Terça-feira

VALOR

Saída de capital externo da bolsa neste ano é a maior desde 1996

O fluxo de recursos estrangeiros na bolsa de valores caminha para atingir a pior posição no acumulado do ano desde 1996, quando foi iniciada a série mensal da B3. Ou seja, o volume de saques da bolsa já supera, inclusive, o observado em igual período de 2008, ano da crise financeira global.

No acumulado de 2019 até 15 de agosto, dado mais recente, o fluxo de recursos estrangeiros na B3 – compras menos vendas de ações – está negativo em R$ 19,16 bilhões. É uma retirada já superior àquela registrada de janeiro a agosto de 2008, quando essa classe de investidores sacou R$ 16,53 bilhões. As saídas neste ano vêm ocorrendo sucessivamente desde maio, com piora do ambiente internacional.

Além do recrudescimento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, o mundo passou a conviver, mais recentemente, com maior medo de uma recessão global, depois de sucessivos indicadores fracos na Europa e na Ásia. Nesse ambiente, quem ainda está sustentando a valorização do Ibovespa no ano, de 13,18%, até esta segunda-feira, são os investidores locais, entre fundos institucionais e pessoas físicas.

No acumulado de 2019, também até o dia 15 de agosto, os investidores institucionais estão com fluxo positivo de recursos no montante de R$ 16,9 bilhões; a pessoa física está alocada com R$ 8,9 bilhões. Todos os dados são da B3.

“Com o juro baixo, existe uma perspectiva de continuidade da migração dos investidores locais para a renda variável e isso pode coexistir com as saídas líquidas do estrangeiro”, afirma Raphael Guimarães, operador da mesa renda variável da RJ Investimentos. “No entanto, dificilmente isso vai garantir que o Ibovespa não passe por ajuste – o Brasil não tem como resistir a uma onda de aversão ao risco”, diz ele.

 

Cautela volta a pressionar o mercado e juros futuros sobem

Depois de uma manhã bastante tranquila, o mercado de juros foi tomado pelo clima de cautela que abateu toda a classe de emergentes. As taxas dos DIs saíram do zero a zero e se firmaram em alta hoje, enquanto o dólar encostava em R$ 4,07 e o Ibovespa perdia os 100 mil pontos.

Por volta das 16h, no fim da sessão regular desta segunda, o DI janeiro/2020 anotou taxa de 5,445%, ante 5,43% no ajuste anterior, o DI janeiro/2021 registrou taxa de 5,450%, de 5,40% no ajuste anterior, e o DI janeiro/2025 fechou a 6,930%, ante 6,88% no ajuste anterior. De acordo com profissionais de mercado, a piora da percepção de risco se concentrou nos preços das moedas emergentes, mas outros ativos de países em desenvolvimento não foram poupados.

Vale dizer, contudo, que não parece ser um quadro global de aversão ao risco. Tanto é que as bolsas americanas operam em alta, na tarde desta segunda, assim como os juros dos títulos do Tesouro americano. Mesmo com alguns sinais de aproximação entre Estados Unidos e China, a guerra comercial travada pelas duas maiores economias do mundo não parece estar perto de uma solução e mantém o risco de uma recessão global no radar. Esse quadro deixa o investidor inquieto com posições de risco, inclusive em mercados emergentes, imprimindo mais volatilidade para os ativos.

“Os emergentes acabam sendo preteridos por outros investimentos. Existe uma busca por ações ou até por títulos do Tesouro dos Estados Unidos, mas os emergentes recebem pouco interesse”, diz Marcos de Callis, estrategista de investimento da asset do banco Votorantim. Ainda assim, prevalece a leitura de que todo esse quadro ainda é deflacionário e permite a continuidade da queda da Selic. Foi essa uma das mensagens deixadas por economistas em encontro com representantes do Banco Central no Rio de Janeiro. “Todos estão muito tranquilos com a inflação neste e no próximo ano”, disse uma fonte.

