Segunda-feira

CLIPPING (16.09.2019)

VALOR

Trimestre deve ser fraco, mas chance de PIB negativo cai

A queda do índice de atividade medido pelo Banco Central em julho não abalou os economistas, que confiam nos números positivos dos setores de varejo e serviços no mês para, no geral, afastar a sombra de um Produto Interno Bruto (PIB) negativo no terceiro trimestre. Indicadores antecedentes fracos para agosto, porém, indicam que pode haver desaceleração ante o período anterior. O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) interrompeu dois meses de alta e caiu 0,16% em julho, na comparação dessazonalizada com junho, divulgou a autoridade monetária na sexta-feira.

O resultado contrariou a mediana das expectativas colhidas pelo Valor Data com consultorias e instituições financeiras, de alta de 0,1%. Ante julho de 2018, o IBC-Br subiu 1,31%. O indicador foi influenciado pela queda de 0,3% na produção industrial, enquanto o mercado esperava alta de 0,6%. Os demais setores, no entanto, superaram expectativas.

As vendas no varejo ampliado - que inclui veículos e material de construção e entra na conta do PIB - cresceram 0,7%, ante estimativa de queda de 0,6%. Já os serviços avançaram 0,8%. Refletindo o comportamento positivo do comércio e dos serviços, o PIB mensal calculado pelo Itaú Unibanco subiu 0,5% entre junho e julho, feitos os ajustes.

Com isso, o banco, que tinha projeção preliminar de queda da atividade no terceiro trimestre, agora trabalha com alta de 0,2%. O número ainda está abaixo do segundo trimestre, quando o PIB surpreendeu o consenso do mercado (+0,2%) e avançou 0,4% - mas em linha com a previsão do Itaú (+0,5%). “A projeção era bem preliminar e continua preliminar, porque temos menos da metade dos dados para projetar o PIB. Ainda pode mudar, mas os dados até agora reduzem o risco de baixa”, afirma Luka Barbosa, economista do Itaú.

Com a nova projeção, o banco elimina também o viés de revisão para baixo de sua expectativa de avanço de 0,8% da economia em 2019. “Se o PIB do terceiro trimestre caísse de fato, ia ser difícil chegar ao 0,8%”, diz Barbosa. Para agosto, o Itaú espera um peso negativo da indústria, que deve recuar 0,2%. “O componente de demanda mais importante para o setor de serviços é o consumo, que cresce, mas, para a indústria, é o investimento, que está relativamente parado”, diz Barbosa.

A consultoria Parallaxis afirma em relatório que o viés negativo que vinha destacando para o segundo semestre “parece ter deixado a conta”. Ainda assim, a casa manteve suas projeções para o terceiro trimestre (+0,3%) e para o ano (+0,9%). Apesar da inflação controlada, a Parallaxis diz não ver outros elementos a favor da recuperação econômica. Os juros, segundo a consultoria, estão baixos, mas não estimulativos. Além disso, um mercado de trabalho que avança através de empregos de menor qualidade e o spread bancário ainda alto contêm a retomada mais robusta do consumo.

O BNP Paribas também manteve sua previsão, mas de PIB negativo no terceiro trimestre. O banco projeta um recuo de 0,2%. “A tendência dos últimos indicadores, tirando essas surpresas, ainda é negativa”, diz José Carlos Faria, economista-chefe do BNP, citando desempenho fraco de indicadores coincidentes para a indústria em agosto.

Segundo a LCA Consultores, o fluxo de veículos pesados nas estradas caiu 0,7% no mês passado, ante julho, quando havia subido 2,1%, na série com ajustes a partir de dados da associação das concessionárias de rodovias (ABCR). A produção de veículos e máquinas agrícolas, da entidade das montadoras (Anfavea), também caiu: 5,9%, depois de ter avançado 5,4% em julho, com ajuste da LCA. Já dados prévios da ABPO indicam que a produção de papel ondulado cresceu 0,9% em agosto, mas no mês anterior subira 3,5%.

Com sinais positivos em julho, mas fracos em agosto, o desempenho da economia no terceiro trimestre só terá um desenho claro de fato após serem conhecidos os dados de setembro, segundo Rodrigo Nishida, economista da LCA.

A casa prevê crescimento perto de 0,4% a 0,5% no PIB do terceiro trimestre, estimativa que não foi alterada após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar as pesquisas de julho. Nishida lembra que este setembro terá dois dias úteis a mais que o de 2018. Além disso, o mês marca o início da liberação dos saques de R$ 500 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Acredito que setembro deve mostrar números melhores do que agosto e vai depender um pouco desse desempenho para saber se a projeção será mais próxima de 0,5%”, afirma.

Para 2019, a LCA projeta que o PIB crescerá 1%, o que exigiria um avanço também na casa de 0,4% no quarto trimestre. “Concordo com algumas casas que essa variação no terceiro trimestre, de fato, pode ficar um pouco mais abaixo, mas talvez isso seja compensado no quarto trimestre”, diz Nishida.

