Sexta-feira

VALOR

Crédito imobiliário com recurso da poupança cresce 37% em 2019

Os financiamentos imobiliários com recursos da Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) tiveram alta de 37% em 2019, de acordo com Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). No entanto, as concessões de empréstimos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) caíram 5% no período, após política de saques do governo que reduziu o estoque do fundo.

Para a presidente da Abecip, Cristiane Portella, a possibilidade de saque do FGTS não deverá comprometer os recursos de financiamento de imóveis, mesmo com a estimativa de crescimento dos pedidos e concessões de crédito imobiliário.

Segundo ela, a queda teve pouca relevância. “A gente entende que o saque do FGTS não tem impacto e haverá recursos para essa retomada da construção civil. O mercado tem fundos disponíveis, mais diversificados, para aplicar. A gente ainda acredita que a poupança vai subir, mas não subindo, temos LCI, LIG.

A Caixa tem crédito com IPCA e isso é muito bom. Vivemos um momento de bastante oferta para recursos de financiamento, estão todos muito interessados e tem bastante competição no setor”, afirma.

Atualmente, os recursos que são utilizados para emprestar dinheiro para financiar imóveis são arrecadados da seguinte forma: 51% vem da poupança; 31% vem do FGTS; 11% de LCI; 6% CRI e 1% LIG. A estimativa da Abecip para 2020 é que as concessões com recursos do FGTS fiquem estáveis, sem crescimento. No entanto, a expectativa da entidade é de que haja alta de 31% nos financiamentos de imóveis com recursos de poupança e 18% do total.

 

Tensão reacende debate sobre preços na bolsa

O noticiário sobre o avanço do coronavírus, que chacoalhou os mercados financeiros do mundo todo, jogou luz a uma discussão que já vem ganhando espaço entre gestores e investidores: há exagero na recente valorização das ações da bolsa brasileira? Essa dúvida, sobre se alguns papéis já foram longe de mais na onda de valorização que se viu nos últimos meses, potencializou a reação da bolsa brasileira ao risco de que a recuperação econômica global seja comprometida pelo novo surto.

E isso explica o fato de o Ibovespa ter tido um dos piores desempenhos dentre as bolsas do mundo nesta quinta-feira. A busca dos investidores por ativos mais seguros - como dólar e Treasuries - em detrimento daqueles que oferecem mais risco - especialmente as ações - acontece porque ninguém sabe ainda qual é a extensão dos efeitos trazidos pelo novo vírus sobre a economia da China e, consequentemente, do mundo. A visão geral ainda é de que parece ser um evento com efeitos de curto prazo. Tanto é que, ontem, depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter evitado tomar medidas mais drásticas contra a China, como a proibição de viagens, os mercados passaram por uma franca melhora.

Assim, o Ibovespa, que chegou a cair 2,22% na mínima do dia, fechou em alta de 0,12%. Também o dólar, que se aproximou de sua máxima histórica ontem, ao tocar o nível de R$ 4,2725, fechou a sessão valendo R$ 4,2574, ainda em alta de 0,90%. “Mas ainda há muita incerteza sobre a consistência das informações a respeito da propagação do vírus”, explica um gestor, que prefere não ser identificado. “Nessa hora, é melhor evitar risco.”

Essa opção pela cautela explica a perda de 2,41% do Ibovespa nesta semana. Mas gestores reconhecem que a instabilidade global acabou deflagrando um ajuste de posições - “necessário e saudável”, na visão de alguns profissionais - porque, aqui, a impressionante valorização de alguns papéis em 2019, especialmente os ligados à economia local, já havia acendido uma luz amarela.

Foi nesse contexto que Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset Management, afirmou na quarta-feira que continua investido em bolsa, “mas olhando a porta da saída”. O que parece um consenso entre os especialistas é que o cenário econômico melhor, com perspectiva de aceleração do crescimento e juro baixo, que reduz o custo de capital, justificam ainda apostas em bolsa. Mas as escolhas terão que ser mais cuidadosas agora porque alguns preços estão muito altos.

“A gente começa a ver alguns papéis negociando com múltiplos exagerados, como varejo, acima de 30 e 35 vezes, mas por conta da perspectiva de crescimento em 2019 e 2020, mas não enxergo como risco de bolha”, disse Leonardo Morales, gestor de renda variável da Macro Capital. Luiz Fabiano Godói, diretor de investimentos da Kairós Capital, também acredita que há determinados papéis caros, mas não a bolsa como um todo.

“À luz de uma expectativa de PIB [Produto Interno Bruto] de 2,5% em 2020, não me parece que a bolsa esteja cara.” Ele observa que o lucro das ações que compõem o Ibovespa cresceu 13% em 2019, ano em que o PIB deve marcar um crescimento perto de 1%, segundo estimativas da pesquisa Focus.