“A visão é que o cenário global, hoje, é deflacionário”, acrescenta. O encontro de economistas com dirigentes do Banco Central serve de base para a formulação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). De acordo com participantes do evento, os representantes do BC não fizeram comentários e apenas ouviram o debate entre analistas. Nesta terça (20), são esperadas novas reuniões em São Paulo.

 

Cautela global afugenta estrangeiro e Ibovespa volta aos 99 mil pontos

A aversão global ao risco pode até ter dado uma pequena trégua no dia, mas a fuga de capital da classe de ativos emergentes no mundo continua intensa — e sem sinais de que acabou. Seja na posição do investidor estrangeiro na bolsa, seja na performance das moedas globais, fica claro que o mercado teme cada dia mais uma recessão global, quadro que continua forçando a migração para ativos de segurança no mundo.

No caso da bolsa de valores, o Ibovespa encerrou com uma queda não tão forte, de 0,34%, mas suficiente para recolocar o índice na faixa dos 99 mil pontos (99.469 pontos). Na mínima, o índice foi aos 98.908 pontos. O giro financeiro ganhou mais força no fim do pregão e somou R$ 12 bilhões.

No exterior, os três principais índices de ações americanos subiram perto de 1% hoje, mas os ativos brasileiros negociados lá fora não acompanharam o desempenho. A fraqueza se refletiu em outros ativos emergentes e latinoamericanos, mas o Brasil teve uma performance marginalmente pior do que outros pares no dia. O movimento conjunto contra emergentes é resultado da contínua pressão sobre ativos de risco no mundo, pelo medo cada vez maior de que grandes economias entrem em recessão.

O receio é de que os bancos centrais não tenham poder de fogo suficiente para, com cortes de juros, estimular as economias — o que força a busca por segurança. Conforme gestores, por “proteção” entende-se ativos como juros de longo prazo americanos, tal como as T-notes de 10 anos, e outros como o ouro, o iene e mesmo o dólar, na comparação contra moedas emergentes.

Boa medida da aversão lá fora é o posicionamento dos investidores estrangeiros na bolsa. O fluxo de recursos dessa classe de investidor já caminha para atingir a pior posição no acumulado do ano desde 1996, quando foi iniciada a série mensal da B3. O volume de saques da bolsa está tão forte que já supera, inclusive, o observado em igual período de 2008, quando houve a crise financeira global.

No acumulado de 2019 até o dia 15 de agosto, dado mais recente, o fluxo de recursos estrangeiros na B3 — compras menos vendas de ações — está negativo em R$ 19,16 bilhões. É uma retirada já acima daquela registrada no ano até agosto de 2008, quando essa classe de investidores sacou R$ 16,53 bilhões.

Nesse ambiente, quem ainda está sustentando a valorização do Ibovespa no ano, de 13,18% até agora, são os investidores locais, entre fundos institucionais e pessoas físicas. No acumulado de 2019, também até o dia 15 de agosto, os investidores institucionais estão com fluxo positivo de recursos de R$ 16,9 bilhões; a pessoa física está alocada com R$ 8,9 bilhões no período.

Para David Cohen, gestor da Paineiras Investimentos, o Brasil não foi o único a sofrer com os saques de ativos de risco no mundo. O primeiro propulsor desse movimento veio de uma menor inclinação pelo corte de juros do Fed, já que o mercado espera o uso de estratégias estimulativas para fazer frente ao enfraquecimento da atividade. Depois, veio o recrudescimento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos e as eleições na Argentina. “Todos esses eventos fizeram com que investidores sacassem recursos de países emergentes. E a Argentina, especificamente, teve um efeito mais direto sobre nós. Muitos fundos são dedicados a América Latina e, nesse caso, carregam também posição em Brasil. Com isso, os saques desses fundos dedicados afetam o nosso mercado”, diz.

