Quinta-feira

VALOR

Inflação baixa quer dizer que há condição de reduzir juros, diz Guedes

A inflação baixa é boa para o Brasil e “mostra que está tudo sob controle”, disse a jornalistas o ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quarta-feira (9), em são Paulo.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,04% em setembro. “Inflação baixa é bom, quer dizer quer o Brasiltem condição de baixar juros”, afirmou Guedes após participar de um almoço no jornal Folha de S.Paulo, na capital paulista.

Em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reduziu a taxa de juros de 6% para 5,5% e sinalizou que a trajetória de queda deve continuar. As indicações do BC se somaram a um cenário de desaceleração no exterior e levaram a maior parte dos analistas a apostar em juro abaixo de 5% ainda neste ano. Segundo o ministro, “o que está acontecendo é que a economia está voltando a crescer e com a inflação baixa”.

Guedes disse que o governo está na expectativa de o Senado aprovar a reforma da Previdência, “que parece que está andando direitinho”, para entrar na próxima fase, que é a discussão sobre o pacto federativo. “A reforma administrativa é um capítulo desse plano maior”, afirmou.

A equipe econômica estuda, por exemplo, mudanças na carreira dos servidores, entre elas, mexer nas regras de estabilidade do funcionalismo. Questionado se a mais recente crise do presidente Jair Bolsonaro com seu partido, o PSL, atrapalhava o andamento da agenda econômica, Guedes disse: “Eu não sei nada de política, troca de partido, essas coisas.”

 

IPCA recua 0,04% e registra menor taxa para setembro desde 1998

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,04% em setembro, após alta de 0,11% um mês antes, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o menor índice para o mês desde 1998 (-0,22%). O resultado foi puxado para baixo pelos grupos alimentação e artigos de residência. A mediana das projeções de 41 analistas consultados pelo Valor Data era de 0,04% de aumento no período. O intervalo das estimativas ia de baixa de 0,03% a avanço de 0,18%.

Pelo indicador acumulado em 12 meses, o IPCA desacelerou a alta para 2,89% em setembro, após os 3,43% acumulados até agosto deste ano. Os analistas consultados pelo Valor Data esperavam desaceleração desse indicador para 2,98%. Com a leitura de setembro, o índice acumulado em 12 meses ficou abaixo de 3% pela primeira vez desde maio de 2018 e próximo do piso da meta de inflação deste ano, de 2,75% — o centro da meta é 4,25%, com margem de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos. No ano, o IPCA acumula alta de 2,49%.

Grupos Em setembro, conformo o levantamento do IBGE, o grupo Alimentação e bebidas recuou 0,43%, seguindo baixa de 0,35% um mês antes. Responsável por um quarto do orçamento das famílias, o grupo retirou, sozinho, 0,11 ponto percentual do IPCA do mês, o maior impacto negativo das classes de despesas avaliadas.

O resultado refletiu a queda nos preços dos alimentos consumidos em casa, de 0,70%. Foi o quinto mês de queda desse item. Ficaram mais baratos produtos como tomate (-16,17%), maior impacto individual no índice, batata-inglesa (-8,42%), cebola (-9,89%) e frutas (-1,79%). Já Artigos de residência registraram diminuição de 0,76% em setembro. Os destaques foram as baixas de preços de eletrodomésticos e equipamentos (-2,26%) e dos itens de TV, som e informática (-0,90%), segundo o IBGE. Com impacto modesto, Comunicação teve queda de 0,01% em setembro, invertendo a direção tomada um mês antes, de elevação de 0,09%.

De forma mais ampla, os preços tiveram um mês comportado - Habitação, por exemplo, saiu de avanço de 1,19% em agosto para 0,02% em setembro, Despesas pessoais passaram de elevação de 0,31% para 0,04% e Educação deixaram aumento de 0,16% para 0,04%. Difusão A inflação se espalhou menos pelos produtos e serviços que compõem o IPCA em setembro.

