Terça-feira

CLIPPING (15.10.2019)

VALOR

IBC-Br sobe 0,07% em agosto em relação a julho, ante expectativa de alta de 0,2%

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve alta de 0,07% em agosto, na comparação dessazonalizada com julho, conforme divulgado nesta segunda-feira pela autoridade monetária. Em julho, o resultado foi negativo em 0,06% (dado revisado de queda de 0,16%).

O resultado ficou abaixo da mediana das expectativas colhidas pelo Valor Data junto a consultorias e instituições financeiras, de um crescimento de 0,2%, com intervalo de projeções entre queda de 0,3% e alta de 0,9% .

Nos 12 meses encerrados em agosto, o crescimento acumulado pelo indicador foi de 0,87% na série sem ajuste. Devido às revisões constantes, o IBC-Br medido em 12 meses é mais estável do que a medição mensal, assim como o próprio Produto Interno Bruto (PIB). Em comparação a agosto de 2018, o índice teve queda de 0,73% na série sem ajuste. No ano, a variação é positiva em 0,66%.

 

IBC-Br de agosto deixa carregamento positivo de 0,58%para 3º trimestre

A alta de 0,07% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em agosto deixa um carregamento estatístico positivo em 0,58% para a atividade no terceiro trimestre, estima o Goldman Sachs. Esse será o avanço do indicador no período em relação ao trimestre anterior, com ajuste, caso a atividade tenha se mantido estável no mesmo nível de agosto em setembro.

Assim, mesmo com o IBC-Br ligeiramente abaixo das expectativas dos analistas (0,2%, segundo a mediana do Valor Data) , o indicador deve ajudar a descartar as projeções mais pessimistas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre. Ao fim do segundo trimestre, alguns analistas chegaram a prever PIB negativo para o período de julho a setembro, mas a possibilidade tem sido afastada pelos indicadores de atividade já divulgados.

Ainda assim, o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, destaca que o IBC-Br segue 7% abaixo do pico registrado em dezembro de 2013 e apenas 4,5% acima do ponto mais baixo da série, registrado em dezembro de 2016. Assim, essa é a recuperação cíclica mais lenta já registrada.

“A economia continua a operar com elevado grau de ociosidade em termos da utilização de recursos”, observa Ramos, em relatório, acrescentando que o hiato do produto — diferença entre PIB potencial e efetivo — segue negativo e a taxa de desemprego continua significativamente abaixo do ponto de equilíbrio que não acelera a inflação (Nairu, na sigla em inglês).

“O progresso rumo à consolidação fiscal nos níveis federal e subnacional continua sendo, na nossa avaliação, essencial para ancorar o sentimento do mercado, apoiar a confiança de consumidores e empresários e alavancar o que tem sido até agora uma recuperação extremamente superficial e decepcionante”, observa Ramos.

 

Selic a 4% em 2020 entra no radar

Argumentos como a revisão da cesta de consumo do IPCA pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e indicadores que continuam a mostrar gradualismo na expansão da economia deram apoio para o mercado confiar em um afrouxamento monetário ainda mais agressivo pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

Com a possibilidade do juro básico em 4,5% no fim deste ano cada vez mais forte, instituições passaram a projetar Selic a 4% no próximo ano e algumas já indicaram que a taxa pode sofrer ainda mais reduções. “Passamos a esperar que o Copom estenda o ciclo de corte de juros para além do nível de 5%. Em adição ao corte de 0,50 ponto projetado para a reunião dos dias 29 e 30 de outubro, acreditamos que o comitê realizará mais um movimento de mesma magnitude em dezembro, seguido por dois cortes de 0,25 ponto em fevereiro e março de 2020”, dizem os economistas do Itaú Unibanco em relatório.

Para o Itaú, os fatores de risco para a inflação tiveram poucas mudanças nas últimas semanas, enquanto as leituras recentes do IPCA “seguiram bem comportadas, mais baixas que o esperado”. Os economistas do banco apontaram, também, que os indicadores de atividade começaram a ensaiar recuperação mais consistente, mas notam que, diante da capacidade ociosa elevada, “melhoras nesse fronte ainda não representam risco relevante de pressão inflacionária no horizonte relevante de política monetária”.

Nos dados de atividade de agosto, o volume de serviços e as vendas do comércio varejista frustraram as estimativas dos agentes, enquanto a produção industrial surpreendeu positivamente. Ontem, foi a vez de o IBC-Br encerrar a leva de dados de agosto, ao apresentar alta de 0,07% em relação a julho, abaixo do ponto médio das estimativas do mercado (+0,2%). Para a Reag Investimentos, os resultados de 2019 da atividade “são tímidos e mais fracos do que se esperava no início do ano”.

A gestora pontua que a economia “não conseguiu engrenar” e se manteve “estagnada” em agosto. Esse cenário pode contribuir para um movimento de maior acomodação monetária. Na semana passada, após a surpresa deflacionária de setembro, a Reag mudou sua estimativa inicial de Selic a 5,25% e passou a projetar juro a 4,5% em dezembro. Quem tem a mesma projeção para a taxa básica de juros no fim deste ano é o Safra, que alterou suas expectativas após a divulgação dos novos pesos do IPCA após a POF.

O banco passou a estimar o indicador oficial de inflação em 3,7% em 2020, e não mais em 3,9%, “refletindo uma nova projeção de preços e alimentos e os impactos baixistas da nova ponderação do índice”. O Safra, assim, passou a adotar visão de que, neste ano, o BC deve efetuar dois novos cortes de 0,50 ponto na Selic e duas reduções adicionais de 0,25 ponto no próximo ano, fazendo o juro básico terminar 2020 em 4%.

A inflação mais baixa e as expectativas ancoradas foram as justificativas do banco Fibra para adotar a mesma estimativa. No entanto, o economista-chefe do banco, Cristiano Oliveira, não descarta que novas reduções possam ser efetuadas nos juros. “Num cenário alternativo em que a atividade econômica exija estímulos adicionais para acelerar, a política fiscal permaneça apertada e as condições globais permitam, o Copom poderia reduzir a taxa Selic para abaixo de 4% ainda em 2020, mas provavelmente após uma pausa no atual ciclo de afrouxamento.”

Ontem, contudo, o cenário externo atuou como limitador para quedas adicionais nos juros futuros, que encerraram a sessão regular em leve baixa. No fim do pregão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 caiu a 4,915%, ante 4,92% do ajuste de sexta-feira. Além do feriado do Dia de Colombo nos EUA, que deixou o mercado de Treasuries fechado, o noticiário não foi muito positivo.

Para especialistas, os dados de comércio exterior da China vieram piores do que o esperado. Além disso, as disputas comerciais sino-americanas, após o acordo parcial, continuam no radar, mantendo viva a cautela. O banco Mizuho, por exemplo, adota visão mais moderada e espera que a Selic encerre este ano em 4,5% e comece a subir em 2020, chegando ao fim do próximo ano em 5%.

 

Crescimento fraco incentiva BCs a testarem juros mais baixos na AL

O baixo crescimento econômico e a inflação controlada está levando os bancos centrais de alguns dos principais países da América Latina a testarem novos níveis históricos para suas taxas de juros, incluindo o Brasil. De acordo com um relatório da gestora BlueLine Asset Management, com exceção do México, a maioria dos países latino-americanos está com a inflação próximo da meta ou abaixo dela.

“Brasil e Chile estão com a inflação subjacente abaixo da meta do banco central, e outros países muito próximos desta, como é o caso da Colômbia e do Peru”, observa o documento. No caso especificamente do Brasil, os analistas da BlueLine destacam que a Selic, que já está em sua mínima histórica de 5,5%, ainda pode ser cortada em mais um ponto percentual. “O BCB está mais confiante com a recuperação gradual da economia, mas parece querer usar a janela de oportunidade global para trazer os juros brasileiros para níveis ainda mais baixos”, diz o relatório. Acreditamos que, dado o alto nível de ociosidade econômica e inflação baixa, este experimento pode ser concluído nos próximos meses, com um juro terminal próximo a 4,5%”, acrescenta.

Os gestores da empresa apontam que, se a perspectiva de retomada gradual do crescimento se materializar, a tendência é o BC brasileiro normalizar a taxa de juros do país para patamares próximos a 5,5%.

No Chile, único país latino-americano que subiu juros este ano, o BC local corrigiu o rumo de sua política monetária rapidamente diante das preocupações com a guerra comercial entre EUA e China. “As incertezas globais, inflação sob controle e mais cortes [de juros] no mundo desenvolvido favorecem os diretores mais dovish, aqueles que tendem a favorecer juros mais baixos”, observa o relatório.

 O Banco Central do Chile realizou um corte de 50 pontos-base em sua taxa referencial de juros em junho, reduzindo-a para 2%. Na mesma linha, o Banco Central do Peru trouxe a taxa referencial para 2,50% em agosto. “Além do crescimento mais fraco do que o potencial, o aumento das incertezas políticas no país deve pesar ainda mais sobre as decisões de investimento privado e atrapalhar a execução orçamentária do governo, gerando aperto fiscal involuntário”, explica a BlueLine.

“Mesmo assim, como o juro está historicamente baixo e a inflação na meta”, o banco central peruano “deve aguardar os dados macroeconômicos para decidir sobre um novo ajuste”. O México, embora não esteja com a taxa de juros controlada na meta, já iniciou um ciclo de cortes incentivado pelos sinais de desaceleração da economia global e local.

Na última reunião de política monetária, em setembro, o Banxico, o BC mexicano, confirmou as expectativas e cortou a taxa em 25 pontos-base, para 7,75%. Para o ano que vem, os analistas da Blueline acreditam que a referência de juros do país cairá para 5,75% no fim de 2020. A Colômbia, por outro lado, enfrenta limitações para cortar mais o juros por causa do seu déficit externo e a inflação.

“Nas palavras do diretor do Banco Central da Colômbia, o país não seguiu Chile e Peru nos cortes porque a inflação não se encontra na meta e, portanto, não tem o luxo que esses países têm para reduzir sua taxa básica de juros”, relata a BlueLine. “O maior impeditivo para um corte, ao nosso ver, é o déficit em conta corrente, que está próximo de 4,4% do PIB”, adiciona o documento.

A taxa de juros atual na Colômbia está em 4,25% - o último corte foi em abril de 2018. “Todos os países da América Latina em que focamos nesse relatório – Brasil, Chile Colômbia, México e Peru – estão crescendo abaixo do seu potencial estimado”, afirma o relatório. O Brasil é destaque, com o desemprego 4,5 pontos percentuais acima da sua taxa neutra. Isso significa que, no caso brasileiro, mesmo se a economia passar a crescer acima de seu potencial, existe capacidade ociosa que ainda pode ser utilizada nessa retomada do crescimento, evitando pressões inflacionárias”, conclui a BlueLine Asset Managment.

 

Juros negativos estão na pauta dos gestores no Brasil

Juros negativos não são uma realidade no Brasil, e ninguém aposta que esse fenômeno esteja para acontecer por aqui. Mas o tema, que desafia os modelos de teoria financeira, está cada vez mais presente no dia a dia dos principais gestores do mercado. Para citar alguns exemplos, as gestoras de recursos Dynamo e Bahia escreveram cartas para explicar o estranho conceito de “rendimentos” abaixo de zero aos seus cotistas.

A questão também foi tratada por três estrelas do mercado, o banqueiro André Esteves (BTG Pactual) e os gestores André Jakurski (JGP) e Rodrigo Xavier (SPX) num evento do BTG, em junho. “A primeira vez que vi na tela taxa de juros negativa, eu tirei foto para guardar e dizer: ‘eu vi juros negativos na minha vida’ ”, brincou Xavier, da SPX, naquela ocasião. Com o passar do tempo, entretanto, ficou mais recorrente ver novidades que não eram nem imaginadas anteriormente - algo que dificulta o trabalho dos gestores, na avaliação de Xavier.

 Hoje, o volume de títulos de governos com juros negativos chegou a US$ 15 trilhões pelo mundo neste ano, aproximadamente 27% do mercado mundial de bônus soberanos. Três países concentram 70% desses papéis: Japão, Alemanha e França. Mas existem títulos de empresas, como a Louis Vuitton, com retorno negativo, por conta de emissões que têm como referência os títulos de governo. Isso significa que os investidores que mantiverem o papel em suas carteiras até o vencimento do título vão ganhar menos do que o valor inicial.

Para não dizer que o juro zero nunca afetou preços de ativos brasileiros, um bônus da Petrobras, sem liquidez, de curto prazo e em euro, chegou a tocar o território negativo no mercado secundário, como identificou a Dynamo. O dado serve apenas como curiosidade.

O ponto é que, no cenário global, as teses de investimento dos financistas acabam competindo com a tentação de simplesmente gastar o dinheiro hoje, já que ele vai estar valendo menos amanhã. Ou de simplesmente colocar as moedas “debaixo do colchão”.

“O investidor está colocando dinheiro num cofre. Tem tanto receio de perder dinheiro que ele não se importa de deixar o dinheiro no cofre sem ter rendimento nenhum; ou até de pagar um pouco por isso”, diz Fabio Okumura, sócio-fundador da Gauss Capital. Se o dinheiro ficar em casa, parado, e não houver inflação - ao contrário, se tiver deflação - verá o seu poder aquisitivo aumentar. “É uma maneira pobre de investir, mas mantém o poder de compra”, diz Okumura. “Outra alternativa é o ouro, que é o equivalente a comprar uma moeda que não paga juros, mas serve como reserva de valor”, afirma.

A lógica de quem compra um papel com juro negativo é a expectativa de que essa taxa possa cair ainda mais lá na frente. Mas, como avalia o sócio da Gauss, só uma pessoa com visão muito negativa das coisas tende a comprar títulos com juro negativo. Nos últimos anos, as vendas de cofres explodiram na Suíça, a exemplo do que já havia ocorrido no Japão. Pensando em grandes fortunas, manter dinheiro num cofre envolve custos - de armazenagem, transporte e seguro, entre outros, que não são nada desprezíveis.

Eles variam de região para região, mas segundo um estudo do FMI, para grandes quantias, as despesas podem variar entre 0,75% e 2% ao ano. Na sua carta aos cotistas, a Bahia Asset comentou que esses custos podem ficar ainda maiores se os governos desejarem: basta, por exemplo, pararem de emitir notas de maior valor. “Tal medida elevaria os custos de armazenamento de moeda e permitiria que as taxas de juros pudessem ser ainda menores”, diz a carta.

Volume de títulos de governos com juros negativos chegou a US$ 15 trilhões pelo mundo neste ano As explicações por trás deste cenário estão muito ligadas aos esforços dos principais bancos centrais do mundo para enterrar a crise financeira de 2008. As instituições fizeram compras maciças de títulos públicos e derrubaram os juros para menos de zero com o objetivo de estimular a economia. Mais de uma década depois, porém, o ambiente ainda é permeado pela incerteza, e algo segue incentivando o investidor a buscar a segurança dos títulos de países desenvolvidos.

O Brasil está muito longe de enfrentar essa realidade de juros negativos. Mas, a seu modo, o investidor brasileiro também está tendo de lidar com a questão de menos retorno, especialmente aquele que não quer correr risco. Com a Selic na mínima histórica de 5,5%, e a perspectiva de que ela recue até mais um pouco, acabou o período de retorno alto com pouco risco. “Agora, se você perde 5% na bolsa, precisa deixar o dinheiro por um ano no CDI para recuperar o valor nominal da perda”, exemplifica Okumura.

Na época do CDI a 25% ao ano, ele lembra, quando o investidor perdia dinheiro na bolsa, como os 5%, bastava deixar o dinheiro poucos meses no CDI para recuperá-lo. Okumura acrescenta que, sim, os modelos das teorias financeiras ainda funcionam, “mas precisam ser ajustados para essa realidade diferente”.

Ricardo José de Almeida, professor de Finanças do Insper, explica que o retorno de um investimento não é só influenciado pelo juro negativo, mas também pela expectativa de fluxo de caixa futuro do ativo que emite o título. “Se há insistência em manter o juro negativo, o modelo explica isso pela baixa expectativa de fluxo futuro de caixa dos emissores”, afirma Almeida.

Segundo o professor, o modelo é o mesmo, o desafio é saber por qual razão não aumentam as expectativas de fluxo de caixa futuro dos emissores privados. Ou por que o mercado não acredita que o juro negativo seja capaz de reverter a baixa expectativa de lucros futuros dos emissores.

Reportagem recente da agência “Dow Jones Newswires” observou que os bancos centrais talvez tenham que ensinar as pessoas a se comportarem conforme ditam os modelos econômicos. “Em outras palavras, o principal problema dos bancos centrais são as pessoas. Um conjunto crescente de evidências mostra que as pessoas não são tão bem informadas quanto os modelos assumem”, dizia o texto.

O ambiente global de juros extremamente baixos ou negativos também abre um abismo entre os poupadores e os investidores que querem mais rendimento. Quem busca um retorno maior para seus investimentos acaba sendo incentivado a se aventurar em segmentos muito voláteis, mesmo que não tenha um perfil tão agressivo. É como se o investidor saísse da poupança direto para a bolsa ou operações com derivativos.

Na conversa com os colegas no evento do BTG, Jakurski, da JGP, avaliou que, num mundo de juros negativos, “não são mais os ativos que estão subindo, é o dinheiro que está caindo”. Ele alerta, porém, que todo o apetite ao risco que é estimulado pelas taxas baixas pode se exaurir. “As árvores não crescem até o céu. Vai chegar um dia que vai dar uma exaustão.”

O mundo de juro zero, ou nas mínimas, como no Brasil, leva a maioria dos gestores a apostar no mercado de ações. Uma das mais tradicionais gestoras desse segmento no Brasil, a Dynamo, também se debruçou sobre o juro abaixo de zero em conversa recente com os cotistas. A casa avalia que o cenário vai levar os investidores a tomar mais risco. E as “ações são candidatas naturais”, já que, nos modelos, os juros menores comprimem as taxas de desconto, o que equivale a dizer que reduzem o retorno mínimo de projetos de investimento e o custo da dívida.

Momentos como esse, para a gestora, atraem turistas para o mercado, os “otimistas distraídos”. “Bolhas poderão se formar. Padrões atípicos emergirão. Credores pagando para emprestar dinheiro, startups levantando recursos sem restrições, livros de ofertas várias vezes cobertos, indicadores de risco inertes, investidores insensíveis aos resultados trimestrais”, diz o texto.

Num cenário assim, a Dynamo afirma que alguns poderão questionar se os investidores de valor (“value investors”), como é o caso da gestora, não estarão na berlinda, “perdendo a cancha” para a turma que investe em “crescimento”. “Para nós, não há dicotomia, desde que haja valor no crescimento.”

 

FOLHA

Indicadores econômicos mostram recuperação errática, e queda de juro é aposta para retomada

Os dados sobre a atividade econômica já divulgados para o terceiro trimestre de 2019 mostram que a economia brasileira segue em trajetória errática, sem sinais de retomada consistente e ainda dependente do consumo das famílias e dos setores de comércio e serviços.

Nem mesmo a liberação do FGTS, a queda dos juros e o andamento das reformas econômicas têm se mostrado suficientes para a recuperação da confiança, dos investimentos e do setor industrial.

Economistas têm concentrado suas apostas em 2020, ano em que os efeitos do ciclo atual de queda dos juros fariam a economia ganhar ritmo, após três anos de crescimento ao redor de 1%. O histórico das projeções coletadas pelo Banco Central, no entanto, mostra que as estimativas feitas com essa antecedência se frustraram nos últimos anos.

"Com mais estimulo monetário a tendência do PIB [Produto Interno Bruto] é crescer um pouco mais. Quanto? Não se sabe, mas não é muito mais", diz o economista Afonso Celso Pastore, da AC Pastore & Associados.

Em relatório recente, AC Pastore destacou os elementos dessa análise. Com a indústria ainda estagnada, o que vem sustentando a retomada desde o final da recessão é o consumo das famílias. No entanto, essa expansão do consumo ocorre numa velocidade muito menor que a vista em outros períodos. Hoje está abaixo de 2% ao ano. Entre 2006 e 2010, foi da ordem de 6% ao ano.

Uma das razões importantes para isso é a lenta retomada do emprego e da qualidade dos postos gerados. A maior parte é informal, o que reduz a massa salarial e, por tabela, o poder de compra. O emprego formal paga, em média, 25% mais que o emprego por conta própria.

Na avaliação de Pastore, a injeção de recursos do FGTS para o consumo e uma eventual melhora do cenário internacional até podem dar um alívio, mas não serão suficientes para mudar o atual ambiente interno, em particular para a indústria.

Dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira (14) e indicadores do IBGE e de instituições privadas mostram que a atividade econômica voltou a crescer abaixo do patamar de 1,1% verificado em 2017 e 2018.

O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do BC), por exemplo, subiu 0,07% em agosto na comparação com o mês anterior, após recuar 0,07% em julho. Nos últimos 12 meses, o crescimento acumulado é de 0,87%, abaixo do verificado nos três meses anteriores. O indicador da atividade econômica do IBRE/FGV também mostra expansão de 0,9% na mesma comparação.

Entre os dados que fazem parte do índice do BC estão os números do IBGE dos diversos setores da economia. Segundo o instituto, a indústria e o comércio mostraram expansão em agosto na comparação com julho. Os serviços tiveram retração. Os três setores registraram piora no acumulado em 12 meses.

Na pesquisa Focus, realizada pelo BC junto a vários economistas, a estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2019 coletada na última sexta (11) era de 0,87%. Para 2020, está em 2%.

Nas pesquisas Focus de 11 de outubro de 2017 e 2018, as projeções de crescimento para o ano seguinte (2018 e 2019, respectivamente) também mostravam otimismo, ambas com expansão de 2,5%.

"A economia está andando de lado. A taxa [de crescimento] não vai diferir muito de 1% em 2019. Talvez a liberação do FGTS nos salve de um crescimento menor, mas temos vários elementos contrapondo esse efeito positivo", afirma Claudio Considera, pesquisador do IBRE/FGV, citando a crise na argentina, a desaceleração europeia e a guerra comercial China-EUA.

 Segundo ele, os juros vão continuar caindo, mas ainda é necessária a redução de uma série de incertezas no cenário econômico para que isso possa animar os investimentos e contribuir para uma queda mais forte do desemprego.

O economista afirma que o governo, a despeito das restrições fiscais, precisa contribuir para a retomada do investimento por meio de estímulos.

"A única saída que resta é ter investimento público. Tem de fazer obra. Tem de fazer impulso fiscal. As famílias estão muito endividadas, e ninguém está muito confiante no que vai acontecer no longo prazo."

Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores, afirma que a orientação do governo de tirar o foco do financiamento público para o privado vai na direção correta, mas é um processo que tem se mostrado muito lento.

Segundo ele, o ideal seria insistir na agenda de reformas e tentar fazer as concessões e privatizações andarem mais rápido, além de reorganizar o Orçamento, por meio de medidas como as do Pacto Federativo, para que seja possível retomar o investimento público.

"Os números de agosto foram fracos. Tudo indica que setembro vai ser melhor, mas a gente não consegue ver uma recuperação mais evidente da atividade. Temos um ritmo de alta que é bem irregular se você acompanhar mês a mês."

A consultoria projeta crescimento de 1% neste ano e 2,3% em 2020, com a taxa básica de juros em 4,5% até o final do próximo ano. Atualmente, está em 5,5% ao ano.

Nishida diz que os juros mais baixos terão impacto na atividade e que a expansão mais expressiva do crédito tende a se acentuar. "No consumo das famílias é que a gente projeta uma alta mais pronunciada no ano que vem, enquanto a indústria ainda deve seguir a passos mais lentos, principalmente por causa desse cenário internacional mais difícil", afirma.

A IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão do Senado, divulgou nesta segunda-feira (14) seu relatório mensal com a expectativa de que a economia só alcance novamente seu potencial de crescimento em 2022.

"Hoje a economia está muito desaquecida, tem ociosidade do lado de capital e no mercado de trabalho. Isso significa que a economia só volta a ficar aquecida para valer em 2022, quando deve crescer 2,2%", diz o diretor-executivo da IFI, Felipe Salto.

Ele afirma que, embora a literatura econômica recomende a preservação do investimento público em momentos de ajuste fiscal pelo lado do gasto, não há hoje espaço fiscal. Além disso, vários estudos mostram que o potencial do investimento fica prejudicado em países com dívida e o déficit elevado.

"Se você tem uma dívida muito alta, e as contas estão desequilibradas, essa política não vai ser tão efetiva. Esse é um motivo para fazer um ajuste fiscal mais rápido", afirma Salto.

 

ESTADÃO

Mercado já vê taxa de juros a 4% em 2020

Com a inflação surpreendendo para baixo, a recuperação econômica ainda lenta e a taxa de câmbio menos volátil, o mercado enxerga que o Banco Central será mais agressivo no corte dos juros. Segundo levantamento do Estadão/Broadcast com bancos, consultorias e gestoras, a estimativa de uma Selic, a taxa básica de juros, a 4,5% em 2020 é predominante. Nos últimos dias, porém, as apostas de 4% ganharam força.

A Selic já está em um patamar historicamente baixo. Ainda assim, as apostas para a reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, são unânimes em queda de 5,5% para 5%. Em dezembro, na última reunião de 2019, deve haver outro corte de 0,5 ponto porcentual, fazendo a Selic terminar o ano em 4,5%, segundo 23 de 32 casas ouvidas.

Em levantamento feito pelo Estadão/Broadcast após a reunião do Copom de setembro, a maioria das apostas para a taxa de juros no fim de 2019 era de 4,75% e havia apenas uma casa estimando que a Selic chegaria a 4% em 2020.

Agora, é crescente o número de casas que acreditam que o alívio monetário deve continuar no primeiro trimestre de 2020. Por isso, as projeções para a taxa básica de juros no fim do ciclo de afrouxamento variam de 4% a 4,75%, com oito casas estimando Selic a 4%.

Apenas na segunda-feira, 14, Itaú Unibanco, Banco Fibra e Banco Votorantim cortaram suas projeções para a Selic. As três instituições esperam uma taxa de 4% no fim do ciclo, em 2020. Na última semana, ING e Banco Safra já haviam revisto suas estimativas para 4%. Ativa Investimentos e Genial Investimentos também aguardam corte para 4% no próximo ano.

“O mais importante (para rever a projeção) é que a inflação está baixa, as expectativas de inflação ancoradas e o País caminhando para a consolidação fiscal, com o avanço da reforma da Previdência”, disse Felipe Salles, economista do Itaú.

Salles destaca que o ambiente global está mais favorável desde sexta-feira, quando Estados Unidos e China acertaram uma trégua. Esse arrefecimento na guerra comercial, aliado a uma redução gradual da taxa de juros nos Estados Unidos, tende a não pressionar ativos de risco, incluindo o real. Um câmbio mais estável significa menos pressão inflacionária e, portanto, Selic mais baixa.

Em relatório, o Banco Fibria destacou que não descarta a possibilidade de a Selic testar, até mesmo, patamares ainda mais baixos do que 4%. “Julgamos que num cenário alternativo onde a atividade econômica exija estímulos adicionais para acelerar, a política fiscal permaneça apertada e as condições globais permitam, o Copom poderia reduzir a taxa Selic para abaixo de 4% ainda em 2020, mas provavelmente após uma pausa no atual ciclo de afrouxamento monetário.”

No banco, a inflação mais baixa e as expectativas ancoradas explicam a revisão para a Selic. O Fibra mudou também a projeção para o IPCA de 2020 de 3,7% para 3,5%.

Inflação

A surpresa de deflação de 0,04% do IPCA na quarta-feira passadafoi um dos gatilhos para que as casas revissem suas apostas para a Selic. O Bradesco e a Quantitas Asset, por exemplo, passaram a estimar 4,5% no fim do ciclo de afrouxamento monetário, em 2020.

“É um ajuste fino. Com a atividade ainda fraca e a percepção de que não deve ter um choque cambial que inviabilize o cenário de juros, o sinal é de que o BC não deve parar em 4,75%. Mas, para ir além disso, seria necessária uma dinâmica cambial melhor. Esperamos que o câmbio fique relativamente estável, terminando este e o próximo ano em R$ 4”, diz o economista João Fernandes, da Quantitas.

 

Projeção de IPCA para 2019 cai pela 10ª semana seguida, para 3,28%

A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação oficial em 2019 teve nova queda, a décima seguida, agora de 3,42% para 3,28%, de acordo com a pesquisa semanal Focus, divulgada pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira, com estimativas coletadas até o fim da semana passada.

Para 2020, o ponto-médio das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também voltou a cair, agora pela terceira semana consecutiva, de 3,78% para 3,73%. Entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, a mediana para a inflação oficial caiu de 3,40% para 3,28% em 2019 e subiu de 3,73% para 3,78% em 2020.

Para os próximos 12 meses, a pesquisa indicou queda, de 3,51% para 3,44%. O IPCA registrou deflação de 0,04% em setembro, após alta de preços de 0,11% em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada. O resultado foi diametralmente oposto à mediana das projeções de 41 economistas consultados pelo Valor Data, de +0,04%.

Em 12 meses, o IPCA desacelerou para 2,89% em setembro, inferior a 3% pela primeira vez desde maio do ano passado, próximo do piso da meta de inflação deste ano. O objetivo do BC é de 4,25% em 2019, 4,00% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,50% para 2022, sempre com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Juros

A mediana das estimativas para a taxa básica de juros no fim de 2019 caiu de 4,75% para 4,50% entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, segundo a pesquisa Focus. Entre os economistas em geral, o ponto-médio para a Selic no fim de 2019 manteve-se em 4,75%. Para 2020, as estimativas recuaram, mas entre os economistas em geral, de 5,00% para 4,75%, ainda acima dos 4,50% esperados, e assim mantidos, pelos campeões de acertos.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deu continuidade, na última reunião, ao ciclo de cortes de juros, optando de maneira unânime por diminuir a Selic de 6% ao ano para 5,5%. O resultado, em linha com o esperado pelo mercado, levou o juro para nova mínima histórica. Ainda assim, a autoridade monetária afirmou que deve haver nova queda na próxima reunião.

Câmbio

A mediana das projeções para o dólar no fim de 2019 entre os Top 5, de médio prazo, voltou a subir, de R$ 4,00 para R$ 4,09, segundo a pesquisa. Para 2020, o ponto-médio das projeções também subiu, de R$ 4,00 para R$ 4,20 entre os campeões de acertos. Entre os economistas em geral, a expectativa permaneceu em R$ 4,00 para o fim de 2019 e R$ 3,95 no encerramento de 2020.

PIB

A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia em 2019 permaneceu em 0,87%, percentual em que está há sete semanas agora, Para 2020, o ponto-médio das expectativas para a economia brasileira também permaneceu inalterado, em 2,00%, variação que é prevista há cinco semanas já.

 

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