Cohen pondera que a saída líquida registrada na B3 não capta outras movimentações dos estrangeiros, como as ofertas de ações. Nas estimativas da Paineiras, essa classe de investidor comprou pelo menos R$ 24 bilhões em ofertas primárias e secundárias ao longo do ano. Isso dá amparo a ideia de que o Brasil enfrenta, como o mundo, um pico de busca por proteção, mas ainda não é o país com pior posição entre outros pares globais.

Ao mesmo tempo, porém, os analistas reafirmam: não há como o mercado local resistir a uma continuidade ou piora da aversão ao risco. “O investidor local foi o responsável por levar o Ibovespa acima dos 100 mil pontos, mas ele precisa de catalisadores positivos que continuem justificando uma aposta mais firme agora, sobretudo com o investidor estrangeiro puxando a balança para o outro lado, com menos demanda por risco”, diz Filipe Villegas, analista da Genial Investimentos “Nada mudou lá fora. Vimos uma recuperação até certo ponto das ações, mas, na falta de um noticiário doméstico que dê impulso às compras, os investidores adotam uma postura mais conservadora de maneira geral.”

Na Genial, a recomendação dada a clientes é evitar ativos ligados a commodities internacionais, justamente pela sua conexão com a cena externa. No caso do setor bancário, ainda é o caso de ter os papéis em carteira, segundo Villegas, por causa da sua conexão com o ambiente local, onde o otimismo ainda vigora. “Mas é preciso olhar com cuidado, a depender do tamanho do risco que o investidor é capaz de assumir, porque são papéis de grande liquidez e, por isso, diretamente afetados pelo ambiente internacional”, diz.

 

Média e alta rendas puxam desempenho de incorporadoras

O setor de incorporação apresentou melhora dos resultados do segundo trimestre, na comparação anual, com destaque para o desempenho das companhias com foco nas rendas média e alta - Cyrela, Even Construtora e Incorporadora e EZTec, por exemplo. Na baixa renda, as atenções do mercado de construção civil se voltaram para o impacto sobre as margens do aumento das restrições da Caixa Econômica Federal na concessão de crédito imobiliário para compradores de imóveis.

Há expectativa de continuidade, neste semestre, de crescimento de lançamentos, e do reconhecimento da receita, além da melhora dos resultados líquidos. Sempre na comparação anual, no segundo trimestre o prejuízo líquido consolidado das incorporadoras teve queda de 87,9%, para R$ 60,3 milhões. A receita líquida cresceu 24,9%, somando R$ 4,887 bilhões, e a margem bruta do setor aumentou de 23,7% para 29,5%.

A alavancagem consolidada do setor medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido teve leve alta de 51,1% para 51,7%. O levantamento realizado pelo Valor Data incluiu dados de 15 empresas: CR2, Cyrela, Direcional Engenharia, Even, EZTec, Gafisa, Helbor, MRV Engenharia, PDG Realty, RNI Empreendimentos Imobiliários, Rossi Residencial, Tecnisa, Tenda, Trisul e Viver Incorporadora (veja tabela ao lado). Sem a PDG, que respondeu pelo prejuízo de R$ 249 milhões no segundo trimestre, o setor teria apresentado lucro líquido consolidado de R$ 188,7 milhões.

A expansão da receita líquida seria de 28,6% sobre o mesmo período de 2018, para R$ 4,796 milhões, e a margem bruta teria crescido de 26% para 29,3%. Já a alavancagem do setor teria caído de 32,3% para 27,4%. No segundo trimestre, as incorporadoras elevaram lançamentos em 29,4% e vendas líquidas em 25%, para R$ 5,585 bilhões e R$ 5,169 bilhões, respectivamente, sobre o ano passado.

Os distratos tiveram queda de 39%, para R$ 841,1 milhões, também na comparação com o mesmo período de 2018. O desempenho semestral do setor foi bem positivo. A expansão dos lançamentos foi de 43,5%, entre janeiro e junho deste ano na comparação com o mesmo período de 2018, para R$ 9,38 bilhões. As vendas líquidas tiveram alta de 23,2%, para R$ 9,433 bilhões.

