Sexta-feira

VALOR

Sem suporte do exterior, Bolsa absorve euforia pós-Copom e recua

A dualidade entre as oportunidades para os investidores na bolsa com o juro baixo no Brasil e um ambiente no exterior ainda muito árido para emergentes mais uma vez gerou instabilidade no comportamento do Ibovespa. De um lado, subiram as ações de ciclo doméstico, de olho na redução da taxa Selic. De outro, os bancos e o setor de commodities de metálicas cederam, sem descuidar do ambiente internacional.

O resultado disso foi um Ibovespa em queda de 0,18%, aos 104.339 pontos. Até o começo da tarde, o Ibovespa chegou a subir 1,40%, aos 106.001 pontos, mas a aproximação do índice das máximas históricas levou o investidor a ficar mais interessado em embolsar ganhos e vender papéis. O resultado foi uma queda em setores de grande peso e liquidez, caso dos bancos Bradesco (-1,34% a ON e -1,21% a PN), Banco do Brasil (-2,60%) e Itaú Unibanco (-1,67%).

Mesma dinâmica teve o setor de commodities, muito conectado ao cenário internacional: Vale cedeu 0,17%, mesmo sentido de outros ativos ligados a matérias-primas metálicas. O corte da Selic ontem pelo Copom para os 5,5% ao ano reforça a tendência já positiva vista até aqui para companhias expostas ao ciclo de atividade local, sobretudo empresas dos setores de construção e de varejo — destaques positivos do Ibovespa hoje.

A B2W subiu 5,75% e a Via Varejo ganhou 5,26%, mesmo ritmo das administradoras de shoppings Multiplan (3,53%) e brMalls (3,24%). Embora já tenham registrado altas relevantes até aqui, gestores ainda veem fluxo adicional para as ações de exposição ao ciclo de economia doméstica a partir dos investidores locais — pessoa física e institucional — com o juro básico em trajetória de baixa.

Até aqui, todos os indicadores setoriais da B3 têm um desempenho melhor do que o Ibovespa, mas os grandes destaques são justamente aqueles ligados à atividade brasileira. O Ibovespa avança 18,72% no acumulado do ano até hoje. Já o Índice Imobiliário (Imob) ganha 35,54% no mesmo período, enquanto o Índice de Consumo (Icon) avança 40,30%.

Na lanterna estão o Índice de Materiais Básicos (Imat), com queda de 5,20% em 2019, e o Índice Financeiro (IFNC), que sobe 22,89%. “Não apenas o fluxo de recursos vai continuar ajudando essas empresas [varejo e construção] pelo aumento da demanda, como o próprio resultado delas tende a melhorar com o menor custo da dívida, menor custo de capital e maior atratividade de novos projetos”, afirma Henrique Bredda, gestor da Alaska.

“Algo que não fosse viável com taxa de juros de 6% ou 7% passa a ser quando se pensa em 5,5% ou 5%.” Ainda de acordo com Bredda, os estrangeiros devem continuar dando vazão na bolsa ao aumento da participação dos investidores locais, entre institucionais e pessoas físicas, considerando a expectativa de continuidade de queda do juro — e é nesses setores expostos ao ciclo doméstico que a alocação deve ganhar espaço.

O mundo não ajuda Só que o exterior ainda parece ser a grande pedra no caminho da alta do Ibovespa — e que justifica o interesse por realizar lucros conforme o índice encoste nos recordes. Para Marcos Mollica, gestor do fundo Opportunity, é importante analisar os ativos locais como um todo.

Para ele, o BC brasileiro deu de fato um reforço ao otimismo local, mas o exterior ainda é grande fonte de preocupação, seja em relação ao nível de crescimento global, em especial na China, seja quanto ao tamanho do estímulo monetário de economias desenvolvidas, como nos Estados Unidos. “É importante olhar bolsa e dólar como sendo influenciados por um fator comum vindo de fora. O ambiente externo ainda é muito delicado, com o risco envolvendo a guerra comercial”, afirma ele.

Segundo Mollica, não é necessariamente verdade que a alta do dólar deixa a bolsa brasileira mais barata em moeda americana e mais atraente para o estrangeiro. Isso porque o fluxo de caixa das empresas não está sempre atrelado à moeda. “O que acontece é: o preço em dólar cai, mas o lucro também”, afirma o gestor. “É no caso das exportadoras que o dólar mais forte pode ser bom, e isso apenas se não acompanhado da queda das commodities.”

