Segunda-feira

VALOR

Estrutura prévia do IPCA de 2020 gera corte em estimativa de inflação

Analistas começaram a cortar projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2020 devido à atualização da estrutura de pesos e dos componentes da inflação oficial, divulgada na sexta-feira pelo IBGE com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. O tamanho desse impacto deflacionário no próximo ano, porém, variou bastante entre os especialistas: de -0,13 a -0,24 ponto percentual.

Nos cálculos do Santander, por exemplo, o impacto da nova estrutura seria negativo em 0,24 ponto percentual no IPCA, efeito mais intenso do que o inicialmente previsto (de -0,05 ponto). Assim, o banco cortou sua projeção para o índice de preços de 2020 de 3,50% para 3,26%. A 4E Consultoria estimou um impacto próximo, de -0,2 ponto na inflação do próximo ano, que foi cortada para 4,2%.

O efeito mais brando foi calculado pelo Itaú, de -0,13 ponto no cenário do IPCA de 2020. Na semana passada, o banco havia projetado que o impacto seria de 0,1 ponto percentual, o que reduziria o índice do ano que vem de 3,5% para 3,4%. A projeção de inflação do Itaú está sendo revista à luz de indicadores recentes da economia e será divulgada no início desta semana.

Segundo Mirella Hirakawa, analista do Santander, o impacto deflacionário sobre o IPCA de 2020 virá, em parte, da perda de participação do grupo de Alimentação e bebidas. O peso desse componente no índice passou de 24,6% para 19% na estrutura nova. Os dois percentuais têm como referência o mês de janeiro de 2018, que é a mesma da POF, para fins de comparação. “A peste suína e outros fatores devem levar a inflação do grupo de alimentação para 5,2% no ano que vem, rodando acima do índice geral. Então, o fato desse grupo perder peso é algo que por si só gera um impacto deflacionário na nossa expectativa”, disse a analista do Santander.

O grupo Transporte também exercerá impacto negativo no IPCA do próximo ano, segundo o banco. A estrutura prévia mostrou que a participação do grupo na inflação cresceu para 21%, acima dos 18% da antiga estrutura. Além de maior peso, os itens que compõem o grupo passaram por mudanças, com gasolina e carro próprio ganhando peso, em detrimento do transporte coletivo urbano.

“Com a nova composição, esperamos que a inflação no grupo de Transporte seja de 2,6% em 2020, menor do que a alta antes prevista [2,8%]. Ou seja, o grupo roda abaixo do índice geral e vai pesar mais, provocando o impacto deflacionário”, diz a analista, para quem os efeitos devem começar a aparecer no boletim Focus do Banco Central (BC) nas próximas semanas.

“Mantivemos nossa projeção de corte da Selic para 4,5% ao fim deste ano, mas à medida que o impacto deflacionário da nova estrutura do IPCA começar a aparecer no boletim Focus e nas expectativas de 2020, mostrando uma folga maior para a política monetária, um novo debate sobre a extensão do ciclo de corte da taxa vai surgir”, acrescenta a analista do Santander.

Julia Passabom, economista do Itaú, afirma que o resultado do IPCA de setembro foi mais expressivo para as expectativas do que a reestruturação da POF. Na semana passada, o IBGE divulgou que o índice teve queda de 0,04% em setembro, abaixo da mediana das expectativas do mercado (alta de 0,04%). Medidas de núcleos bem comportados, assim como a inflação subjacente de serviços, geraram cortes na previsão do IPCA de 2019.

“O índice veio com uma composição muita boa, com núcleos tranquilos, em linha com a ideia de um hiato mais aberto. Foi uma boa notícia para a inflação. No caso da nova estrutura do IPCA, a boa notícia é que não veio diferente do que estávamos esperando. O impacto será de 0,13 ponto percentual no IPCA do ano que vem. Ou seja, a estrutura confirma o efeito deflacionário numa magnitude parecida com o que tínhamos”, diz a analista.

Ela lembra que a estrutura prévia do IPCA confirmou a incorporação de novos hábitos de consumo das famílias brasileiras à inflação oficial do país. O índice ganhou 56 novos produtos e serviços, incluindo tecnologias como serviços de streaming, transporte por aplicativo, combo de telefonia, internet e TV por assinatura e conserto de aparelho celular. Saíram itens obsoletos como aparelho de DVD, máquina fotográfica e telefone público.