O chamado Índice de Difusão, que mede a proporção de bens e atividades que tiveram aumento de preços, saiu de 54,3% em agosto para 47,3% um mês depois, voltando aos níveis de julho (47,0%), segundo cálculos do Valor Data considerando todos os itens da cesta. Excluindo alimentos, grupo considerado um dos mais voláteis, o indicador também mostrou menor abrangência das altas de preços, de 60,1% para 47,9%, no menor nível desde julho, quando a inflação havia se espalhado por 46,5% da cesta do IPCA por esses parâmetros.

Localidades Dos 16 locais pesquisados pelo IBGE, dez registraram deflação pelo IPCA em setembro. O menor resultado foi em São Luís, com baixa de 0,22%. Também registraram resultados negativos Belo Horizonte (-0,18%), Brasília (-0,17%), Rio (-0,13%), Recife (-0,09%), Fortaleza (-0,08%), São Paulo (-0,06%), Porto Alegre (-0,04%), Campo Grande (-0,04%) e Vitória (-0,02%).

Com inflação em setembro, apareceram Goiânia (0,41%), Rio Branco (0,30%), Salvador (0,14%), Belém (0,08%), Curitiba (0,06%) e Aracaju (0,05%). O IPCA é calculado com base em uma cesta de consumo típica das famílias com rendimento um a 40 salários mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.

 

Aposta em Selic a 4,5% ganha força

A surpreendente queda no principal índice de preços do país levou o investidor a se arriscar em apostas ainda mais ousadas para a redução da taxa Selic. Se o cenário de juro abaixo de 5% já estava consolidado, agora o mercado vê motivo para colocar suas fichas num ciclo ainda mais intenso de afrouxamento monetário.

O mercado de juros futuros, por exemplo, projeta queda de 0,91 ponto percentual da Selic — hoje em 5,50% anuais — até o fim do ano, o que levaria a taxa a quase 4,50%. Esse cenário também ganha força entre economistas de grandes instituições financeiras, sendo que alguns veem chance até de ainda mais cortes à frente.

“Não há impeditivos para a Selic renovar suas mínimas históricas e registrar, pelo menos, mais duas baixas de 0,50 ponto percentual, talvez mais”, afirma o economista Sérgio Werlang, que já ocupou o cargo de diretor de política econômica do Banco Central.

Para ele, nem o movimento de depreciação do câmbio parece ser obstáculo para o afrouxamento monetário. “O dólar irá se valorizar mais por causa da queda do diferencial de juros e o cenário externo, mas isso não é suficiente para fazer com que o corte de juros seja interrompido.”

O que encorajou tal leitura ontem foi a deflação de 0,04% observada no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro. Como resultado, houve intensa “queima de prêmio” de ponta a ponta da curva de juros, e as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) renovaram suas mínimas. Com o maior volume financeiro do ano, o contrato de DI para janeiro de 2020 viu sua taxa recuar de 4,99% para 4,952%, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2021 passou de 4,82% para 4,72% na B3.

“O mercado ficou bem impressionado com os números de inflação e, não por acaso, diversas instituições já revisaram para baixo as projeções para o IPCA no ano”, afirma Maurício Patini, gestor de renda fixa da Absolute Investimentos. “O BC atual tem se mostrado bastante sensível à inflação e parece estar bastante comprometido em atingir a meta. O mercado já percebeu isso e está olhando para a Selic em 4,50% no fim do ano.”

Em pesquisa realizada pelo Valor Data com 56 instituições financeiras na semana passada, 20 casas projetavam Selic a 4,5% ou menos até o fim do ano. No entanto, pela reação do mercado ontem, o quadro pode estar se aprofundando. O UBS foi uma das instituições que baixou a estimativa para o índice de preços neste ano e, agora, acredita que o IPCA ficará em 3,3%, contra leitura anterior de 3,6%.

