Quarta-feira

ESTADÃO

Setor imobiliário vive início de retomada, diz CBRE

O setor imobiliário brasileiro vive o início de seu ciclo de recuperação, quando comparado a outras economias emergentes e mais desenvolvidas. Isso significa, na avaliação do presidente global da consultoria CBRE, Mike Lafitte, grande oportunidade para os investidores nacionais e estrangeiros, considerando-se que os preços dos imóveis já tiveram forte valorização em outros países.

O executivo lidera o plano de expansão mundial da CBRE e atua, diretamente, em processos de inovação e desenvolvimento de negócios. “Acreditamos que, nos próximos anos, a oferta de novos escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro deverá ser vista em níveis mais baixos. Por outro lado, o avanço na recuperação econômica provocará, certamente, o aumento na demanda por espaço”, disse Lafitte, em entrevista ao Valor.

 Na capital paulista, cita o presidente da CBRE, já ocorre diminuição acentuada da taxa de vacância em edifícios de alto padrão, nas regiões centrais, e o movimento de retomada de preços está começando. Há início de recuperação de valores também no segmento de galpões em “parques logísticos de alta qualidade”, localizados a 30 quilômetros do centro da cidade de São Paulo.

Mundialmente, Lafitte estima que o total de investimentos, no acumulado deste ano, terá queda modesta “em relação aos fortes níveis de 2018”, pois a demanda supera a disponibilidade de espaços. No Brasil, a realização de investimentos, em larga escala, por capital estrangeiro e nacional, depende da retomada da confiança, que será proporcionada, conforme o executivo, pela aprovação de reformas fiscais e estruturais. “O que não se sabe ainda é quando e com que rapidez as reformas serão aprovadas”, diz o presidente da CBRE. A empresa tem 40 anos de atuação no mercado brasileiro.

 Em relação à tecnologia, o setor imobiliário “ficou para trás de outros setores”, segundo o executivo, mas a situação tem mudado. Lafitte conta que a CBRE tem investido em tecnologia de capacitação em busca de melhores resultados para os clientes. “Estamos aprimorando nossos recursos de consultoria em transações, com mais dados, inteligência de mercado e visualização de espaço”, conta o executivo.

A americana CBRE atua em serviços como intermediação de venda e locação de imóveis comerciais, gestão predial e consultoria. “O Brasil é definitivamente um mercado importante para nossa companhia, levando em consideração o tamanho do país, sua grande população e a abundância de recursos naturais”, diz Lafitte.

 

VALOR

OMC reduz previsão de alta do comércio global para apenas 1,2% em 2019

A escalada de tensões comerciais e desaceleração da economia mundial levaram a Organização Mundial do Comércio (OMC) a fazer uma revisão drástica nas projeções para o crescimento das exportações e importações em 2019 e 2020.

As novas projeções, publicadas nesta terça-feira pela OMC, mostram um desmoronamento da expansão do comércio global de mercadorias em volume. A organização prevê agora crescimento de apenas 1,2% em 2019, comparado aos 2,6% estimados em abril deste ano e ao resultado de 3% em 2018.

Para o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, as perspectivas para o comércio são desencorajadoras, mas não uma surpresa. “Bem além de seus efeitos diretos, os conflitos comerciais aumentam as incertezas que, por sua vez, levam empresários a retardar investimentos produtivos que são essenciais para elevar o nível de vida”, afirmou.

O comércio segue a menor expansão da economia mundial, que pode crescer agora apenas 2,3%, pouco abaixo dos 2,6% estimados em abril. A projeção para 2020 é de que o comércio mundial de mercadorias venha a crescer 2,7%, também inferior aos 3% projetados em abril. Isso leva em conta um crescimento do PIB mundial mantido em 2,3% – mas isso também dependerá de um abrandamento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, as maiores economias do mundo.

A OMC alerta que as tensões comerciais continuam representando o maior risco. Choques macroeconômicos e volatilidade financeira também são gatilhos potenciais para uma desaceleração mais acentuada. Indicadores relacionados ao comércio sinalizam trajetória inquietante para o comércio mundial, baseado nas demandas de exportações globais e na incerteza das políticas econômicas.

Conforme a entidade, no primeiro semestre de 2019, o crescimento das importações e exportações diminuiu em todas as regiões, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Na América do Sul, Central e Caribe, as importações de mercadorias sofrerão contração de 0,7% em 2019 em volume, comparado a crescimento de 2,6% projetado em abril, indica a OMC.