 

Selic de um dígito veio para ficar, diz ex-ministro Maílson da Nóbrega

O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega afirmou que, até o fim do ano, é "praticamente garantida" uma taxa básica de juros de pelo menos 5%, patamar que deve perdurar no longo prazo, em sua opinião. "A Selic de um dígito veio para ficar", disse.

 Maílson falou a jornalistas após participar do Fórum Nacional, encontro anual organizado pelo economista Raul Velloso, no Rio de Janeiro. A declaração segue o corte na taxa básica decidido ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom), para 5,5%.

"Acho que 5% pelo menos é praticamente garantido, a não ser que haja uma mudança muito grande na economia mundial que produza uma desvalorização cambial capaz de impactar preços no curto prazo, o que não é um cenário provável", disse.

"A inflação nitidamente perdeu força. Mesmo essa depreciação cambial que tivemos não teve influência relevante nos preços", continuou. Em sua avaliação, a discussão no Copom agora passa a ser se a taxa fica em 5% ou abaixo disso no final do ano em função das condições favoráveis. "O Copom baixaria mais 0,5 ponto na próxima [reunião] e talvez 0,25 ponto na última. Então teríamos o ano aí em 4,75%", prevê.

"Apesar de o presidente [Jair Bolsonaro] ser uma fonte de instabilidade, ninguém enxerga que isso venha a criar uma mudança radical no cenário macroecônomico brasileiro.” — Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda Ele nota que apesar das declarações polêmicas do presidente, não houve paralisia decisória no Congresso, que continua avançando na agenda de reformas.

O ex-ministro atribui a conjuntura inédita à liderança do presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Esse fator, que viabilizou a aprovação da reforma da Previdência, teria o mesmo efeito sobre a tramitação da reforma tributária. "

Com as duas reformas, o governo terá passado pelos maiores desafios no campo legislativo, mesmo sem uma base estável. Então, não vejo como a maneira do presidente conduzir o seu cargo poderia causar a volta de uma taxa de juros de dois dígitos no Brasil", afirmou.

 

ANÁLISE: Porque as projeções de inflação do Copom caíram tanto?

No dia seguinte à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o mercado financeiro tenta entender porque as projeções oficiais de inflação caíram tanto. A queda das projeções, é bom lembrar, é o principal determinante das apostas de juros abaixo de 5% neste ciclo de distensão.

 Em julho, o BC trabalhava com um câmbio mais baixo (R$ 3,75) e juros mais altos (5,5% ao ano), mas chegava a uma projeção de inflação mais alta para 2020 (3,9%). Agora, trabalha com um dólar mais alto (R$ 4,05) e juros mais baixos (5% ao ano), mas chega a uma inflação mais baixa (3,8%) . Há duas explicações muito populares entre os analistas econômicos para essa queda.

Uma delas é que o Banco Central pode ter escolhido a dedo o cenário que leva a uma inflação mais baixa, com o propósito de comunicar a sua intenção de cortar ainda mais os juros nesse ciclo de distensão. Não há nada de errado em o Banco Central pesar a mão nas projeções de inflação para comunicar o caminho das taxas de juros. Em geral, bancos centrais que divulgam projeções mais “puristas” de inflação são aqueles que também divulgam a trajetória prevista para os juros. Assim, conseguem separar o que é projeção de inflação da sinalização para os juros.

O BC brasileiro não divulga projeções para os juros e seu principal instrumento de comunicação da trajetória da taxa básica são as projeções de inflação. Por isso, é natural que ajuste as projeções condicionais de inflação, que são alimentadas por trajetória de câmbio e juros prevista pelo mercado, para aproximá-las da própria visão do Banco Central. Uma outra explicação muito popular para a queda das projeções de inflação é que a inflação corrente está vindo muito baixa, o que gera uma inércia positiva para 2020. Assim, mesmo mantendo uma abordagem mais técnica e abrindo mão de fazer intervenções subjetivas, o Banco Central chegaria a projeções de inflação menores.