A defasagem da cesta de consumo do IPCA até então era explicada pelo longo período de quase dez anos sem realização da POF, que acompanha as despesas dos domicílios do país e serve de referência para o índice preço. Até então, a última edição era de 2008/2009. Essa atualização também gerou mudanças no peso das regiões metropolitanas acompanhadas. Rio de Janeiro perdeu peso de 12,06% para 9,41%, ao passo que São Paulo cresceu de 30,67% para 32,32%.

 

Riscos da dolarização impõem cautela a projeto do BC

A sombra das experiências negativas com dolarização na América Latina, em especial a da Argentina, aconselha o Banco Central (BC) a conduzir um processo cadenciado de liberalização do câmbio no Brasil. Economistas consultados pelo Valor defendem que a abertura do mercado local seja feita de acordo com a melhora dos fundamentos econômicos, principalmente fiscais, desembocando, em sua última etapa, na conversibilidade da moeda brasileira.

Economistas dizem acreditar que o Brasil enfrenta pouco risco de repetir a infeliz experiência do vizinho sul-americano porque, hoje, tem um quadro de inflação bem comportada, juros baixos e contas externas robustas, além de câmbio flutuante e uma maior confiança no ajuste das contas públicas. “Nosso principal calcanhar de aquiles é o fiscal. O problema da Argentina também se deve a um descontrole fiscal, só que piorado pelo endividamento externo”, afirma Marcio Garcia, professor de economia da PUC-RJ. “Infelizmente, essa parte fiscal a gente ainda não fez, mas estamos avançando com a Previdência e as outras reformas”, complementa.

Um dos fatores que diferencia os países, diz o pesquisador, é a situação sólida de contas externas do Brasil e seu bom colchão de reservas — hoje em US$ 376,5 bilhões. Já o câmbio flutuante e a regulação rígida do sistema bancário pelo BC diminuiriam muito o risco de descasamento no balanço de qualquer instituição. De qualquer maneira, o processo rumo à conversibilidade deve ser “bem longo, gradual e com cuidado”, afirma Nathan Blanche, sócio da consultoria Tendências. “Não adianta pensar que a conversibilidade virá por decreto. Isso não existe”, opina.

Para chegar até lá, diz, é preciso passar ainda pela abertura econômica, a redução do Estado na economia e a autonomia do BC, cujo projeto está parado no Congresso há anos. Na semana passada, o governo enviou um projeto de lei ao Congresso que mira a liberalização cambial. A proposta avança em uma série de agendas, inclusive de conversibilidade da moeda brasileira e internacionalização do real. A iniciativa não permite, no momento, que pessoa física tenha conta em dólar. Mas os dirigentes do BC pontuaram que no médio e longo prazo sempre estão abertos a fazer aperfeiçoamentos e explicaram que nesse caso a permissão poderia ser concedida por meio de regulamentação infralegal.

Ao contrário do Brasil, a Argentina e outros países da região passaram por um processo de liberalização econômica que incluiu algum grau de dolarização informal da economia. Como esse período também foi marcado por frequentes crises políticas e econômicas, a moeda americana começou a ganhar a preferência entre muitos argentinos, uruguaios e peruanos — aqueles que tinham acesso a dólares —, uma vez que era vista como uma maneira mais segura de proteger suas riquezas.

Na Argentina, esse processo foi tão amplo que contratos e outras obrigações começaram a ser indexados pela divisa estrangeira, exceto taxas e impostos, que eram cobradas em moeda local. “A Argentina é um caso totalmente diferente, era um ‘currency board’, câmbio fixo ao dólar, e explodiu. Aqui, o câmbio é flutuante”, afirma Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC e sócio-fundador da Mauá Capital.

Para Marcelo Kfouri, professor de macroeconomia da FGV/EESP e ex-diretor do BC, o plano da autoridade monetária tem caráter gradualista e isto pode ser observado na decisão de não permitir que a população, ao menos nos primeiros estágios, tenha contas em dólar. “Essa deveria ser, talvez, a última etapa do processo para a conversibilidade do real”, afirma. O risco inerente ao projeto, porém, é tamanho que faz com que parte dos analistas se coloque totalmente contrária à medida.

 Para José Luís Oreiro, professor da Universidade de Brasília, o processo de liberalização financeira demonstrou “repetidas vezes que os resultados de médio prazo são péssimos”. Dado que são totalmente passivos em relação ao humor dos fluxos financeiros internacionais, algumas economias se arriscam mais do que deveriam ao abrir ainda mais sua conta de capital.

Oreiro combate o argumento de que a conversibilidade melhora as condições de captação dos agentes financeiros. Exemplo disso seria a Espanha, onde o crédito barateou rapidamente após a entrada na zona do euro. “A consequência foi uma bolha imobiliária que, quando estourou, demorou anos para sair da crise. O nosso risco é essa queda do spread criar uma bolha nos ativos reais”, diz.

 

Governo prepara MP para facilitar e ampliar microcrédito

O governo baixará nos próximos dias medida provisória (MP) com iniciativas para facilitar e ampliar a concessão de microcrédito. A proposta é parte de um conjunto de ações que o Ministério da Economia e o Banco Central (BC) vêm adotando para reduzir o custo do crédito e, assim, aumentar o acesso de pessoas físicas e empresas, principalmente as pequenas e médias, a financiamentos. A meta do Novo Microcrédito é beneficiar 4 milhões de empreendedores, alcançando 16 milhões de pessoas. Hoje, o público atendido é inferior a 2 milhões.

O sistema não tem crescido porque o número de novos entrantes é irrisório, o que sugere que o crédito, o de menor custo do mercado, só chega aos clientes que já o recebem. Outra característica do segmento é que há poucas instituições ofertando microcrédito. As duas grandes plataformas nessa área são a do Banco do Nordeste do Brasil e a do Banco Santander (Prospera). Para ampliar o sistema, o governo adotará medidas para baratear e simplificar a oferta de microcrédito.

O microcrédito é um bom negócio para quem atua com essa linha. O ROE (sigla em inglês de taxa de retorno sobre o capital disponibilizado) está na faixa de 30% a 40%, provavelmente o mais alto do setor financeiro. A taxa de inadimplência é de apenas 1,7%, quase a metade das outras linhas de crédito. A área econômica não espera que os grandes bancos tenham interesse pelo produto porque os valores são ínfimos quando comparados aos das outras carteiras. O que se espera é que “fintechs” aproveitem as novas regras para entrar no segmento.

A cargo do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, a formulação da MP partiu de um estudo detalhado sobre as ineficiências do modelo atual. Hoje, por exemplo, o primeiro contato de um cliente com um gerente que atue com microcrédito tem que ser obrigatoriamente presencial, face a face.

A MP acabará com essa exigência para permitir que plataformas digitais possam operar no segmento. Um dispositivo da MP obrigará que, doravante, os profissionais que atuem como intermediários na concessão de microcrédito sejam MEI, sigla de microempreendedor individual.

Atualmente, gerentes autônomos, sem vínculo empregatício com os bancos, fazem esse trabalho. O problema é que se verificou que, quando se desligam por alguma razão das instituições financeiras originadoras do crédito, muitos gerentes as acionam na Justiça do Trabalho, alegando que atuavam como bancários.

Os bancos se queixam dos elevados custos decorrentes dessas ações judiciais. A medida provisória também eleva os limites financeiros do microcrédito. Hoje, para ter direito a essa forma de crédito, os pequenos empreendedores devem ter faturamento de até R$ 200 mil. Este valor será ampliado para R$ 360 mil porque o objetivo é bancarizar um número bem maior de pessoas. Além disso, o Banco Central vai elevar o percentual - hoje, de 2% - do crédito livre a ser direcionado ao microcrédito. A ideia é mexer nessa alíquota à medida que as novas regras entrem em vigor.

O plano da equipe econômica é substituir o crédito público, direcionado e subsidiado, pelo crédito privado. Embora as ideias em discussão tenham inspiração liberal, a mudança é imperativa por causa da grave crise fiscal que o Brasil atravessa desde 2014, quando o setor público consolidado (União, Estados e municípios) não conseguiu mais gerar sequer saldos primários (conceito que não inclui a despesa com juros da dívida) nas contas. O recuo da concessão de crédito público iniciou no governo anterior, mas acelerou o ritmo na atual gestão.

Neste ano, segundo dados do BC, esse segmento de crédito já caiu 12 pontos percentuais. Dentro do governo, houve surpresa inclusive com o desempenho dos desembolsos do BNDES, cuja desaceleração na concessão de empréstimos foi maior que a esperada. Nessa transição de modelo de crédito, a economia sofreu porque a saída de cena do crédito oficial não foi imediatamente substituída pelos bancos privados. É por essa razão que o governo está acelerando o envio de projetos de lei ao Congresso Nacional, enquanto, internamente, adota medidas administrativas que diminuam a burocracia, estimulem a entrada de novas empresas no mercado de crédito e, assim, aumentem a concorrência nesse mercado.

 

Bradesco corta projeções para IPCA e vê Selic a 4,50% no fim de 2019 e em 2020

Com a dinâmica inflacionária ainda “muito comportada” no Brasil, os economistas do Bradesco alteraram a projeção para a taxa básica de juros no fim do ano e, agora, esperam que a Selic fique em 4,50%, nível que, na visão do banco, será mantido ao longo de 2020.

“A baixa inflação corrente e seus impactos sobre a inércia inflacionária devem produzir estimativas abaixo do centro da meta em 2020, o que, a rigor, requererá um ajuste para baixo ainda maior da Selic, de forma a trazer a trajetória prospectiva mais para perto do regime de metas.” Em relatório publicado sexta-feira, o Bradesco também informou que revisou suas estimativas para a inflação medida pelo IPCA.

O banco cortou a estimativa para o indicador oficial de inflação em 2019 de 3,5% para 3,1%, enquanto a projeção para o IPCA em 2020 passou de 3,9% para 3,7%. “Se por um lado as surpresas baixistas com a inflação sugerem cortes adicionais de juros, por outro a recuperação que começa a ganhar corpo pode diminuir a necessidade, por parte do Banco Central, de prover estímulos adicionais”, notam os economistas do Bradesco.

Para eles, essa é uma discussão que deve ocorrer nos próximos meses, “mas entendemos que hoje o primeiro vetor tende a prevalecer sobre o segundo”. De acordo com o Bradesco, os dados correntes de atividade têm surpreendido positivamente “e apontam para uma recuperação que começa a ganhar mais consistência”.

O banco, contudo, manteve suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e em 2020 inalteradas em 0,8% e 1,9%, respectivamente. Em relação à taxa de câmbio, “mantivemos nossa expectativa de dólar a R$ 4,00 para o fim deste ano e em R$ 3,80 para 2020”, diz o relatório. Para o Bradesco, “a melhora do crescimento doméstico e o fechamento da curva de juros americana, reflexo da perspectiva de contágio da economia dos EUA pelo ciclo global”, são fatores que podem ocasionar uma apreciação do real em relação ao dólar.

 

FOLHA

Cadastro positivo começa a valer sem histórico de crédito dos mais pobres

O BC (Banco Central) autorizou nesta sexta-feira (11) os quatro principais birôs de crédito brasileiros a receber informações de instituições financeiras, tirando do caminho o último obstáculo regulatório para o funcionamento do novo cadastro positivo, cuja promessa é reduzir a inadimplência e os juros cobrados de consumidores.

A negociação sobre como será a troca de informações entre empresas como concessionárias e energia e telecomunicações e os birôs, porém, devem atrasar a plena operação do novo banco e deixar de fora consumidores mais pobres.

A lei que autoriza a inclusão automática de pessoas em um cadastro histórico de pagamentos foi sancionada em 9 de julho. A partir daquela data, SPC, Serasa, Boa Vista e Quod poderiam receber as informações de contas de consumo e crediário de varejistas. Nada aconteceu.

Inicialmente, faltava um decreto do presidente Jair Bolsonaro, que regulamentaria alguns pontos do banco de dados —o texto foi publicado no final de julho.

Depois, empresas não financeiras vinham alegando que também aguardavam a homologação dos birôs pelo BC, que era exigida para que bancos enviasse informações. Isso daria mais segurança para a troca de informações.

Do lado das empresas de telecomunicações, há um pedido para que os dados dos consumidores sejam enviados através de uma central unificada, a exemplo do que ocorre com o bancos, que enviam informações através da CIP (uma central interbancária para troca de informações).

“A conversa com as teles tem evoluído muito bem, foi definido layout [para transferência de informações]. A estimativa é em torno de 90 dias para fazer as integrações”, afirma Nival Martins, superintendente de operações e cadastro positivo do SPC Brasil.

Isso significa que esses dados devem começar a ser trocados a partir de 2020.

Já sobre empresas de energia elétrica e gás, a negociação evolui devagar, afirma Martins. Ele evitou fazer qualquer tipo de previsão de quando esses dados começarão a ser processados pelos birôs.

Dirceu Gardel, presidente do Boa Vista Serviços, também fala em alguma resistência das empresas não financeiras em enviar informações.

“Tanto varejo quanto concessionárias e empresas de telecom optaram por não enviar [os dados]. Eles queriam registro no BC para enviar. A impressão que eu tenho é que é excesso de zelo”, afirma Gardel.

Para o presidente da ANBC (Associação Nacional dos Birôs de Crédito), Elias Sfeir, há um diálogo entre as empresas fornecedoras de dados e os birôs, mas ele avalia que a integração tomará tempo.

Ele projeta quatro ondas de entrada de dados no sistema.

A primeira é a dos bancos; a segunda, das empresas de telecomunicações; a terceira, das concessionárias e, por fim, o varejo, que começaria a enviar dados aos birôs na metade do próximo ano.

“A obrigação de comunicação é das fontes. Cada setor se organiza para enviar”, afirma Sfeir.

A Folha procurou as entidades que representam essas empresas.

A Abradee (distribuidoras de energia elétrica) afirma que conversa com os birôs desde antes da aprovação da lei no Congresso e que aguarda apenas as garantias de que a transferência de informações é segura para começar a fornecer os dados.

“Não posso pegar uma planilha e entregar para o birô. Tenho que garantir que a transferência de dados é segura”, afirma Wagner Ferreira, assessor jurídico da Abradee, que nega qualquer morosidade no sistema.

O Sinditelebrasil (telecomunicações) não respondeu até a conclusão desta edição.

Enquanto negociam com essas empresas, os birôs devem passar a receber informações dos clientes de bancos a partir do começo de novembro, segundo a Febraban (federação dos bancos).

É quando consumidores começarão a ser notificados por mensagens de texto, email ou cartas, de que um cadastro positivo foi aberto.

Os birôs têm 30 dias para avisar que o cadastro foi aberto e 60 para começar a usar as informações coletadas para a formação da nota de crédito. É possível pedir a exclusão do banco de dados.

A estimativa é que 130 milhões de consumidores sejam clientes de bancos e com crédito contratado —10 milhões haviam aderido ao cadastro positivo anterior, em que era preciso autorizar a expressamente a entrada.

Sem dados das concessionárias e do varejo, ficam de fora dessa primeira leva os consumidores sem relacionamento e crédito bancário.

Na prática, porém, nenhum dado positivo foi trocado ainda entre birôs, empresas e instituições financeiras.

Do lado dos bancos, faltava o aval do BC para que birôs pudessem receber as informações. No sistema anterior, não havia essa exigência regulatória.

Para a troca de informações com empresas prestadoras de serviços e varejistas, que agora passam a fazer parte do cadastro, o obstáculo é a padronização da troca de informações em um sistema unificado.

Esse sistema está em desenvolvimento pelos birôs e deve ficar pronto até o final do ano.

Mas, na prática, agora as informações sobre bons pagadores já podem ser trocadas entre bancos, empresas e birôs.

O cadastro positivo é considerado um instrumento para a redução de inadimplência e de juros do crédito: conhecendo os hábitos de pagamento dos consumidores que mantêm as contas em dia —e não apenas daqueles que tiveram dívidas em atraso—, os bancos afirmam que poderiam reduzir os calotes.

A população sem crédito contratado em banco é estimada em 20 a 30 milhões, diz a diretora de Operações de Dados da Serasa Experian, Leila Martins.

Segundo especialistas, essas pessoas passariam a ser enxergadas pelo sistema financeiro com o cadastro positivo e poderiam ter uma nota de crédito melhor caso estivessem pagando regularmente contas de luz e telefone. Atualmente, essas pessoas só são vistas quando estão com contas atrasadas, o que restringe ainda mais a possibilidade de acesso a serviços financeiros.

Além de expandir o mercado de crédito, a promessa é que o cadastro positivo poderá reduzir os juros cobrados dos consumidores, porque bancos teriam maior capacidade de diferenciar os bons dos maus pagadores. Mas mesmo aqui já aparecem algumas ressalvas.

Quando a lei do cadastro positivo foi aprovada, as instituições financeiras se queixaram de que terão acesso apenas ao escore do consumidor, sem que possam visualizar quais as dívidas foram contratadas. Para acessar esses dados detalhados, será preciso obter a autorização expressa do consumidor.

Além disso, a Febraban se queixou da responsabilidade solidária incluída na lei. Consumidores que tiverem dados errados incluídos ou vazados, por exemplo, poderiam acionar bancos na Justiça, não apenas os birôs.

Na leitura do setor, isso poderia elevar custos jurídicos, minimizando o efeito da queda da inadimplência sobre a taxa de juros cobrada do consumidor.

Apesar das queixas de que a inadimplência é elevada no país, a leitura do mercado também é de que ela chegou a um piso, após o forte ajuste feito pelos bancos no período de crise. Segundo o Banco Central, a inadimplência média de clientes pessoa física fechou agosto em 4,9%.

 

ESTADÃO

BC estuda estímulo ao crédito com garantia imobiliária

O Banco Central estuda medidas para diminuir o prazo de concessão de empréstimo pessoal com garantia de imóvel no Brasil – conhecido como home equity – para fazer esse mercado deslanchar de vez no País. Dentre os temas em análise, apurou o Estadão/Broadcast, estão a adoção da modalidade guarda-chuva e a portabilidade.

Para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o produto tem potencial de liberar R$ 500 bilhões na economia brasileira. Atualmente, o estoque do chamado home equity no Sistema Financeiro Nacional (SFN) está em R$ 11,3 bilhões, após períodos de sucessivas quedas.

Enquanto em dezembro de 2017 o estoque de empréstimos na modalidade era de R$ 12,5 bilhões, em junho de 2018 foi de R$ 11,8 bilhões. E, no fim daquele mesmo ano, o valor caiu para R$ 11,5 bilhões.

No acumulado deste ano, até agosto, pessoas físicas tomaram emprestado R$ 1,533 bilhão na modalidade. Em 2018, o empréstimo foi de R$ 1,881 bilhão e, em 2017, de R$ 2,089 bilhões.

Guarda-chuva

Consolidada no mercado norte-americano, a chamada “garantia guarda-chuva” permite que o tomador do empréstimo faça diferentes operações com um mesmo imóvel dado como lastro, até que atinja o limite de crédito pré-aprovado no banco.

Hoje, não é possível recorrer à garantia guarda-chuva para uma operação de home equity no Brasil. O tomador pode fazer apenas um empréstimo usando seu imóvel como garantia, ainda que não tenha consumido todo o limite oferecido.

No entanto, a modalidade guarda-chuva existe no País desde 2017, a partir da Lei 13.476, que permitiu que um mesmo credor fizesse várias operações, como empréstimo pessoal e cartão de crédito, a partir de um mesmo limite e com a mesma instituição financeira.

Por ora, o mercado de garantia guarda-chuva é focado na pessoa jurídica. A ideia do BC é oferecer a modalidade para mais pessoas físicas e, de quebra, diminuir o prazo de liberação da linha. O processo demora em média 52 dias e o objetivo, segundo fontes, é cortá-lo para menos da metade.

Há uma discussão entre o mercado e o BC, de acordo com o gerente departamental do Bradesco, Afranio Dantzger, se a lei deverá ser adaptada para o home equity ou se será criada uma regulamentação específica. Para ele, a lei pode ser “perfeitamente” adaptada.

O BC também estuda aprimorar as regras de portabilidade para o segmento, permitindo a migração de dívidas mais caras e de diferentes modalidades para o home equity.

Grandes bancos

Ao entrar na mira do BC, o crédito com garantia imobiliária também passou a ser visto com outros olhos pelos grandes bancos. O Itaú Unibanco, que repaginou seu produto no fim do ano passado, já começa a colher frutos da nova estratégia. Responsável por 23% do crédito nesse mercado no primeiro semestre do ano, o banco multiplicou por cinco a oferta mensal de recursos.

Segundo a diretora de crédito imobiliário da instituição, Cristiane Magalhães, a oferta, antes restrita ao cliente com renda superior a R$ 10 mil mensais, está sendo estendida para aquelas que ganham entre R$ 4 mil e R$ 10 mil por mês.

O Banco do Brasil quer ampliar sua carteira no segmento. “É um crédito mais qualificado e é possível praticar preços mais atrativos para o tomador”, afirmou a gerente executiva de empréstimos, financiamentos e crédito imobiliário do BB, Daniela de Avelar Gonçalves.

Segundo a executiva, o banco terá novidades em breve nessa linha de crédito, como a possibilidade de contratação 100% por canais digitais e a disponibilidade de empréstimos tanto para correntistas quanto para não correntistas.

Atualmente, o banco estatal oferece o BB Crédito Imóvel Próprio a seus clientes de renda mensal a partir de R$ 4 mil, que permite até 89 dias para o pagamento da primeira parcela, com taxa a partir de 1,38% ao mês. O valor mínimo para o empréstimo é de R$ 35 mil.

Para a gerente nacional de atendimento jurídico da Caixa, Bruna Groba, a regulamentação atual do home equity já é satisfatória e permite o desenvolvimento do mercado. Ela acrescentou que a expansão da carteira no banco depende apenas da estratégia de negócios.

 

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