Durante a divulgação dos balanços do segundo trimestre, companhias com atuação principal nos segmentos médio e alto informaram que há mais interesse dos bancos pela concessão de crédito imobiliário.

A redução da taxa de juros beneficia, duplamente, o setor de incorporação, pois o custo dos financiamentos cai, e os investimentos em ativos reais ficam mais interessantes em relação a aplicações financeiras. Isso vem se refletindo nas vendas de lançamentos e estoques. Espera-se que as linhas de crédito imobiliário a serem anunciadas amanhã pela Caixa, corrigidas por índices de preços, para operações com recursos da poupança, serão mais baratas do que as oferecidas, atualmente, o que beneficiará as empresas de média e alta rendas.

Na semana passada, a EZTec elevou sua meta de lançamentos deste ano de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão para de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões. A companhia lançou R$ 707 milhões, no primeiro semestre, e tem mais R$ 961 milhões previstos para até setembro.

A Cyrela informou que espera um semestre forte, com apresentação de muitos projetos, e que a tendência é alcançar o objetivo de lançar mais em 2019 do que em 2018. Considerando que as safras recentes de projetos tendem a ganhar mais representação na composição da receita, a Cyrela tem expectativa de melhora gradual da margem bruta.

A Even, que também estima alta do indicador, informou que os preços de vendas de lançamentos estão superiores aos esperados e que tem comercializado estoques prontos com valores superiores aos de um ano atrás. A EZTec tem conseguido preço maior nos novos projetos e vender estoques com menos descontos. A geração de caixa pela Cyrela e pela Even foi outro destaque do trimestre, conforme analistas.

 No segmento de baixa renda, MRV, Tenda e Direcional apresentaram melhora de resultado líquido e receita líquida na comparação com o segundo trimestre do ano passado. Por outro lado, as margens brutas de MRV e Tenda foram reduzidas como reflexo do maior rigor na concessão de crédito bancário a clientes no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

Para evitar perdas de vendas, as duas companhias concederam mais descontos aos clientes. Com isso, a margem bruta da MRV caiu de 33,3% para 30,7%, e a da Tenda baixou de 36% para 34%, na comparação anual. Já a Direcional informou que tem conseguido manter os preços de vendas de imóveis, apesar das novas condições de oferta de crédito da Caixa.

A margem bruta da companhia aumentou no período de 25,9% para 33,3%. "Os investidores estão monitorando o que pode acontecer com as margens das incorporadoras de baixa renda no segundo semestre", diz um analista setorial, ressaltando que as atenções vão se voltar mais para a execução dos financiamentos pela Caixa do que para a preocupação com eventual falta de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

 

ESTADÃO

Mercados se preparam para a desaceleração

Procurar entender os mercados financeiros é como tentar compreender as tendências em um mar violento. A informação que emerge é o produto da compra e venda pelas pessoas, com todas suas contradições. Os preços refletem uma mistura de emoção, preconceito e cálculos desapaixonados. Vistos em conjunto, porém, os mercados dizem alguma coisa sobre o estado de ânimo dos investidores e do momento.

O sinal mais comum relacionado a isso é a complacência. Isso significa que os riscos são ignorados até que se torna tarde demais. Mas o humor dominante nos mercados, hoje, como ocorreu em grande parte da década passada, não é a complacência, mas o nervosismo. Que vem se aprofundando a cada dia.

Ele é mais evidente no apetite surpreendente pelo mais seguro dos ativos: títulos de governo. Na Alemanha, onde os dados divulgados esta semana mostraram que a economia vem encolhendo, os juros estão negativos para todos os vencimentos – de títulos imediatos aos de 30 anos.

