Sexta-feira

VALOR

BC melhora projeções para crescimento da economia neste ano e em2020

O Banco Central (BC) revisou sua projeção para o crescimento da economia brasileira em 2019 para 1,2% no Relatório de Inflação (RI) de dezembro, divulgado nesta quinta-feira. No documento anterior, de setembro, a estimativa era de expansão de 0,9% no período. A autoridade monetária também melhorou a expectativa para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, de 1,8% para 2,2%.

No caso da projeção deste ano, o ajuste em relação ao documento de setembro reflete os resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o terceiro trimestre, de expansão de 0,6%, que confirmou “a retomada do processo de recuperação econômica”, a revisão da série histórica do PIB e as informações setoriais sobre a situação atual disponíveis até 6 de dezembro.

“O resultado acima do esperado para o PIB do terceiro trimestre de 2019 favoreceu o carregamento estatístico para o ano corrente, contribuindo para a elevação da estimativa de crescimento anual. Para o crescimento do quarto trimestre, destaca-se o impulso decorrente das liberações extraordinárias de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa de Integração Social (PIS)/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep)”, diz o documento.

Quanto à revisão para cima do desempenho previsto para 2020, a mudança reflete a elevação do carregamento estatístico após a revisão das projeções para 2019, além de previsão de ritmo de crescimento ao longo de 2020 ligeiramente superior ao considerado no documento anterior.

Considerando o calendário atual, no âmbito da oferta, a previsão para a variação anual da agropecuária passou de 1,8% para 2% de aumento, refletindo revisão das contas trimestrais e aumento da previsão de abates, em cenário de forte elevação dos preços de carnes. A projeção para o desempenho da atividade industrial passou de 0,1% para 0,7% de crescimento, em decorrência dos aumentos nas projeções para indústria extrativa (de recuo de 1,6% para queda de 0,4%), indústria de transformação (de baixa de 0,2% para elevação de 0,2%) e, principalmente, construção civil (de 0,1% para 2,1% de incremento), setor que apresentou crescimento significativo ao longo dos últimos dois trimestres, revertendo tendência observada ao longo dos últimos anos.

A estimativa de expansão da atividade do setor de serviços em 2019 foi ligeiramente revisada (de 1% para 1,1% de avanço), com destaque para elevações nas projeções para comércio (de 1,2% para 2% de expansão) e serviços de informação (de 2,5% para 3,5% de elevação). Em sentido oposto, os prognósticos para outros serviços e administração, saúde e educação públicas foram alterados para ampliação de 1,2% e recuo de 0,2%, na ordem, ante incremento de 1,6% e 0,1%, respectivamente, previstos antes.

No âmbito dos componentes domésticos da demanda agregada, a estimativa de crescimento para o consumo das famílias foi revista de 1,6% para 2%, enquanto aquela para a formação bruta de capital fixo (FBCF) passou de 2,6% para 3,3% de aumento. Para a exportação e importação de bens e serviços, a expectativa é de queda de 3% e incremento de 1,7% em 2019, ante projeções anteriores de baixa de 0,5% e avanço de 1,9%. A alteração na projeção para as exportações reflete, em grande medida, a redução dos valores referentes ao primeiro semestre do ano, no contexto da revisão da série histórica do PIB.

Levando em conta o ano de 2020, o BC indica que a perspectiva de avanço da economia "está condicionada ao cenário de continuidade das reformas e ajustes necessários”. Pelo lado da oferta, as previsões para agropecuária, indústria e serviços foram revistas, respectivamente, para incremento de 2,9%, 2,9% e 1,7%, ante as estimativas de elevação de 2,6%, 2,2% e 1,4% na ordem, no documento de setembro.

“A elevação na previsão da atividade no setor primário repercute os primeiros prognósticos para a safra de 20203 e as boas perspectivas para a pecuária. Na indústria e em serviços, as elevações nas previsões foram bastante disseminadas entre atividades, repercutindo melhores perspectivas para os diversos setores da economia”, diz a autoridade monetária. Considerando os componentes da demanda interna, estima-se expansão de 2,3% para o consumo das famílias e de 4,1% para a FBCF, acima das taxas projetadas anteriormente para o período, de 2,2% e 2,9%, respectivamente.