 

Bancos divergem sobre financiamento com IPCA

Os grandes bancos brasileiros traçam estratégias diferentes para a oferta de crédito imobiliário indexado pelo IPCA. Enquanto na Caixa - o único a lançar a modalidade até agora - a demanda por essas linhas tem vindo sobretudo de clientes que buscam imóveis de R$ 300 mil, o Bradesco vê o produto com maior apelo para clientes de média e alta renda. “IPCA não é para baixa renda”, afirmou na sexta-feira o diretor de empréstimos e financiamentos do Bradesco, Leandro Diniz.

O segundo maior banco privado do país deve desenvolver nos próximos 60 dias uma linha de crédito com índice de preços. De acordo com o executivo, o entendimento do Bradesco é que o produto é mais adequado a clientes de maior poder aquisitivo - menos sensíveis à inflação e com maior capacidade de pré-pagar a dívida em caso de disparada do índice durante a vigência do contrato. A ideia é, também, que os contratos do Bradesco tenham prazo de cinco a dez anos, bem mais curto que num financiamento indexado pela TR. Neste caso, a duração pode chegar a 30 anos.

Na Caixa, em contraste, a demanda pelo IPCA tem vindo sobretudo de clientes com perfil logo acima da faixa 3 do Minha Casa Minha Vida. Ou seja, têm renda familiar pouco superior a R$ 9 mil por mês. “É o perfil típico do cliente da Caixa”, disse o presidente do banco estatal, Pedro Guimarães. Até quinta-feira, a Caixa pré-aprovou R$ 4,9 bilhões em operações na modalidade, lançada há menos de um mês. Desses, R$ 600 milhões estão em fase de contratação e R$ 200 milhões já foram desembolsados.

Para Guimarães, como as prestações nessa linha são de 30% a 50% mais baixas, ela tem atraído pessoas que antes não conseguiam comprar imóvel. No modelo da Caixa, o comprometimento de renda para assumir um crédito com IPCA não pode ser superior a 20%. O Bradesco deve seguir esse patamar. Nos contratos tradicionais, o limite chega a 30%. As incorporadoras vêm pressionando por um aumento do percentual de comprometimento, de forma a aumentar o mercado. No entanto, os bancos dizem que é cedo para isso.

 

FOLHA

Larry Summers diz que ameaça de 'japanificação' dos EUA eleva chance de recessão no Brasil

O risco de os Estados Unidos mergulharem em uma nova recessão até o fim do próximo ano é, hoje, "substancialmente maior" do que há seis meses.

A opinião é de Larry Summers, um dos mais proeminentes economistas americanos, que foi secretário do Tesouro de Bill Clinton e assessor de Barack Obama, além de ter presidido a Universidade Harvard, onde ainda leciona.

Segundo ele, países desenvolvidos estão à beira da estagnação secular, sujeitos a recuperações fracas e repetidos mergulhos recessivos.

Nos Estados Unidos, ele vê uma probabilidade pouco inferior a 50% de que a lenta recuperação desde a crise financeira de 2008 se converta em um novo ciclo de contração da atividade.

"Dadas as consequências de uma recessão, é um resultado muito adverso", disse o economista em entrevista por telefone à Folha, na quarta-feira (11).

Segundo ele, uma nova recessão levaria a maior economia do mundo a entrar em um processo de "japanifização", termo usado em referência às quase três décadas de luta do país asiático contra a deflação e o baixo crescimento.

Se esse for o destino dos Estados Unidos, Summers alerta que países emergentes como o Brasil também podem ser arrastados.

"Num ambiente de recessão americana, por exemplo, seria mais difícil para a América Latina atingir progresso e integração",diz.

A situação brasileira nos últimos anos, segundo ele, foi complicada pelas evidências de que fatores como infraestrutura inadequada, corrupção e incerteza política se mostraram "um problema maior do que muitas pessoas teriam imaginado há alguns anos".

Crítico das políticas do presidente americano, Donald Trump, Summers diz acreditar que a guerra comercial travada com a China tem piorado a situação econômica:

"Acho que o governo atual está incorrendo em riscos desnecessários. A guerra comercial tem aumentado a incerteza, levando a uma queda do investimento e a um aumento da poupança".

No atual contexto de incapacidade da política monetária de animar a economia, ele defende uma elevação dos gastos do governo americano em áreas como infraestrutura.

O economista preferiu não fazer comentários sobre as chances de vitória de um candidato democrata na eleição presidencial de 2020.

Quando a economia americana parou de crescer num ritmo sustentável? Acho que, em retrospectiva, agora conseguimos ver sinais disso ocorrendo 15 anos atrás ou mais.

A economia americana cresceu num ritmo razoavelmente rápido antes da crise financeira. Mas, a fim de impulsionar aquele crescimento, precisávamos de bolhas de ativos extremas, um grande aumento da alavancagem e uma política monetária extremamente frouxa com elevados déficits orçamentários.

Na ausência desses desenvolvimentos anormais, a economia provavelmente teria estado muito mais fraca antes da crise financeira.

