consequentemente, os ativos brasileiros sofrem influência maior da dinâmica local. “A economia brasileira é muito menos dependente do comércio global como fonte de crescimento, ao contrário de países como China ou México”, afirma Axel Christensen, estrategista-chefe para a América Latina da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo.

O estrategista destaca que a escalada de tensões pode afetar o fluxo de investimento estrangeiro no curto prazo, mas isso pode ser mitigado parcialmente pela realocação de ativos da Ásia para a América Latina. “Mais importante, acreditamos que a redução de juros pelo BC poderia desencadear uma realocação de carteiras de investidores locais, de renda fixa para outros ativos de retorno mais arriscados, porém mais altos, como as ações”, afirma Christensen.

Ativos brasileiros negociados no exterior acompanharam a tendência geral do mercado e também se recuperaram. O iShares MSCI Brazil, maior fundo de índice (ETF) de ações brasileiras em Wall Street, subiu 1,87%, depois de marcar o pior patamar em mais de um mês. Já o Dow Jones Brazil Titans, que mede o desempenho dos 20 maiores recibos de ações (ADRs) brasileiros, ganhou 1,40%.

 

Campos reconhece momento ‘mais incerto’ na cena externa

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o Brasil está passando por “um momento um pouco mais conturbado” no quadro internacional, mas que está tranquilo pois é preciso olhar mais para o cenário de longo prazo. “Estamos tranquilos para navegar esse momento mais incerto pela frente”, disse. As declarações foram feitas em meio às turbulências causadas com a guerra comercial entre Estados Unidos e China. “Temos uma posição bastante sólida.

Contas externas bastante sólida, volume de reservas bastante grande”, frisou, acrescentando que no ano passado “navegamos na crise sem ter que subir juros”. Segundo o presidente do BC, nos primeiros anúncios de imposição de tarifas pelos países se esperava um aumento da inflação, o que não aconteceu.

No evento “Como fazer os juros caírem no Brasil?”, realizado pelo jornal “Correio Braziliense” com patrocínio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Campos ressaltou ainda a importância de se alavancar o mercado imobiliário. Citou, por exemplo, as operações de home equity o que, segundo cálculos considerados conservadores, poderia injetar cerca de 500 bilhões ao setor. Ele defendeu ainda a utilização do IPCA nos contratos imobiliários. “Podemos trazer para a mesa para melhorar esse mercado a securitização.

Índices que não são hedgeados, como TR, são pouco securitizados. Entendemos que usar o IPCA poderia ajudar na securitização”, afirma. Campos disse ter visto melhoras recentes tanto em emprego como em crescimento. Ele defendeu a continuidade das reformas estruturais como a da Previdência, que é a “mãe” de todas.

Para ele, é preciso avançar também em reformas que aumentem a produtividade do país, o que ajuda a alavancar o crescimento econômico. Apresentando dados sobre crescimento econômico global do Fundo Monetário Internacional (FMI), Campos frisou que o processo de desaceleração da economia é mundial e que, no ano que vem, as revisões de crescimento para baixo serão muito rápidas. Ou seja, na avaliação de Campos, a redução das projeções de expansão do PIB não é uma exclusividade do Brasil pois aconteceu em outros países da América Latina.

Ele ressaltou que as estimativas de inflação estão ancoradas à meta e que o processo de convergência das expectativas para a meta de 2022 foi bem mais rápido do que aconteceu no passado, o que reflete a credibilidade da autoridade monetária neste momento. Campos lembrou que foram necessários seis meses para que as expectativas convergissem para a meta de inflação de 2021, quando ela foi anunciada.

No caso da meta de 2022, demorou uma semana. Durante o evento, ele destacou a carência brasileira de investimento em infraestrutura e que o projeto do BC que viabiliza o hedge cambial para projetos de infraestrutura está “praticamente pronto”.

Sobre o spread bancário, o presidente do BC afirmou que todos os componentes que influenciam em seu cálculo tem espaço para melhora, principalmente a inadimplência, que responde 37,2% do spread. Ele frisou que o cheque especial e o crédito rotativo são produtos emergenciais, mas regressivos e que isso precisa mudar. “Quem tá embaixo está pagando para quem está em cima. Precisamos diminuir a regressividade do produto”, disse o presidente do BC, referindo ao cheque especial. “O rotativo tem uma análise parecida com o cheque especial e pune quem está mais embaixo da pirâmide”, complementou.

