Segunda-feira

ESTADÃO

Governo projeta 44 leilões para 2020, incluindo a rodovia Presidente Dutra, entre SP e RJ

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta sexta-feira, 13, que o governo deve realizar entre 40 e 44 leilões de infraestrutura em 2020. Segundo ele, serão duas ferrovias, sete rodovias, 22 aeroportos e vários terminais portuários. O ministro disse que essas concessões devem render R$ 100 bilhões em investimentos nos próximos anos.

Em 2019, segundo o ministro, o governo realizou 27 licitações. Foram 13 terminais portuários, um trecho da Ferrovia Norte-Sul, as rodovias BR-364 e 365 e 12 aeroportos. A pasta aprovou ainda a prorrogação antecipada da malha paulista para a Rumo.

De acordo com o ministro, o maior projeto que será leiloado pelo governo no ano que vem será a rodovia Presidente Dutra, trecho da BR-116 entre São Paulo e Rio de Janeiro.  A concessão da Dutra vence em 2021. O trecho  foi concedido em 1995, durante a gestão FHC, por 25 anos, e será licitado no ano que vem. “O contrato da Nova Dutra expira em 2021 e foi cumprido. Em 2020, faremos um período de transição adequado. Acho que conseguimos passar confiança ao investidor”, afirmou o ministro.

Segundo ele, o projeto foi estruturado a quatro mãos, pelo Banco Mundial e pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL), e terá "investimentos relevantes".  “A preocupação não é com arrecadação”, disse o ministro, em referência à outorga (taxa que será cobrada no leilão). Na semana que vem, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) deve abrir consulta pública sobre o projeto.

Outro projeto que deve ser concedido em breve é o da BR-163, que agora está completamente asfaltada – o último trecho de 51 km foi entregue no fim de novembro. Segundo ele, não haverá mais atoleiros nem filas de caminhões, como as vistas no carnaval deste ano. A documentação deve ser enviada ao Tribunal de Contas da União (TCU) em breve.

O ministro destacou também a concessão da BR-116, no trecho entre Rio e Teresópolis, também licitado em 1995 e prestes a vencer. Segundo ele, o Arco Metropolitano do Rio será incorporado a esse projeto.

BR do Mar

Tarcísio afirmou que o programa “BR do Mar” deve sair no próximo ano. Com isso, o ministro sinaliza que o programa deve ser enviado ao Congresso apenas em 2020. Havia uma expectativa de que o projeto, que busca impulsionar o transporte de cabotagem (transporte de cargas ao longo da costa brasileira), fosse apresentado ainda neste ano.

Como mostrou o Estado nesta segunda-feira, o governo apelou ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para tirar o “BR do Mar” do papel. O apoio viria da concordância de São Paulo em reduzir a zero a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do combustível para navios de cabotagem - o bunker -, que hoje é de 12%.

Outro foco importante do programa é flexibilizar a política de afretamento das embarcações para cabotagem. Como mostrou recentemente o Estadão/Broadcast, a pasta deve exigir no programa a existência de lastro em embarcação brasileira para que a empresa possa operar com navios estrangeiros (afretar), sem suspensão da bandeira - mantendo a ideia original do projeto que gerou resistência por parte do Ministério da Economia.

De acordo com dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), 162,9 milhões de toneladas foram transportadas em 2018 por meio da cabotagem, um aumento de 4,1% em relação a 2017. Atualmente, o modal responde por 11% do mercado de transporte de cargas.

 

Empresas farão prédios acessíveis e ‘inteligentes’ em São Paulo

O grupo britânico Planet, em parceria com a construtora paulista InLoop, iniciará em 2020 a construção de “prédios inteligentes e sociais” nos bairros de Bela Vista, Freguesia do Ó, Itaquera e Jabaquara. Segundo a presidente da Planet no Brasil, Susanna Marchionni, serão ao todo 2,5 mil apartamentos a preços de até R$ 300 mil com facilidades como internet grátis para a comunicação dos moradores via aplicativo, energia solar, horta e biblioteca.

Como é a atuação da Planet?