A enorme baixa das compras no exterior vai na direção de avaliação da Agência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), de que a América Latina é a região que sofre a maior desaceleração da atividade neste ano.

A OMC aponta a Argentina e o Chile como os países que mais contribuem para a queda das importações da região. Já no Brasil, o volume de importações permaneceu positivo, com aumento de 2,6% no primeiro semestre, embora tenha sido mais fraco do que no ano anterior.

Por seu lado, as exportações de mercadorias da América do Sul, Central e Caribe podem ter crescimento médio de 1,3% em volume neste ano, quase o dobro dos 0,7% estimados em abril. Para 2020, a OMC projeta crescimento das exportações da região em 0,7%, inferior à expansão de 1% prevista em abril.

No lado das importações, a entidade global aponta um ligeiro otimismo para 2020, com expectativa de aumento das importações pela América Latina em 4,8% - abaixo, porém, dos 5,8% estimados em abril.

Em abril, Azevêdo, notava que, com tamanho nível de incerteza, o comércio não tem como desempenhar um papel de catalisador de crescimento. O diretor-geral da OMC continua a conclamar urgência para os países resolverem as tensões e estima que o mundo precisa se concentrar em verdadeiros desafios econômicos atuais – como a revolução tecnológica e o imperativo de criar novos empregos e impulsionar o desenvolvimento.

 

Senado rejeita restrições a abono salarial e derrota governo na Previdência

Depois de aprovar o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma da Previdência com certa tranquilidade, o governo Jair Bolsonaro foi surpreendido durante votação dos destaques, no início da madrugada desta quarta-feira (2), e viu o Plenário derrubar trecho que alterava a regra para concessão de abono salarial.

Na prática, o revés diminui o impacto da reforma em aproximadamente R$ 76 bilhões, cálculo estimado para os próximos dez anos. A sessão foi suspensa e será reiniciada às 11h desta quarta-feira. A medida foi destacada por iniciativa da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), autora da emenda.

Atualmente o bônus salarial é pago para quem ganha até dois salários mínimos (R$ 1996), mas, pela proposta do Palácio do Planalto, o benefício seria devido apenas a quem recebe salário de até R$ 1.364 no ano anterior. Na prática, a mudança retiraria o benefício de 13 milhões de pessoas.

Para manter as sugestões previstas no relatório do senador Tasso Jereissati (PSDBCE), o governo precisava de ao menos 49 votos, mas conseguiu somente 42 apoios. Outros 30 senadores optaram pela manutenção da regra atual. "Não estamos tratando aqui de pessoas que ganham cinco ou dez salários mínimos. Nós estamos retirando o poder de compra do trabalhador brasileiro, estamos retirando o direito de ele ter mais um salário no ano. Não estamos falando de um valor vultoso, mas de uma esperança do trabalhador para garantir o sustento familiar", justificou Eliziane Gama.

A emenda era uma das mais temidas pelos governistas. Isso porque tanto os integrantes do Ministério da Economia como da base do governo já haviam identificado que a proposta de mudança no abono salarial não havia agradado a parlamentares de diversas bancadas. A declaração do líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), deu o tom da contrariedade com o tema. "Quem ganha R$ 1.400 tem que ser penalizado? Qual é o critério para isso? Por que estabelecer um critério de R$ 1.200, R$ 1.300, prejudicando quem recebe R$ 1.400", questionou.

Antes da apreciação dessa emenda, o governo tinha conseguido fazer vale seu ponto de vista em outros dois pontos destacados. Um deles era fruto de uma emenda do próprio MDB, que buscava fazer uma correção num trecho da proposta diante do risco do item gerar contestações judiciais. Isso porque existia o risco de que essa mudança ficasse caracterizada como alteração de mérito e não de redação, o que obrigaria o retorno da PEC da Previdência à Câmara dos Deputados.

Neste caso, os senadores optaram por retornar ao texto da Câmara, que permite apenas à União criar contribuições extraordinárias para custear o déficit de regimes previdenciários próprios (dos servidores públicos). Foi rejeitado o texto do relator, Tasso Jereissati, que permitia que Estados e municípios também criassem contribuições extraordinárias. Na outra emenda, de autoria do PT, a oposição tentou manter a aposentadoria especial para trabalhadores expostos a agentes nocivos.

 A alteração beneficiaria profissionais que trabalham com agentes nocivos químicos, físicos e biológicos. Apesar disso, a emenda tinha um problema de redação e acabou sendo derrubada com orientação do governo. Como também foi retirada uma emenda destacada pelo Podemos, a base do governo ainda precisará enfrentar outros seis destaques, de um total de dez, que ficaram pendentes após a suspensão da sessão.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), admitiu após o fim da sessão que a derrota na emenda do abono salarial vai reduzir a economia prevista pelo texto da PEC que saiu da Câmara para o Senado, de cerca de R$ 870 bilhões em dez anos, para R$ 800 bilhões.

Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, disse que a derrota no destaque não vai alterar o calendário da reforma, mas culpou o governo pelo ocorrido. "Acho que precisava ter um controle mais próximo do governo com os senadores, para pedir que não saíssem do plenário", afirmou Alcolumbre. Segundo ele, muitos senadores deixaram o plenário após a votação do texto-base, o que prejudicou a base para a votação dos destaques.

Antes da votação de parte dos destaques, o Senado havia aprovado, ainda na noite da terça-feira, em plenário, o texto-base da PEC, por 56 votos a 19, em primeiro turno. Segundo Alcolumbre, se alguns senadores não tivessem ido embora após essa votação, haveria os mesmos 56 votos para rejeitar os destaques.

Dos 81 senadores, 76 votaram para aprovar o texto-base da PEC. Era necessário o apoio de 49 parlamentares para passar o texto. As emendas também exigem um quórum de 49 senadores para serem rejeitadas. O texto-base aprovado pelo Senado reduziu o impacto fiscal em dez anos dos R$ 933 bilhões aprovados pela Câmara dos Deputados há dois meses para R$ 876,7 bilhões.

Para evitar turbulências, o governo desistiu de buscar aumentar a economia e aceitou a principal modificação feita pelo tucano, que foi manter a proibição de pensões por morte abaixo de um salário mínimo (equivalente a R$ 998). Porém, a derrota no destaque do abono salarial derrubou a economia para algo em torno de R$ 800 bilhões.

Caso aprovada nos dois turnos, parte expressiva da PEC já seguirá para promulgação, sem necessidade de uma segunda votação pela Câmara. Estão nesse rol a idade mínima de aposentadoria, que exigirá que os homens trabalhem até 65 anos e as mulheres, até 62 anos, e o fim das aposentadorias exclusivamente por tempo de contribuição para os civis, que só continuarão a existir para os policiais militares e para as Forças Armadas

 

Atividade confirma retomada em ritmo gradual

Com boa parte dos índices de atividade já conhecida para o terceiro trimestre, o risco de queda ou estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) no período ficou para trás. Segundo especialistas, uma série de dados - como a confiança de empresas e consumidores, a geração de empregos formais e as concessões de crédito para pessoa física - aponta que o PIB teve desempenho parecido ao do segundo trimestre, quando cresceu 0,4% sobre os três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais.

Mesmo sem sinais de aceleração adicional, há uma interpretação mais benigna dos números por economistas. Isso porque, há cerca de dois meses, não eram raras projeções de perda do ritmo de atividade em relação ao segundo trimestre, que contavam, inclusive, com recuo do PIB.

Divulgada ontem pelo IBGE, a produção industrial de agosto, que subiu 0,8% ante julho na comparação dessazonalizada, reforçou essa avaliação um pouco mais favorável. A expansão, no entanto, foi concentrada na indústria extrativa, que deu salto de 6,6% na passagem mensal. Já a indústria de transformação deve ter mostrado fraqueza dentro do PIB, afetada pela perda de fôlego da economia global e pelo elevado nível de incertezas na economia doméstica, que inibe reação dos investimentos produtivos, afirmam economistas.

Do outro lado, a melhora das condições financeiras desenha um cenário de maior dinamismo para o consumo, indicando mais uma vez um PIB puxado pelo comércio e pelos serviços. Com 60% dos dados usados para projetar o PIB divulgados para o terceiro trimestre, o Itaú Unibanco estima de forma preliminar que a economia brasileira cresceu 0,4%, mesmo comportamento do trimestre anterior. “Há cerca de um mês e meio, essa mesma projeção indicava queda, mas houve uma melhora nos dados”, diz o economista Luka Barbosa.

Afastaram a possibilidade de retração indicadores como o volume de vendas do varejo e a receita do setor de serviços de julho, que cresceram 0,7% e 0,8%, respectivamente. No rol de surpresas favoráveis estão a alta da produção industrial em agosto e a importação de bens intermediários do mês passado - um dos poucos antecedentes industriais já conhecidos referentes a setembro -, que apontam para nova alta no mês passado, diz Barbosa.

“Não nos parece que há aceleração, mas os dados afastam a possibilidade de um terceiro trimestre negativo”, afirma ele. Para Barbosa, a perda de fôlego da economia global é o fator que explica por que a reação da atividade doméstica não ganhou tração. O cenário externo afeta a indústria brasileira reduzindo as exportações de manufaturados, diz ele. Além disso, a evolução dos investimentos tem alta correlação com as cotações internacionais de commodities, que estão em queda, acrescenta.

Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, destaca o elevado nível de incerteza no ambiente econômico como entrave à retomada da formação bruta de capital fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas, construção civil e inovação).

Mais uma vez, o consumo das famílias deve ter garantido a expansão de cerca de 0,3% esperada para o PIB entre julho e setembro, enquanto os investimentos não decolaram, avalia. Além da produção industrial, Solange menciona a melhora da confiança, de indicadores da construção civil e de dados de mercado de trabalho - esta última ainda bastante tímida - como sinais de que a atividade está em reação, mas em ritmo lento.

 “O fundo do poço ficou para trás, mas a recuperação segue lenta e gradual”, diz ela. Do lado positivo, a economista aponta o afrouxamento das condições financeiras. Não só a Selic caiu bastante, mas também a curva longa de juros, movimento que tem efeito positivo sobre a “economia real” com defasagem e, por isso, deve ficar mais claro no quarto trimestre, aponta ela.

Nos últimos três meses do ano, o impacto dos saques do FGTS sobre o PIB também será mais relevante, acrescentou. Para Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Fibra, estão se formando condições para crescimento superior a 0,75% por trimestre, e o mercado de crédito é um dos fatores que sinalizam essa tendência.

Em agosto, mencionou, as concessões para pessoa física e jurídica aumentaram 1,6% e 2,3% sobre julho, respectivamente, séries já dessazonalizadas e deflacionadas. Essa melhora é importante porque impulsiona o consumo, uma vez que a demanda das famílias depende basicamente da renda disponível e do crédito, diz Oliveira. E, no mercado de trabalho, a geração de 121,4 mil vagas formais em agosto mostrou que o pior momento já ficou para trás, afirma o economista.

Há efeito positivo do crédito no varejo e nos serviços, setores que também se beneficiam da melhora incipiente no emprego, diz Rodrigo Nishida, da LCA Consultores. A LCA também espera que o PIB mostre ritmo semelhante ao do segundo trimestre no período seguinte. “Ainda que mais concentrada em postos informais, a ocupação está aumentando, o que gera ganhos na massa real de renda”, afirma ele. A injeção de recursos extras com os saques do FGTS também deve ter dado algum fôlego ao consumo a partir de setembro.

O mês passado ainda contou com dois dias úteis a mais do que igual período de 2018, outro vetor que atua a favor do nível de atividade, observa Nishida. Mesmo assim, o desempenho médio da indústria no terceiro trimestre tende a ser pífio, pondera.

A volatilidade do ambiente externo é relevante para explicar por que o setor manufatureiro seguiu em ritmo fraco, avalia Nishida. “Temos um cenário de desaceleração do comércio global, em que todos os industriais no mundo estão procurando algum mercado pra colocarem seus produtos.”

 

Balança comercial tem superávit de US$ 2,246 bi em setembro

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,246 bilhões em setembro e já acumula saldo positivo de US$ 33,790 nos nove primeiros meses do ano, segundo números divulgados na tarde desta terça-feira (1º de outubro) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. Os dados representam uma redução de 59,9% e de 19,5%, respectivamente, sobre os valores verificados em igual período do ano passado.

As exportações totalizaram US$ 18,740 bilhões, em setembro. Pela média diária, houve queda de 11,6% sobre o desempenho do mesmo mês de 2018. Já as importações alcançaram US$ 16,494 bilhões e tiveram aumento, também pela média diária, de 5,7% sobre setembro do ano passado.

As exportações de manufaturados tiveram alta em setembro, enquanto os embarques de produtos básicos e semimanufatutados ao exterior diminuíram em setembro, conforme os números da Secex. No caso dos manufaturados, houve aumento de 4,4% sobre igual período do ano passado. As exportações desses produtos totalizaram US$ 7,211 bilhões. Os principais destaques positivos foram laminados planos de aço, suco de laranja não congelado, etanol, motores e geradores elétricos, e plataformas para extração de petróleo. Os semimanufatutados tiveram redução de 32,1% e atingiram US$ 2,084 bilhões.

Diminuíram as vendas de semimanufatutados de ferro e aço, madeira serrada ou fendida, catodos de cobre, açúcar em bruto, couros e peles. As vendas de produtos básicos recuaram 14,5% e alcançaram US$ 9,445 bilhões. As principais quedas foram: petróleo em bruto, café em grãos, farelo de soja e soja em grãos.

Projeções

A Secretaria de Comércio Exterior revisou para baixo sua estimativa de superávit para a balança comercial em 2019. A nova projeção é de um saldo positivo de US$ 41,8 bilhões neste ano. Em julho, o prognóstico era de US$ 56,7 bilhões, para 2019. Se confirmada a estimativa, haverá uma queda de 28% sobre o superávit registrado no ano passado. A nova estimativa está bem abaixo da que foi feita pelo boletim Focus, do Banco Central, que coleta previsões do mercado financeiro e projeta saldo de US$ 51,7 bilhões.

De acordo com Herlon Brandão, subsecretário de inteligência e estatística de comércio exterior, o Focus reage de forma mais lenta aos últimos movimentos da balança. Para ele, essa revisão da Secex tende a ser mais certeira porque restam apenas três meses no ano e o cenário está traçado.

 O subsecretário atribui a variação na estimativa à queda das exportações. A projeção passou de um recuo de 2% para 7,1% no ano. Quanto às importações, a expectativa foi de uma queda de 1,9% para 0,4%. Tendência global “O cenário realmente aponta uma retração das exportações”, disse Brandão. Segundo ele, essa tendência é global. Em sua última revisão, a Organização Mundial do Comércio (OMC) diminuiu de 2,6% para 1,2% a perspectiva de crescimento das exportações mundiais em volume. “Como os preços internacionais também estão caindo, é provável que o comércio se retraia neste ano”.

Na avaliação do subsecretário, a maior responsabilidade pela deterioração das expectativas é o acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que já teve seis rodadas de aumentos de tarifas no comércio bilateral e mina a confiança empresarial. Crise argentina Outro ponto que prejudica o Brasil, mais especificamente, é a crise na Argentina. As montadoras brasileiras mandam para o mercado vizinho cerca de 70% dos veículos exportados para todo o mundo.

Nos nove primeiros meses do ano, as vendas totais ao país tiveram retração de 39,3%. Trata-se do segundo ano consecutivo em que o recuo das exportações brasileiras ao país vizinho fica em torno de 40%. “Esperávamos que essa queda fosse diminuir no segundo semestre, mas não foi o que aconteceu”, disse Brandão.

 “Os volumes [de exportações] à Argentina começaram a cair em abril de 2018”, observou ele. No início deste ano, começaram a se estabilizar — havia queda apenas por causa da base de comparação. “Mas a situação piorou, o cenário piorou”, reconheceu o subsecretário.

A consequência é uma inversão forte da balança comercial. O Brasil teve superávit de US$ 4,046 bilhões com a Argentina entre janeiro e setembro do ano passado. Em 2019, o resultado virou. No mesmo período deste ano, houve déficit de US$ 341 milhões com o país vizinho. China & EUA A balança com a China, principal destino de exportação do país, sofreu redução de superávit no acumulado até setembro.

 O saldo positivo caiu de US$ 22,1 bilhões nos nove primeiros meses de 2018 para US$ 20,9 bilhões em iguais meses deste ano. Com os Estados Unidos, hoje nosso segundo maior parceiro comercial, o déficit se aprofundou de US$ 506 milhões para US$ 735 milhões.

 

ESTADÃO

‘Estatais só criaram ineficiência, privilégio e corrupção’, diz fundador da BR Partners

À frente do fechamento de importantes negócios em 2019 – como a venda da TAG, da Petrobrás, à francesa Engie e da fatia do Grupo Pão de Açúcar na Via Varejo ao empresário Michael Klein e a outros sócios – o banqueiro Ricardo Lacerda, da BR Partners, vê nas privatizações o caminho para a retomada da economia. Ele estima a injeção de capital com a venda de estatais de R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões até o fim do governo Bolsonaro.

Para Lacerda, trata-se não apenas de uma oportunidade de injetar dinheiro na economia, mas também de uma chance de mudar o ambiente de negócios no Brasil. A privatização, em sua opinião, vem para dar trazer mais transparência ao País. “Empresa estatal brasileira só serviu até hoje para criar ineficiência, privilégio e corrupção.”

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

A turbulência política atrapalha o crescimento da economia?

Temos de separar a dinâmica política da dinâmica de governo. A dinâmica política está volátil e confusa. O presidente optou por um discurso mais voltado aos “eleitores raiz”. E ele faz isso de uma maneira muito direta e crua, via rede social. Provavelmente ele busca garantir um contingente mínimo de eleitores para a próxima eleição, mantendo os fiéis à dinâmica de governo. Mas vejo de maneira positiva que as coisas no governo estão funcionando muito bem, como a infraestrutura, a Economia e até o Itamaraty, que assumiu uma postura mais pragmática. Mas a economia não tem respondido como se esperava.

Pode ser que os investidores estejam esperando que a questão política fique mais clara antes de voltar a investir no Brasil?

Acho que a demora na retomada econômica reflete fatores estruturais e conjunturais. As estruturais se referem à Constituição de 1988, que criou uma série de privilégios. Já do lado conjuntural, há a volatilidade do câmbio, que prejudica o investimento. A retomada tem sido lenta e gradual. Minha visão é que ela vai se acelerar entre o fim deste ano e o início de 2020. A equipe econômica tem uma visão muito clara de reduzir o tamanho do Estado e trabalha para isso. E o tamanho do Estado é a grande desgraça, o grande câncer, que afeta o Brasil. Nesse quesito específico, (o governo) está acima das minhas expectativas.

Mas as falas do presidente não são um retrocesso institucional?

Não. O Congresso está funcionando perfeitamente, o Judiciário está funcionando perfeitamente…

Mas a polêmica envolvendo Amazônia não deixa o investidor com o pé atrás?

Desde que o Brasil perdeu o grau de investimento, houve saída consistente de recursos. O mundo hoje caminha para juros negativos ou muito baixos. No Brasil, os juros altos sempre foram uma forma de atrair dinheiro. Talvez o investidor demore um pouco a entender isso, mas vejo que estamos fazendo progresso em mudanças estruturais, em e desburocratização. O dinheiro (da venda das estatais) pode trazer um vento de cauda muito favorável para o Brasil, puxando o resto da economia.

Há interesse do setor privado pelas estatais brasileiras?

Há grande interesse. Já houve outras equipes econômicas tão capazes quanto a atual, mas hoje vemos um desejo real de implementar a redução do Estado. Estamos vendo um trabalho de atração de capital, sem pensar se as propostas ferem grupos de interesse. O ministro da Economia, Paulo Guedes, deixa muito claro que não adianta gente da Fiesp chorar em Brasília para ganhar privilégios. Isso já era.

O programa de privatizações deve dar o empurrão para o crescimento econômico?

Acredito que sim. Durante muito tempo, o grande ponto de atração de capital externo foram os juros altos. Entre os investidores locais, a queda dos juros trouxe o efeito benéfico de transferir dinheiro para a Bolsa. E o governo está fazendo muito para atrair capital estrangeiro, que ainda não voltou. E entende que não adianta ter uma política de transformar o Brasil em potência industrial, que isso é coisa do século passado. A redução do Estado é a chance do Brasil atrair o investidor estrangeiro.

O que o sr. acha da velocidade de aprovação das reformas?

A reforma da Previdência evitou que o País quebrasse. As outras reformas, como a tributária e a administrativa, vão eliminar limitações estruturais para o crescimento.

O risco externo pode frear o crescimento?

Acredito que não. Há uma desaceleração global, mas estamos muito menos dependentes de capital estrangeiro do que em outros momentos. Se conseguirmos a reduzir volatilidade do câmbio, o dinheiro externo volta.

Quanto o pacote de privatizações pode trazer em recursos?

Podemos levantar de R$ 150 bilhões a R$ 200 bilhões até o fim do governo Bolsonaro. Tenho visto foco na melhora de resultados das estatais, algo que nunca vi antes. Hoje o caminho do Brasil é a redução do tamanho do Estado e o fortalecimento do setor privado. Empresa estatal brasileira só serviu até hoje para criar ineficiência, privilégio e corrupção.

 

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