Ele citou que a recuperação do crédito no Brasil, se comparado com outros países, é baixa e isso acaba afetando o custo. “O BC trabalhando intensamente nessas reformas. As reformas micro são igualmente [importantes]. O Brasil tem dificuldades de fazer negócios por problemas na questão micro”, destacou.

 

BC: Redução da Selic é compatível com convergência da inflação à meta

O Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou nesta terça-feira que o corte de 0,5 ponto percentual promovido na semana passada da taxa básica de juros “é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária”. Esse horizonte inclui 2020, quando a meta de inflação é de 4%. Na semana passada, o colegiado cortou a Selic de 6,5% para 6%.

O colegiado sustenta ainda que “a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”. No entanto, “a comunicação dessa avaliação não restringe” a próxima decisão do colegiado. “[Os] próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, afirma.

O comitê ressalta também “que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes”. “Avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva”, diz o texto. O BC avalia que o balanço de riscos evoluiu de maneira favorável desde a última reunião, mas “o risco de uma eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários” é preponderante.

“Por um lado, o nível de ociosidade elevado pode continuar produzindo trajetória prospectiva abaixo do esperado”, nota a autoridade monetária. “Por outro lado, uma eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.” Para o comitê, o risco de frustração se “intensifica no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes”. O Copom também afirmou que o balanço envolve riscos em “ambas as direções”.

 

Concentração bancária impõe custo elevado ao cliente, diz secretário

O secretário nacional do Consumidor (ligado ao Ministério da Justiça), Luciano Timm, apontou ontem que a concentração bancária no Brasil é uma questão que prejudica o consumidor. "Esse é um problema que afeta o consumidor, que cria assimetria de informação e de poder", disse. Segundo ele, o acesso à informação por parte do consumidor é menos eficiente se o mercado for muito concentrado.

Ele citou o livro "Por que as nações fracassam" (dos escritores Daron Acemoglu e James Robinson) para lembrar que o grau de concentração bancária no Brasil é elevado, se comparado com os Estados Unidos, e que isso se traduz em custos mais altos para o consumidor. Sem ser explícito, indicou que associa o problema ao fato de que as receitas de tarifas bancárias terem subido entre 96% e mais de 500% desde 2010 nos cinco maiores bancos do país.

A visão expressa por Timm está alinhada com a do Ministério da Economia, que também vê no oligopólio bancário um problema, a despeito da posição contrária expressa pelo Banco Central em documentos e pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O secretário participou ontem de audiência pública sobre tarifas bancárias na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.

Presente à mesma sessão, o diretor de regulação do BC, Otávio Damaso, não fez comentários sobre a questão da concentração bancária. Mas, na contramão do Ministério da Economia, disse que os instrumentos de portabilidade no sistema financeiro "estão funcionando bem". A equipe econômica estuda medidas nessa área por considerar que não está sendo eficiente como ocorre na telefonia.

Damaso disse que a autoridade monetária tem trabalhado não só por zelar pela solidez do sistema financeiro, mas também por um ambiente mais competitivo, por meio da regulação de fintechs, instituições de pagamento, open banking e pagamento instantâneo. "A gente acredita bastante na agenda do open banking.

A agenda de pagamentos instantâneos vai dar um novo dinamismo a formas de pagamentos e atrairá inúmeros outros players. Queremos um ambiente mais competitivo em prol do consumidor e do cliente". Segundo o diretor do BC, as fintechs têm ocupado um nicho específico de novos entrantes no mercado, mas estão expandindo seu escopo de ação para além do crédito.

No tema das tarifas, Damaso disse que apenas 3% das reclamações se referem a esse tópico, basicamente por cobranças indevidas ou dificuldade de cancelamento de pacotes. Para Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, iniciativas como a criação de fintechs e a implantação do open banking "são interessantes" e ajudarão a aumentar a concorrência no mercado de crédito. "Mas não será isso que resolverá o problema do crédito no Brasil", disse ontem, em evento promovido pelo jornal "Correio Braziliense" e pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

Loyola alertou para o "risco de o pêndulo ir muito para o outro lado" na discussão a respeito da concentração bancária. Na visão dele, o aumento da concorrência seria um fator positivo, "mas não às custas da estabilidade financeira".