Somos uma empresa de referência mundial no conceito de moradia inteligente a preços acessíveis. Já temos um projeto pronto no Ceará, um condomínio com 260 casas inaugurado no ano passado. Já foram vendidas 50 unidades a partir de R$ 98 mil. Também temos um projeto similar em andamento em Natal (RN).

Como é o projeto de São Paulo?

Será vertical, com prédios de 18 andares na Bela Vista, Freguesia do Ó, Itaquera e Jabaquara. Serão 2,5 mil apartamentos com tamanhos de 26 a 35 m² voltados especialmente para jovens e estudantes que moram sozinhos e de 55 m² para famílias. O mais caro vai custar R$ 300 mil e temos parceria com a Caixa para a venda.

Tem semelhança com o “Minha Casa Minha Vida”?

O diferencial é que trabalhamos com material de qualidade e adotamos sistema que oferece uma série de serviços e facilidades como sensores e medidores inteligentes, aplicativo gratuito, horta, gestor social, biblioteca, cozinha compartilhada, espaço para cursos gratuitos e pulseiras para rastreamento de crianças. Na academia haverá sistema de energia simétrica em que o uso do equipamento vai gerar a energia local.

Como se consegue custo abaixo do mercado?

Trabalhamos com a tecnologia BIM (Building Information Modeling), em que tudo é desenvolvido digitalmente. Nosso conceito integra inovação na arquitetura, planejamento urbanístico, tecnologia, sustentabilidade e engajamento social. Temos um centro de competência na Itália com projetos que podem ser adotados em qualquer parte. Também tem a questão da economia de escala.

De quanto será o investimento?

Não posso dizer ainda, mas projetamos que as vendas dos imóveis vão gerar R$ 500 milhões.

Como é a parceria com a InLoop?

É de 50% para cada grupo. Já compramos as áreas para os condomínios e a primeira torre ficará pronta até 22 meses após o início das obra.

 

VALOR

Aceleração da atividade econômica deve perder velocidade no fim do ano

A economia iniciou o quarto trimestre indicando, na linha do que esperam economistas, que a atividade deve se acelerar no último período do ano, impulsionada pelo consumo. Apesar disso, a percepção é de que novembro será um mês de acomodações, com provável queda da indústria e, eventualmente, dos serviços. Na semana passada, o Banco Central informou que seu indicador de atividade econômica (IBC-Br) avançou 0,17% em outubro, ante o mês anterior, quando subiu 0,47%.

Apesar da desaceleração, analistas destacam que a tendência de retomada gradual continua. A MCM Consultores observa em relatório que a média móvel de três meses acelerou de 0,2% para 0,3% na passagem de setembro para outubro, o sexto mês seguido em terreno positivo. O último IBC-Br foi influenciado pelas altas de 0,8% na produção industrial, mesmo número observado em serviços e no varejo ampliado (inclui vendas de veículos e de material de construção). “É um indicador que confirma a manutenção do ritmo de crescimento no início do trimestre”, afirma Rodrigo Nishida, da LCA Consultores.

Para novembro, a LCA prevê queda mensal de 0,1% no IBC-Br. “Provavelmente, deve ter certa acomodação, com números um pouco menos expressivos”, diz Nishida. A conta considera retração de 0,7% na indústria e de 0,1% nos serviços. O varejo ampliado, por sua vez, subiria 0,5%. “Olhando para a indústria, vemos alguns indicadores fracos, com destaque para a produção automobilística, que teve queda relevante, muito por causa do acúmulo de estoques a partir da demanda externa mais baixa”, diz o economista, em referência à crise na Argentina.

A produção de carros e comerciais leves, medida pela Anfavea, caiu 11,27% em novembro, ante outubro, na série dessazonalida pela LCA. “Isso teve impacto em novembro e deve continuar afetando a indústria em dezembro”, afirma. Nishida destaca ainda o fluxo de veículos pesados nas estradas, que caiu 0,61% no mês. “Outro setor que ajudou a indústria em outubro e que não deve ser tão bom é o de moagem de cana-de-açúcar, o que gera reflexo na produção de alimentos e biocombustíveis.”