As dificuldades que encontramos foram que aqueles desenvolvimentos estavam associados a excessos financeiros, que então levaram à crise. Desde então, a estagnação secular tem sido confirmada pelo ritmo vagaroso da recuperação.

O PIB [Produto Interno Bruto] americano hoje relativo ao seu nível em 2008 não é muito melhor --se for algo melhor-- do que era em 1940 em relação a 1929.

Como o sr. avalia a política econômica do atual governo americano para evitar uma possível recessão? Acho que o governo atual está incorrendo em riscos desnecessários.

A guerra comercial [com a China] tem aumentado a incerteza, levando a uma queda do investimento e a um aumento da poupança. O que isso faz é complicar os problemas econômicos e reduzir a demanda.

A interferência em relação a outros países, por meio da imposição de tarifas, está reduzindo a competitividade dos produtores americanos e dificultando a venda dos nossos bens em mercados externos. A guerra de tarifas está tendo o efeito contrário do desejado?

Exatamente, acho que é contraproducente.

Além disso, a decisão de reduzir impostos substancialmente antes de termos qualquer tipo de desaceleração econômica, consumindo nosso canhão fiscal pode se provar custosa. Então, não acho que o governo tem agido de forma inteligente para evitar uma recessão.

Quais são os riscos de uma recessão no curto prazo?

O risco de que tenhamos uma recessão no próximo ano e meio, durante o mandato do presidente Trump, não é muito menor do que 50%. Dadas as consequências de uma recessão, é um resultado muito adverso.

O sr. disse recentemente que a economia americana está a uma recessão da "japanificação". O que isso significa?

A "japanificação" da economia americana significa uma situação em que as taxas de juros estão quase permanentemente estabelecidas em zero, o sistema bancário está em uma condição problemática e as autoridades podem tentar o quanto quiserem, mas não conseguem elevar a inflação.

Quais seriam as consequências de uma "japanificação" americana para a economia global e, particularmente, para os mercados emergentes?

Uma economia americana fraca complica a capacidade de os Estados Unidos de proverem liderança no mundo; do ponto de vista econômico, como o mercado de última instância para as exportações; e, do ponto de vista político, como o país que fez tanto para manter a estabilidade, por meio das organizações internacionais, mas não apenas dessa forma.

Num ambiente de recessão americana, por exemplo, seria mais difícil para a América Latina atingir progresso e integração.

Qual seria o impacto econômico disso para países como o Brasil?

Acho que as chances de uma recessão aumentariam porque haveria menos demanda para seus produtos, e tanto menos capacidade quanto menos apetite de risco por parte das empresas americanas para fazer investimentos estrangeiros.

Quão grande é esse risco?

Embora a chance seja um pouco menor do que 50%, ela parece substancialmente maior agora do que há seis meses.

O Brasil vive uma lenta recuperação após três anos da recessão, com desemprego e subemprego altos. Alguns economistas locais dizem que o país pode estar vivendo uma histerese [efeitos duradouros ou permanentes criados por longas crises]. Que consequências isso pode ter?

Isso protela a desaceleração, a incerteza, a interferência no investimento.

Com certeza, isso deixa o Brasil com um bloco de capital produtivo substancialmente menor do que era esperado por economistas brasileiros há cinco ou dez anos.

E, por fim, isso leva a um crescimento lento e a uma menor produção.

Surpreende que o Brasil esteja crescendo tão pouco?

Acho que temos visto que há problemas estruturais muito mais profundos --como infraestrutura inadequada, corrupção, incerteza sobre o ambiente político-- e tudo isso é um problema maior no Brasil do que muitas pessoas teriam esperado há alguns anos.

A situação de crescimento mais fraco da economia global reduz as chances de os mercados emergentes fazerem sua renda convergir para o nível dos países ricos?

Acho que muitos países são muito afetados pela maré da economia global.

Quando essa maré está mais baixa, seu desempenho econômico não será bom.

E acho que estamos diante de uma maré baixa na atividade econômica global por alguns anos pela frente.

Há o risco de redução permanente na capacidade de crescimento dos países emergentes se a economia global mantiver uma tendência de expansão mais fraca no longo prazo?

[O contexto] Demandará que eles tenham políticas sólidas, para encontrar fontes de demanda doméstica que, esperemos, garanta que esse estágio de crescimento lento não seja permanente.

Quais são as políticas que os países desenvolvidos deveriam adotar para evitar a estagnação secular?

Acho que precisaremos de uma maior ênfase em políticas que estimulem a oferta, assim como políticas estruturais e fiscais, e menor foco em políticas puramente monetárias e financeiras, que já fizeram o que podiam para a estimular a economia.

Em que os países desenvolvidos deveriam investir?

Isso varia de país para país. Acho que, no caso dos Estados Unidos, as duas prioridades principais são investimentos em inovação e em infraestrutura pública.

O sr. acha que as medidas necessárias serão tomadas? E a situação aumenta a chance de eleição de um candidato democrata em 2020?

Não vou tentar prever política. Mas como afirmam que Winston Churchill dizia sobre os Estados Unidos: nós normalmente fazemos a coisa certa, mas só depois de esgotar as alternativas.

LARRY SUMMERS, 64

Bacharel pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e doutor pela Universidade Harvard, ambos em economia. É atualmente professor de Harvard, instituição que presidiu de 2001 a 2006. Foi secretário do Tesouro dos Estados Unidos, entre 1999 e 2001, durante o governo democrata de Bill Clinton. Voltou a ocupar um cargo proeminente em uma gestão democrata, quando dirigiu o Conselho Econômico Nacional e foi o principal conselheiro econômico de Barack Obama, de 2008 a 2010. Entre 1991 e 1993, foi economista-chefe e vice-presidente do Banco Mundial.

 

Santander espera queda da taxa básica de juros para 4,50% neste ano

O banco Santander revisou para baixo sua estimativa para a taxa básica de juros no final deste e do próximo ano, de 5,25% para 4,50% em 2019 e em 2020.

A estimativa do Boletim Focus do BC é de 5% para este ano e 5,25% no final do próximo.

A taxa Selic está hoje em 6% ao ano e deve ser reduzida na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central marcada para a próxima quarta-feira (18).

O Santander também reduziu as projeções para o IPCA, índice oficial utilizado como meta para a inflação, de 3,60% para 3,30% em 2019 e de 3,90% para 3,50% em 2020, também abaixo da projeção central do Focus.

Em relatório, a instituição afirma que os dados de atividade econômica continuam emitindo sinais mistos, com produção industrial declinando e serviços crescendo. Por isso, a avaliação é que o gradualismo seguirá marcando o processo de retomada econômica nos meses à frente.

Para o banco, a combinação de atividade em lenta recuperação, ampla ociosidade, inflação corrente declinante, expectativas inflacionárias ancoradas e avanço das reformas no Congresso abre espaço para três cortes de 0,5 ponto percentual na taxa Selic nas três últimas reuniões do Copom neste ano, em setembro, outubro e dezembro.

De acordo com a instituição, mesmo que haja depreciação adicional da taxa de câmbio, o impacto sobre o IPCA seria contido e não interromperia o ciclo atual de corte de juros, iniciado em julho.

 

Economia brasileira mostra ritmo fraco de crescimento neste 3º trimestre

A economia brasileira tem mostrado neste 3º trimestre ritmo fraco de crescimento, similar ao verificado desde o final da recessão de 2015-2016, sem perspectivas de melhora significativa dos níveis de produção, investimentos e emprego.

Os dados de julho mostram que, por um lado, houve uma interrupção na tendência de recuperação do setor industrial vista no segundo trimestre. Por outro, os resultados vieram acima do previsto para os setores de comércio e serviços.

Os números preliminares de agosto desanimaram até o Ministério da Economia, que falou em “fundo do poço” e espera melhora na atividade a partir de setembro.

Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco, afirma que a projeção da instituição é um crescimento de 0,2% no terceiro trimestre, abaixo do 0,4% do segundo trimestre, ambos na comparação com os trimestres anteriores. Antes da divulgação dos dados do comércio e dos serviços, a projeção era de ligeira retração.

“Esses dados foram bons e reduziram o risco de um trimestre negativo, mas não mostram uma aceleração”, afirma o economista. “Não temos uma reação que possa resultar numa queda mais forte do desemprego.”

Os números, segundo ele, afastam o risco de uma revisão para baixo na estimativa da instituição, de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,8% para 2019. Para 2020, a expectativa é uma expansão de 1,7%. O indicador de atividade do banco continua a mostrar um crescimento anual na faixa 1% até o momento, o mesmo que tem sido verificado desde 2017.

Luana Miranda, pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, afirma que a instituição projeta para o PIB do trimestre atual uma expansão de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Para o ano fechado, as estimativas são de crescimento de 1,1% em 2019 e 1,8% para 2020.

“Está muito claro novamente um descasamento entre a indústria e os serviços. Isso era algo que a gente já estava vendo no PIB nos últimos trimestres, exceto no segundo trimestre deste ano, quando a construção e a indústria de transformação mostraram algum crescimento”, afirma.

De acordo com os dois economistas, os dados já divulgados têm refletido os impactos da crise argentina e da desaceleração do crescimento mundial sobre o Brasil.

“Esse resultado de comércio e serviços é um bom indicativo. É só o primeiro mês do trimestre, mas começamos bem. A indústria está indo na direção oposta, bastante relacionado com a situação na Argentina”, afirma Luana.

De acordo com a economista, indicadores antecedentes do resultado da indústria, como produção de veículos e movimento de veículos pesados apontavam para um resultado positivo em julho, o que não se confirmou, principalmente, por conta do impacto do comércio de bens intermediários fabricados no Brasil e que servem de insumos para o setor na Argentina.

Ela diz que a instituição segue apostando na continuidade do crescimento da construção e em uma contribuição positiva dos serviços para o resultado do ano. Para os investimentos, por outro lado, espera uma desaceleração.