Na audiência na Câmara, Luciano Timm disse que sua secretaria considera que seria positivo os bancos se integrarem à plataforma "Não me perturbe", que permite ao consumidor vedar ligações de telemarketing. Hoje o mecanismo está restrito à telefonia, a despeito de bancos terem reclamações nesse sentido. Damaso, disse que aceita discutir a questão de vedar esse tipo de assédio.

 

FOLHA

BC prevê mercado de R$ 500 bi em crédito de imóveis como garantia e hipoteca reversa

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira (6) que vê potencial para destravar R$ 500 bilhões com o uso de imóveis como garantia e com a prática da chamada hipoteca reversa.

Campos Neto ponderou que a securitização dos financiamentos imobiliários não avança porque os contratos são baseados na Taxa Referencial (TR).

A utilização do IPCA como indexador, como em desenvolvimento pela Caixa, vai ao encontro da transformação que o governo quer promover, indicou Campos Neto, sem dar detalhes de quando esse aval poderá ser dado.

A Folha noticiou que a Caixa desenvolve o novo modelo de financiamento imobiliário e que aguarda o aval do BC para oferecer o crédito.

O uso de imóveis como garantia para obtenção de empréstimos mais baratos também deve ser explorado, afirmou ele, avaliando que essa é uma maneira de "jogar dinheiro na economia" sem o comprometimento da parte fiscal.

"Temos R$ 500 bilhões para extrair disso através de financiamentos ou de extração de dinheiro, valor que as pessoas têm nas próprias casas", disse Campos Neto, citando também o tema da hipoteca reversa, pela qual o dono do imóvel, ao abrir mão da titularidade do bem em favor de um banco, receberia da instituição uma espécie de salário até o fim da vida.

Em apresentação, o BC afirmou que esses cerca de R$ 500 bilhões que podem ser injetados no mercado constituem um número conservador, mas que já quase dobraria a atual carteira de crédito imobiliário.

As duas iniciativas dependem de regulações que ainda não foram feitas pelo governo.

"Quando as pessoas começam a usar imóvel para colateral, elas tendem a regularizar o imóvel, então você tem também arrecadação de impostos, tem todo um tema que é relevante em relação a isso", completou.

Nesse sentido, Campos Neto avaliou que o processo de alienação fiduciária no Brasil não é exatamente um problema, com demora média de cinco a seis meses para retomada do bem, prazo que não é tão distante do que é visto no restante do mundo.

Por outro lado, há custos inerentes a operações imobiliárias ligados a cartórios e ao processo de avaliação dos imóveis "que precisamos simplificar", disse.

PROTEÇÃO CAMBIAL

Campos Neto também afirmou que o BC está terminando projeto que propõe novo desenho cambial para investidores de longo prazo.

Como o país tem carência muito grande em infraestrutura, ele argumentou que, para atacá-la, é preciso trabalhar num melhor marco regulatório para atrair investimentos privados.

Nesse sentido, o BC está "quase finalizando" projeto para novas regras de hedge cambial, disse Campos Neto.

"Hoje se você é um investidor e quer fazer um hedge no longo prazo você tem um problema, porque se num ano o câmbio valoriza você paga imposto, se no outro desvaloriza você não recupera", disse ele, apontando que, nesse desenho, o investidor "chega no final do projeto morto".

Petrobras estuda criar subsidiária para termelétricas e vender ações em Bolsa, diz XP

A Petrobras avalia criar uma subsidiária de geração deenergia com seus ativos termelétricos e vender a unidade em uma oferta inicial de ações, disseram analistas da XP Investimentos em relatório enviado a clientes nesta terça-feira (6), após reunião com executivos da petroleira.

A companhia estatal opera um parque de termelétricas que somam capacidade instalada de mais de 6.000 megawatts, o que a coloca entre os maiores geradores de energia do Brasil, segundo informações da empresa.

Apesar de um amplo programa de desinvestimentos ao longo dos últimos anos, a Petrobras ainda não colocou suas termelétricas no mercado --até o momento, a companhia fechou apenas a venda de 50% da TermoBahia à francesa Total.

"A Petrobras está estudando a criação de uma subsidiária de geração de energia que englobe várias usinas termelétricas da empresa. A nova unidade também pode ser vendida em um IPO", escreveram os analistas da XP, que participaram de café da manhã com a diretoria executiva da estatal, incluindo o presidente, Roberto Castello Branco.

Em um movimento paralelo, a Petrobras ainda apontou que poderia haver um acordo com outras empresas de petróleo que atuam no pré-sal para a criação de uma companhia em conjunto com ativos de transporte de petróleo e gás, sendo que a Petrobras também poderia desinvestir do negócio por meio de uma oferta de ações.