Para o varejo, a perspectiva de novembro e do quarto trimestre em geral é positiva, refletindo fatores pontuais, como a Black Friday e a liberação do FGTS, e outros mais estruturais. Com a taxa de juros em níveis baixos, Flávio Serrano, economista-chefe do banco Haitong, destaca o aumento da demanda por crédito. “A oferta também cresce, mas ainda com limitações, porque alguns bancos podem estar restritivos diante do desemprego”, diz Serrano. A perspectiva, segundo ele, é que o trabalho com registro e a massa salarial avancem em 2020.

Destacando o crédito privado ao consumo e o investimento como motores da recuperação, o Itaú Unibanco elevou sua estimativa de alta do PIB em 2019 de 1% para 1,2%. Para 2020, manteve em 2,2% e, para 2021, apresentou, pela primeira vez sua previsão: 3%. “A expansão das concessões de crédito privado acima de 10% em termos reais é necessária para o PIB crescer acima de 2%, uma vez que não há mais expansão do gasto/crédito público (devido à restrição fiscal) e o baixo crescimento global reduz o crescimento das exportações.”

A MCM também elevou suas projeções de 1,1% para 1,3% em 2019 e de 2,2% para 2,3% em 2020, citando afrouxamento monetário e ampliação das condições financeira como fatores pró-recuperação. A consultoria observa porém, que deve haver acomodação do consumo no primeiro trimestre do próximo ano, passado o choque do FGTS. Por outro lado, esperam-se sinais mais nítidos de reativação do investimento.

 

FOLHA

Queda de juros para o consumidor pode ter chegado ao limite, dizem especialistas

A redução dos juros para o consumidor final pode estar chegando ao limite, afirmam especialistas.

Na avaliação de quem acompanha o setor financeiro, ainda que a inflação permaneça sob controle e abra espaço para o repasse da queda da Selic em linhas de curto prazo, a sinalização de que o ciclo de cortes da taxa básica possa estar no fim diminui a possibilidade de redução nas taxas para o tomador de crédito ao longo de 2020.

O professor da Saint Paul Escola de Negócios, Maurício Godoi, lembra que os grandes bancos têm feito reduções parciais das taxas de juros no crédito com a premissa de acompanhar as quedas da Selic promovidas pelo Banco Central.

“Mas é preciso ter em mente que a maioria das operações de crédito visa o médio e longo prazos e, quando olhamos as curvas futuras de juros, a Selic já se encontra em patamares mais elevados. Tudo isso entra na precificação desses empréstimos”, afirma.

Na quarta-feira (11), o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) divulgou que decidiu por um novo corte da Selic, de 5% para 4,5% ao ano. Pouco tempo após a decisão do BC, Caixa Econômica Federal e Itaú Unibanco informaram que reduziram taxas em linhas respectivas de crédito.

O Itaú afirmou que fez o repasse do corte de 0,5 ponto percentual para a linha de empréstimo pessoal para pessoas físicas e para a modalidade de capital de giro aos seus clientes corporativos.

Já a Caixa anunciou redução em três linhas de crédito. Em geral, a redução é maior conforme o cliente tem mais relacionamento com o banco, ou seja, contrata mais produtos.

A taxa mínima fixa do crédito imobiliário da Caixa passou de 6,75% ao ano mais a TR (Taxa Referencial, hoje zerada) para 6,5% ao ano mais TR.

A redução é tanto para o SFH (Sistema Financeiro de Habitação) quanto para o SFI (Sistema Financeiro Imobiliário), mas a linha só vale para o cliente que optar por receber os vencimentos do crédito na instituição financeira e que mantiver relacionamento com a Caixa.

Já em relação aos produtos de crédito pessoal, o banco estatal reduziu as taxas do cheque especial de 8,99% ao mês para 8% ao mês para os clientes que não optarem pelo pacote de relacionamento, e de 4,99% ao mês para 4,95% ao mês para aqueles que decidirem receber seu salário na instituição.