Em julho, o BC projetava uma inflação de 3,6% para 2019, tomando o cenário de mercado para juros e câmbio. Agora, projeta percentuais entre 3,3% e 3,4%, dependendo de se o dólar recuar a R$ 3,90 ou para R$ 4,05. Os economistas do Bradesco chamam a atenção para a inércia positiva que essa inflação mais baixa carrega para 2020.

Além disso, a expectativa de inflação do mercado para 2020 caiu, de 3,9% para 3,8%, o que ajuda a reduzir as projeções do BC. Apesar de haver explicações para a queda das projeções, o Banco Central está numa posição mais otimista que a mediana do mercado. O consenso do Focus projeta uma inflação de 3,4% para 2019, mas de 3,8% em 2020, levando em conta juros em 5% e cambio em R$ 3,90. Os Top 5 chegam a percentuais em torno de 3,73%.

Com esses mesmos parâmetros, o BC chega a 3,6%. O mapa da distribuição das projeções de inflação, de duas semanas atrás, mostrava que apenas algo como um quinto dos analistas econômicos projetavam inflação de até 3,6%, como faz o BC agora. Mas esse grupo pode estar aumentando.

O Santander divulgou recentemente um relatório que previa que as expectativas de inflação do mercado seguiriam em queda nas próximas semanas, puxada pelos índices mensais de inflação corrente consistentemente abaixo do esperado. O banco baixou a sua previsão de inflação para 2019 para 3,3% e para 3,5% em 2020, abaixo da projeção do BC, e com base nesse cenário foi um dos primeiros a fazer a aposta de que o ciclo de corte levaria os juros básicos a 4,5% no fim do ano.

A chefe da área de macroeconomia do Santander, Ana Paula Vescovi, chama a atenção para os núcleos de inflação, que estão muito baixos. Esse indicador mostra a tendência subjacente da inflação, que deve nortear as decisões do BC, já que a política monetária não deve procurar corrigir choques temporários de curto prazo. “O hiato do produto vai fechar apenas em 2021”, afirma ela, referindo-se ao grau de ociosidade da economia.

 

Economistas de bancos veem ‘porta bem aberta’ para novos cortes de juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) “deixou a porta bem aberta” para dar continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário, apontam os economistas Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, do J.P.Morgan.

Eles destacam que, no comunicado sobre a decisão de cortar a Selic em 0,5 ponto porcentual, na quarta-feira (18), o Copom manteve “exatamente a mesma mensagem na orientação futura” ao apontar para um ajuste adicional no grau de estímulos. “Continuamos a ver a Selic no fim do ano em 4,75% após um corte de 50 pontosbase em outubro e um final de 25 pontos-base em dezembro, mas reconhecemos que o comunicado mudou o balanço de riscos em direção à possibilidade de uma taxa de juros final ainda menor”, diz o JP.

Na semana anterior à da reunião do Copom, o banco havia alterado suas projeções e apontado que o juro deveria cair a 4,75% e voltar a subir no segundo semestre de 2020. De acordo com os economistas do JP, o BC deve continuar com os cortes na Selic ao se mostrar confiante com o cenário de “baixa inflação, ausência de pressões inflacionárias, ambiente global benigno, fraco crescimento doméstico e compromisso fiscal do governo”.

Além disso, o J.P.Morgan nota que o sinal mais favorável ao afrouxamento monetário vindo da autarquia esteve nos modelos de inflação, “já que todos os cenários apontam para a inflação abaixo do centro da meta neste ano e no próximo”.

A análise do J.P.Morgan é semelhante à da equipe do Bank of America Merill Lynch (BofA). O cenário benigno para a inflação e a recuperação ainda gradual da economia brasileira devem fazer com que novas reduções da Selic sejam efetuadas pelo Copom, avaliam os economistas do BofA, que projetam a Selic a 4,75% no fim do ano e ao longo de 2020.

“Juros mais baixos globalmente, uma atividade doméstica ainda fraca e inflação especialmente baixa sugerem que novos cortes estão a caminho”, diz a equipe do BofA. Como justificativa para medidas adicionais de afrouxamento, o banco aponta para as projeções de inflação apresentadas pelo BC.

Para o BofA, o tom do Copom em relação ao cenário externo se mostrou favorável ao afrouxamento, tendo em vista que, apesar de ter reconhecido que as incertezas permanecem, “um estímulo adicional da política monetária nas principais economias levou a um cenário relativamente mais favorável para os emergentes”. Além disso, o banco nota que o tom do BC quanto à atividade foi “um pouco mais assertivo”, embora tenha voltado a apontar para o gradualismo.