"Os diretores da Petrobras mencionaram a possível criação de uma empresa de transporte (midstream) em consórcio. Após sua criação, a Petrobras poderia alienar sua participação na empresa por meio de mercado de capitais (como um IPO)", apontaram.

A estatal fechou acordo em julho com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que prevê a venda de todos seus ativos de transporte e distribuição de gás no Brasil até 2021. O acerto veio em meio a planos do governo para reduzir os custos do gás natural através do fomento à competição.

Procurada, a Petrobras não comentou de imediato as afirmações do relatório da XP.

CUSTO CAI

Analistas do Goldman Sachs também escreveram relatório, na segunda-feira (5), após encontro com o presidente e a diretora financeira da Petrobras, Andrea Almeida, no qual destacam "notícias positivas sobre a eficiência de custos do pré-sal".

Eles apontam que a estatal teria conseguido atingir, nas plataformas mais recentemente desenvolvidas, um custo de extração tão baixo quanto US$ 4 por barril, ou 33% abaixo da média do pré-sal no segundo trimestre de 2019.

A Petrobras apontou no balanço do segundo trimestre que atingiu custo de extração de US$ 6 por barril de óleo equivalente (boe) no pré-sal, enquanto o custo de produção médio foi de US$ 10,4 por boe.

O volume de produção da Petrobras pode crescer 9% no período 2018-20, afirmaram os analistas do Goldman, que reiteraram visão positiva sobre as ações da companhia, com recomendação de compra.

 

ESTADÃO

‘Crédito do FGTS deve ser o mais barato’

Um dos idealizadores do programa de saques do FGTS do governo Jair Bolsonaro, o subsecretário de Política Macroeconômica do Ministério da Economia, Vladimir Teles, prevê que a modalidade de crédito que será criada com garantia dos recursos que o trabalhador receber do saque-aniversário deverá ter os juros mais baratos do mercado brasileiro. Em entrevista ao Broadcast/Estadão, Teles diz que o programa está aumentando a remuneração real do trabalhador e que esse tipo de empréstimo vai promover um revolução no crédito do País.

 “A maioria não entendeu que o trabalhador, ao ir para o saque-aniversário, tem uma alternativa de crédito barato que hoje não tem”, avalia.

A carteira de trabalho digital conterá as informações sobre os dados do FGTS e o montante comprometido nos financiamentos. Dessa forma, aponta Teles, a medida vai facilitar a oferta do crédito. Os trabalhadores poderão obter empréstimo com base nos recursos do FGTS em mais de um banco.

As instituições financeiras terão liberdade para desenhar o modelo de empréstimo. Segundo ele, os bancos têm mostrado grande apetite pela modalidade. Com risco zero de calote, já que o dinheiro para o pagamento do empréstimo poderá ser direcionado diretamente para o banco credor, a antecipação do FGTS com recebíveis futuros será regulamentada em breve pelo Conselho Curador do FGTS. Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Qual a importância da mudança?

Em geral, as pessoas têm focado muito no impacto de curto prazo da liberação do saque imediato de R$ 500. Ele é importante, mas vai ter um impacto maior do que os 0,35 ponto porcentual de alta do PIB em 12 meses. Temos a expectativa de que vai ter um multiplicador (impacto sobre o crescimento) maior do que o que ocorreu no governo Michel Temer. Enquanto a liberação de Temer foi de contas inativas e não era focado num grupo específico de pessoas, o saque atual é focado nos mais pobres. Vamos atingir quatro vezes mais de pessoas. E o impacto no crescimento é maior quando se foca nos mais pobres. Já temos vários economistas dizendo que vai ser em torno de 0,5 ponto porcentual em 12 meses.

O programa de saques do FGTS é uma reação ao risco de a economia entrar em recessão?

Não. É uma mudança de estrutura. Só o saque de R$ 500 tem impacto conjuntural. Todas as outras medidas são estruturais.

Por que é estrutural?

Das 260 milhões de contas, 211 milhões têm até R$ 500. Vamos zerar 211 milhões de contas e facilitar muito a operação da Caixa. No seu ápice de atendimento, (a Caixa) atendia 8 milhões de pessoas num mês no saque de contas inativas. O saque de R$ 500 limpa o estoque e permite a operacionalização do saque-aniversário. Tem o objetivo triplo. É pró-pobre, tem impacto de curto prazo mais forte, e vai usar uma faixa para viabilizar operacionalmente o saque aniversário. Essas medidas não foram uma reação ao baixo crescimento simplesmente. Já estavam no radar desde o ano passado.

