Segunda-feira

VALOR

Cenário para inflação em 2020 continua tranquilo

A inflação maior do que o esperado em dezembro e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2019 acima da meta não mudam a perspectiva de um cenário tranquilo para os preços em 2020, avaliam economistas. As medidas acompanhadas pelos analistas para melhor avaliar a tendência da inflação e o efeito da atividade econômica sobre os preços - os núcleos e a inflação de serviços - seguem em patamares confortáveis, apesar de terem acelerado um pouco em dezembro.

Assim, alguns economistas avaliam que ainda há espaço para novo corte de juros este ano. O IPCA registrou alta de 1,15% em dezembro, acima da expectativa dos analistas (1,08%). Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses fechou o ano em 4,31%, percentual superior à meta de 4,25%. As carnes registraram avanço de 18,06%, respondendo sozinhas por quase metade (0,52 ponto percentual) da alta da inflação em dezembro.

“Estamos vivenciando um choque de oferta na parte de proteína animal”, afirma Mauricio Oreng, do Santander. “A composição da inflação em dezembro deixa claro que não há sinais de pressão de demanda. Os indicadores de inflação subjacente também apontam nesta direção.”

Segundo ele, os índices de difusão, que mostram o quão espalhadas estão as pressões de inflação, estão rodando em torno de 50%, quando a média histórica para o indicador é de cerca de 62% a 63%. “Ou seja, esse índice mostra que as pressões de preços estão muito concentradas”, diz Oreng.

Pelos cálculos do Santander, o índice de difusão “cheio” dessazonalizado ficou em 54,7% em dezembro, enquanto o índice que exclui a parte de alimentação ficou em 48,4%, também com ajuste sazonal. O economista destaca ainda que a média dos núcleos de inflação fechou o ano em alta de 3,1% no acumulado de 12 meses, mais perto do piso da meta (2,75%) do que do centro dela. Já o núcleo EX3, que agrega os serviços e bens industriais que mais reagem à atividade e exclui alimentos, ficou em 2,8%, enquanto a inflação de serviços encerrou 2019 em 3,5%, patamar confortável.

Na variação mensal, a média dos núcleos acelerou de 0,41% em novembro para 0,47% em dezembro. Já a inflação de serviços passou de 0,61% a 0,73% de um mês a outro. Para o Safra, porém, não há motivo de preocupação. “Já aguardávamos um avanço dos núcleos em função da incapacidade de expurgar por completo o choque de carnes e, principalmente, seus efeitos secundários”, escreveram os economistas do banco, em relatório.

“A alta da média dos núcleos em 12 meses, de 3,0% para 3,1%, deverá ser revertida assim que o preço das carnes recuar, o que em nossa avaliação deverá ocorrer já em janeiro.” O Itaú também trabalha com a expectativa de arrefecimento nos preços das carnes já neste mês. A estimativa do banco é de uma alta de 0,26% no IPCA de janeiro. “Deve haver um alívio em carne bovina, em linha com a queda nos preços do atacado já observada ao longo do final de dezembro e começo de janeiro.

As coletas de preços ao consumidor também já sinalizam uma desaceleração’, diz Julia Passabom, analista de inflação do banco, que projeta alta de 3,5% para o IPCA em 2020. Já o Santander vê a inflação em alta de 0,35% em janeiro e de 3,4% neste ano. “Para 2020, o fundamento da inflação é favorável, com ociosidade da economia, expectativas ancoradas e câmbio relativamente bem comportado”, afirma Oreng.

Quanto à política monetária, a expectativa do Santander é de uma Selic a 4% no fim do ciclo, com mais dois cortes de 0,25 ponto percentual nas reuniões do Comitê de Política Monetária de fevereiro e março.

Segundo Oreng, a projeção está baseada na percepção de que parte da aceleração da atividade no segundo semestre de 2019 se deveu ao saque do FGTS e que a economia deve devolver algo desse crescimento neste primeiro trimestre. Além disso, os dados de atividade mais recentes divulgados, como a produção industrial de novembro - uma queda de 1,2%, pior do que o previsto - e indicadores antecedentes de dezembro, começam a “temperar” o grau de otimismo em relação à economia no quarto trimestre.