Com isso, investidores que compram e mantêm títulos até o vencimento terão prejuízo garantido. Na Suíça, os rendimentos negativos se estendem até os títulos de 50 anos. Mesmo na Itália, endividada e propensa a uma crise, um título de dez anos rende somente 1,5%. Nos Estados Unidos, a curva invertida de juros dos títulos de dez anos indica que eles valem menos do que títulos de três meses – situação peculiar que pressagia uma recessão.

A inquietação é evidente por todos os lados. O dólar, considerado um refúgio, vem se valorizando frente a muitas outras moedas. O ouro está em alta há seis anos. Os preços do cobre, que representam a saúde industrial, vêm caindo drasticamente. Apesar da captura de petroleiros no Golfo pelo Irã, os preços do petróleo mergulharam para US$ 60 o barril.

Muitas pessoas temem que esses estranhos sinais sejam prenúncio de uma recessão global. As nuvens de tempestade com certeza estão se acumulando. Esta semana, a China informou que sua produção industrial cresceu no ritmo mais lento desde 2002. A expansão, que durou dez anos nos Estados Unidos, é a mais antiga registrada, o que para os economistas, uma desaceleração é aguardada. Com os juros já tão baixos, a capacidade de combater essa desaceleração esgotou.

Os investidores temem que o mundo esteja se transformando num Japão, com uma economia inerte que luta para vencer a deflação e, portanto, tende a se retrair.

Mas a recessão até agora é apenas medo, não realidade. A economia mundial ainda vem crescendo, embora a um ritmo menos saudável do que em 2018. Sua resistência tem por esteio os consumidores, pelo menos nos EUA. Por lá, o nível de emprego é alto, os salários estão subindo, o crédito ainda é fácil e o petróleo barato significa mais dinheiro disponível para gastar.

Além disso, há poucos sinais da exuberância estonteante que normalmente precede um colapso. As diretorias de empresas públicas e os acionistas a que elas servem estão cautelosos. Vemos isto nas fortunas amplamente contrastantes dos mercados acionários arrojados, dominados pelas empresas de internet, que levantam capital facilmente, e as empresas de serviço que esbanjam lucros, e os da Europa, com risco de colapso de bancos e montadoras com fábricas que consomem capital. E nas bolsas europeias uma ação defensiva como a da Nestlé, é negociada com ágio superior ao de uma ação industrial como é o caso da Daimler.

Se não houve um boom e a economia mundial ainda não quebrou, por que os mercados estão tão nervosos? A melhor resposta é que empresas e mercados estão com dificuldades para lidar com a incerteza. Este, e não as tarifas, é o grande dano provocado pela guerra comercial entre Estados Unidos e China. Os limites da disputa extrapolaram as importações de alguns metais industriais para categorias mais amplas de produtos acabados. Novas frentes – incluindo as cadeias de fornecimento de tecnologia e, neste mês, moedas – foram abertas.

Enquanto Japão e Coreia do Sul deixam que suas diferenças históricas se estendam para o comércio, não se sabe claramente quem ou o que estará implicado em seguida. Como grandes investimentos são difíceis de ser revertidos, as empresas não investem. Uma medida indireta do JP Morgan sugere que o gasto de capital global vem caindo. Evidências de que o investimento vem sendo cortado se refletem em pesquisas mostrando que o sentimento empresarial nas despencando, na produção industrial estagnada em todo o mundo e no desempenho cambaleante de economias industrializadas, especialmente a Alemanha.

Os bancos centrais também estão nervosos – e, por isso, afrouxam suas políticas. Em julho, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, cortou os juros pela primeira vez em uma década para se proteger de uma eventual desaceleração. E provavelmente decidirá novos cortes. Bancos centrais de Brasil, Índia, Nova Zelândia, Peru, Filipinas e Tailândia também reduziram sua taxa básica de juros desde que o Fed agiu. O Banco Central Europeu provavelmente retomará seu programa de compra de títulos.