Para Rodolfo Leandro de Olivo, professor de economia da Fundação Instituto de Administração, há algum espaço para que os juros também se reduzam nos demais bancos, principalmente porque, segundo ele, há um atraso no repasse dessa queda da Selic na grande maioria das vezes.

Para o professor, são três os fatores que colaboram para que novas quedas ocorram na ponta consumidora.

“Primeiro, é a pressão que o governo tem feito para incentivo à retomada do consumo e da economia, situação que passa um crédito mais acessível. Segundo, que o spread [diferença entre a taxa de captação e a de empréstimos] dos bancos ainda é muito grande e tem muito espaço para recuar. Terceiro, por fim, é a maior concorrência trazida pelas fintechs, que também começa a chamar a atenção”, disse Olivo.

Dados do Banco Central apontam que os spreads médios totais do mercado estavam em 19,2 pontos percentuais em outubro deste ano —no mesmo mês do ano passado, estavam em 17,9 pontos percentuais.

Segundo Godoi, a redução dos juros feita pela Caixa é uma das ações feitas pelo governo para aquecer a economia, que são eles: mercado de crédito, operações de open market (quando o BC compra ou vende títulos de dívida pública a bancos comerciais) e depósitos compulsórios.

“O problema é que esses instrumentos não estão funcionando no Brasil, e, aliás, foi por isso que o governo decidiu liberar o FGTS. Por isso a redução da Selic e os reflexos nos juros [da ponta consumidora] para incentivar a liberação do crédito”, disse.

Para ele, o que impede um repasse mais significativo das quedas dos juros é o fato de que o brasileiro tem dificuldade em tomar crédito.

“Muitos acabam usando linhas emergenciais e rotativos e entram em uma dívida surreal. Por isso também há um foco massivo em educação financeira. Enquanto o brasileiro não souber tomar crédito, é difícil reduzir muito mais os juros na ponta”, afirmou.

 

Lançado há um ano, título do setor imobiliário atinge estoque de R$ 10 bi

As LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas) atingiram um estoque de R$ 10 bilhões um ano após o início da emissão do título, segundo a B3. O crescimento é mais acelerado do que outros instrumentos no setor, como a LCI (Letras de Crédito Imobiliário), que levou quatro anos para alcançar o mesmo patamar.

 

Citi vê aceleração da economia brasileira e cita cenário externo e reformas como riscos

O economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, projeta uma aceleração do crescimento da economia brasileira de 1,1% neste ano para 2,2% no próximo, puxada pelo consumo, mas também com contribuição importante dos investimentos.

Para a instituição, que divulgou suas projeções nesta sexta-feira (13), uma desaceleração da economia mundial e a acomodação do Brasil em relação às reformas econômicas estão entre os principais riscos para confirmação desse cenário.

A equipe global do Citi não trabalha com a hipótese de escalada da guerra comercial entre EUA e China no ano das eleições presidenciais americanas e estima que o crescimento da economia mundial deve passar de 2,6% neste ano para 2,7% no próximo.

Nesta sexta, os EUA anunciaram o fechamento da "fase 1" do acordo comercial com a China.

“Os ventos contrários vindos de fora podem ser amenizados no próximo ano. Uma escalada na guerra comercial seria o maior risco para esse cenário”, afirma Porto.

Em relação às questões internas, ele cita o risco de Executivo e Legislativo se acomodarem diante da melhora dos indicadores econômicos e não seguirem com as reformas, embora avalie que a PEC Emergencial e a MP do Emprego Verde Amarelo são as duas propostas com maiores chances de aprovação em 2020.

“Uma preocupação que eu tenho é com complacência política. Avaliar que, dado que está tudo bem, não precisa mais fazer reformas. A reforma da Previdência não é suficiente, são necessárias novas medidas de ajuste fiscal. Espero que no primeiro semestre a gente tenha mais reformas”, diz o economista.

Porto cita também a necessidade de monitorar o processo de endividamento das famílias. A diferença entre um consumo avançando a um ritmo de quase 3% e uma massa salarial em cerca de 2% tem sido coberta por meio do crédito às famílias.

“Existe espaço para que o comprometimento de renda não seja uma restrição [ao crescimento do consumo] ao longo de 2020, mas é algo que depende da velocidade de melhora do mercado de trabalho”, afirma.

A projeção de câmbio da instituição é de R$ 4,05 no final deste ano e R$ 3,95 no próximo. Embora espere mais pressão sobre a inflação em dezembro, por causa do preço da carne, o Citi diz que o choque é temporário e que o índice de preços deve terminar 2020 abaixo do centro da meta pelo quarto ano seguido, em 3,8%, para uma meta de 4%.

Para a taxa Selic, o banco mudou a projeção de 4% para 4,5% no final de 2020, ou seja, manutenção do nível atual, após a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) desta semana.

De acordo com o economista, a recuperação da economia brasileira é baseada atualmente em apenas um instrumento, a política monetária, que tem agido sobre os canais do consumo e do investimento.

Porto estima crescimento de 2,9% no consumo das famílias e mais de 4% no investimento no próximo ano. Ele afirma que, mesmo sem o incentivo do FGTS, o crescimento anualizado da economia está próximo de 2%.

“A demanda doméstica dá sinais cada vez mais claros de que está ganhando tração, principalmente pelos componentes consumo e investimento. É de se esperar que o investimento seja um segundo ‘drive’ que se juntou ao consumo das famílias para impulsionar um crescimento mais forte.”

 

ESTADÃO

'O mais importante hoje é persistência nas reformas'

O crescimento sustentável da economia depende da persistência do governo e da sociedade no programa de reformas, segundo o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn. “A ansiedade, que tem pipocado no mundo, pode nos levar ao maior risco, que é não insistir no caminho que começa a dar resultados”, diz. O economista, hoje presidente do conselho do Credit Suisse, afirma estar otimista, pois vários obstáculos, como a taxa de juros elevada, já foram retirados do caminho. “Conforme crescermos 2,5%, pode haver um estímulo para as mudanças continuarem.” Sobre a insatisfação no Chile – país que já passou pelo processo de reformas que o Brasil atravessa agora –, Ilan destaca que se trata de uma falta de perspectivas. “O Chile crescia 5% e vai crescer 0%. Para eles, o mundo para frente é pior. No nosso caso, começamos a oferecer um futuro melhor.” A seguir, trechos da entrevista.

Como o sr. avaliou a decisão do BC de pôr um teto na taxa de juros do cheque especial?

O BC tem tido um esforço de monitorar os produtos. Dois produtos são mais emergenciais: o cheque especial e o cartão de crédito rotativo. Todos desejam um sistema mais competitivo, que deixe o consumidor satisfeito. As medidas vão nesse sentido. No caso do cheque especial, tem de ficar claro que é a exceção da exceção.

Era necessário intervir?

Os governos intervêm quando há alguma distorção. É natural, não é muito diferente em outros lugares.

Essa alta do PIB que começa a se consolidar é sustentável?

O motor (gastos do governo) que puxava a economia se esgotou pela falta de financiamento e a sociedade precisou mudar esse motor para o setor privado. A economia tem mecanismos naturais de transferir a força de um motor para outro. Se a política fiscal fica menos expansionista, não precisa que o juro seja tão elevado, e ele cai naturalmente. Isso (juros baixos) é a primeira coisa a estimular a economia. Provavelmente, no próximo ano, teremos um crescimento de 2,5%. É um crescimento mais sustentável porque é baseado no setor privado. Um crescimento de 2,5% puxado pelo setor privado equivale quase a 4% do que se tinha antes, quando o governo contribuía positivamente.

Esses 2,5% são bons diante do que vivemos nos últimos anos, mas, para um país com tanta carência, o número ainda é baixo. Como aumentar a velocidade?

O que levou a aprovação da reforma da Previdência foi a percepção de que ela era necessária para consolidar o fiscal, para se ter taxa de juros menor e voltarmos a crescer. O País voltou a crescer, mas ficou em 2,5% (anualizado). Talvez isso leve a uma discussão de que temos de fazer mais, como reformas tributária e administrativa. Tenho a impressão de que, conforme crescermos 2,5% e o desemprego cair, pode haver um estímulo para as mudanças continuarem. Crescer mais vai depender da capacidade de tirar obstáculos. Tenho uma visão positiva. A gente já galgou dívida externa, hiperinflação, crises cambiais, juros altos. Se fizermos as reformas mais rápido, talvez consigamos acelerar.

Havia uma expectativa de que, com a reforma da Previdência, viria investimento estrangeiro, o que ajudaria no crescimento. Isso ainda não se concretizou. Como reverter o quadro?

Outras economias do mundo estão desacelerando. Se o Brasil mostrar que está recuperando o crescimento, numa agenda de reformas, pode chamar atenção e o investimento, vir. De fato, a recuperação do crescimento, que é modesta, veio sem dinheiro estrangeiro. Tudo foi realocação de renda fixa para ativos reais e de política fiscal para política monetária. Atrair investimento vai depender de a gente conseguir ter – o que acho a palavra mais importante hoje – persistência. Se você persistir nas reformas, vai chegar lá. Às vezes, a ansiedade, que tem pipocado no mundo, pode nos levar ao maior risco, que é não insistir no caminho que começa a dar resultados. Quando a gente fala em insistir nas reformas, parece que tem pouca coisa, mas é uma agenda para muito tempo. Tanto é que elas entram em uma fila: previdenciária, depois administrativa e tributária.

As revoltas nos países vizinhos e a saída do ex-presidente Lula da prisão teriam levado o governo a não enviar a reforma administrativa para o Congresso. O sr. vê riscos a essa persistência por causa do cenário político?

Há mais conflitos no mundo. O investidor olha para isso e fica mais receoso com o mundo todo, não só com o Brasil. Mas, se conseguirmos mostrar que estamos em uma direção diferente, seremos capazes de andar, mesmo que não na velocidade em que gostaríamos. Tenho a impressão, e aí não sou um especialista político, de que, quando você mostra um futuro melhor do que o presente, isso gera boa vontade.

A agenda de reformas copia o exemplo liberal do Chile. Com os protestos, veio a discussão de quão eficiente elas foram para melhorar a vida da população. O que fazer para garantir que o crescimento alcance todos?

O Chile é o país com maior renda per capita da América Latina e também o que mais reduziu a pobreza. Ele teve ganhos de distribuição de renda. O que acontece é que se quer mais que isso. O Chile crescia 5% e vai crescer 0%. Para eles, o mundo para frente é pior do que o passado. No nosso caso, temos distribuição de renda e renda per capita piores, mas tenho a impressão de que começamos a oferecer um futuro melhor do que o passado.

Para o economista Paulo Leme, colunista do ‘Estado’, o Brasil precisa se blindar do risco de contágio da crise da América Latina, acelerando crescimento e equilibrando velocidade das reformas com alguma medida social. O governo deve fazer algo?

O que estamos falando aqui – oferecer um futuro melhor que o presente – já é uma forma de se proteger. As coisas têm de caminhar juntas: uma agenda de reformas que permita o crescimento e que tire distorções que são vistas como injustas. Não são necessariamente coisas incompatíveis. Saneamento, por exemplo: tem algo mais claro do que fazer uma lei que permita o investimento e que vai dar saneamento básico à população?

 

O GLOBO

Economia melhora e puxa o desempenho de papéis de varejo e construção

O fim de 2019 surpreendeu positivamente os economistas. O PIB do terceiro trimestre veio acima das expectativas, a produção industrial segue em trajetória de alta e as agências de risco têm melhorado as perspectivas sobre o país. Com a atividade econômica mais forte, empresas na Bolsa dos setores de infraestrutura e varejo estão se beneficiando desta melhora no ambiente doméstico.

Além dos resultados econômicos mais robustos neste fim de ano, a projeção é que o país cresça mais e de forma mais sustentada de 2020 em diante. A previsão é que o PIB avance na faixa de 2% no ano que vem. Essa expectativa contribui tanto para atrair investidores estrangeiros quanto para uma maior entrada de investidores domésticos na renda variável, principalmente após os juros renovarem a mínima histórica, de 4,5% ao ano.

— Em 2020, os indicadores apontam que a agenda econômica será mais forte e consistente do que neste ano. Assim, o mercado de renda variável pode avançar mais — avalia Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. — Dentro do varejo, que é um setor que pode ter desempenho melhor ainda no próximo ano, Renner e Magazine Luiza são dois papéis que chamam atenção.

A avaliação do analista da Ativa é que o governo já tomou medidas para estimular a economia, como saque de contas ativas e inativas do FGTS e décimo terceiro salário para o Bolsa Família. Ele espera que outras medidas sejam tomadas nessa direção.

Luis Sales, analista da Guide Investimentos, também vê grande potencial no setor de varejo, em especial no digital, como a loja de itens esportivos Centauro:

— A retomada da economia com o consequente aumento do consumo e uma Selic na mínima histórica contribuem para que o setor proporcione bons ganhos em 2020.

Impacto disseminado

No caso da construção, as perspectivas positivas estão fortemente atreladas à queda dos juros e à melhora, mesmo que tímida, do emprego. As boas avaliações são tanto para as empresas ligadas à parte estrutural da construção dos empreendimentos quanto das empresas que fornecem insumos para as obras.

— Com juros baixos e pessoas mais seguras nos empregos, cria-se uma atmosfera mais positiva para tomar crédito para a compra de um imóvel — destaca Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos. — Com o setor de construção aquecido, espera-se que as siderúrgicas, que fornecem insumo para o setor, também sejam beneficiadas.

Na carteira recomendada para 2020 da Genial, aparecem a Cyrela (incorporadora e construtora) e a Gerdau (siderúrgica).

Na avaliação de Rafael Antunes, sócio da Inove Investimentos, o setor industrial também tem grandes chances de ter bons desempenhos no próximo ano, também por causa das perspectiva de um crescimento da economia brasileira.

— A indústria ficou muito retraída nos últimos quatro anos. Com a recuperação da economia, a engrenagem tende a andar. Assim, setores de geração de energia também tendem a surfar na onda de ganhos para 2020 — diz Antunes, com base em relatórios da XP.

Na carteira recomendada da corretora para o próximo ano, aparece a Copel (energia elétrica) e EcoRodovias (infraestrutura).

Além dos números do fim de 2019 que indicam que o Brasil pode ter um crescimento maior no próximo ano, também segue no radar o andamento do pacote de privatizações e concessões, além da gestão focada em resultados das empresas que não serão vendidas.

— Os projetos de privatização de estatais e a gestão eficiente, buscando os ativos estratégicos e reduzindo os custos, contribuem para que as empresas públicas também sejam vistas com boas perspectivas para o próximo ano — destaca Sales, da Guide.

Demanda externa

Entre as empresas listadas na carteira recomendada da Guide para 2020 está o Banco do Brasil e a Petrobras.

Arbetman, da Ativa, também acredita que os papéis da Petrobras podem surpreender positivamente no próximo ano:

— O plano de venda de ativos que não são estratégicos, a gestão focada em redução de custos e o foco no aumento da produção de petróleo em campos do pré-sal são fatores que, somados, contribuem para que a companhia tenha bom desempenho no próximo ano.

Além das perspectivas mais favoráveis para a economia brasileira, a redução de tensões no cenário global também deve contribuir para que os papéis de exportadoras apresentem bons resultados em 2020.

— Um acordo comercial entre EUA e China aumenta o comércio global e diminui a aversão a risco de forma geral. Essa situação tem efeito positivo para que as exportadoras, principalmente as de commodities como petróleo e minério de ferro, tenham um bom desempenho no próximo ano — diz Leandro Miranda, diretor executivo do Bradesco e responsável pela corretora Ágora. — Temos acompanhado pessoas físicas buscando investimentos em renda variável, e o estrangeiro que saiu do Brasil durante 2019 agora está indicando que deve voltar com vigor já no começo de 2020.

 

 

 

 

 

 

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