Qual a grande vantagem do programa?

O FGTS é uma medida que aumentará produtividade. Não é uma medida de choque de demanda de curto prazo, embora tenha esse efeito também.

De que forma?

No caso do FGTS, o trabalhador só podia usar em casos muito restritos de saque. Isso criava uma série de restrições tanto no mercado de trabalho quanto na própria utilização dos recursos que reduzia a sua eficácia. Um trabalhador que fez uma dívida de R$ 100 em 2017, dependendo da taxa de juros a que ele foi exposto, hoje teria uma dívida de R$ 2.500. Se ele tivesse acesso ao recurso, hoje não teria dívida. Se olharmos os dados, a grande maioria das pessoas que está como nome negativado no SPC ficou endividada com um única dívida.

Qual será consequência desse choque de produtividade na economia?

Estimamos, em 10 anos, estarmos com um PIB per capita de 2,5 ponto porcentual mais alto só por causa do saque-aniversário. Sem considerar o empréstimo com recebíveis. Aí, o impacto será maior ainda.

O empréstimo com recebíveis do FGTS tem grande potencial para aumentar o crédito?

Funcionará como uma antecipação do saque. Assim como tem 13º salário que o banco oferece o empréstimo como antecipação. Por exemplo, o cotista tem R$ 2 mil a receber daqui a dois meses. Ele pode pedir a antecipação desse recurso por meio de crédito. O banco antecipa pagando um juro. Quando for para receber o saque, o dinheiro vai para o banco. O crédito vai ser pago no dia do aniversário.

Como será o custo dessa modalidade de crédito?

O juro deve ser mais baixo do que o do consignado, porque o dinheiro já está na sua conta do FGTS e tem data certa para o saque. O risco é zero. Essa modalidade terá que ser regulamentada pelo Conselho Curado do FGTS. É uma possibilidade de desenho do crédito. Conversamos com o Banco Central e tive reuniões com economistas de bancos depois da medida ter sido anunciada. Eles têm mostrado um apetite grande por esse produto porque o risco é zero. A taxa de juros provavelmente será a menor de mercado. Por isso, é uma revolução.

 

Demanda por crédito cresce 3% em junho, mas bancos seguem seletivos

O número de consumidores que recorreram ao crédito em junho cresceu 3% na comparação com maio, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Apesar disso, quem realmente precisa de empréstimo teve dificuldade de obtê-lo. Dois em cada dez consumidores (21%) tiveram pedido por crédito negado no período, seja por estarem com nome nos cadastros de devedores (7%) ou por terem excedido o limite de crédito (3%).

Realidade. Mesmo com a queda dos juros e a retomada de corte da taxa básica por parte do Banco Central após 16 meses com a Selic estacionada, indo agora para 6%, há uma percepção de alta para quatro em cada dez (41%) consumidores. A pesquisa da CNDL/SPC Brasil mostra ainda que um terço (33%) dos brasileiros está no vermelho.

 

'Falta de articulação política pode travar a retomada do crescimento'

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 5, para o Canal da Leda Nagle, no YouTube, que os trabalhadores que estão reclamando da falta de emprego e que "criticam o patrão" deveriam tentar empreender para "ver como é barra pesada ser empresário no Brasil".

O presidente disse que já manifestou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, o desejo de criar um programa intitulado Minha Primeira Empresa. Bolsonaro afirmou que sabe que a vida do trabalhador é difícil, mas que "a do empresário também é". "É a mesma coisa com direitos trabalhistas", disse.

"Tudo o que é demais atrapalha. É tanto direito que os patrões, os empreendedores, contratam o mínimo possível e pagam o mínimo possível", comentou, defendendo que o trabalhador escolha entre "menos direito e mais emprego ou todos os direitos e o desemprego".

Ele voltou a criticar a multa de 40% sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a que os trabalhadores têm direito em casos de demissão sem justa causa. "Essa multa apareceu no final do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro do Trabalho à época era o Francisco Dornelles, que elaborou esse projeto para evitar demissões", comentou Bolsonaro. "Num primeiro momento, funcionou para evitar as dispensas, mas hoje em dia as pessoas já não contratam mais", concluiu.

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