“Portanto, o consumo das famílias segue tendo participação importante da recuperação da economia”, diz Luana, citando o efeito dos saques do FGTS que começaram nesta sexta-feira.

Luka Barbosa, do Itaú Unibanco, diz que os principais fatores que estão prejudicando a atividade econômica são a desaceleração global da economia e a crise fiscal no Brasil, que reduziu o espaço do governo para investimentos.

Em relação ao cenário externo, o fator mais importante é o impacto no Brasil da desaceleração das economias dos EUA e da China. “A Argentina reforça esse quadro de atividade econômica ruim no mundo, mas não é o mais relevante”, afirma Barbosa.

Em relação à questão fiscal, o economista afirma que o Brasil deve aprofundar as reformas do lado da despesa obrigatória, para abrir espaço para o gasto discricionário, que inclui investimentos, crescer sem comprometer a dívida pública e o teto de gastos.

“São os dois fatores que tonam mais difícil a retomada do Brasil. O que está contribuindo positivamente é a queda na taxa de juros e o crescimento do crédito privado para pessoas físicas e jurídicas. Não fosse isso, o desempenho da economia estaria mais fraco.”

Os números de julho apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nas duas últimas semanas mostram que a produção industrial recuou 0,3% em relação ao mês anterior. As vendas no comércio varejista cresceram 1% na mesma comparação, enquanto o setor de serviços registrou avanço de 0,8%, com resultados que surpreenderam positivamente.

Divulgado nesta sexta (13), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve recuo de 0,16% no mês em comparação a junho, pior queda mensal de julho em três anos.

A projeção do mercado financeiro para o PIB de 2019 é de 0,87%, segundo o Boletim Focus do Banco Central. O governo prevê um crescimento ligeiramente menor, de 0,85%.

Economistas de importantes bancos e consultorias têm revisado suas projeções de crescimento para níveis inferiores a 2% em 2020.

 

ESTADÃO

‘Reforma tributária tem altíssimo risco de dar errado’, afirma Salto

Prestes a completar três anos, a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado se consolidou como um dos principais "watchdogs" (cães de guarda) fiscais, como são conhecidas as entidades que monitoram as contas públicas e alertam para evitar desvios e aumentar a transparência. Foi assim com a reforma da Previdência, quando ela publicou números sobre o impacto da proposta e ajudou no debate.

No comando frente da IFI, o economista Felipe Salto alerta agora para a reforma tributária. Ao Estado, ele diz que a reforma tem “altíssimo risco de dar errado” se o ministro da Economia, Paulo Guedes, não assumir o comando. Ele também sugere o rompimento induzido do teto de gastos já em 2019.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Nesses três anos, que momento foi decisivo para a IFI ganhar confiança?

Quando dissemos, em 2017, que o contingenciamento tinha de ser de R$ 39 bilhões. Houve uma reação grande da Fazenda, mas o valor se confirmou. Mais recentemente, foi a reforma da Previdência. Fizemos 15 trabalhos. O governo não tinha divulgado ainda. O Rogério Marinho (secretário de Previdência) queria que a gente não divulgasse enquanto o governo não divulgasse. Achavam que os números iriam prejudicar a tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). E publicamos.

Os alertas e estudos da IFI mudaram o debate?

Como nosso número é mais conservador, o governo sempre tenta explicar a diferença.

A IFI é um “watchdog” (cão de guarda) financeiro?

Sim. Hoje, são 40 países com esse tipo de instituições. Em 1988, eram quatro. A principal é o CBO (Escritório do Orçamento do Congresso), dos Estados Unidos. Quando chegou a crise de 2008, teve um salto. Em resposta à crise, os países começaram a criar conselhos.

Como a IFI vê o cenário de aprovação da reforma tributária?

A reforma tem um risco altíssimo de dar errado, porque a questão federativa não é simples. O ideal é migrar para o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), mas aí tem de combinar com os ‘russos’. O Executivo é o grande player na reforma tributária, porque o Brasil tem um modelo federativo que é muito centralizado. Apesar de ter descentralizado receitas e atribuições, tudo depende da União. Enquanto o Executivo não põe a reforma dele na mesa, o que o Senado e a Câmara estão fazendo é competir. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, apresentou uma proposta que é bem desenhada, do economista Bernard Appy, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, fez o mesmo, com a do Luiz Carlos Hauly.

Essa disputa não dificulta?

Pode dificultar. A proposta do Senado tem andado mais rápido. Quando for aprovada, vai para a Câmara. Em algum momento, elas vão ser anexadas e terá de haver uma discussão.

A pressão do Senado para o governo não enviar uma proposta e sugerir mudanças por meio de emendas não tumultua?

Tem uma ausência de liderança que precisa estar sendo exercida pelo Executivo, pelo ministro Paulo Guedes, porque esse é um tema típico do Ministério da Economia. Quando a gente vê toda essa turbulência no caso da Receita (com a demissão do secretário, Marcos Cintra), é preocupante.

A saída de Marcos Cintra vai prejudicar a reforma?

Não acho que irá prejudicar, mas tumultua. Qual é a proposta do governo? Ele quer um IVA nacional? Ele quer um IVA federal? Pode atrasar se não tiver logo a nomeação de quem vai liderar esse processo no Congresso. A preocupação é que o Congresso não tem o mandato que o Executivo tem para ter a preocupação com o equilíbrio fiscal. Se deixar o Congresso fazer uma reforma, pode sair qualquer coisa.

Que tipo de coisa?

Pode sair um IVA nacional que preveja compensações, mas que prejudique a receita da União. Quando se fala em reforma tributária, o que o prefeito está pensando? Mais dinheiro da União. É temerário a União não participar do comitê que vai gerir o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que será o maior imposto do País.

A CPMF morreu?

Está agonizando, mas não morreu ainda, porque ela tem um poder arrecadatório extremamente alto. Ela prejudicaria muito a economia. A desoneração da folha é uma boa coisa para o mercado de trabalho, mas não há condições de fazer isso hoje. Não podemos abrir mão de receita e substituir pela CPMF. É colocar remendo novo no tecido velho. É um imposto de pior qualidade.

O quadro fiscal é grave?

A situação é gravíssima. Não melhorou quase nada. Apesar do esforço do governo, está se cortando os gastos discricionários, mas as despesas obrigatórias continuam crescendo. As despesas de pessoal e Previdência crescem 2%, 3% e as discricionárias caindo 18%. Se não conseguirmos mexer nos gastos obrigatórios, levaremos o Estado à situação limite que pode chegar ao [ITALIC]shutdown[/ITALIC] (paralisação). Não vai chegar, porque temos mecanismos de controle que serão lançados antes.

O acionamento dos gatilhos de correção, como de gastos com salários, não é tão fácil?

Lembro que com a discussão da regra de ouro (mecanismo que proíbe dívidas para despesas correntes) foi a mesma coisa. O jurídico e alguns consultores também disseram que era impossível descumprir e se achou um caminho. Com o teto de gasto vai ter que ser a mesma coisa. O governo vai ter que achar uma solução que viabilize o descumprimento.

Qual seria?

O teto de gasto deve ser preservado ao máximo. Poderia, por exemplo, induzir o rompimento do teto de gastos executando restos a pagar de investimento, pagando. O rompimento em 2019 seria uma alternativa para preservar o teto. Teria de aumentar em R$ 40 bilhões a meta de déficit para este ano. Ao descumprir o teto, os gatilhos serão acionados.

Os gatilhos previstos são bons?

Eles são fortes, sim. O teto de gastos será rompido em 2022, pelo nosso último cenário. Se ele for rompido, a despesa de pessoal, que é de 4,1%, cairia para 2,5% do PIB em 2030.

 

Fundos imobiliários batem recorde com melhora do setor

Os Fundos de Investimento Imobiliário (FII) atingiram a marca recorde de 1 milhão de cotistas no primeiro semestre de 2019, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). E o cenário político-econômico se mostra fértil para que eles continuem crescendo.

Um dos motivos que ajudam a explicar o desempenho dos fundos imobiliários é a queda dos juros básicos, com a taxa Selic no nível mais baixo da história (6% ao ano) e com perspectiva de novos cortes até o fim do ano.

Além disso, os sinais de retomada do setor imobiliário também têm ajudado no desempenho desses fundos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento acima do esperado, de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, em relação ao trimestre anterior, teve uma grande influência da construção. O setor cresceu 1,9% nesse período, puxado justamente pelo segmento de imóveis.

Atualmente, existem 412 fundos imobiliários em todo o País, que, juntos, acumularam mais de R$ 15 bilhões de captação líquida ao longo deste ano – o que representa um crescimento de 42,85% frente ao volume de R$ 10,5 bilhões registrado de janeiro a agosto de 2018, quando havia 400,2 mil cotistas.

Entre as principais apostas de fundos imobiliários para o mês de setembro, por exemplo, estão o segmento de lajes corporativas (prédios de escritórios) e de fundos logísticos (centros de distribuição e galpões).

O primeiro, pela baixa vacância e o aumento no preço dos aluguéis, que podem levar a ganhos expressivos de renda e capital, especialmente em empreendimentos de alto padrão nas áreas nobres de São Paulo. O segundo, porque tem menor volatilidade, devido ao tempo mais curto de construção, o que ajuda a reduzir os riscos.

Soma-se a isso o fato de que as empresas varejistas têm demandado maior espaço de galpões em áreas estratégicas, por conta da disputa que travam no comércio eletrônico.

“As varejistas estão tentando diminuir o tempo de entrega das mercadorias compradas pela internet. Então, elas têm de usar mais galpões para facilitar as entregas, o que faz com que os fundos dessas categorias subam”, explica Rebeca Nevares, sócia-fundadora da Ella’s Investimentos, consultoria credenciada pela XP Investimentos. “É um movimento da economia que faz com que os fundos imobiliários acabem tendo uma alta constante.”

O Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix), indicador que mede a rentabilidade de 92 fundos com maior liquidez ou negociação da Bolsa, acumula alta de 13,04% este ano.

Ainda que o resultado esteja abaixo do Ibovespa (principal indicador de desempenho das ações da Bolsa e que tem valorização acumulada de 17,77% em 2019), o Ifix tem sido menos volátil.

Maiores fundos. Os dois fundos de investimentos imobiliários com maior número de cotistas são de bancos. O primeiro, o Kinea Investimentos, do Itaú Unibanco, tem 103.716 investidores, de acordo com dados da Anbima até agosto. Em segundo lugar, com 103.468 cotistas, está a CSHG Logística, do Credit Suisse. O terceiro, com 85.470, é o Vinci Renda Imobiliária, da empresa especializada em gestão de recursos, patrimônio e em assessoria financeira Vinci Partners.

Segundo análise da XP, com base na sua carteira, o fundo com melhor performance no mês de agosto foi o do segmento de recebíveis, que são atrelados ao Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI). O fundo Iridium Recebíveis Imobiliários teve o desempenho mais alto, com rendimento de 16% ao mês. Além disso, ele teve a melhor performance entre os FIIs listados na Bolsa no mesmo período.

Em segundo lugar, ficou o segmento de ativos logísticos, com destaque para a SDI Logística, com performance de 5%. Em terceiro, ficou a categoria shoppings, cuja melhor performance foi a da Vinci Shoppings, com um resultado de 4,7%.

Os tipos de fundos

Papel

São fundos em que o proprietário de um empreendimento toma crédito para construir. A dívida que ele assume é dividida em cotas (papéis), que são vendidas. Quem compra esse papel terá o recebimento de determinado valor, que pode variar com o tempo, por ser negociado na Bolsa. O investimento pode ser feito por meio de Certificado de Recebimento Imobiliário (CRI), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) ou Letra Hipotecária (LH).

Tijolo

Nesses fundos, o investidor se torna dono de uma parte do empreendimento, comprando uma cota de um shopping ou galpão, por exemplo. No caso dos shoppings, quanto maior o aluguel, maior será o rendimento. Nas lajes corporativas, o rendimento se dá pela localização e pela ocupação do imóvel. Já os centros de distribuição e galpões estão atrelados, entre outras coisas, ao e-commerce, que precisa guardar produtos vendidos online.

 

'Prévia do PIB' feita pelo BC aponta queda de 0,16% em julho

A economia brasileira começou o primeiro trimestre em queda. Dados do Banco Central apontam retração de 0,16% em julho na comparação com o mês anterior. O número é do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado uma "prévia do PIB", calculado depois do ajuste sazonal (que faz uma compensação para comparar períodos diferentes).

A contração do IBC-Br  foi maior do que as estimativas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast . O levantamento indicava desde queda de 0,40% até alta de 0,60%. O resultado de julho veio após altas em maio (1,16%) e junho (0,34%), os dois únicos avanços deste ano.

Na comparação entre os meses de julho de 2019 e julho de 2018, houve alta de 1,31% na série sem ajustes sazonais (já que se trata de comparação de períodos iguais).

O IBC-Br serve mais precisamente como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. A projeção atual do BC para a economia em 2019 é de avanço de 0,8%.

Na parcial do ano, o IBC-Br indica alta de 0,78% e, em 12 meses até julho, crescimento de 1,07%. Esses valores foram calculados sem ajuste sazonal, pois consideram períodos iguais.

O IBC-Br foi criado para tentar antecipar o resultado do PIB, que é divulgado pelo IBGE. Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do PIB.

O cálculo dos dois têm diferenças – o índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. 

 

O GLOBO

Bancos têm ao menos 90 mil imóveis retomados por dívida, o que atrasa recuperação da construção

Os cinco principais bancos do país — Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander — detêm entre 90 mil e cem mil imóveis retomados em pagamento a dívidas, segundo levantamento da ReSale, plataforma especializada na venda desses imóveis e cujo controle foi comprado pelo BTG Pactual em maio. Este total equivale a 74% dos 121,5 mil imóveis novos e prontos para venda no país, de acordo com dados da Abrainc, entidade que reúne as incorporadoras. O inchaço da carteira de imóveis nas mãos dos bancos é mais um entrave à retomada da construção civil pelo aumento da oferta ou pelo crédito mais restrito.

Os cinco bancos fecharam o primeiro semestre do ano com R$ 18,14 bilhões em bens retomados por inadimplência, a maioria imóveis, um avanço de 14,4% em um ano. A Caixa, sozinha, detém 61% do total, com R$ 11 bilhões. No fim de 2018, o banco estatal somava perto de 63 mil imóveis na carteira. Eles estavam avaliados em R$ 11,5 bilhões.

— Estimamos até cem mil imóveis (retomados), mas, se os bancos seguissem à risca a régua de cobrança desse bens, esse número seria até três vezes maior. E eles não o fazem justamente pela dificuldade que encontram para vendê-los — diz Marcelo Prata, fundador e diretor executivo da ReSale. — Banco não é imobiliária. Ele não sabe vender, e custa caro para manter esses imóveis no balanço. Ele tem que arcar com custos como IPTU e condomínio e até com o risco de invasão. Logo, apesar de o imaginário popular dizer o contrário, tomar imóvel é um péssimo negócio para ele.