Outras casas, como o BTG Pactual digital e a 4E Consultoria ,acreditam em apenas mais um corte para a Selic neste ano, na reunião de fevereiro, levando a taxa básica de juros a 4,25%. Para Luca Klein, economista da 4E, a aceleração dos núcleos da inflação em dezembro já mostra efeitos de uma retomada mais robusta da atividade, o que deverá ser intensificado à frente pelo impacto maior da política monetária sobre a inflação.

Diante disso, e da expectativa da consultoria de uma alta de 2,8% do PIB em 2020 - acima do consenso do mercado, atualmente em 2,3% -, Klein acredita que o Banco Central deverá recalibrar a Selic para cima ainda este ano, com altas a partir de outubro que levariam a taxa a fechar 2020 em 5,25%.

 

ESTADÃO

 ‘Inflação não causa preocupação, pois foi concentrada’, diz pesquisador

O cenário de inflação em 2020 não preocupa, na avaliação do pesquisador André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), porque a aceleração da inflação no fim de 2019 foi concentrada em poucos itens. A carne, tanto vermelha quanto de aves e de porco, os bilhetes lotéricos da Caixa e os combustíveis foram os vilões dessa aceleração final da inflação, que acabou levando o IPCA, índice oficial calculado pelo IBGE, a fechar o ano passado com alta de 4,31%, ligeiramente acima da meta de 4,25% perseguida pelo Banco Central (BC). Justamente por serem poucos os vilões, o quadro climático favorável e a demanda fraca em meio à recuperação lenta da economia deverão manter a inflação comportada em 2020, disse Braz. A seguir, os principais trechos da entrevista.

O que foi destaque na inflação ao consumidor em 2019?

A carne chamou muito atenção, a taxa do IPCA acumulado em 12 meses até outubro estava com alta de 2,54%. Aí, quando observamos as variações no último trimestre do ano, há uma aceleração mais forte dos preços, principalmente em torno das proteínas. Estamos falando muito da carne bovina, mas a carne de aves e a suína também subiram bastante. Não na magnitude da bovina, mas avançaram bastante também.

Só as carnes foram as vilãs?

Em paralelo, tivemos também, em novembro, o reajuste dos jogos lotéricos. Pouco ouvimos falar disso, mas ali estão as loterias da Caixa. Elas não sobem de preço todo ano. A Caixa fica alguns anos sem reajustar e, aí, quando promove o reajuste, é um choque e tanto. Este ano, o reajuste médio foi de 40%. Mesmo que tenha um peso pequeno, faz diferença. Dois terços desse reajuste ficaram em novembro e um terço, em dezembro. Fora isso, tivemos também a aceleração do preço da gasolina e do etanol, que ajudaram um pouco a engrossar esse caldo.

A aceleração da gasolina e do etanol não tem nada a ver com as tensões recentes no Oriente Médio, certo?

Não. Está por trás disso aquela desvalorização cambial, em que o dólar chegou a R$ 4,20 e tantos (em novembro). Agora, o câmbio está mais estável, em R$ 4,09, mas ele estava R$ 3,99 num dia (até 5 de novembro) e, no outro (em 11 de novembro), já estava em R$ 4,15. Tanto o câmbio quanto o preço do barril do petróleo ajudam a promover reajustes na gasolina.

Então é um choque passageiro? Preocupa a inflação como um todo?

Não preocupa. O que preocupa a inflação de um modo geral é quando os preços começam a aumentar de maneira mais persistente e espalhada, quando começamos a perceber que a inflação não está concentrada em carnes, gasolina e jogos lotéricos, mas está em tudo. Quando a inflação espalha muito, com o processo inflacionário persistindo em vários segmentos, é quando precisamos acender a luz amarela. Só que ela está muito concentrada em itens que sabemos explicar por que subiram.

E como fica a inflação de 2020, diante desses itens que subiram muito?

É provável que as carnes continuem na pauta de desafios, mas o resto é tranquilo.

Tranquilo por quê?

Não temos nenhuma previsão meteorológica que desafie a agricultura. Não é ano de El Niño nem de La Niña ou de falta de água. Isso é bom para a agricultura e bom para a geração de energia elétrica, porque vamos poder contar com os reservatórios (das usinas hidrelétricas) cheios. Então, nesses pontos, não teremos nem pressão de preços administrados (por causa da conta de luz) nem de alimentos. Além disso, como a inflação de 2019, apesar de um pouquinho acima da meta, foi baixa, para 2020, a inércia inflacionária é menor, ou seja, o reajuste de preços indexados será feito por uma inflação mais baixa, e isso não realimenta o processo inflacionário.

 

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