Parte da alta na previsão para os investimentos está associada a prognóstico mais favorável para a construção civil. A estimativa para o crescimento em 2020 das exportações foi revista de 1,7% para 2,5%, enquanto a projeção para as importações passou de 1,6% para 3,8%. No primeiro caso, a revisão toma em conta estimativas melhores de crescimento da produção agropecuária e extrativa mineral, setores voltados ao mercado externo; no segundo, reflete as perspectivas favoráveis para a indústria de transformação e para os investimentos, com consequente aumento da demanda por insumos, máquinas e equipamentos, bem como o aumento na projeção para o consumo das famílias.

Indústria

A indústria vem se recuperando da queda vista até julho de 2019, apontou o BC no Relatório de Inflação, onde também destaca que “indicadores qualitativos sinalizam melhora ainda incipiente da percepção dos empresários quanto ao ambiente de negócios do setor fabril”. No entanto, indicadores mais recentes “sinalizam acomodação da atividade fabril em novembro”.

Apesar da recuperação vista neste ano, acrescenta o BC, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria “segue significativamente abaixo da sua média histórica”, indicando que o setor “continua operando com elevado nível de ociosidade.

 

BC minimiza espaço para cortar juro indicado pelas projeções de inflação

O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Fabio Kanczuk, minimizou a importância das baixas projeções oficiais de inflação — que mostram espaço para os juros caírem dos atuais 4,5% ao ano para menos de 4% ao ano — nas próximas decisões de política monetária. Ele destacou o papel do balanço de riscos para a inflação, em um momento em que os dados econômicos dão sinais ambíguos sobre a velocidade de retomada da atividade e do preenchimento da capacidade ociosa da economia.

“Não há uma ligação mecânica entre uma coisa e outra”, disse ontem na entrevista sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), quando foi questionado se as projeções não indicavam espaço para mais estímulos monetários em 2020. “A projeção do modelo não é uma estatística suficiente para a política monetária”, afirmou.

Participantes do mercado financeiro vinham sustentando que as projeções de inflação do BC para 2020, que estão no máximo em 3,7%, ante uma meta de 4%, indicam espaço para quedas adicionais dos juros. “Há o balanço de riscos”, disse Kanczuk, referindo-se a fatores que podem fazer a inflação se acelerar mais do que o indicado nas projeções. “Essa projeção mostra um cenário, que é o cenário base. O Copom [Comitê de Política Monetária] analisa uma gama de outros cenários, com uma gama de outros modelos.”

Em reunião na semana passada, o Copom cortou os juros básicos da economia de 5% ao ano para 4,5% ao ano e avisou que as decisões de política monetária a partir do próximo encontro, em fevereiro, seriam tomadas com “cautela” e com base na evolução dos dados econômicos. Ata desse encontro, divulgada na terça-feira, revelou que alguns membros do colegiado estão preocupados com o risco de um eventual preenchimento mais rápido do que o esperado na capacidade ociosa levar a uma inflação maior.

Ontem, na mesma entrevista, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deu mais detalhes sobre as discussões dentro do comitê acerca da capacidade ociosa. “Nosso consenso é que o hiato [do produto, uma medida de ociosidade da economia] ainda está bastante aberto”, disse, frisando em seguida: “Isso é um consenso”.

Mas ele revelou que houve visões diferentes dentro do Copom sobre quando essa capacidade da economia pode ser preenchida. “Alguns membros [do Copom] achavam que [o hiato] poderia estar fechando mais rápido”, completou. No Relatório de Inflação, o BC revisou sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 0,9% para 1,2%, e de 2020, de 1,8% para 2,2%. A revisão para o ano que vem foi feita principalmente em função de melhores perspectivas para os investimentos, segundo o diretor do BC.

Mas tanto Campos quanto Kanczuk destacaram a ambiguidade dos números em mostrar a velocidade da recuperação da economia e do preenchimento da capacidade ociosa. Kanczuk disse que dados do comércio, de serviços e do emprego formal indicam uma recuperação mais forte nos últimos meses. Todavia, dados como o uso da capacidade instalada da indústria e da taxa de desemprego ainda não têm mostrado uma alta clara.