Assim, se o crescimento acelerar como o esperado, é razoável pensar numa expansão dos lucros da ordem de 20%. Isso explica o cenário de um Ibovespa na casa dos 130 mil no fim deste ano. Em 2019, papéis ligados à economia doméstica foram destaques absolutos, com desempenhos muito superiores ao do Ibovespa, que subiu 31,6%. Foi o caso de Via Varejo, com alta de 154,55%, Magazine Luiza (112,16%), Qualicorp (234,07%) e JBS (122,63%). Já as chamadas blue chips, muito mais sensíveis aos movimentos externos, tiveram avanços mais modestos.

Petrobras PN subiu 36,83% e Vale ON ganhou 6,85%. “De fato alguns preços estão esticados quando olhamos para o passado, mas farão sentido no futuro porque a bolsa olha para a frente. Os fundamentos da economia brasileira seguem positivos, então em algum momento o fundamento alcançará os preços dos ativos”, afirma Adriano Cantreva, gestor da Portofino Investimentos.

Atualmente, a Portofino Investimentos possui uma média de 25% de alocação em bolsa e, segundo Cantreva, pode aumentar essa quantidade para até 40% caso haja oportunidade de compra. Alguns gestores já consideram, inclusive, que a queda nesta semana pode ter aberto essas oportunidades. Gestores ouvidos pelo Valor em condição de anonimato relataram ter ampliado o caixa do fundo no começo deste ano, reduzindo posição nos papéis que já acumulam altas muito expressivas.

Mas, com a queda recente, esses profissionais voltaram a avaliar a recompra dessas ações. “Houve uma realização saudável e necessária”, define um desses especialistas. Na avaliação de Renato Ometto, gestor da Mauá Capital, a bolsa brasileira não está nem perto de uma bolha, mas é necessário acompanhar a migração de investidores da renda fixa para a renda variável.

 

Maioria espera fim do ciclo após novo corte da Selic

Os sinais de um cenário benigno de inflação à frente, reforçados por um discurso mais tranquilo do Banco Central, têm conduzido as expectativas do mercado para um novo corte da Selic na semana que vem. A maioria das instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor projeta redução da taxa básica de 4,5% para 4,25% na decisão da próxima quarta-feira.

No entanto, as incertezas em torno da nova potência da política monetária e do efeito defasado do juro baixo na economia geram cautela entre os analistas, que mostram menos convicção com a continuidade do ciclo de flexibilização. Das 76 projeções levantadas, 54 indicam que o BC efetuará um corte de 0,25 ponto percentual na Selic na semana que vem, dando sequência ao ciclo de afrouxamento iniciado em julho.

Para 38 desses profissionais, o processo se encerrará agora em fevereiro, com a taxa em 4,25%, onde ficará parada pelo menos até o fim deste ano. É o caso da Bradesco Asset Management (Bram), que adotou recentemente o corte de juros em seu cenário. Para Marcelo Toledo, economista-chefe da gestora, o resultado de atividade um pouco abaixo do esperado no fim de 2019, o ambiente de inflação ainda benigno e a comunicação recente do BC dão aval para o juro a 4,25%. “Seria um ajuste fino no cenário.

Nossa percepção é a de que o ciclo está próximo do fim e de que a maior parte do ajuste monetário já foi feita. Agora estamos migrando para a estabilidade da taxa”, afirma. O corte de juro a 4,25% também está presente no cenário base de Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. A expectativa é muito ancorada na comunicação atual do BC, que vê uma dissipação rápida do choque de preços que impulsionou o IPCA no fim de 2019.

Ela pontua, porém, que o BC deveria ter parado de cortar o juro em dezembro. “A economia, de fato, parece estar ganhando tração. Mesmo com os últimos números de novembro decepcionando, quando vemos uma gama maior de fatores, dados e anedóticos, temos uma visão de que a recuperação é consistente.”

No mais recente Boletim Focus divulgado pelo BC, a mediana das estimativas do mercado para o crescimento do PIB de 2019 estava em 1,15%, enquanto o ponto médio das projeções para o PIB de 2020 indicava alta de 2,31%. Apesar disso, a inflação projetada pelos analistas estava em 3,47%, abaixo da meta perseguida pelo BC, de 4% neste ano. Com o cenário de inflação comportada em mente, o economista-chefe da JGP, Fernando Rocha, espera dois cortes de 0,25 ponto no primeiro trimestre.