Setor foi destaque no PIB

O comportamento da construção civil foi um dos destaques da alta de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano. O setor cresceu 2% no período frente a 2018, primeira expansão depois de 20 trimestres de queda. O avanço foi impulsionado pelo aumento de 10,7% no crédito para financiamento habitacional, o que acabou ampliando a abertura de vagas.

Representantes do setor, porém, avaliam que o número elevado de imóveis nas mãos dos bancos pode afetar os avanços do setor:

— Com a retomada subindo, os bancos tendem a ser mais criteriosos na concessão de financiamento para o setor produtivo. Isso pode frear projetos na construção, o que afeta diretamente a geração de emprego e renda do setor, que tem alta importância no PIB — comenta Cláudio Hermolin, presidente da Ademi-RJ, que reúne as construtoras cariocas.

Luis Santacreu, analista da Austin Rating, explica que os imóveis são “pesados” para os balanços dos bancos, pois consomem capital importante, diminuindo a liberdade que as instituições têm para emprestar.

Prata, da ReSale, também vê um impacto indireto:

— Não atrapalha a construção civil de maneira direta, já que são imóveis ainda ocupados e cujo comprador é, em geral, um investidor, não alguém que queira morar. Mas, se os bancos não conseguem se desfazer desse estoque, eles começam a ficar mais exigentes no financiamento imobiliário. Isso, sim, pode prejudicar a construção civil.

Há, porém, quem avalie essa carteira de imóveis retomados como uma via paralela:

— É uma espécie de terceiro mercado para venda de imóveis, diferente dos de imóveis novos e de usados. O de retomados é composto, em sua maioria, por imóveis com problemas. Têm dívidas, processos na Justiça, estão ocupados e não têm as melhores localizações. A maior parte é de baixa renda, faixa mais sensível ao emprego — explica José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

Pesquisa da ReSale com base em estoque de retomados à venda pela Caixa mostra que 88% estão ocupados. O preço médio de um apartamento é de R$ 139,4 mil, com deságio de cerca de 30%.

Segundo Prata, até 2014, os leilões eram capazes de escoar o volume de imóveis retomados. Com a crise derrubando emprego e renda, porém, o estoque deu um salto e os bancos começaram a enfrentar dificuldades para se desfazer do passivo. O fundador da ReSale calcula que o volume venha dobrando a cada ano desde então.

— O volume de imóveis retomados reflete a situação da economia. Apesar de percebermos sinais de melhora no ambiente econômico, o desemprego continua alto, a classe média segue com a renda achatada e buscando solução na informalidade. E é um estoque que vai voltar para o mercado — alerta Hermolin.

Ofertas e parcerias

No primeiro semestre deste ano, o Banco do Brasil retomou 1.045 imóveis, quase o equivalente ao total de 2018, que foi de 1.152 imóveis. Ao todo, o banco tem 2.900 dessas unidades em estoque, tendo vendido apenas 164 delas no ano passado.

Para frear a expansão no estoque de imóveis retomados, diz Hermolin, é preciso reativar a economia de forma a reduzir a inadimplência, gerar emprego e adotar ações práticas para a venda desses ativos.

Os bancos vêm buscando caminhos. Dado o tamanho do seu estoque, a Caixa vem tentando, sem sucesso, reduzi-lo por meio de soluções de atacado, segundo Prata. Ainda em 2017, o banco fechou parceria com os membros do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci) para vender as unidades, oferecendo 5% de corretagem. Mas o problema continuou crescendo, e a Caixa passou a buscar soluções junto a fundos especializados na compra de ativos problemáticos, como a Enforce (também do BTG) e o fundo americano Cerberus. Os valores obtidos, contudo, não se mostraram relevantes. Há a expectativa de que a Caixa volte a estruturar uma oferta para grupos desse segmento ainda este ano.

Para Vinicius Costa, presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), a legislação que assegura ao banco o imóvel como garantia do empréstimo funciona, neste momento, como “um feitiço que virou contra o feiticeiro”:

— O patrimônio imobilizado nesses bens retomados traz prejuízo. E tem forçado os bancos a flexibilizarem as negociações com mutuários. Um imóvel retomado vai a leilão primeiramente pelo valor da dívida. Se não for vendido, há um segundo leilão, pelo valor de avaliação. Mas não é o investimento mais vantajoso.

O mercado imobiliário também vem experimentando crescimento. No segundo trimestre, registrou aumento de 16% nas vendas sobre igual período de 2018, segundo a Cbic.

— Há crescimento. Apenas nos mercados em situação econômica difícil é que esse estoque de retomados pode representar um problema — diz Martins.

Os bancos lançaram novas modelagens de crédito imobiliário. A Caixa saiu com o financiamento reajustado pelo IPCA, e o BB optou por descontos que variam conforme o prazo de pagamento.

 

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