 

FOLHA

Mais de 40% dos empresários desconhecem Lei de Proteção de Dados, diz pesquisa

A Lei de Proteção de Dados, que define regras para companhias que lidam com informações pessoais, começa a valer em 2020, mas 41% dos empresários ouvidos em pesquisa do Reclame Aqui não sabem de que se trata. Outros 46,3% estão preparados ou buscando se adaptar.

Mais de 80% das empresas afirmam que só elas fazem uso dos dados dos clientes. Por outro lado, 13,5% admitem compartilhar as informações com parceiros e 3,7% já as venderam.

 

Relator rejeita emendas e Previdência caminha para votação na próxima semana

O relator da reforma da Previdência no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), rejeitou fazer novas alterações à proposta, que caminha para ser votada na terça-feira (24).

Senadores, principalmente de oposição ao governo, apresentaram 77 emendas quando a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma chegou ao plenário da Casa.

Jereissati analisou as sugestões e, nesta quinta-feira (19), apresentou um novo relatório na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), no qual rejeitou todas as emendas que poderiam desidratar a proposta. A única acatada não tem, segundo ele, impacto fiscal para a União.

O relator acatou uma emenda supressiva —que tem o efeito de excluir um trecho— que determina regras para que o servidor, ao se aposentar, possa considerar gratificações no cálculo de seu benefícios.

Essa regra afeta especialmente categorias no funcionalismo público que recebem gratificação por desempenho permanente, mas cujo valor varia de acordo com a produtividade. A gratificação por desempenho é um instrumento mais comum no funcionalismo estadual e municipal, principalmente no caso de auditores fiscais.

Atualmente, cada estado faz sua própria regra. Em alguns estados, é considerada apenas a gratificação do último ano antes da aposentadoria.

Gratificações para servidores federais, como bônus temporário, criado para técnicos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) passarem um pente-fino nos benefícios previdenciários, não são incorporados à aposentadoria ou a pensões.

O trecho da reforma que trata das gratificações vem sofrendo sucessivas discussões.

O governo quer criar critérios mais rígidos para que gratificações permanentes recebidas por funcionários públicos sejam incluídas no valor das aposentadorias. Por isso, na proposta original, enviada em fevereiro, sugeriu que, se o servidor receber uma bonificação pelo desempenho ou produtividade, esse valor poderia integrar o cálculo da aposentadoria com base na gratificação recebida apenas nos dez últimos anos.

O relator da reforma da Previdência na Câmara, Samuel Moreira (PSDB-SP), porém, alterou esse trecho.

Assim, a versão aprovada pelos deputados, que seguiu para o Senado, passou a considerar o valor médio de gratificação recebido em toda a carreira do servidor com bônus permanente de desempenho.

Jereissati, aceitando uma sugestão do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), articulada por auditores fiscais de Minas Gerais, excluiu esse artigo que exigia o cálculo médio da gratificação. Na prática, deixou o assunto para a chamada PEC paralela, onde o senador retomou a versão original do governo: média com base nos últimos dez anos de gratificação.

A reforma da Previdência foi dividida em duas PECs (proposta de emenda constitucional). A principal é aquela passou pela Câmara e está no Senado. A paralela trata de estados e municípios, ainda não tem data de votação no Senado e, depois, terá que ir para a Câmara.

A projeção de economia com a PEC principal permanece em R$ 876,7 bilhões em dez anos.

Jereissati, porém, reconhece que a regra das gratificações tem impacto para estados e municípios, onde estão os auditores fiscais estaduais e municipais. De qualquer forma, a alteração só valeria para servidores estaduais e municipais se a PEC paralela for aprovada, pois a Câmara retirou o efeito da reforma para estados e municípios.

A presidente da CCJ, senadora Simone Tebet (MDB-MS), prevê para terça-feira (24) a votação da PEC principal no colegiado. No mesmo dia, ela deve começar a ser votada no plenário do Senado.

Além de rejeitar emendas, Jereissati fez ajustes no texto para não dar margem para que o processo legislativo da reforma seja questionado.

Técnicos do Congresso alertaram o relator sobre uma possibilidade de mudanças feitas na PEC serem questionadas e a proposta ter que voltar para análise da Câmara, que aprovou a reforma em agosto.

O governo calcula que a PEC em discussão poderá gerar uma economia de R$ 876,7 bilhões em dez anos nos gastos previdenciários.

Quando o texto foi aprovado pela Câmara, a estimativa de economia era de R$ 933 bilhões.

Para aprovar a reforma no Senado, Jereissati fez ajustes, como impedir que a pensão por morte seja inferior a um salário mínimo (R$ 998).

O tucano também excluiu o artigo que colocava na Constituição o critério para receber BPC (benefício assistencial). O governo esperava redução nas ações judiciais sobre o tema.

Outra alteração feita pelo relator no começo do mês foi a previsão de uma regra mais benéfica de aposentadoria para trabalhadores expostos a agentes nocivos, como mineiros.

Ao rejeitar as emendas apresentadas no plenário, o senador argumentou que a reforma é necessária para ajustar as contas públicas.

“Sem a reforma da Previdência, as despesas com benefícios de natureza previdenciária que hoje são da ordem de 60% do orçamento primário chegariam a quase 80% em 2026. Haveria um evidente sufocamento do resto de nosso orçamento, diante do espetacular processo de transição demográfica de nossa sociedade”, disse Jereissati.

Para evitar atrasos na reforma, o relator criou uma PEC paralela à principal. Assim, o Congresso ainda vai analisar outra proposta com alterações nas regras de aposentadoria de trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos.

Na PEC paralela, foram incluídas sugestões de senadores e que ainda precisam passar pela Câmara, como a inclusão de estados e municípios na reforma.

A estratégia de Jereissati foi garantir que a PEC principal, já aprovada pelos deputados, comece a valer assim que o Senado concluir a votação. Enquanto isso, a PEC paralela seria apreciada pelos senadores e, depois, pela Câmara.

Esse projeto –separado– representaria uma economia adicional de R$ 92 bilhões em dez anos para a União.

Para estados e municípios, é esperado um corte de gastos de R$ 350 bilhões em uma década com o endurecimento das regras de aposentadorias para servidores.

O texto paralelo prevê a inclusão de estados e municípios na reforma, medidas de aumento de arrecadação –que vêm sendo criticadas por parlamentares– e alterações em pontos do projeto original do governo, como aposentadoria por invalidez e redução, de 20 anos para 15 anos, o tempo mínimo de contribuição para homens que ainda vão entrar no mercado de trabalho.

________________________________________

O QUE MUDOU NA REFORMA

Como é hoje 

Cada ente (União, estados e municípios) define o critério para incorporar o bônus permanente de desempenho à aposentadoria. Há estados que calculam com base na produtividade apenas do último ano

Como é a proposta do governo 

Incorpora o valor médio das gratificações recebidas nos dez anos anteriores à aposentadoria

Como é a proposta aprovada na Câmara 

Incorpora o valor médio do bônus recebido em todo o período laboral

Como é a proposta em tramitação no Senado 

Igual à do governo, só que está em uma PEC que precisará retornar à Câmara

 

ESTADÃO

Risco país cai a menor nível em seis anos

O risco Brasil, medido pelo Credit Default Swap (CDS), um título que protege contra calotes na dívida soberana, vem registrando nova rodada de queda e está em 116 pontos. É o menor nível em seis anos, desde maio de 2013. Mas outros ativos brasileiros, principalmente o dólar e a Bolsa, não estão acompanhando o movimento de melhora de percepção dos investidores sobre o País.

Economistas e gestores ouvidos pelo Estadão/Broadcast avaliam que este "descolamento" mostra que os investidores estão antecipando um cenário doméstico melhor pela frente, mas, no momento, ainda seguem cautelosos e não vão aportar recursos em ativos locais sem maior crescimento econômico e avanço de outras reformas, inclusive o término da Previdência.

Historicamente, o CDS, o dólar e o Ibovespa têm correlação próxima - sendo que câmbio e risco costumam caminhar na mesma direção -, mas desde o segundo semestre do ano passado os comportamentos passaram a divergir. Um ex-diretor do Banco Central calcula que, com o CDS na casa dos 120 pontos, como agora, era para o dólar estar em R$ 3,60 ou abaixo. Mas a moeda está em R$ 4,10 e a visão dos especialistas é a de que não deve cair para abaixo de R$ 4 tão cedo. Para o mercado de ações, a avaliação é que, com o CDS neste nível, o Ibovespa deveria, pelo menos, estar acima da pontuação atual - que tem ficado entre 103 mil e 104 mil pontos nos últimos sete pregões.

Lucas Tambellini, estrategista de renda variável do Itaú BBA, afirma que, após vários anos com excesso de liquidez global, os contratos de CDS de vários países estão perto das mínimas históricas. No caso do Brasil, o nível de risco tem caído também diante da sinalização de melhora do lado fiscal. "No passado, a correlação era mais forte, mas estamos agora em um momento descolado. Na questão cambial, a taxa está se comportando de maneira diferente por motivos externos, uma vez que o dólar está forte praticamente contra o resto do mundo", diz.

Para o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, as taxas do CDS mostram que "a solvência externa do Brasil está sendo vista como positiva". Segundo ele, no entanto, o que falta para o estrangeiro entrar aqui é crescimento econômico. "O Brasil não tem PIB para mostrar ao investidor estrangeiro", afirma.

O Bradesco calcula que o País perdeu ao redor de US$ 50 bilhões nos últimos meses de recursos externos. Três fatores têm contribuído para este movimento, segundo o economista do banco. A redução do diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, que pode diminuir ainda mais esta semana, deixando o país menos atrativo para os estrangeiros. O outro é que muitas empresas passaram a trocar dívida externa por dívida em real, por conta dos custos atrativos de captar recursos no mercado de capitais brasileiro. Um terceiro ponto que ainda pesa é o fato de o Brasil não ser mais classificado como grau de investimento, o que impede determinados investidores de aplicar no País.

De acordo o Itaú BBA, na ausência de boas notícias externas, principalmente em relação à guerra comercial, o real deve permanecer depreciado. Assim, a instituição projeta o dólar a R$ 3,80 em 2019 e R$ 4 em 2020, indicando, porém, que a moeda poderá se estabilizar próximo aos patamares atuais, na ausência de acontecimentos positivos na economia global.

CDS e Bolsa

Tambellini afirma que, entre as diversas variáveis para os cálculos do preço justo do Ibovespa, um CDS em 200 pontos já permitiria a projeção para o índice perto de 132 mil pontos em dezembro de 2020. Mas com o CDS atualmente abaixo disso, há espaço para ver a Bolsa avançando mais. Por exemplo, diz, caso o risco médio a ser considerado seja de 160 pontos, a expectativa seria de 147 mil pontos no mesmo período.

Regina Nunes, sócia fundadora da RNA Capital, diz que, apesar do CDS, o Ibovespa só não estabelece uma tendência mais forte de alta porque, comparado a outros emergentes, o Brasil sofre com retiradas quando os investidores precisam de liquidez. Neste ano, os estrangeiros já retiraram R$ 22 bilhões da Bolsa. "Quando querem fugir de risco, os investidores tiram dos países mais líquidos e aqui a liquidez é brutal", afirma. Para ela, a Bolsa tem sinal de compra e deve chegar a 120 mil pontos no médio prazo.

O economista para Brasil do Citi, Leonardo Porto, ressalta que o CDS brasileiro vem caindo desde as eleições presidenciais, mas o movimento tem sido em linha com outros emergentes, a exceção da Argentina. A evolução de indicadores externos, como a redução do déficit da conta corrente para 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB), além do crescimento das reservas internacionais nos últimos anos, ajudaram a melhorar a percepção do Brasil. As obrigações externas do Brasil (incluindo dívida pública e privada) caíram de 47% do PIB em 2001 para 33% no primeiro trimestre deste ano.

Câmbio

O real caminha para fechar o dia com a moeda com pior desempenho mundial entre o dólar, considerando uma cesta de 34 divisas. O dólar era negociado a R$ 4,14, perto das máximas do dia, destoando do clima de bom humor visto em outros ativos. O Ibovespa se mantém acima dos 105 mil pontos e os juros futuros recuam, em meio à sinalização de que o Banco Central pode cortar novamente os juros em sua próxima reunião de política monetária.

A alta do dólar, segundo operadores, reflete o fortalecimento da divisa americana ante emergentes, com os investidores em dúvidas sobre os próximos passos do Federal Reserve, o banco central dos EUA que ontem cortou os juros do país. Também em meio ao aumento dos riscos geopolíticos após os ataques na Arábia Saudita no fim de semana. Em tempo, o presidente da Shell no Brasil, André Araujo, disse que o ataque à Arábia Saudita não interfere na indústria petroleira brasileira e afirmou que o plano da empresa holandesa é investir US$ 3 bilhões por ano em renováveis no mundo.

 

O GLOBO

Crescimento mundial está frágil e ameaçado pelas tensões comerciais, diz Lagarde

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse nesta quinta-feira que o crescimento global "está frágil" e está "ameaçado" pela vulnerabilidades como o Brexit e disputas comerciais.

Lagarde, que deve assumir como presidente do Banco Central Europeu este ano, disse ainda que os responsáveis pelas políticas econômicas devem trabalhar juntos "para tentar resolver a fragilidade, a incerteza". Ela acrescentou que os bancos centrais devem se ater "aos fatos e aos dados" para ter previsibilidade.

Ao considerar que a expansão tem sido "bastante medíocre", também pediu aos líderes que dialoguem para tentar resolver as incertezas em todo o mundo", referindo-se à guerra comercial entre Estados Unidos e China, que afeta o comércio mundial, ou ao Brexit, que ensombrece o futuro na Europa.

- As relações comerciais, Brexit ou ameaças tecnológicas são problemas criados pelo homem e que podem ser resolvidos pelo homem - afirmou, acrescentando que um pouco de feminilidade não seria nada mal".

Em julho, o FMI reduziu a previsão de crescimento global para 3,2%. A entidade advertiu que as tensões comerciais poderiam desaquecer ainda mais a atividade.

Por sua vez, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) espera para 2019 " o crescimento mais fraco no mundo desde a crise financeira, quando caiu a 2,9% em 2008, antes de afundar para -0,5% no ano seguinte.

Ao ser perguntada se poderia fazer mais para convencer aos líderes quando estiver à frente do BCE, a partir de novembro, Lagarde respondeu:

- Certamente seguirei decidida para assegurarmos de que temos que centrar na criação de empregos, na produtividade e na estabilidade. Já há bastante incerteza no mundo para agregar mais incerteza com o que um banco vai fazer.

 

OCDE reduz drasticamente previsões de crescimento para Brasil, Argentina e México

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu drasticamente em apenas quatro meses suas previsões de crescimento para as três maiores economias da América Latina — Brasil, Argentina e México — para este ano e o próximo, de acordo com uma projeção publicada nesta quinta-feira.

A OCDE reduziu em mais 0,6 ponto percentual ou mais sua previsão de crescimento para 2019 e 2020 do Brasil e Argentina, as duas maiores economias da América do Sul.

No Brasil, a entidade espera uma recuperação gradual, a partir de uma expansão de 0,8% neste ano, para cerca de 1,75% em 2020, devido a uma queda nas taxas de juros reais que suportam o consumo privado.

No caso da Argentina, as perspectivas se deterioraram significativamente devido à depreciação do peso e à imposição de controles de capital. As expectativas são de uma contração econômica de 2,7% em 2019 e 1,8% em 2020.

"A incerteza sobre as políticas é alta e a inflação aumentou novamente. A produção deverá contrair-se fortemente no final de 2019 e no início de 2020", afirmou o relatório.

"Após as eleições de outubro, o próximo governo argentino terá de revelar em detalhes seus planos para políticas macroeconômicas que ajudem a recuperar a confiança e garantir a estabilidade", acrescentou o texto.

Para o México, a partir de uma expansão de 0,5% este ano, a previsão para o próximo ano é de 1,5%, devido a fatores de curto prazo, como greves e incertezas políticas.

Quanto à economia global, ela deve ter em 2019 seu crescimento mais baixo em 10 anos, segundo a entidade.

A OCDE reduziu suas estimativas de crescimento para quase todos os países que acompanha e prevê que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos ao longo de um ano) global terá expansão de só 2,9% - a menor em uma década.

A organização atribui o fraco crescimento global ao acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China e a um aumento do protecionismo entre os principais países do mundo.

 

 

 

 

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS