Quinta-feira

ESTADÃO

Com queda nas taxas de juros, 60% das classes média e alta cogitam financiar imóvel

Um total de 60% dos brasileiros das classes média e alta estão considerando financiar a aquisição da casa própria após os cortes das taxas de juros vistos ao longo do ano, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto OpinionBox por encomenda da Loft, startup que compra, venda e reforma imóveis. A pesquisa mostrou também que 92% dos brasileiros ainda se sentem mais seguros sendo donos do imóvel. Ou seja, preferem comprar a alugar.

Entre os principais motivos para a preferência pela compra estão a garantia de um bem para o futuro (20%), construção de patrimônio (20%), independência (17%), construção de família (13%) e investimento de menor risco (12%). A pesquisa foi realizada em outubro e contou com 326 participantes acima de 25 anos, com renda familiar superior a R$ 2.995 por mês. Neste ano, a taxa de juros do financiamento imobiliário caiu de 8,5% ao ano para 7,7%, na média, segundo o Banco Central, ampliando o acesso à moradia para mais compradores.

 

Sem interesse de concorrentes, Caixa fica sozinha no sistema de voucher do Minha Casa

Não vingou a ideia do governo federal de aumentar a concorrência bancária na faixa do Minha Casa Minha Vida (MCMV) que atende as pessoas mais pobres. Nenhum banco privado apareceu na reunião realizada há alguns dias no Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR) para discutir o modelo de operação do novo sistema de voucher que será anunciado em breve, como parte da reformulação do programa habitacional. Sem candidatos a abraçar esse novo modelo, a conclusão do ministério é que só a Caixa Econômica Federal pode ser o agente operador.

O voucher funcionará como um crédito para beneficiários usarem na compra, construção ou reforma da casa própria. A iniciativa será voltada para famílias com renda mensal de até R$ 1,2 mil, aproximadamente, em cidades com até 50 mil habitantes. Mas a própria Caixa torceu o nariz quando convocada para assumir essa missão. Como o crédito não tem valor elevado, o custo da operação não é bem diluído. Além disso, no passado o sistema de vouchers já foi aplicado em outros programas, mas sem sucesso por conta das dificuldades de fiscalização da aplicação correta dos recursos.

O ministério informou que as minutas do novo programa habitacional estão prontas e devem chegar às mãos do presidente Jair Bolsonaro em dezembro. Segundo a pasta, o programa terá novo nome, novas diretrizes e faixas de renda distintas das que existem hoje no MCMV. Do lado dos representantes das construtoras, o clima é de incerteza, pois ainda não foram comunicados formalmente sobre o teor das propostas.

 

VALOR

Liberada emissão de recibos de letra imobiliária para negociação no exterior

Outra medida autorizada pelo CMN foi a aquisição por investidores estrangeiros de Letras Imobiliárias Garantidas, por meio de Depositary Receipts (DRs). A medida, diz o BC, amplia as potenciais fontes de recursos para o financiamento do setor da construção civil. Com a mudança, será possível ao não residente adquirir LIGs diretamente no exterior, por meio de DRs. De acordo com a autoridade monetária, isso “fomentará o mercado de LIGs, com benefícios diretos para a obtenção de recursos voltados ao financiamento do setor de construção no Brasil”.

Depositary Receipts são certificados negociáveis emitidos em um país e que representam ativos de empresa ou de banco de outro país. Segundo o BC, haverá redução nos custos de observância relacionados à emissão de DRs “uma vez que não será mais necessária a autorização prévia do Banco Central para participação de instituições financeiras desses programas”. Também não será necessário que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprove previamente os programas para lançamento de DRs. As mudanças entram em vigor em março de 2020.

 

Crédito mostra evolução, mas se expande menos do que poderia, diz Iedi

Concessões de novos empréstimos estão progredindo, mas o crédito se expande menos do que poderia, afirma o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). De acordo com a entidade, “os juros médios dos empréstimos têm sido reduzidos em ritmo inferior ao da taxa básica de juros”.

Os pesquisadores do Iedi salientaram no relatório que a Selic funciona como importante parâmetro do custo de captação de recurso pelos credores. Portanto, as instituições poderiam acelerar a queda do custo do crédito para o tomador final. “O crédito é um importante fator de recuperação em ação atualmente no país, embora pudesse ser ainda mais efetivo se empresas e consumidores estivessem mais confiantes em relação ao futuro e se os credores reduzissem suas margens, isto é, o chamado spread bancário”, pontuou a instituição.

De acordo com o Iedi, entre outubro de 2018 e o mesmo mês deste ano, o spread médio das operações de crédito livre subiu de 29,6 para 30,3 pontos percentuais, mesmo com a inadimplência tendo recuado de 4,1% para 3,9%.

Para os analistas, a consequência é que o crédito continua a crescer, apesar de num ritmo mais lento do que poderia alcançar. Em outubro de 2019, frente ao mesmo período do ano anterior, houve elevação de 11,9% nas concessões para as empresas, já descontada a inflação medida pelo IPCA, e alta de 16% para as famílias. No agregado, as concessões totais avançaram 14,3% comparado a outubro de 2018.

Segundo o Iedi, “como tem sido a regra desde que voltou a se expandir, as operações junto às famílias dão sinais de que estão cada vez mais robustas”. Mas o crédito corporativo também começa a registrar, ainda que modestamente, variações positivas. As concessões totais aceleraram 12,9% de janeiro a outubro de 2019. Há um ano a taxa estava em 11,9% na mesma base.

As concessões para empresas subiram 10,9% no mesmo período e as voltadas às famílias avançaram 14,5%, neste ano, até outubro. A relação do estoque de crédito corporativo como percentual do PIB continua a declinar. Conforme o Iedi, o nível atingido em outubro deste ano, de 20%, é equivalente ao de maio de 2008. O crédito à indústria tem sido responsável por este declínio. Em outubro de 2015 o estoque representava 13,8% do PIB. Quatro anos mais tarde, recuou a 8,5% do PIB.

 

Financiamento imobiliário com poupança tem alta anual de 33%

Os financiamentos imobiliários com recursos da poupança somaram R$ 7,53 bilhões em outubro de 2019. O volume recuou 0,08% em relação a setembro, mas cresceu 33% na comparação com outubro do ano passado. Foi o segundo melhor desempenho mensal desde maio de 2015, aponta a Abecip, associação das instituições financeiras que atuam no setor.

Foram financiadas em outubro 29,7 mil unidades, um aumento de 9,1% na comparação com setembro e de 28,6% frente a outubro do ano passado. Nos primeiros dez meses de 2019, os financiamentos para aquisição e construção totalizaram R$ 62,3 bilhões, alta de 34%. A poupança acumula captação líquida negativa - ou seja, resgate líquido - de R$ 4,257 bilhões neste ano até outubro.

A Caixa lidera o ranking do setor, com R$ 19,753 bilhões financiados nos dez primeiros meses deste ano. Desse total, R$ 13,769 bilhões foram para a aquisição de imóveis. O Bradesco ficou em segundo lugar, com R$ 10,743 bilhões financiados, e o Itaú Unibanco aparece logo em seguida, com R$ 10,681 bilhões.

 

Dólar alto força nova postura do BC

Depois de uma série de ruídos de comunicação, que serviram de combustível para a disparada do dólar, o Banco Central ajustou o discurso sobre a política cambial e, agora, deixa claro que está pronto para intervir a qualquer sinal de “disfuncionalidade”. A mudança de tom, entretanto, só veio depois de muita pressão no mercado: os investidores reforçaram as compras de dólares na bolsa e zeraram as apostas a favor do real.

Apenas na última terça-feira, os investidores locais compraram US$ 1,8 bilhão via derivativos registrados na B3. O movimento foi tamanho que a posição geral desses “players” foi totalmente revertida. Se, antes, prevaleciam posições favoráveis à queda do dólar, ou “vendidas” no jargão do mercado, agora sobressaem as apostas compradas na moeda americana.

Não à toa, o dólar superou suas máximas históricas no começo da semana, mesmo com duas intervenções do BC em um só dia com venda de dólares no mercado à vista. Logo após o fechamento na terça, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, afirmou, em evento, que voltaria a fazer intervenções se o câmbio estivesse disfuncional - um foco diferente daquele adotado na semana passada quando se concentrou na política monetária e afirmou que o câmbio só preocuparia se afetasse expectativas de inflação.

A nova mensagem - agora mais direcionada a problemas no câmbio - foi reforçada logo na manhã de ontem pelo diretor de política monetária, Bruno Serra Fernandes. “Se o mercado não funcionar adequadamente, vamos intervir de novo”, disse, ressaltando que o BC não defende nível de câmbio. A promessa sobre a intervenção não demorou a ser colocada à prova.

 Ontem, o dólar comercial voltou a subir com força e, na máxima do dia, bateu R$ 4,2711. Em seguida, mais um leilão de venda de dólares pelo BC. A atuação até serviu para reduzir o ímpeto da escalada, mas a cautela segue bastante presente. Mesmo com a terceira intervenção em dois dias, o dólar fechou cotado a R$ 4,2584, em alta de 0,45%. E num sinal de que o tema se mantém no radar, o BC anunciou, após o fechamento do mercado, que ofertará até US$ 1 bilhão em novo leilão hoje.

Para o professor Márcio Garcia, da PUC-RJ, o dólar a R$ 4,27 não é uma anomalia dado o contexto de baixos juros, queda das commodities e frustração com o leilão da cessão onerosa. Ele também nota que, em uma perspectiva de mais longo prazo, o câmbio real não está excessivamente depreciado. “Em 2002, o dólar chegou perto de R$ 7,00, a depender dos deflatores que você usa”, diz.

Apesar disso, Garcia identificou um componente de especulação nos últimos dias, alimentado pela fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o novo paradigma da economia, com juro baixo e câmbio depreciado. Mesmo que o conteúdo da fala do ministro não seja muito diferente do que se conhece, acrescenta, “Guedes deveria, por dever de ofício, saber que não é papel dele fazer comentários do tipo. Quando ele fala, ganha outro peso”, diz.

As operações do BC começaram a ocorrer num momento que diversos fatores jogavam contra o real, inclusive a revisão dos dados da balança de pagamentos e a saída sazonal de recursos do país, o que levou os investidores a se concentrarem na ponta compradora de dólar, diz Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital e ex-diretor do BC. “A intervenção serve para gerar funcionalidade no mercado, que está na alçada do BC.”

Ex-chefe do Departamento de Operações de Mercado Aberto (Demab) do BC, Sergio Goldenstein acredita que este é um momento de a autoridade monetária mostrar força para atenuar a escalada do dólar. “Como há escassez de dólares à vista, o BC está certo em suprir liquidez neste mercado”, diz.

“Se fraquejar, a depreciação da moeda pode ser ainda maior.” O movimento do câmbio começa a levantar dúvidas sobre o ponto final do ciclo de corte de juros. Para alguns profissionais, inclusive, a autoridade monetária deveria ajustar o discurso para reforçar também que não há relação mecânica entre movimento do câmbio e trajetória da Selic.

Um dos poucos gestores a ter uma visão mais conservadora, tanto para a bolsa quanto para o real, Eric Hatisuka, da Rosenberg Investimentos, vê uma contradição do BC em derrubar juros e intervir no câmbio. Para ele, ao optar por afrouxar a política monetária, torna-se ilógico o BC atuar para tentar conter os efeitos do juro baixíssimo no câmbio: a autoridade deveria ter deixado a moeda flutuar. “Ao mandar essa mensagem confusa, eu entendo que o BC desancorou o câmbio. Agora, a moeda vai buscar um novo equilíbrio, mas não sabemos qual”, diz.