Apesar desses esforços, o nervosismo poderá se tornar alarmante e o crescimento moroso se transformar em recessão.

Três sinais de alerta devem ser observados. Primeiro, o dólar, que é o barômetro do apetite pelo risco. Quanto mais investidores buscarem segurança no dólar, mais eles veem perigo à frente. Em segundo lugar, as negociações comerciais entre EUA e China. Esta semana, o presidente Trump inesperadamente postergou a imposição de tarifas que havia anunciado em 1.º de agosto sobre itens importantes, aumentando as esperanças de um acordo. Isso deveria ser do interesse dele, porque uma economia forte é crucial para suas expectativas de reeleição. Mas ele pode estar julgando erroneamente as probabilidades de uma desaceleração e também achar que a China recuará, na esperança de anular suas chances de um segundo mandato e realizar um acordo melhor com seu sucessor democratas.

A terceira coisa a observar são os rendimentos de títulos corporativos nos Estados Unidos. Os custos de financiamento permanecem baixos. Mas o spread, ou rendimento extra que os investidores exigem para sustentar uma dívida corporativa mais arriscada, começa a se ampliar. O que pode levar as empresas a reduzirem suas folhas de pagamento e também os investimentos para evitar o pagamento de juros. As possibilidades de uma recessão, então, se reduziriam.

Quando as pessoas olharem para trás, verão muitas inconsistências na configuração dos preços de ativos nos dias de hoje. O nervosismo extremo nos mercados de títulos parecerá uma espécie de insensatez: como os mercados poderiam conciliar a ascensão do populismo com um temor de deflação, por exemplo.

É uma ideia estranha que uma repentina diminuição do nervosismo hoje possa levar a mudanças violentas nos preços – uma disparada nos rendimentos dos títulos ou uma colisão lateral em que ações defensivas perdem valor e derrotam os ralis cíclicos. Finalmente pode haver também uma exuberância excessiva. Mas, neste momento, quem se preocupa com isso?

 

O GLOBO

‘A recuperação da economia foi adiada este ano, mas virá’, diz presidente da Bradesco Seguros

Apesar da piora no cenário econômico global e de algum ruído político no Brasil, as condições para o crescimento econômico do país estão dadas, avalia Vinicius Albernaz, presidente da Bradesco Seguros. Assim como muitos executivos à frente de empresas no país, ele reconhece que a retomada esperada para este ano acabou adiada para 2020, mas destaca que o cenário já tem elementos positivos, como a reforma da Previdência quase aprovada, a taxa de juros mais baixa da história e a inflação sob controle.

Para o setor de seguros, diz, é essencial a volta do emprego, mas ele vê na baixa exposição dos brasileiros aos produtos do setor um indicador do potencial de expansão dos negócios.

O senhor vê melhora na economia do país?

- Tenho uma estimativa bastante positiva para o futuro, apesar de a recuperação econômica, de fato, ter sido adiada, não tendo vindo no início de 2019, como se acreditava. Mas ela virá. As condições já postas são positivas: as reformas estão acontecendo. Por trás do ruído político, a reforma da Previdência está se concretizando, há concessões já anunciadas e previsão de captação de novos investimentos na área de infraestrutura. A gente não pode esquecer que há um ambiente global mais desafiador. Mas temos capacidade de resiliência e o percurso de melhora está dado.

Qual é o cenário positivo?

- O Brasil tem hoje a taxa de juros no patamar mais baixo da história, inflação baixa e com previsão de manutenção nesse patamar a longo prazo. São fatores incentivadores do crescimento adiante. Então, esperamos a gradual retomada, com melhora a partir do fim deste ano e principalmente no início de 2020. Indicadores de mercado mostram melhora na atividade, com vendas de participações de companhias em Bolsa, abertura de capital e outras operações.

E no mercado de seguros?