Campos disse que, consultando analistas do mercado privado, colheu visões distintas, com alguns prevendo um preenchimento da capacidade ociosa de forma mais rápida e outros, mais lenta. “A gente tem se debruçado sobre o tema”, disse o presidente do BC. Ele também citou a maior incerteza a respeito de como os cortes de juros básicos vão se transmitir para a atividade econômica e inflação, uma das preocupações elencadas no balanço de riscos.

Campos listou fatores que, na avaliação do BC, têm transformado o mercado de crédito, num contexto de juros básicos na mínima histórica: expansão do crédito livre e redução do direcionado; avanço do mercado de capitais; incentivos ao microcrédito e ao cooperativismo; e crescimento das plataformas digitais, entre outros. “Estamos vivendo uma experiência nova nesse sentido”, afirmou.

“Várias medidas foram tomadas ao mesmo tempo. Isso aumenta um pouco a incerteza sobre qual vai ser o efeito global [da queda de juros], porque você tem várias medidas ao mesmo tempo, transmitindo mais potência na política monetária.”

A projeção do BC para o crescimento do crédito em 2020 foi mantida em 8,1%, mas a estimativa para o crédito livre passou de 11,4% para 12,9%, enquanto a projeção para a expansão do direcionado caiu de 3,6% para 1,6%. “O crédito agora é muito mais livre e muito menos direcionado. Isso se relaciona diretamente com política monetária”, disse Kanczuk.

“Essa mudança de perfil, de como está funcionando o Brasil em termos de intermediação financeira, crédito e mercado de capitais, torna a política monetária mais potente.” Kanczuk também minimizou a alta do déficit em conta corrente como um fator que possa limitar o crescimento da economia.

Projeções do balanço de divulgadas no relatório estimam um déficit em conta corrente de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 e de 3,1% do PIB e 2020. “Vejo isso como algo tranquilo”, disse. Ele destacou um boxe do relatório que mostra que a queda da exportação brasileira em 2019 teria sido de apenas US$ 300 milhões, em vez de US$ 10,6 bilhões, se não fosse a crise na Argentina e a gripe suína na China.

 

Crescimento é fundamental para rating do país

As principais agências de classificação de risco reconhecem o avanço fiscal do Brasil, num momento em que o Tesouro Nacional ajustou suas estimativas para o endividamento público. No entanto, as instituições alertam que o caminho para uma nota soberana mais alta ainda é longo e dependerá, entre outros fatores, da sustentabilidade do crescimento econômico do país. “Acreditamos que a economia brasileira está se recuperando gradualmente e projetamos que o crescimento atinja 1,1% em 2019 e 2,2% em 2020.

No entanto, esse ritmo de crescimento ainda é relativamente medíocre e abaixo da mediana do BB”, afirma Shelly Shetty, analista de rating soberano para Brasil da Fitch. Pela agência, a nota brasileira está em “BB-”, com perspectiva estável. Entre os países cuja nota está um degrau acima (“BB”), estão Geórgia, Seychelles e Vietnã, cujo crescimento é mais forte que o brasileiro: 4,3%, 3,4% e 6,7%, respectivamente, nas projeções da Fitch para 2019.

Ela alerta que o Brasil exigirá superávits primários consistentes e crescimento mais rápido para estabilizar e reduzir o ônus da dívida pública de maneira sustentável. Assim, a agência não prevê o retorno do superávit primário ao menos até 2021 e espera que a dívida esteja em torno de 80% do PIB no próximo ano.

Para a analista, as medidas para lidar com os déficits fiscais e a sustentabilidade da dívida pública a médio prazo, as perspectivas melhores de estabilização da dívida pública e a melhoria nas perspectivas de crescimento econômico são fatores positivos para o perfil de crédito no Brasil.

Avaliação semelhante é compartilhada pela Moody’s. A vice-presidente e principal analista para Brasil da agência, Samar Maziad, diz que o rumo do rating do país dependerá do quão sustentável será o crescimento econômico. “A sustentabilidade da expansão da economia brasileira a partir de 2020 ainda é uma questão”, afirma Samar, que aponta para a necessidade de implementação da agenda de reformas econômicas e estruturais.

Pela classificação da Moody’s, a nota de crédito soberana do país é “Ba2”, dois níveis abaixo do grau de investimento. Assim, para Samar, as reformas fiscais somadas a um crescimento sustentável de 2% ou mais do PIB são fatores positivos para o perfil de crédito do país. A analista da Moody’s acredita que a relação entre dívida e PIB do país está “começando a se estabilizar”, mas nota que o endividamento deve continuar a crescer no curto prazo.

Para ela, seriam necessárias medidas adicionais que gerassem maior perda de fôlego do endividamento para que houvesse uma melhora no perfil de crédito do Brasil a níveis superiores aos contemplados no rating atual. O consenso, assim, aponta para a adoção de novas reformas estruturais no país.

Analista da S&P Global Ratings para a nota soberana do Brasil, Livia Honsel acredita que tanto as reformas fiscais quanto as microeconômicas são importantes para dar apoio à expansão da economia de forma sustentada. A analista admite que “a relação entre Congresso e presidente é complicada”, mas ressalta que o Congresso tem um “viés reformista importante”, que deve ter continuidade, o que apoiará a aprovação de outras medidas econômicas.

Nos termômetros de risco de mercado, os ativos brasileiros têm observado melhora considerável neste ano. O risco Brasil medido pelo Credit Default Swap (CDS) de cinco anos, por exemplo, chegou a operar abaixo da marca simbólica de 100 pontos nesta semana. Na terça-feira, de acordo com a Markit, o indicador estava em 96 pontos, número inferior ao de países com o mesmo rating do Brasil em algumas métricas - caso da Grécia (123 pontos) e da Turquia (285) - e mesmo de países com grau de investimento, como a Itália (125).

Outra medida de risco pode ser observada nos rendimentos dos títulos públicos de longo prazo em moeda local. Na terça-feira, a taxa da NTN-F para 2029 - contrato de rendimento prefixado de longo prazo - era negociada a 6,98%, abaixo dos juros de papéis semelhantes de Índia (7,05%), Indonésia (7,59%) e África do Sul (9,10%). Isso significa que o prêmio de risco no Brasil é menor do que o de países com notas soberanas melhores.

Pela classificação das agências de rating, as notas de Índia e Indonésia estão em grau de investimento, enquanto o rating da África do Sul tem grau de investimento pela Moody’s (Baa3) e está acima da nota brasileira tanto na Fitch (BB+) quanto na S&P (BB). Os analistas das agências ressaltam que as métricas de mercado não influenciam as decisões, ainda que os números sejam acompanhados. “Somos muito mais lentos do que o mercado, a não ser que haja algum evento catastrófico”, nota Livia.

Ainda assim, entre integrantes do mercado cresce a expectativa de uma elevação no rating brasileiro em 2020. O timing é a questão central. Economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto acredita que o primeiro semestre do próximo ano, em especial o segundo trimestre, é um período no qual o país pode ter sua nota de crédito elevada. “No nosso cenário base, a economia ainda estará com tração forte no primeiro trimestre por conta do efeito do FGTS”, diz Porto, para quem a conjuntura de indicadores “favorece um eventual upgrade entre o primeiro e o segundo trimestre”.

Economista-chefe para Brasil do Barclays, Roberto Secemski também acredita em uma elevação da nota brasileira em 2020, mas pensa que uma ação deve ocorrer no segundo semestre do ano. Para ele, a evolução da atividade se mostra “crucial” para a avaliação das agências de classificação de risco. “Isso demanda um pouco de tempo. Não são somente os números do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre que devem influenciar as agências, até porque os dados irão abarcar os efeitos dos saques do FGTS. A questão, agora, é saber se o crescimento é sustentável ou não”, diz Secemski.

De acordo com o economista do Barclays, porém, a retomada do nível de grau de investimento deve “demorar bastante” para ser alcançado novamente pelo Brasil. Ao pensar nas agências Fitch e S&P Global, que colocam a nota brasileira três degraus abaixo do grau de investimento, Secemski afirma que pode haver uma elevação no rating em 2020 e, “se tudo andar bem”, outra em 2021.

Ele, contudo, acha pouco provável que as agências efetuem um novo upgrade da nota em 2022 por ser um ano eleitoral. Em relatório, os economistas Cassiana Fernandez, VInicius Moreira e Cristiano Souza, do J.P. Morgan, também veem como distante o grau de investimento para o Brasil. “O nível de dívida permanece elevado e as questões sobre se o Brasil alcançará um nível mais elevado de crescimento sustentável a longo prazo devem persistir”, apontam os economistas. Eles notam que, apesar do progresso fiscal, algumas fragilidades ainda persistem - o que deve manter o grau de investimento distante.

 

Crédito ficou acima do esperado pelo Copom neste fim do ano

O crescimento do volume de crédito na economia ficou acima do previsto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central neste fim de ano, num momento em que membros do colegiado já alertam para o risco de as baixas dos juros básicos se transmitirem de forma mais forte do que o esperado para os financiamentos na economia. O BC reviu, de 5,7% para 6,9%, a sua projeção para a expansão do estoque de crédito na economia em 2019, de acordo com o Relatório de Inflação, divulgado ontem.

No caso do crédito livre, que responde mais à política monetária, a revisão da projeção foi de 12% para 13,9%, comparando com a edição de setembro do relatório. O Copom manteve a sua projeção de crescimento do crédito total em 2020 em 8,1%, algo que foi destacado ontem em entrevista pelo diretor de política econômica do BC, Fabio Kanczuk. Mas é importante observar mudanças na composição dessa projeção. No caso do crédito livre, que responde à política monetária, a autoridade monetária puxou a sua projeção de 11,4% para 12,9%. Mas baixou no direcionado, de 3,6% para 1,6%.

O crédito direcionado, porém, tem perdido importância. Membros do Copom disseram, em ata divulgada nesta semana, que “que há evidência do começo de um processo gradual de desintermediação financeira”. Ou seja, o relevante é observar o que ocorrer no mercado de capitais - que está muito aquecido - e no crédito livre, não no direcionado. As projeções de inflação de longo prazo mostram claro espaço para os juros caírem dos atuais 4,5% ao ano para abaixo de 4% ao ano, mas o Banco Central vem minimizando a importância dessa variável para as suas próximas decisões.

A ênfase é no chamado balanço de riscos, que pode fazer a inflação se acelerar mais do que foi indicado nas projeções. Entre todos os riscos negativos, alguns membros do Copom destacaram em reunião na semana passada que “os últimos dados de atividade e a maior eficiência do mercado de crédito e capitais podem resultar em uma redução da ociosidade mais rápida do que antevisto e, com isso, produzir pressão altista na inflação”.

Com essa menção que os membros do Copom fizeram ao risco de aceleração de crédito, esse indicador passou a ser mais relevante para determinar o futuro da Selic. Nesse caso, o que realmente importa são as concessões de crédito, que têm uma relação mais direta com a atividade econômica. O Copom, porém, só divulga projeções para o estoque de crédito, que não deixam de dar uma temperatura do que acontece com as concessões.

Um box do Relatório de Inflação de março de 2018 mostra que leva de cinco a oito meses para impulsos monetários atingirem a concessão de crédito. Portanto, os cortes das taxas de juros feitas pelo BC a partir de julho devem começar a afetar o crédito apenas a partir de agora.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem destacado as diversas dimensões em que o crédito poderá se transmitir com mais força. Está em curso não apenas uma substituição do crédito direcionado pelo livre e mercado de capitais, mas também reformas que fomentam segmentos como o microcrédito e cooperativas e “home equity”, O crédito imobiliário tem mostrado um dinamismo importante.

A queda dos juros incentiva a repactuação de contratos vigentes, baixando o valor das prestações. O BC estima que essas renegociações poderão levar a um “efeito riqueza” de R$ 2 bilhões em um ano, com impacto nas engrenagens da economia. Esse impulso adicional do crédito vai ocorrer justamente quando a economia já dá sinais de maior tração. No relatório de Inflação, o BC aumentou, de 1,8% para 2,2%, sua projeção para o crescimento da economia em 2020, comparando com as estimativas da edição de setembro do documento.

O impulso no crédito também chega num momento de aceleração da inflação no curto prazo. As projeções do Banco Central mostram que a inflação acumulada em 12 meses vai atingir um pico de 4,19% em fevereiro. A perspectiva é que recue para entre 3,7% e 3,8% já em março, mas até lá o ambiente mais desafiador de curto prazo deixa uma margem menor para absorver eventuais novas surpresas negativas na inflação e para manter as expectativas ancoradas.

 

Para o presidente do BC, Brasil está no começo de um novo ciclo

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta quinta-feira que em situações de queda dos juros há dois movimentos que normalmente ocorrem. No prazo mais curto, há saída de recursos de portfólio e, no prazo mais longo, entrada para o setor real da economia. O Brasil estaria no começo desse ciclo. “A questão é que o dinheiro que sai é mais rápido que o que entra”, afirmou em entrevista coletiva do Relatório Trimestral de Inflação. Ele lembrou, por exemplo, que pode haver ingressos importantes para o setor de saneamento no futuro.

O presidente do Banco Central apontou que o mercado de câmbio teve uma reação à frustração com a expectativa de entrada de dólares pelo leilão do pré-sal em novembro, além de saídas de recursos por fatores sazonais. Mas não arriscou dizer se o movimento de troca de dívida externa por interna ocorrido neste ano e que afetou o câmbio já se esgotou ou não.

Segundo Campos, a desvalorização recente foi causada tanto por fatores externos quanto domésticos. “O real teve uma depreciação parecida com a global e [na sequência] teve uma desvalorização adicional, retomando [depois] um patamar um pouco mais parecido com grande parte das moedas”, disse. “É importante olhar o movimento global das moedas, onde está o real, se tem algum descolamento.” Segundo ele, dados da economia americana “têm se mostrado fortes”, o que pode estar afetando a cotação das demais moedas. "Temos de ver se o dólar mudou de patamar ou não."

Ele ressaltou que o mercado já esperava a aprovação do impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que a previsão é que isso não deve ser referendado pelo Senado americano. Temos de ver se o dólar mudou de patamar ou não — Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Campos Neto disse que há um consenso no Copom de que o hiato do produto “está bastante aberto”, ou seja, há elevada ociosidade na economia. Ele explicou que alguns diretores, entretanto, acreditam que o fechamento do hiato pode estar ocorrendo de forma mais rápida do que se antecipava.

Voo de galinha

O Relatório de Inflação trouxe previsões melhores para a economia neste ano e no próximo. A expectativa agora é de um avanço de 1,2% em 2019 e 2,2% em 2020. Questionado se o patamar seria decepcionante para uma economia com juros nas mínimas históricas e com alta ociosidade, Campos Neto afirmou que a preocupação do governo é com a qualidade do crescimento. “No nosso caso, estamos pensando em modelo de crescimento, reinvenção do que foi no passado, que foi impulsionado pelo setor público, que tem pior alocação, é ineficiente”, disse, apontando que se poderia crescer mais com apoio público, mas seria um “voo de galinha”.

“Queremos reinventar o crescimento de forma mais privada" Ele ressaltou que não é tão direta a relação entre os juros baixos e um crescimento mais forte. Nesse sentido, ele lembrou que nos países avançados há juro zero e mesmo assim alguns países estão com baixo crescimento.

Segundo Campos , o Brasil vive uma “experiência nova” no mercado de crédito, com “várias medidas [sendo tomadas] ao mesmo tempo”. Ele foi questionado em entrevista coletiva a respeito da possível maior potência da política monetária mencionada recentemente pelo BC, além dos impactos disso na trajetória de inflação. Entre as mudanças destacadas por ele, estão: taxa básica de juros no menor patamar da história; crescimento do mercado de capitais; crescimento de plataformas digitais; e refinanciamento de empréstimos, baseado nas taxas de juros menores. “Isso aumenta a incerteza sobre o efeito global [das medidas]”, disse.

Campos ainda afirmou que turbulências políticas não têm afetado a maneira como o BC vem conduzindo a trajetória da taxa básica de juros. “A política de juros será conduzida de forma independente da política”, disse.

Cartão de crédito

Na apresentação, o presidente do Banco Central também comentou que o cartão de crédito “tem problemas diferentes” dos identificados no cheque especial. De acordo com o presidente do BC, por enquanto não há evidências de que o cartão de crédito seja um produto regressivo. Em medida recente, a autoridade monetária criou um teto de juros do cheque especial.

Campos afirmou ainda que a tramitação do projeto sobre a autonomia do Banco Central deve ser retomada já no começo de 2020. Atualmente, o projeto está parado na Câmara dos Deputados. “Existe um entendimento que, voltando [o Congresso] em fevereiro, tem espaço para andar."

A expectativa coincide com avaliação feita nesta quinta-feira pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Em evento com jornalistas, ele citou a medida como uma das prioridades para o próximo ano, considerou que o texto amadureceu entre os parlamentares e deve ser aprovado no primeiro semestre, possivelmente em fevereiro.

 

FOLHA

Pequeno empresário entra em 2020 menos otimista do que em 2019

Após dois trimestres em queda, o índice de confiança dos pequenos e médios negócios subiu 2,8% ante os três meses anteriores, segundo o Insper. Os empresários, no entanto, vão começar 2020 com menos otimismo do que no início de 2019. Na variação anual, o índice caiu 3,7%.

O Centro-Oeste foi a região que registrou o maior avanço na confiança, com aumento de 6,6% na variação trimestral do índice. Na comparação entre os setores, a indústria apresentou o maior crescimento (7,2%), enquanto comércio (2,6%) e serviços (0,7%) oscilaram menos, de acordo com o levantamento.

 

Criação de emprego formal em novembro foi dobro do esperado pelo mercado

Foram geradas 99.232 vagas com carteira assinada no país em novembro. Esse é o melhor resultado para o mês desde 2010, quando foram criados 138.247 postos de trabalho formais.

O número, divulgado nesta quinta-feira (19), é mais que o dobro da expectativa do mercado financeiro. Estimativa coletada pela agência Bloomberg mostrava que o mercado esperava geração de 47.250 vagas.

O impulso veio principalmente do comércio varejista, que abriu mais de 100 mil vagas com carteira assinada no mês – se preparando para as vendas de Natal.

Otimista diante do resultado, o governo divulgou uma projeção para o comportamento do mercado de trabalho no ano, que vem se mostrando mais aquecido do que no ano passado.

O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, prevê que, ao fim do ano, haverá um saldo de pelo menos 635,5 mil novos postos de trabalho formais.

“Estimamos que o resultado de 2019 será pelo menos 20% maior que o do ano passado”, escreveu Marinho, numa rede social.

Em 2018, foram abertas 529,5 mil vagas com carteira assinada.

Tradicionalmente, o período entre agosto e outubro concentra a maior parte de contratações de temporários nas fábricas para produzir as demandas das festas de fim de ano. Dessa vez, novembro seguiu a tendência de geração de emprego dos meses anteriores.

Depois, em dezembro, o resultado costuma ser negativo devido à dispensa desses trabalhadores.

Marinho reconhece que o dado de dezembro, a ser divulgado em janeiro de 2020, mostrará um número de demissões superior às contratações, como de costume.

Por isso, ele acredita que o saldo de vagas abertas de 948.344 de janeiro a novembro irá recuar para algo próximo de 635 mil.

Mesmo assim, o resultado mostra uma reação do mercado de trabalho no país.

No acumulado de janeiro a novembro, o saldo de 2019 é maior que o registrado no mesmo período do ano anterior, quando foram gerados 858.415 novos empregos com carteira assinada.

Além disso, o resultado atual (948.344) é o melhor desempenho para o mercado de trabalho desde 2013, quando o saldo superou 1,5 milhão.

Em 2019, as demissões superaram as contratações apenas em março. Novembro é, portanto, o oitavo mês consecutivo de geração de emprego.

Os dados mostram que o comércio foi quem puxou o resultado, ao abrir 106.834 novas vagas. A maioria foi no ramo varejista. Os setores de serviços (44.287) e serviços industriais de utilidade pública (419) também tiveram saldo positivo no mês.

Indústria de transformação, agropecuária, construção civil, administração pública e extrativa mineral fecharam postos de trabalho no mês passado.

O diretor-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio, diz que o resultado mensal é coerente com o que considera uma dinâmica econômica fraca, combinado com o efeito sazonal das contratações do fim de ano.

O bom desempenho do comércio varejista, na avaliação dele, é puxado principalmente por contratos de trabalho com jornada parcial ou intermitente.

Ele diz que esse resultado ainda deve se manter em janeiro e fevereiro, mas depois deve voltar a cair. “No passado, quando a economia crescia, parte ficava e era absorvida pelo mercado. Agora, não creio que isso vá ocorrer de forma intensa no ano que vem”, afirma.

O Caged não detalha onde estão os empregos por tipo de contrato. O saldo do mês de novembro foi de 11.354 vagas de trabalho intermitente e 2.122 de jornada parcial. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o primeiro tipo cresceu 45,38%, e o segundo, 14%.

Para o sociólogo, o saldo negativo da indústria (24.815 vagas eliminadas) é “típico de uma economia mesmo rastejante”. No ano, o resultado ainda é positivo em 123.931 vagas. “Ela produz para vender para o final do ano, mas não há uma estruturação do setor da indústria de transformação, pois há um perda de participação externa, principalmente com a Argentina e isso é um problemaço”, afirma.

 Ao anunciar o resultado positivo do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de novembro, o Ministério da Economia ressaltou que das cinco regiões do país, quatro apresentaram saldo positivo: Sudeste (51.060); Sul (28.995), Nordeste (19.824), e Norte (4.491). A região Centro-Oeste foi a única a registrar saldo negativo em 5.138 postos.

Os dados do Caged também dão uma amostra do nível salarial das contratações. A média na admissão em novembro foi de R$ 1.592,26. Isso, segundo o governo, representa uma alta de 0,96% acima da inflação (medida pelo INPC) em relação ao salário médio de novembro do ano passado.

Ao comemorar o comportamento do mercado de trabalho, Marinho declarou que, para o próximo ano, o governo espera uma geração de empregos ainda melhor que em 2019. Ele, no entanto, não estimou quantas vagas podem ser criadas em 2020.

Para a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia), o aquecimento se dará pela retomada da atividade econômica e reflexo da continuidade da agenda reformista do governo.

Uma das medidas citadas pelo secretário especial de Previdência e Trabalho é o novo tipo de contrato para jovens em busca da primeira experiência profissional, chamado de Emprego Verde e Amarelo.

A proposta, que está em análise pelo Congresso, reduz encargos de empresas para tornar a contratação de empregados mais barata para os patrões.

A medida, contudo, enfrenta resistência entre parlamentes por causa do financiamento. A ideia do governo é taxar o seguro-desemprego para compensar a perda de recursos.

Para Marinho, o programa Verde e Amarelo é fundamental para a melhoria do ambiente de negócios e para criar melhores condições para empregabilidade.

Além disso, a equipe econômica criou um grupo para flexibilizar leis trabalhistas, além de adaptar a legislação aos novos tipos de emprego, considerando as novas tecnologias.

Isso, na avaliação do ministério, também irá aquecer o mercado de trabalho no próximo ano.

O governo também quer continuar com o plano de flexibilização das normas de segurança no trabalho.

As NRs (normas reguladoras) são um conjunto de normas de segurança e medicina do trabalho que devem ser seguidas obrigatoriamente pelas empresas que tenham empregados regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

 

TRIBUNA DO NORTE

Em seis meses, RN gera 12.919 postos de trabalho

Puxado pelas contratações temporárias no Comércio, o mês de novembro encerrou com saldo positivo na geração de empregos no Rio Grande do Norte. Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia nesta quinta-feira, 19, o saldo entre admissões e demissões no Estado foi de +1.690 postos de trabalho. De junho a novembro, o número é positivo em 12.919 empregos. Apesar do avanço tabulado no Estado ao longo do mês passado, o quantitativo ainda está longe do pico registrado em 2009, quando foram abertos 4.345 postos de trabalho formais.

De acordo com o Caged atual, ao longo de novembro a contratação de trabalhadores no Rio Grande do Norte foi impulsionada pelo Comércio, com 1.128 vagas. Em seguida aparece o setor de Serviços, com 574 postos de trabalho abertos. Outras 152 vagas foram criadas na Construção Civil. Os demais setores tabulados pelo Ministério da Economia registraram queda: Indústria Extrativa Mineral, -30; Indústria de Transformação, -25; Serviços Industriais de Utilidade Pública, -13; Administração Pública, -7; e Agropecuária, com saldo negativo em 89 vagas. De janeiro a novembro deste ano, o saldo de geração de empregos formais no Estado é positivo em 6.281 vagas.

No Nordeste, todos os Estados encerraram Novembro com saldo positivo de empregos. A maior geração ocorreu no Ceará, com 4.860 postos. Em segundo lugar na região aparece a Bahia, com +3.958 vagas. Pernambuco abriu 3.194 postos de trabalho formais, enquanto a Paraíba, +1.943. Sergipe registrou +1.498 vagas. Alagoas, + 1.327. Maranhão, +1.163. E o Piauí, +200.

 

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