 

Ficha do mercado está caindo, diz Pastore

O comportamento volátil do câmbio nos últimos dias, que levou o Banco Central a intervir três vezes no mercado à vista, mostra que, enfim, pode estar caindo a ficha do mercado sobre o novo padrão de comportamento do câmbio no Brasil, avalia o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore. Para o economista, a mensagem trazida pelos números e pelas autoridades é clara: o real não deve se apreciar tão cedo e a tendência, daqui para a frente, é de dólar a “R$ 4,20 para mais”.

 Valor: Como avalia a atuação do Banco Central no câmbio?

Affonso Celso Pastore: Vamos olhar antes o quadro aqui dentro. Existem muitas forças importantes para a depreciação do real. O mundo está desacelerando uma pancada e, há algum tempo, o passivo externo do Brasil vem crescendo. Os preços das commodities caem, o que causa perda nos termos de troca. Só poderia haver valorização do real se houvesse grande ingresso de capital que produzisse um ‘undershoot’ da taxa. Mas o que estamos vendo é saída de capital. O mercado estava enganadíssimo quando achava que a reforma da Previdência ia trazer enxurrada de dólares. Da mesma forma, o mercado entendeu errado a natureza do leilão de excedentes da cessão onerosa, que desestimula a participação de estrangeiros. Então, o Brasil está enfrentando um período de enfraquecimento do real. Agora, por que a cotação dá esses pulos? Porque o mercado fica apostando na valorização da moeda por razões escatológicas.

Valor: Faltou esforço de comunicação por parte das autoridades?

Pastore: Tem um bando de garoto que acha que o mundo é azul e, quando vê o mundo vermelho, quer colocar a culpa em alguém - no Paulo Guedes, no [presidente Jair] Bolsonaro, no Banco Central. Existe um negócio chamado heurística, em que você pega o passado e projeta o futuro. A heurística deles era que o real sempre valorizava porque o Brasil historicamente é receptor de capital. Demoraram para perceber que o mundo hoje é diferente.

Valor: O senhor avalia que o BC agiu corretamente ao intervir?

Pastore: A minha impressão é que as intervenções não são exageradas e não tentam defender um nível. Pelo contrário, estão deixando o mercado funcionar. O que é preciso fazer é evitar o excesso de volatilidade, amenizar esse movimento.

Valor: A volatilidade do câmbio não prejudica as empresas?

Pastore: Depende. Se for uma exportadora que compra tudo em reais, é uma maravilha. Se for uma empresa com dívida lá fora, pode ocorrer o que chamamos de uma depreciação contracionista, porque afeta o seu balanço. Mas também depende da expectativa. Quando o dólar estava a R$ 3,90, tinha gente achando que ia a R$ 3,60 e quem achava que ia para R$ 4,00. Quem tomou a posição errada, não pode culpar o outro. O BC vem falando isso há muito tempo, mas tem gente que quer aprender e tem gente que não quer.

 

Câmbio traz incerteza sobre tamanho de corte da Selic

Com o dólar em níveis recordes ante o real, investidores adotaram um tom mais cauteloso para o ciclo atual de afrouxamento monetário. Apesar de sinais recentes do presidente do Banco Central, Roberto Campos, de que o juro básico deve ter um corte de 0,50 ponto percentual em dezembro, algumas instituições financeiras começam a ver chance de uma redução mais contida, de 0,25 ponto.

Apesar de não ser majoritária, a visão de um corte de 0,25 ponto no mês que vem está alinhada ao movimento de aumento do prêmio de risco no mercado de juros futuros. Ontem, a taxa dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 subiu de 4,75% para 4,77%, enquanto a do contrato para janeiro de 2023 saiu de 5,99% para 6,01%.

No fim da sessão regular de ontem, as taxas embutiam redução de 0,39 ponto na Selic no próximo mês, segundo a Renascença DTVM. No caso da bolsa, o avanço do dólar e dos juros futuros até chegou a pesar sobre a trajetória de alguns papéis, mas a baixa recente de ações de grande peso, como as instituições financeiras, garantiu a demanda na sessão - e o Ibovespa terminou em alta de 0,61%, aos 107.707 pontos.

Para o vice-chefe de estratégia de mercados emergentes da TD Securities, Sacha Tihanyi, o mercado deve reduzir as expectativas de um corte de 0,50 ponto em dezembro, “uma vez que o BC pode estar mais hesitante em reduzir os juros ainda mais no ritmo visto recentemente”. Ele trabalha com cenário de Selic a 4,75% no fim do ano, mas projeta duas reduções adicionais de 0,25 ponto em 2020, o que levaria a Selic a 4,25% em março. Uma avaliação mais cautelosa é adotada pelo BBVA.

Principal economista para mercados emergentes do banco espanhol, Enestor dos Santos afirma que, “pelo que temos visto no câmbio nos últimos dias, a perspectiva de juro a 4,75% se mostra ainda mais forte”. Ele lembra que Campos indicou um corte de 0,50 ponto em dezembro, mas ressalta que “as perspectivas neste momento são piores do que na última reunião do Copom”, o que faria o BC reavaliar o cenário.

Outros economistas, porém, acreditam que a autoridade monetária brasileira deve se guiar em sua orientação dada no Copom de outubro e cortar o juro básico em 0,50 ponto em dezembro, o que levaria a Selic a 4,50% em algumas semanas.

Para o diretor de investimentos da Western Asset, Paulo Clini, a leitura do mercado sobre um fim antecipado do ciclo por causa do câmbio é “um pouco precipitada”. O cenário base da gestora contempla a taxa básica em 4,25% em fevereiro diante da percepção de que o processo de formação de preços, principalmente os que são sensíveis à política monetária, continua bem comportado.

“Nada me diz que o dólar a R$ 4,25 é um nível permanente de câmbio. Parece cedo demais para argumentar que esse patamar veio para ficar. E, mesmo se for permanente, o repasse à inflação é incerto”, diz Clini. Diante de todo o movimento do câmbio e o choque de oferta em preços de proteínas animais, a forma como o BC se comunicará com o mercado será fundamental. O economista-chefe da Vinland, Aurelio Bicalho, reconhece que ficou um pouco mais inseguro com cortes no ano que vem, mesmo que os fundamentos não tenham mudado e amparem queda contínua da Selic.

Segundo ele, o BC não tem deixado clara a mensagem de que o aumento dos preços em proteínas e o salto do dólar são choques de oferta, enquanto os núcleos de inflação - que excluem itens mais voláteis - seguem bem perto do piso da meta de inflação. “Falta reforçar também que não existe relação mecânica entre o movimento do câmbio e os rumos da política monetária.”

 

Estímulo monetário não chega a crédito

As concessões de crédito dessazonalizadas apresentaram em outubro queda generalizada em seus vários segmentos, num sinal de que os estímulos monetários feitos pelo Banco Central (BC) a partir de julho ainda não chegaram às engrenagens da atividade econômica. Por enquanto, os cortes na Selic influenciam apenas as taxas de juros cobradas pelos bancos, que em algumas linhas são as menores da série estatística do BC. As concessões de crédito total tiveram recuo de 1,96% em outubro, ante setembro, nos dados dessazonalizados, segundo a nota de crédito divulgada ontem.

 Já as concessões do crédito livre, mais sensíveis aos estímulos monetários, tiveram recuo de 2,4% no mês. O recuo nas concessões do crédito livre atinge tanto o segmento de pessoas físicas (queda de 0,97%) quanto de pessoas jurídicas (redução de 3,59%). A exceção foi o crédito livre não rotativo (exclui cheque especial e cartão de crédito), que apresentou aumento de 2,62%.

O Itaú também calcula queda das concessões dessazonalizadas. Nas estimativas do banco, o recuo do crédito livre foi de 1,1%, já descontada também a inflação. No caso das pessoas físicas e jurídicas, as contrações foram de 0,5% e 1,8%, respectivamente. O desempenho do mercado de crédito vem sendo acompanhado com especial atenção por membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

O colegiado tem chamado a atenção para o risco de os cortes na taxa básica de juros se transmitirem com mais força para a economia depois com a mudanças recentes no mercado de crédito - com mais crédito livre e de bancos privados, e recuo do crédito direcionado e dos bancos públicos.

Num conceito bastante citado pelos membros do Copom - as concessões acumuladas em 12 meses - houve certa estabilidade no período. No crédito total, elas passaram de 12,5% para 12,7% entre setembro e outubro; no crédito livre, recuaram ligeiramente, de 13,5% para 13,4%. O quadro é distinto entre o crédito livre a empresas, cuja taxa de expansão se desacelerou de 12,2% para 11,5%, e o crédito livre a pessoas físicas, que ganhou impulso, de 14,5% para 14,9%, sempre comparando a variação em 12 meses entre setembro e outubro.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, vem citando em especial a taxa de expansão das concessões acumuladas em 12 meses do crédito livre não rotativo a pessoas físicas. Nesse caso, houve um discreto avanço, de 27,2% par 27,7%, entre setembro e outubro. No mês passado, houve também aceleração do crescimento dos estoques de crédito. O saldo total subiu 0,3% em relação a setembro, para R$ 3,372 trilhões.

No acumulado de 12 meses, a alta foi de 6,3% - expansão mais forte do que os 5,8% registrados até o mês anterior. Além disso, a alta de outubro foi a mais forte nesse tipo de comparação desde dezembro de 2015. O crescimento vem sendo puxado principalmente pelo crédito livre, que teve alta em todos os meses do ano, segundo Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do BC.

Mas as concessões têm uma correlação mais forte com a atividade econômica do que os estoques - esses últimos podem oscilar devido a fatores como variação da cotação do dólar, renegociação de dívidas a incorporação de juros ao principal. Embora ainda não tenha tido um efeito expressivo nas quantidades de crédito, os cortes da taxa Selic estão reduzindo os juros bancários. Em outubro, a taxa de juros média ficou em 23,9%, um recuo de 0,6 ponto em relação ao mês anterior. Além disso, quatro linhas foram no mês passado para as suas mínimas históricas.

São elas: antecipação da fatura do cartão de crédito (11,2%); aquisição de veículos para pessoas jurídicas (12,4%); capital de giro (15,2%); crédito consignado (20,9%). A taxa básica de juros está atualmente em 5%. O BC vem sinalizando mais um corte de 0,5 ponto para a próxima reunião do Copom, que será realizada na segunda semana de dezembro.

Historicamente, a resposta do crédito à política monetária está dentro do padrão. Um box do Relatório de Inflação de março de 2018 mostra que os juros bancários começam a reagir um ou dois meses depois de o BC começar o ciclo de baixa da Selic. Já as concessões apresentam crescimento entre seis e oito meses depois.

 

Dólar tem nova alta e bate R$ 4,25

O dólar comercial voltou a subir nesta quarta-feira, influenciado por um comportamento mais amplo da moeda americana no exterior após dados melhores que o esperado dos Estados Unidos e também pelo ambiente conturbado da América Latina, que continua penalizando as divisas da região. A alta poderia ser maior caso não fosse uma nova intervenção do Banco Central no mercado à vista.

Anunciado no início da tarde, o leilão rapidamente fez o dólar perder os R$ 4,27 e passar a operar em um patamar menor, onde permaneceu durante o resto do pregão até encerrar em R$ 4,2584, alta de 0,45%. Como no pregão de ontem, o nível representa uma nova máxima histórica do Plano Real.

Lá fora, o dia foi de dólar forte após a divulgação do PIB dos EUA no terceiro trimestre, que cresceu 2,1% na base anual, superando a expectativa de 1,9% dos economistas.

Houve também surpresa para cima nos dados de encomendas de bens duráveis, que cresceram 0,6% na margem em outubro, contra projeção de -1,0%.

Os indicadores reforçam a ideia de que os EUA continua com uma economia saudável, o que dá força à moeda americana, que avançou contra 24 das 33 divisas mais líquidas do mundo. O destaque do pregão, como em outros dias do mês, voltou a ser as moedas latinoamericanas.

No horário de fechamento, o dólar operava em alta de 2,47% contra o peso chileno e 0,84% ante o peso colombiano. Ambos os países vivem um conturbado momento político. Embora o real não tenha sido destaque negativo entre as moedas globais, a intervenção do BC demonstrou o empenho da autoridade monetária em se fazer presente no mercado.

Entre terça e quarta-feira, dois dirigentes, o presidente Roberto Campos e o diretor de política monetária, Bruno Serra, reiteraram que a instituição poderia voltar a intervir caso houve sinal de disfuncionalidade. “Se o mercado não funcionar adequadamente - seja com 'gap' ou falta de liquidez – vamos intervir de novo", disse Serra mais cedo, em evento em São Paulo. Serra disse ainda que o BC não persegue um nível de câmbio e que as intervenções de ontem se deram porque se observou que o mercado não estava funcional, especulando em cima de "highlights e declarações, não necessariamente com fundamento".

Ainda assim, o fato de que a autoridade monetária ter entrado novamente em R$ 4,27, patamar que coincide com aquele em que foram anunciados os dois certames de ontem, o que passa a sensação de que esse pode ser um 'teto informal' para o dólar, diz um participante do mercado.

 

 ‘Desestatização dará fôlego à economia', diz banqueiro

À frente do banco de investimentos BR Partners, o banqueiro Ricardo Lacerda vê o programa de privatizações do governo como um dos pilares importantes para a retomada da economia daqui para frente. O banco, que liderou este ano importantes operações de fusões e aquisições – assessorou a Copagaz e o Itaúsa na compra da Liquigás, divisão de gás de cozinha da Petrobrás; o Pão de Açúcar na venda da Via Varejo; e reestruturação societária da varejista Casino, dona do GPA, na América Latina –, projeta crescimento do PIB de até 2,5% em 2020. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como o sr. avalia os 11 meses do governo de Jair Bolsonaro?

O saldo do primeiro ano de governo é muito positivo, tirando toda essa discussão política e polêmicas à parte. No sentido de ter nomeado ministros técnicos comprometidos com a recuperação da economia e redução tamanho do Estado, a gente já começa a sentir claramente uma recuperação da economia neste fim de ano e que deve se acelerar no ano que vem. Há um programa de desinvestimentos das estatais em curso. São coisas que não se colocam de pé da noite para o dia, mas vão gerar crescimento muito grande e atração de capital muito positiva.

O que o sr. vê, de fato, de saldo positivo na economia?

A aprovação da Previdência, que tira o risco de insolvência do País e traz de volta conforto para que sejam feitos os investimentos. Há medidas mais efêmeras no sentido de melhorar o consumo, como a liberação de parte do FGTS, simplificações de questões tributárias e burocráticas, que animam mais os negócios. O efeito da mudança da legislação trabalhista também dá um pouco mais de conforto para as empresas voltarem a contratar e a redução brutal de juros como nunca vimos, que certamente está injetando dinheiro na economia. Veremos a economia andar em função disso tudo.

A confiança dos empresários está melhorando?

Sim, mas num ritmo menor do que a gente imaginava. Temos uma equipe comprometida com uma agenda totalmente liberal. Obviamente, há uma agenda política ainda muito volátil e uma retomada um pouco mais lenta do que se esperava. Isso faz com que a retomada da confiança do empresário seja um pouco mais lenta.

Os investimentos para expansão vão para quais setores?

Há interesse por expandir investimentos nas áreas logísticas e de infraestrutura. Na parte industrial, ainda não há interesse pela grande capacidade ociosa. Por isso, é importante a agenda de desestatização porque ela vai dar um grande fôlego para a economia.

Mas as privatizações são suficientes para dar esse fôlego?

Se você avaliar as grandes empresas e setores, como saneamento e energia, ainda há assuntos regulatórios para serem destravados. Agora acho que o único ponto que o governo está errando é subestimar o impacto negativo da volatilidade do câmbio na percepção do investidor estrangeiro que quer vir para o Brasil.

Como isso pode atrapalhar os negócios?

O retorno do investidor estrangeiro depende do ponto de entrada que ele vai ter no câmbio. Como ele não tem um caráter especulativo de curto prazo, esse investidor tende a se retrair até que as coisas se estabilizem um pouco mais. Acredito na tese do governo de que, com a aceleração das privatizações, vai entrar dinheiro e o câmbio volta (a cair). Agora existe o risco de acontecer o contrário: uma vez que a volatilidade está alta, pode diminuir o interesse do capital estrangeiro para esse programa.

O que falta para a expansão da economia?

Muita coisa. Sou otimista em relação à retomada do crescimento de 2% a 2,5%, mas cético acima disso por um período consistente. Há muita reforma para ser aprovada. O Brasil acaba sofrendo os efeitos negativos estruturais de ter uma economia engessada, questão tributária complexa, tamanho do Estado ainda grande.

A BR Partners está completando dez anos. Qual seu balanço?

Este foi o nosso melhor ano. Ganhos participação de mercado, nossa receita vai crescer mais de 50% (prevista para R$ 250 milhões) e nosso lucro aumentará. Estamos liderando até o momento o ranking de fusões e aquisições. O resumo que faço é que empreender no Brasil é coisa de maluco.

 

Governo permite que financiamentos imobiliários façam portabilidade para pagar juros menores

O governo liberou nesta quarta-feira, 27, por meio de resolução, a portabilidade do crédito imobiliário que está fora do SFH. A partir de abril de 2020, quem possui um financiamento deste tipo poderá migrar para o SFH, desde que cumpra as exigências do sistema. Na prática, será possível ter acesso a um crédito imobiliário mais barato e até mesmo utilizar o FGTS para abater o saldo devedor.   

Atualmente, quem financia imóvel pelo SFH paga uma taxa de juros fixa, cujo limite é de 12% ao ano, mais a taxa referencial (TR) ou o IPCA, que funcionam como indexadores. Os dados mais recentes do Banco Central, relativos a outubro, mostraram que a taxa média de juros cobrada em financiamentos imobiliários a taxas de mercado (fora do SFH) são de 10,3% ao ano. Entre as taxas reguladas, o juro médio é de 9,6% ao ano.

O SFH possui um custo mais baixo por utilizar recursos da caderneta de poupança e do FGTS. Além disso, o sistema possui limites para o juro cobrado e para o valor do imóvel a ser adquirido – hoje de até R$ 1,5 milhão, dependendo da região do País.

A resolução de hoje do Conselho Monetário Nacional (CMN) permitirá que um imóvel atualmente financiado fora do SFH possa migrar para o sistema se obedecer aos seus parâmetros. Com isso, o mutuário poderá, por exemplo, passar a pagar juros menores e até mesmo usar o FGTS para abater o saldo devedor.

O BC não estimou o volume de financiamentos que pode migrar de uma modalidade para outra, mas indicou que pode ser vantajoso para os mutuários fazer a portabilidade. É possível que os bancos passem a concorrer entre si por estes contratos imobiliários. 

Nos últimos anos, os valores limites de imóveis adquiridos pelo SFH tiveram trajetória de alta. Um mutuário que fechou financiamento de imóvel de R$ 1 milhão em junho de 2018, por exemplo, não conseguiu se enquadrar no SFH, porque o limite na época era de R$ 950 mil. Em julho de 2018, este teto foi ampliado pelo CMN para R$ 1,5 milhão. Assim, o mutuário do exemplo poderá, com a resolução de hoje do CMN, tentar fazer a portabilidade de seu crédito para o SFH a partir de abril de 2020, tendo acesso a condições mais vantajosas.

“O imóvel estava desenquadrado antes no SFH e, com a ampliação dos limites, ele pode passar a ser enquadrado. Então será possível fazer a migração”, confirmou hoje o diretor de Regulação do BC, Otavio Damaso, durante coletiva de imprensa. “A expectativa é de que a portabilidade do crédito imobiliário ocorra”, afirmou.

 

 

 

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