- O mercado de seguros tem demonstrado grande resiliência, com performance mais positiva que o crescimento da economia. O Brasil tem ainda uma relativa subpenetração dos diversos produtos nas mais diferentes áreas. Para se ter uma ideia, na área de seguros automotivos, que é o de maior uso no país, perto de apenas 30% da frota de automóveis são segurados.

Cresce a demanda por previdência complementar?

- A discussão da Previdência traz à tona a necessidade do planejamento de longo prazo dos brasileiros. Uma série de fatores impulsiona a demanda por produtos em seguros, previdência, capitalização. A longevidade pede mais reservas financeiras para o período de aposentadoria, cresce também a importância do plano de saúde, de proteção em consequência a modificações trazidas pelas mudanças climáticas. O entrave está no contexto maior da economia brasileira. Para que a demanda cresça e o setor avance, precisamos da retomada do emprego.

A capitalização ganhará impulso?

- Já tem havido uma evolução grande em produtos. No rol de previdência complementar, existem modelagens com eficiência na formação de poupança de longo prazo. Num mercado com taxa de juros baixa, a tendência é de aumento na busca por produtos baseados em renda variável, em Bolsa, com riscos diferenciados, que fujam do tradicional, da renda fixa. Mas é um mercado que já vive um ambiente competitivo. Não é apenas pelo modelo de reforma da Previdência, mas o tema da longevidade está na ordem do dia. Neste sentido, a educação financeira da população precisa ser objeto de atenção. Hoje, menos de 10% da população economicamente ativa no país têm previdência complementar. Existe uma necessidade de massificação da previdência privada e isso traz o desafio de formatar produtos de massa.

Como avalia o projeto do governo de quebra do monopólio do INSS em alguns benefícios?

- É um tema ainda muito embrionário. Com isso, é cedo para avaliar qualquer opção. É preciso ter mais informações sobre como a proposta seria formatada. Vemos de maneira positiva a iniciativa. Pode contribuir para o setor. Mas é preciso esperar e avaliar.

O resultado da companhia cresceu apesar da crise. Como?

- Nossos resultados têm sido robustos, apresentando melhora e crescimento ao longo dos últimos dois anos. Isso se deve, em grande parte, ao fato de sermos uma companhia “multirramo”, multicanais, com uma diversidade de produtos para diferentes categorias. Isso ajuda quando a economia está em um momento mais desafiador. (Com crise e recrudescimento da violência) tivemos de investir em eficiência, precificar melhor os nossos produtos e aceitar melhor os riscos.

De que forma?

- O setor de saúde suplementar perdeu 3 milhões de beneficiários no país nos últimos anos. Então desenvolvemos produtos mais competitivos, como um plano com rede referenciada específica para o Rio de Janeiro, atendendo empresas a partir de três vidas (como o setor contabiliza usuários). A retomada no segmento corporativo depende do avanço na economia, mas há recuperação de pequenas e médias empresas. O Brasil mostra uma tendência de mudanças nas relações trabalhistas e familiares. E o mercado tem de acompanhar isso.

O Rio traz um cenário adverso em particular?

- Nós concluímos na semana passada a mudança de três mil funcionários para a nossa nova sede no Rio, na Zona Portuária. A Bradesco Seguros nasceu no Rio. Atualmente, estão na cidade as bases de duas grandes operações do grupo, as divisões Auto/Re (seguros para veículos e residencial) e Saúde. E buscávamos um espaço para ocupar pelos próximos 80 anos, permitindo avançar no processo de transformação digital, na busca de modernizar processos e produtos. Na região, patrocinamos o MAR (Museu de Arte do Rio) e temos outros projetos na área cultural. Mesmo com os sobressaltos (em economia e segurança), vemos o que o Rio tem de muito bom: o capital humano, vindo de uma cidade com boas escolas e universidades. Continua a ser um ambiente onde conseguimos recrutar pessoas altamente qualificadas. Infelizmente, pessoas têm deixado o Rio pela falta de alternativa. Mas nós somos uma alternativa.

 

 

 

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS