Quarta-feira

VALOR

Cenário externo baixa projeções de inflação do Copom

Ventos favoráveis vindos do exterior vão ajudar a baixar a inflação nos próximos meses, propagando-se para 2020, ano que é o principal alvo da política de juros, informa o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em ata da sua última reunião, divulgada nesta terça-feira.

O documento detalha os fatores que levaram à forte queda das projeções oficiais de inflação do colegiado, divulgadas na semana passada, que alimentaram apostas dos analistas econômicos de que os juros básicos da economia poderão cair abaixo de 5% ao ano. “As projeções de curto prazo indicam que a inflação acumulada em doze meses deve recuar nos próximos meses e retornar, ao final do ano, para níveis próximos aos observados até agosto”, diz o colegiado na ata.

Segundo o Copom, essa queda esperada pode ser explicada principalmente pelo “comportamento benigno” de itens com preços mais voláteis e pela “dinâmica da inflação importada”. O documento diz que “vetores altistas” - uma provável referência à alta recente da cotação do dólar - “têm sido moderados pela trajetória de preços externos”, possivelmente a queda de cotações de commodities e preços de outros bens comercializáveis.

O comitê prevê um efeito prolongado dessa inflação favorável no curto prazo, ao afirmar que as suas próprias projeções para os índices de preços de 2020 “são impactadas pela propagação da inflação corrente mais baixa”.

O colegiado compara as projeções feitas em diversos cenários, apresentadas em comunicado divulgado logo após sua reunião da semana passada, quando os juros foram de 6% para 5,5% e indicou um novo movimento de baixa para seu encontro de outubro. Em um cenário, com o dólar a R$ 4,05 e a Selic nos 6% vigente antes da reunião, a inflação ficaria em 3,6% em 2020.

Num outro cenário, com o dólar recuando a R$ 3,90 e a Selic baixando a 5%, a inflação ficaria em também em 3,6%. Nos dois casos, a inflação ficaria abaixo da meta de 2020, de 4%. Comparando esses dois cenários, o Copom diz que o estímulo monetário no segundo deles (com queda dos juros de 6% ao ano para 5% ao ano) contribui para a elevação da inflação no horizonte relevante da política monetária.

De outro lado, diz o documento, o cenário que considera apreciação cambial no curto prazo (dólar cai de R$ 4,05 para R$ 3,90) “é um vetor na direção oposta” – isto é, retira pressão da inflação em 2020. Para o BC, “o efeito dessa trajetória de apreciação cambial fica mais claro quando se considera o cenário híbrido”.

 Esse cenário leva em conta a trajetória de juros da pesquisa Focus e a manutenção da taxa de câmbio no patamar atual, “que produz projeção ligeiramente abaixo da meta em 2020”. No comunicado da semana passada, a autoridade monetária apontava que o cenário híbrido levaria a inflação para 3,8% no fim do ano que vem.

 Após a reunião do Copom e a divulgação dos cenários, instituições financeiras e consultorias passaram a apostar que a taxa básica de juros terminará 2019 abaixo de 5%. A mediana dos economistas Top 5 de curto prazo, formado pelas cinco casas com maior índice de acerto das projeções do Focus, aponta agora para Selic em 4,75% no fim do ano.

Até a semana passada, a mediana estava em 5%. Na ata, o Copom também volta a traçar um quadro menos otimista para a conjuntura internacional, como havia feito no comunicado após a reunião. Antes considerado “benigno”, agora o cenário externo é descrito como “relativamente favorável” para economias emergentes. “Por um lado, bancos centrais de diversas economias, incluindo algumas centrais, têm provido estímulos monetários adicionais, o que contribui para afrouxamento das condições financeiras globais”, diz.

Entretanto, “riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem”. Na visão dos membros do Copom, “incertezas sobre políticas econômicas e de natureza geopolítica – notadamente as disputas comerciais e tensões geopolíticas – podem contribuir para um crescimento global ainda menor”.

Já as condições financeiras, apesar de permanecerem em patamares favoráveis, foram objeto de “alguma volatilidade” desde a reunião anterior, causada por “movimentos nos mercados internacionais” e “impactos pontuais da crise na Argentina”.

Em relação à atividade econômica, o Copom avalia que o crescimento no segundo trimestre foi “acima do esperado”. Para o terceiro trimestre, a estimativa é de “ligeiro crescimento”. “Os trimestres seguintes devem apresentar alguma aceleração” da expansão econômica. A tendência é que esse movimento seja reforçado, principalmente nos últimos três meses do ano, pela liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep.

“O cenário básico do Copom supõe que o ritmo de crescimento subjacente da economia, que exclui os efeitos de estímulos temporários, será gradual”, diz. Por fim, em relação à reunião anterior, todos os integrantes do colegiado reforçaram a “importância de continuidade da agenda de reformas e de perseverança nos ajustes necessários” para o balanço de riscos inflacionários. Também disseram, ainda em relação ao cenário externo, que “o risco de cenários adversos para ativos de risco parece ter se intensificado”.

 

CCJ adia votação de reforma da Previdência para próxima semana

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), acatou um acordo feito pelos líderes partidários da Casa e cancelou a análise da reforma da Previdência que seria feita nesta terça-feira pelo colegiado, e a adiou para terça da próxima semana. A emedebista destaca que há acordo de “quebra de interstício” entre os dois turnos da votação da proposta de emenda constitucional (PEC) no plenário do Senado para não comprometer o calendário previsto. Com isso, a votação dos dois turnos do texto com mudanças no sistema previdenciário deve ser concluída até 10 de outubro.

“Houve acordo para cancelarmos a reunião da CCJ para semana que vem. Achávamos que deveríamos votar a reforma hoje, mas acatei acordo de líderes”, disse Tebet. A decisão de prorrogar a reunião da CCJ ocorreu para que um grupo de senadores possa ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para falar sobre a operação da Polícia Federal contra o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), na semana passada.

Em reunião com o presidente da Corte, Dias Toffoli, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e outros senadores tratarão da liminar concedida pelo ministro Luís Roberto Barroso que autorizou busca e apreensão realizadas no Congresso. A expectativa é que a análise da reforma da Previdência em primeiro turno no plenário do Senado também aconteça na semana que vem.

Desde ontem, senadores já articulavam a derrubada da votação na CCJ para fazer uma sinalização conjunta para o Supremo Tribunal Federal (STF). Como alguns parlamentares estavam resistentes a esse cancelamento, foi fechado acordo para que isso não afete o calendário da reforma. A jornalistas, Tebet afirmou estar contrariada com a decisão, mas disse que teve que acatar acordo feito pelos líderes. O relator da proposta, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), também foi contrário ao adiamento.

 

Para Moody's, volta do grau de investimento para o Brasil vai demorar alguns anos

Apesar da melhora no ambiente econômico, a recuperação do grau de investimento pelo Brasil ainda vai levar alguns anos, afirmou Samar Maziad, vice-presidente e analista sênior da Moody's, nesta terça-feira. Segundo ela, a aprovação da reforma da Previdência é importante para a manutenção do status atual, e não um gatilho para uma melhora no rating

O aumento da nota, ressaltou Samar, depende do avanço da agenda de reformas, da recuperação do crescimento econômico e da melhora na situação fiscal. “A aprovação da reforma da Previdência não é um gatilho para [elevar] o rating. O cenário-base para manter o rating atual é ter sustentabilidade fiscal”, disse a jornalistas durante evento promovido pela Moody’s.

A nota soberana do Brasil na agência de classificação de risco é Ba2. Samar afirmou também que a redução da taxa de juros pelo Banco Central reflete a perspectiva de uma melhor situação fiscal com a reforma da Previdência. Para ela, os juros mais baixos terão impacto na demanda e nos investimentos, mas ainda não há perspectiva de um crescimento econômico forte.

A Moody’s prevê um aumento de 0,9% no PIB em 2019 e em torno de 2% em 2020. Segundo a executiva, um fator positivo para o Brasil é que o nível de incerteza política diminuiu. Comentários polêmicos do presidente Jair Bolsonaro até podem afetar o sentimento dos investidores de alguma forma, disse ela, mas não mudam o fato de que o foco está nas reformas e no aumento da competitividade da economia.

 

Para Figueiredo, da Mauá, risco de recessão global é pequeno

O economista Luiz Fernando Figueiredo, sócio-fundador da Mauá Capital, afirmou considerar pequeno o risco de recessão global, já que os governos devem agir para evitá-la. A maior incerteza, para ele, fica por conta da guerra comercial entre Estados Unidos e China – “dois caras indo rumo ao precipício”. Segundo Figueiredo, o mercado vê probabilidade de 1/3 de recessão global, mas provavelmente essa leitura não contempla a capacidade de reação dos governos.

Ele lembrou que Alemanha, França e outros países estão sinalizando que podem adotar medidas de expansão fiscal para fazer as economias reagirem. “Os ciclos hoje são diferentes. Tem outros instrumentos [além de política monetária] que são muito usados”, disse, em palestra em evento promovido pela Moody’s. Na visão de Figueiredo, a guerra comercial é um risco muito maior de prever, pois está relacionado ao papel que americanos e chineses querem para si. “Tem a ver com hegemonia tecnológica. É sobre quem vai dominar o mundo”, disse. “Dá para parar? Não sabemos. Se esse troço aumentar, pode haver recessão. Tem dois caras indo rumo ao precipício. Vão continuar até quando?”, questiona.

 

Ata ameniza empolgação com cortes da Selic

Os pontos de atenção trazidos pela ata da última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central esfriaram a empolgação dos investidores com apostas muito mais agressivas de cortes nas taxas de juros. O colegiado reforçou que o ambiente é favorável para a flexibilização monetária e manteve sobre a mesa o cenário de que a taxa Selic deve continuar a cair nos próximos meses.

Mas apontou riscos no exterior e seus efeitos sobre o câmbio, que não estavam explícitos no comunicado da decisão, divulgado na semana passada. Apesar de reiterar que o cenário externo se manteve relativamente favorável para a condução da política monetária em economias emergentes, o Copom indicou que “o risco de cenários adversos para ativos de risco parece ter se intensificado”.

Além disso, o colegiado se mostrou atento à movimentação do dólar e às formas como o câmbio pode afetar os preços futuramente. Se essa discussão estivesse presente no comunicado, “a resposta do mercado teria sido um pouco menos intensa”, diz Roberto Secemski, economista-chefe para Brasil do Barclays.

Na semana passada, os investidores correram para reforçar as apostas numa queda intensa da taxa básica de juros, talvez abaixo de 5%. O principal catalisador do movimento, que foi dosado ontem, foram as projeções de inflação do Copom que ficaram abaixo da meta de 4% em todos os cenários traçados para 2020.

Na avaliação de Secemski, o cenário “plausível” é o de que a Selic termine o ano em 4,75%, “a não ser que haja um enfraquecimento significativo do real nas próximas semanas”. O Barclays espera que o dólar termine o ano em torno de R$ 4,15. Os economistas Cassiana Fernandez, Vinicius Moreira e Cristiano Souza, do J.P. Morgan, também notam que a discussão sobre os riscos vindos do cenário externo “sugerem que o BC pode optar por maior cautela no fim do ciclo de afrouxamento”.

Mesmo assim, eles ainda esperam que o ciclo de cortes na Selic tenha continuidade e projetam o juro básico a 4,75% em dezembro. Para o J.P. Morgan, a ata “reforçou o espaço limitado para impulso à economia diante da necessidade de se continuar com a consolidação fiscal”. Os riscos mencionados pelo Copom para os ativos de risco foram interpretados por analistas como um ponto de atenção com a depreciação do câmbio.

O Itaú Unibanco, por exemplo, decidiu manter sua estimativa de que haverá apenas mais um corte de 0,50 ponto porcentual no juro básico, que já ocorrerá em outubro. Para os analistas, a ata “limita, por enquanto, qualquer indicação de que o Copom possa testar níveis de taxas de juros ainda mais baixos”.

Assim, o banco manteve a estimativa de que a Selic ficará em 5,00% no fim deste ano. Ao fazer referência aos níveis do câmbio, o Copom indica que não está indiferente à depreciação cambial, diz Tomás Goulart, economista-chefe da Novus Capital. “A ata desmistificou um pouco o comunicado nesse sentido. Não é possível dizer que o BC não esteja preocupado com o câmbio, mas sim que é um movimento menos inflacionário do que as pessoas estavam supondo”, aponta Goulart.

O economista da Novus pontua que a queda do juro de equilíbrio da economia - aquele que produz o máximo de crescimento sem inflação - e os cenários do Copom para os preços livres “mostram que o BC está tranquilo e que a taxa neutra de juros está menor”, o que possibilitaria à Selic terminar o ano em 4,50%, mesmo com o dólar em torno de R$ 4 tanto no fim deste ano quanto em dezembro de 2020.

A Garde Asset Management foi outra gestora que manteve suas projeções inalteradas após a ata e continua a esperar que, no ano que vem, o juro básico caia à mínima histórica de 4,00% - uma das expectativas mais agressivas entre os analistas.

A flexibilização monetária adotada pelo Copom, contudo, tem como riscos o aumento dos preços em itens não comercializáveis, como serviços e alguns alimentos in natura, além da depreciação do real.

 Essa é a avaliação do estrategista sênior para emergentes do Standard Chartered, Ilya Goldshteyn. Em relatório enviado a clientes, ele afirma que não concorda com o tom mais favorável a cortes de juros adotado pelo BC, mas destaca a preocupação da autarquia com o cenário global de desaquecimento da economia.

“O BC enfatiza fortemente as expectativas de inflação, que voltaram a cair. Se o real continuar com um desempenho fraco e os custos dos insumos aumentarem, as expectativas podem começar a subir ainda mais. Vemos isso como um risco subestimado para a precificação dos DIs de curto prazo”, alerta Goldshteyn.

Ontem, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 ficou praticamente estável, passando de 5,11% para 5,095%. Já a do DI para janeiro de 2021- que registrou a queda mais intensa na semana passada - subiu de 5,01% para 5,02%.

 

Cautela com exterior pressiona Ibovespa e real

As incertezas em torno do andamento da reforma da Previdência no Senado e o risco de um recrudescimento das tensões comerciais no mundo cobraram novo pedágio do mercado brasileiro. O Ibovespa perdeu mais de 1% durante o dia e o dólar encostou na marca de R$ 3,18. Tudo isso sob a tensão de um possível pedido de impeachment contra o presidente americano, Donald Trump, que foi confirmado após o fim da sessão.

 O Ibovespa fechou em baixa de 0,73%, aos 103.876 pontos, num movimento que foi capitaneado pela desvalorização dos papéis mais líquidos da bolsa. O giro financeiro foi de R$ 10,4 bilhões, abaixo da média anual diária de R$ 12 bilhões. Já o dólar comercial terminou o dia cotado a R$ 4,1692, queda de 0,05%.

A cautela no mercado começou a ser adotada logo pela manhã. Em mais um episódio de sua retórica contra a China, Trump reverteu o bom humor dos investidores e voltou a tecer críticas contra a estratégia comercial da potência asiática. Com isso, as bolsas americanas devolveram os ganhos e entraram em terreno negativo, aprofundando as perdas do Ibovespa.

O clima de tensão se consolidou, de vez, com o risco de um processo de impeachment contra o presidente americano, algo que poderia ameaçar a estabilidade política no país e adicionaria mais um fator negativo para a já debilitada economia global. Após o fechamento do pregão, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, informou que apresentará um pedido formal contra a presidência de Trump - algo que deve manter o mercado global na retranca.

Por aqui, a presidente da CCJ do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), acatou um acordo feito pelos líderes partidários da Casa e cancelou a análise do texto da reforma da Previdência, passando para a terça-feira da próxima semana. “A notícia é ruim porque vai atrasando cada vez mais o cronograma, em um momento em que o governo começa a ser criticado pela falta de agenda e de resultados concretos”, afirma o gestor Vitor Miziara, da Criteria Investimentos.

No entanto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), negou que o adiamento da votação irá atrasar a apreciação pelo plenário e a aprovação final da reforma, marcada para o dia 10 de outubro. Já o presidente Jair Bolsonaro, apesar de ter chamado certa atenção durante o discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU, não causou o mesmo estrago que Trump.

De acordo com analistas, o presidente não abriu brechas para questionamentos sobre a condução da política econômica e concentrou as críticas em rivais ideológicos. Para Gabriel Machado, analista da Necton, Bolsonaro adotou uma retórica já conhecida. “Ele não falou nada de relevante ou negativo, tudo o que foi dito já era esperado.

 

Projeções de inflação do BC são favoráveis, mas riscos externos se intensificam

As projeções de inflação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) mostram, em alguns cenários, espaço para cortes de juros até maiores do que os previstos pelo mercado financeiro. Mas os membros do Copom veem uma intensificação dos riscos no cenário internacional.

A ata da reunião da semana passada do Copom, divulgada nesta manhã, ilustra vários cenários para a trajetória dos juros básicos da economia, dependendo de como evoluir a taxa de câmbio até as próximas reuniões do colegiado.

Em geral, são positivos. O Copom diz que é “agnóstico” sobre a cotação do dólar de R$ 4,05 usada na projeção de inflação no cenário híbrido – a grande novidade no comunicado da semana passada – que mostra espaço para cortar juros mesmo com a depreciação cambial até então ocorrida. Isso significa que, com essa projeção, o Copom não procurou indicar o cenário para a taxa de câmbio que considera mais provável.

Na verdade, a intenção foi mostrar como a inflação deverá se comportar dependendo da evolução da taxa de câmbio e das eventuais decisões para a taxa básica de juros. No cenário que pressupõe taxa de câmbio de R$ 4,05 e taxa de juros de 5% ao ano, a inflação foi projetada pelo Copom em 3,8%.

A ata diz que, nesse percentual, a projeção está “ligeiramente” abaixo da meta de 2020, definida em 4%. Isso significa que, em tese, os juros podem cair abaixo de 5% ao ano, caso o cenário se mantenha até a reunião de outubro e o dólar fique nesse patamar. Quanto os juros podem cair nessa hipótese? É interessante notar que as projeções do BC mostram uma baixa sensibilidade da inflação às mudanças da taxa de juros.

No cenário de referência, que inclui taxa de juros em 6% ao ano e câmbio em R$ 4,05, o BC projeta uma inflação de 3,6% em 2020. Esses exercícios numéricos sugerem que um corte de juros de um ponto percentual leva a uma alta de penas 0,2 ponto percentual na inflação de 2020, alvo da política monetária.

Usando esses parâmetros e supondo que a sensibilidade da inflação aos juros seja linear, a projeção do cenário híbrido mostra que os juros podem cair a até 4%, que levaria a projeção de inflação a 4%. Provavelmente, o Copom não está comunicando que os juros podem cair a 4% se o câmbio for a R$ 4,05 – ele procura colocar um freio nas apostas com a avaliação de que, em 3,8%, a inflação projetada está “ligeiramente” abaixo da meta.

 Parece indicar também que, com o câmbio em R$ 4,05, os juros podem cair ligeiramente abaixo de 5% ao ano. Já no cenário Focus, com juros a 5% e dólar a R$ 3,90, o Copom projeta inflação de 3,6% em 2020. Nessa hipótese, em tese os juros poderiam cair ainda mais, provavelmente a 4% ou talvez menos do que isso, se os ventos forem realmente favoráveis. A questão relevante: quanto os juros podem cair se o dólar seguir na cotação atual, oscilando ao redor de R$ 4,15.

Os cenários Focus e híbrido apontam um repasse cambial de cerca de 5%. Assim, com uma taxa de câmbio em R$ 4,15, a inflação projetada para 2020 fica em pelo menos 3,9%. No passado recente, o BC chegou a dizer que desvios de apenas 0,1 ponto percentual da inflação em relação à meta significam que, na verdade, o valor projetado para o índice de preços está “em torno da meta”.

 Se essa avaliação for mantida, significa que os juros não teriam espaço para cair abaixo de 5% ao ano se o dólar ficar ao redor de R$ 4,15. O sinal de alerta, porém, é o reconhecimento dos membros do Copom de que os riscos externos se intensificaram. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vem afirmando que os juros negativos levaram ao aumento dos investimentos de alto risco ao redor do mundo. Uma queda repentina da economia mundial, nota, poderia desencadear uma forte aversão a riscos no mercado internacional.

Apesar da piora dos riscos externos, o BC não colocou nenhuma assimetria no balanço de riscos. Mas será preciso observar ao longo do tempo como o cenário internacional evolui para saber se se esses riscos poderão, em alguma medida, se sobrepor ao cenário básico positivo para a inflação.

 

FOLHA

ESTADÃO

Governo tenta blindar Previdência de ‘insurreição’ de líderes do Senado

Após o Senado adiar mais uma vez a votação da reforma Previdência, em retaliação à operação da Polícia Federal que teve como alvo o líder do governo na Casa, a equipe econômica teve de entrar em campo para buscar uma blindagem do texto. A votação, que seria nesta quarta-feira, 25, no plenário, ficou para a semana que vem.

O risco que ainda permanece no radar é que a “insurreição” das lideranças do Senado, acertada em jantar na segunda-feira na residência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reduza a economia prevista no texto da reforma que aguarda votação na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) antes de ir a plenário. Segundo estimativas do governo, a atual redação da PEC principal geraria economia de R$ 876,7 bilhões em 10 anos.

A operação da PF que atribuiu “esquema criminoso” a Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Senado, foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e levou ao levante dos senadores ao que chamam pejorativamente de “lavajatismo” na ação do Judiciário.

O primeiro alvo da retaliação foi o cronograma da votação, mas senadores ouvidos pelo Estado, que falaram na condição de anonimato, não descartam novos atrasos porque o clima ainda é bastante delicado e de muita incerteza em relação aos desdobramentos.

O Estado apurou que o secretário especial de Previdência, Rogério Marinho, procurou ainda na noite de segunda-feira o líder Fernando Coelho para ter a garantia de que a reforma não seria atingida. Ouviu que o conteúdo não seria afetado. Marinho, que é o principal negociador do governo para a reforma, também foi até ao Senado na terça-feira, 24, onde conversou com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e outros seis senadores para acertar o novo cronograma e garantir que não haveria retaliações.

No entanto, a crise reacendeu a esperança de parlamentares da oposição para desidratar a proposta. Eles querem retirar as restrições ao acesso ao abono salarial (benefício de um salário mínimo que hoje é pago para quem ganha até dois salários mínimos) a quem ganha até R$ 1,4 mil. A limitação, aprovada pelos deputados, garante uma economia de R$ 90 bilhões em dez anos.

Alcolumbre garantiu a votação em segundo turno do substitutivo do relator, Tasso Jereissatti (PSDB-CE), para a primeira quinzena de outubro. Mas evitou se comprometer com a data de 10 de outubro, prevista em calendário fechado com líderes para concluir a votação em plenário. A votação na CCJ e no plenário da Casa em primeiro turno foi acertada para a próxima terça-feira, 1°.

Depois que a reforma foi aprovada na Câmara no primeiro turno, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que o governo esperava a conclusão da votação do segundo turno da reforma no Senado entre 9 e 15 de setembro.

“Não há adiamento da reforma da Previdência. É engraçado que fica a informação ou a aparente informação de que uma reunião do Congresso, dos líderes partidários no STF para restabelecer a harmonia e a independência entre os Poderes parece que essa reunião atrasa o calendário da reforma da Previdência”, comentou Alcolumbre. “Se pudermos fazer até 10 de outubro, ótimo. Se não, continua o calendário da primeira quinzena de outubro.”

Após a costura dos bastidores, Marinho demonstrou tranquilidade com o adiamento da votação. “Contanto que o cronograma original seja respeitado, está tudo bem”, disse ao BR Político.

Mercado

A luz amarela para as sucessivas dificuldades encontradas na votação do Senado azedou o humor dos investidores nesta terça-feira, que inicialmente previam uma tramitação mais tranquila na Casa, após votação com folga no plenário da Câmara. No início da tramitação no Senado, o cronograma era de que a fatura estaria fechada até o dia 24 de setembro. Segundo analistas do mercado financeiro, o adiamento da votação do primeiro turno da reforma da Previdência no Senado foi a principal causa do recuo da Bolsa brasileira na terça. O Ibovespa fechou em queda de 0,7%, a 103.875 pontos.

 

Juro cai mais, indica BC. E agora?

A ata do Copom, divulgada nesta manhã pelo Banco Central (BC), confirma o que já estava claro no comunicado da última reunião: o juro básico deve continuar em queda e fechar 2019 em 5% ao ano. O mais baixo da história e se aproximando da realidade de vários países, em que as taxas andam em torno de zero, nesses tempos de economia estagnada.

Defendida há bom tempo por parte dos analistas e transformada mais recentemente quase num consenso, a queda do juro traz uma questão imediata. E agora? A pergunta, que já frequentava alguns círculos, “viralizou” particularmente depois da reunião do Copom, quando a Selic escorregou para 5,5% e levou o juro real para baixo de 2% ao ano.

Investidores de todos os “tamanhos”, em especial aqueles que têm suas pequenas economias ancoradas em fundos de renda fixa e caderneta de poupança, se viram, de repente, com grandes dúvidas sobre o que fazer com seu dinheiro. Nos fundos, a cobrança de uma taxa de administração um pouco mais “salgada”, como se diria em outros tempos, pode comer todo o rendimento. CDBs mais atraentes, só de prazos mais longo. E caderneta de poupança, de acordo com as recomendações de qualquer “coaching” financeiro, como se diz nesses tempos, mantém-se como abrigo apenas para quem teme se aventurar por qualquer outra aplicação. Ativos reais? Imóveis? Enfim, uma série de perguntas com respostas não tão óbvias. A escolha entre liquidez, segurança e retorno nunca foi tão essencial como nessa situação.

Do lado de quem recorre a empréstimos, pelo menos por enquanto talvez nem seja o caso de se abalar muito com essa queda. Claro que a lógica diz que um juro básico mais baixo tende a trazer para baixo também as taxas nas operações com pessoas físicas e jurídicas. Mas digamos que essa é uma lógica parcial. Como já se demonstrou à exaustão, a concentração do mercado financeiro mantém nas alturas os juros dos empréstimos e financiamentos. E ainda leva tempo para que fatores como a entrada das fintechs no mercado alterem essa “confortável” posição — evidentemente, confortável apenas para as instituições financeiras.

O fato é que, salvo algum desastre no cenário externo, esse quadro veio para ficar. A combinação de economia estagnada com inflação baixa — no caso do Brasil, duas faces da mesma moeda — praticamente impõe a derrubada dos juros. Ainda mais considerando-se a resistência da equipe econômica a medidas de caráter fiscal.

A expectativa de crescimento para 2019 ano mantém-se em torno de 0,8% e, para 2020, vai de 1,7% até 2%. E, no caso da inflação, o “cenário de mercado” destacado na própria ata do Copom é de uma projeção de 3,3% para o IPCA de 2019 e de 3,6% para 2020, em relação a metas de respectivamente 4,25% e 4% — taxas compatíveis com a manutenção de uma Selic de 5% entre o fim deste ano e o fim do ano que vem. Nos mercados, já aparecem apostas para Selic abaixo de 5%. Pelo visto, a pergunta “E agora?” não vai desaparecer tão cedo.

 

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