Assim, com o cenário de inflação mais contida, também revisou para baixo a projeção para a Selic no fim de 2019, de 4,75% para 4,50%. Outras grandes casas, como os bancos Haitong e Bank of America Merrill Lynch, pontuaram que a Selic pode sofrer cortes ainda mais agressivos que a de seus cenários bases. Por ora, entretanto, mantiveram suas projeções de juros a 4,75% no fim do ano.

“A indicação de que a inflação ficará cada vez mais próxima de 3,0% no fim do ano reforça a tendência de cortes pelo BC. Caso o cenário externo se mantenha no mínimo controlado, a possibilidade do BC trazer a taxa Selic para 4,5% aumenta consideravelmente”, afirma Rafael Sabadell, economista-chefe da Verus. Vale dizer, contudo, que o movimento do câmbio e seus efeitos para a inflação ainda geram debate no mercado.

 Para Andres Abadia, economista-sênior da Pantheon Macroeconomics, o dólar tende a se fortalecer ainda mais ante o real e outras moedas de mercados emergentes, o que poderia inibir cortes mais profundos nas taxas de juros. De qualquer maneira, ele não descarta que a Selic caia para 4,50% no fim deste ano.

Visão mais ousada tem a Garde, que projeta Selic a 4% no início de 2020, com três corte sequenciais de 0,50 ponto percentual. Para Daniel Weeks, economista-chefe da casa, a composição do IPCA foi “extremamente benigna” e mostra que a inflação subjacente — medida que tenta reduzir o efeito de itens voláteis — está muito baixa.

Para Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg, o IPCA “realmente confirma um quadro inflacionário bastante benigno e, a depender da evolução de outros condicionantes, como o ambiente externo, poderemos eventualmente revisar nossa estimativa, de 4,75%, para baixo”.

 

Turbulência política não deve afetar tendência de queda da Selic, diz Werlang

O economista Sérgio Werlang, presidente do conselho de administração do Instituto de Matemática Pura Aplicada (IMPA), disse nesta quarta-feira que não crê na possibilidade de um quadro de turbulência política afetar a tendência atual de queda na taxa básica de juros (Selic).

“Não vai afetar demais”, ressaltou ele, durante debate no seminário “Precisamos falar sobre juros”, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e pelos jornais “O Globo” e Valor. “Já estamos com os juros caindo.”

Para ele, as evidências de que a inflação segue bem-comportada - tanto nos números cheios quanto no núcleo dos índices de preços - deixam claro que a taxa básica Selic tem espaço para renovar suas mínimas históricas. “Certamente, é um sinal de que o Copom pode continuar o processo de corte da Selic e terminar o ano com 4,5%”, diz Werlang, que já ocupou o cargo de diretor de Política Econômica do Banco Central.

Hoje, a Selic está em 5,5% ao ano. “Observe que a inflação acumulada em 12 meses (2,89%) está muito próxima do piso da banda, fazendo com que seja ainda mais do interesse do Banco Central continuar o corte de juros para tentar evitar que o IPCA fure esse patamar”, diz o profissional. No sistema de meta de inflação, existe um intervalo de tolerância, definido pelo CMN.

Nos últimos anos, o CMN tem definido um intervalo de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. No caso de 2019, a meta é de 4,25%, enquanto o intervalo vai de 2,75% a 5,75%. Já para 2020, a meta é de 4,00% e o intervalo é de 2,50% a 5,50%. “Não há impeditivos para a Selic renovar pelo menos mais duas baixas de 0,5 ponto percentual, talvez mais”, diz Werlang.

Mesmo o movimento de depreciação do câmbio não parece ser um obstáculo para o afrouxamento monetário. “O dólar irá se valorizar mais por causa da queda do diferencial de juros em real e o cenário externo, mas isso não é suficiente para fazer com que a queda de juros seja interrompida”, afirma.

Na avaliação de Werlang, o aumento da competição bancária e a diminuição do spread depende agora muito mais de medidas microeconômicas. O fato de o Banco Central operar de forma independente é algo que atua positivamente no sentido de evitar os efeitos de possíveis turbulências políticas.

“Mesmo com toda a turbulência do mundo não vejo como o Congresso Nacional iria contra uma maior competição no setor bancário”, pontuou Werlang, ao comentar a provável votação de uma lei de compartilhamento de dados dos clientes entre instituições bancárias, permitindo o chamado open banking. Segundo ele, o sistema financeiro brasileiro é muito concentrado em boa parte devido a decisões governamentais tomadas de forma consciente. Werlang lembrou que essa “escolha consciente” foi no sentido de fortalecer o setor bancário brasileiro, tornando-o mais resistente às crises.

Na avaliação dele, esta foi uma decisão acertada, conforme demonstrou o desempenho do sistema bancário brasileiro durante a crise financeira de 2008. “No Brasil não teve impacto quase nenhum, para não dizer nenhum”, disse Werlang.

Ele citou ainda os Acordos de Basileia III, conjunto de propostas internacionais de reforma da regulamentação bancária publicado em 2010, que também afetou a concentração do setor no país.

Em relação ao spread bancário, Werlang citou os depósitos compulsórios elevados praticados no país como uma das razões para o juro elevado no Brasil. Outro fator destacado por ele que dificulta a redução das taxas ao consumidor final é o fato de as informações financeiras dos clientes não serem compartilhadas entre as instituições bancárias, o que permitiria às empresas de serviços financeiros “conhecerem melhor” o consumidor.

 Ele citou um levantamento feito na Inglaterra que estimou em 30% a fatia do spread bancário representada pelo fato de o banco conhecer ou não o seu cliente. A mudança – no sentido do compartilhamento de dados – começou a ser discutida na Inglaterra há três anos e ainda engatinha na Austrália e na União Europeia, informou Werlang.

No Brasil, ele enxerga um grande potencial de queda no spread em decorrência do compartilhamento de dados (open banking). Ele classificou como “crucial” a aprovação no ano passado da Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD), a qual determinou que o dono dos dados compilados pelas instituições financeiras é o próprio cliente.

 

ESTADÃO

‘Não há mágica para o crescimento’, diz Alessandro Zema

Um dos maiores bancos de investimentos do mundo, o Morgan Stanley tem perspectiva de crescimento do Brasil inferior a de seus concorrentes. Enquanto o mercado estima alta do PIB de 2,2% em 2020, o Morgan estima 1,7%. Mesmo assim, Alessandro Zema, que está à frente da instituição no Brasil, enxerga boas perspectivas para o País. “Não existe solução mágica para o crescimento sustentável: ele é lento e gradual”, diz. “Tentamos soluções mágicas no passado e todas falharam.”

Para ele, a agenda macroeconômica está correta e o País tem a maior agenda de privatizações do mundo, o que cria a perspectiva atraente. Zema afirma, ainda, que os investidores estrangeiros não estão fugindo do Brasil. Pelo contrário: participaram de metade das emissões do mercado de capitais este ano, que movimentaram quase R$ 60 bilhões, e estão de olho em aquisições. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como o sr. vê o desempenho da economia em 2019?

Estamos vendo o alinhamento da política monetária e fiscal, o que tem gerado resultados superpositivos. Taxa de juros baixas, inflação sob controle, percepção de risco país pequena. Dito isso, o crescimento virá de forma gradual. A gente já começa a ver os primeiros sinais, como sair de uma geração formal de 20 mil empregos por mês no início do ano, para 50 mil agora. Temos visto mais concessão de crédito e os índices de confiança do consumidor estão lentamente voltando. Há sinais de que esse crescimento está começando a voltar, mas não será exponencial. Não existe solução mágica para criar crescimento sustentado. O governo está na direção correta e teremos sinais mais auspiciosos daqui para frente.

Promissores mesmo com o cenário externo?

A gente não consegue ficar isolado das tensões internacionais, mas estamos vivendo um momento mais interessante de Brasil do que nos últimos anos. O Brasil está pouco presente em portfólios de mercados emergentes e temos um potencial de atratividade de recursos muito maior do ponto de vista macro. Vivemos no Brasil o programa de privatização mais ambicioso globalmente. O governo está dizendo que está saindo de 135 empresas estatais para 12, até 2022. Aliado a isso, há programas de concessões, leilões de pré-sal e cessão onerosa. Estamos falando de um volume de recursos, que pode chegar a R$ 1 trilhão vindo para o Brasil.

A chegada de recursos depende de aprovações de reformas?

À medida que se vai avançando nessa agenda – e ainda há muita coisa a ser feita –, maior a atratividade do Brasil para investidores de fora. Este ano, as empresas fizeram emissão de dívidas no exterior 44% maior que no ano passado, atingindo US$ 20,8 bilhões. As emissões de ações este ano também cresceram muito. Tivemos quase R$ 60 bilhões e vamos ver pelo menos mais R$ 30 bilhões em operações até o fim do ano. A normalidade da política macro andando em consonância com a política fiscal tem feito com que a atratividade do Brasil para os investidores tenha aumentado.

Mas os estrangeiros não vieram...

Queria desmistificar a ideia de que os investidores estrangeiros estejam saindo do Brasil. Segundo a B3, o fluxo de saída de recursos estrangeiros da Bolsa foi de R$ 22 bilhões. Mas dos R$ 58 bilhões em emissões feitos este ano, os estrangeiros ficaram com 50%. Teve a saída de R$ 22 bilhões e uma entrada de R$ 29 bilhões. Por outro lado, houve uma saída de mercados emergentes como um todo de US$ 35 bilhões. Do Brasil, saíram US$ 2,8 bilhões ou R$ 11 bilhões. Foram fundos passivos que saíram de mercados emergentes como um todo. Não é movimento de Brasil. Quando se incorpora o fluxo com emissões de ações, há um fluxo líquido de R$ 17,6 bilhões até agora no País. O investidor gringo está vindo e existe potencial de atrair mais.

Os discursos polêmicos do presidente Jair Bolsonaro não afugentam investidores?

Os investidores estão preocupados com assuntos macroeconômicos e a perspectiva de bons fundamentos para o Brasil não escapa de sua atenção. O que faria eles virem mais para o Brasil? Mais crescimento do PIB. Desta vez, há uma agenda muito clara do que tem sido feito e do que será feito. Ela vai ser lenta, gradual, mas vai ser sustentável, diferente de outras oportunidades do nosso passado recente, quando a gente teve um pico de crescimento e custou muito mais depois.

Quais benefícios da privatização, além dos recursos com a venda dessas empresas?

O que pouca gente fala é que, uma vez privatizadas, essas empresas vão se tornar mais eficientes, gerar mais resultados e pagar muitos mais impostos do que quando eram estatais. Não é só a monetização em si com a venda das estatais. Para o setor público, é um valor bem maior que o beneficio imediato da venda.

 

'Desemprego alto não possibilita repasses instantâneos'

A deflação de setembro é pontual e não indica um enfraquecimento mais grave da economia brasileira, segundo o economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). “Não há expectativa de novas quedas, mas de que a inflação continue baixa.”

Segundo ele, a inflação na casa dos 3%  reflete a economia lenta e com alto nível de desemprego, um cenário que não permite nem o repasse da alta do dólar. “O repasse  fica limitado pela questão da demanda (baixa), desemprego alto não possibilita repasses instantâneos.” A seguir, trechos da entrevista.

A deflação é pontual ou há uma tendência?

É pontual. Os números estão baixos, mas, estatisticamente, nem negativo foi (em setembro). Se a gente considerar esse número (0,04%) com uma casa decimal, seria zero. É um número muito baixo influenciado por alimentos in natura. A deflação está concentrada em produtos cuja oferta é forte. Produtos que não toleram estoque e que, se a quantidade (ofertada) é maior do que a demandada, há uma queda no preço. O perigo da deflação é quando há um processo persistente e generalizado em vários outros produtos importantes, como serviços médicos, bens duráveis e alimentos industrializados. Aí é um processo revelando uma economia muito mais enfraquecida. Agora, não há expectativa de novas quedas, mas de que a inflação continue baixa. Há mecanismos em curso para fazer com que a economia se aqueça. O Banco Central tem reduzindo a Selic (a taxa básica de juros) gradualmente. Tem movimentos na economia que podem fazer com que ela se recupere mais rapidamente, mas é um cenário mais para 2020. Uma parte dessa inflação baixa também está relacionada ao nível de desemprego. Quando a economia está crescendo pouco – a previsão de PIB para este ano é 0,8% –, com um nível de desemprego de 11%, não há chance de alta de preço de outros produtos, como bens duráveis.

Já tivemos casos de deflação no ano passado. Esses episódios não costumavam se repetir...

Tivemos deflação em agosto do ano passado, de 0,09%, e em novembro, de 0,21%. Também foram pontuais. Às vezes a deflação acontece, por exemplo, quando se muda a bandeira vermelha na energia para verde. Como a queda no preço é nacional e em cima de uma despesa importante no orçamento, acaba levando a inflação para um patamar negativo, mas é um efeito transitório, não generalizado. No caso de agora, a causa é uma queda no preço de alimentos in natura. Eles subiram muito no primeiro semestre, com problemas de oferta. Como os últimos meses têm sido de clima mais favorável à oferta desses alimentos, isso tem permitido quedas nos preços. Como já estamos na primavera, o desafio climático é maior para esses produtos, que passarão de mocinhos para bandidos rapidamente.

O dólar tem se desvalorizado e, mesmo assim, temos deflação. O que acontece que os preços não estão sob pressão?

O repasse é gradual. Essa desvalorização aconteceu há pouco tempo. Ela chega primeiro ao consumidor encarecendo derivados de grandes commodities agrícolas, como milho, soja e trigo. O trigo contamina toda a família de pães. A soja é basicamente ração animal, então frango e suíno costumam subir de preço. Assim, quanto mais tempo a taxa de câmbio continuar nesse patamar, maior a probabilidade de contaminar alguns preços. Sem contar a gasolina. A Petrobrás também movimenta o preço da gasolina tanto pela variação cambial como pelo preço do petróleo. Mas existem outras questões que diminuem a possibilidade de repasse cambial. Você pode ter uma desvalorização cambial afetando commodities, mas, por outro lado, safras boas favorecendo a queda do preço desses grãos em bolsas internacionais.

Mas esse é o caso agora?

É o caso para milho e trigo, mas não para a soja, que teve um probleminha de expectativa de safra ruim nos Estados Unidos. O repasse cambial fica também limitado pela questão da demanda, desemprego alto não possibilita repasses instantâneos. Tudo é mais lento. Mas, se a taxa de câmbio continuar nesse patamar por muito tempo, com certeza vai haver algum repasse.

A deflação é pontual, mas, mesmo assim, a inflação está abaixo da meta de 4,25% para 2019. O Banco Central demorou para reduzir a taxa de juros?

Não. Mexeu na hora certa. A inflação não está abaixo do intervalo da meta (2,75% a 5,75%). Ela vai se recuperar a partir de novembro e a taxa de 12 meses vai avançar. Devemos encerrar o ano com uma inflação de 3,3%. Uma inflação baixa, sim, que reflete o PIB de 0,8% aguardado para o ano e uma economia com desemprego ainda elevado. O ideal é que estivéssemos terminando o ano com a inflação mais na meta, o que provavelmente indicaria um nível de desemprego menor e um PIB maior.

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