Ele argumenta que o período será “muito favorável” para o cenário de inflação e estima que as projeções do mercado para o IPCA devem se deslocar para baixo. Ele reconhece, entretanto, que o ponto final do ciclo de cortes é cercado de incertezas e ressalta que não seria uma grande perda se a flexibilização chegasse ao fim na próxima semana. Além da JGP, mais nove instituições esperam que o juro chegue a 4% no fim do ano. Um cenário mais ousado, contudo, é adotado pela Persevera Asset Management, que projeta a Selic a 3% ainda em 2020.

“Acreditamos que novamente haverá uma frustração do mercado com a recuperação da atividade, pois o país passa por uma recessão de balanços e não uma recessão cíclica”, explica Nicolas Saad, sócio e gestor de juros e moedas na casa. Do lado oposto, estão 11 instituições, que esperam o início de uma elevação dos juros até o fim deste ano.

É o caso da economista-chefe da Canvas, Camila Faria Lima, para quem a normalização da política monetária deve ter início no último trimestre de 2020, levando a Selic a 5,25% no fim do ano e a 6% no fim do processo. Ela considera que as iniciativas associadas à chamada agenda microeconômica do BC têm resultado em aumento da potência da política monetária num processo que deve ser reforçado à frente.

Esse é um tema que tem chamado a atenção nos discursos da autoridade monetária. Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, explicou que a política monetária ganhou potência por causa de medidas adotadas nos últimos anos para desobstruir os canais de transmissão para a economia. E, agora, num momento de juros nas mínimas históricas e novas ações para melhorar o sistema financeiro, seria mais difícil de calcular o tamanho da defasagem da política monetária.

Comunicações anteriores do BC mostraram que alguns dos integrantes do Copom consideravam a possibilidade de um fechamento mais acelerado do hiato do produto - a diferença entre o PIB e seu potencial -, a depender do ritmo de crescimento da economia. A visão do J.P. Morgan é a de que o hiato deve começar a se fechar mais firmemente no início do próximo ano.

“O hiato do produto ainda está bastante elevado e o comportamento da inflação nos mostra isso. Mesmo assim, é uma discussão bastante válida. O Brasil passou por uma série de mudanças, principalmente em relação aos canais de política monetária, que deixam essas estimativas ainda mais incertas”, afirma a economista-chefe para Brasil do banco americano, Cassiana Fernandez.

Para ela, dada a condição de juros abaixo do nível neutro, ou seja, de uma política monetária expansionista, “faz sentido ter uma redução gradual no nível de estímulo antes do fechamento do hiato”. Por isso, o J.P. Morgan espera que a normalização tenha início em setembro e que o juro básico encerre 2020 em 5%, após atingir 4,25% agora em fevereiro.

 

FOLHA

'Brasil vive hoje o admirável mundo novo dos juros baixos'

A queda da taxa de juros para patamares históricos está transformando o mercado de crédito e de investimentos no Brasil. Nesta quarta-feira, 29, em palestra no Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, associado à Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), os economistas Roberto Teixeira da Costa, Maílson da Nóbrega e Newton Rosa discutiram sobre os benefícios e os riscos desse novo mundo, como uma bolha no mercado de capitais.

 “O rápido recuo da taxa de juros pegou os brasileiros despreparados. Até então nossa cultura era de investir em poupança e renda fixa”, diz Costa, fundador e ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). De uma hora para outra, completa ele, os investidores tiveram de buscar novas formas de remunerar seu capital, elevando a procura por renda variável e aumetando o preço dos ativos. “Isso acabou gerando uma discussão sobre uma bolha especulativa.”

Na avaliação de Costa, se comparados aos ativos internacionais, o mercado brasileiro não está caro nem barato. Mas se levar em conta o patamar dos ativos de três anos atrás, está caro. Ele, no entanto, não vê com preocupação o risco de formação de uma bolha. “No passado, o estrangeiro abocanhava boa parte das emissões na Bolsa. Hoje, na busca de novas opções de investimento, é o brasileiro que tem feito esse papel.”

Para Maílson, ex-ministro da Fazenda, o Brasil vive hoje “o admirável mundo novo dos juros baixos”, que veio para ficar. Ele acredita que esse é o resultado de um conjunto de ações que aumentaram a potência da política monetária brasileira – num processo que durou 25 anos. Com os juros mais baixos, diz ele, o mercado de capitais já assume papel de provedor do crédito no País, seguindo o caminho dos Estados Unidos, onde representa 80% do crédito. Por aqui, esse número é de 30%, um grande avanço, na avaliação dele. “O que ocorre hoje é algo inimaginável há cinco anos.”

Maílson destaca, entretanto, que apesar de o mercado apostar em novas quedas na Selic, a taxa de equilíbrio não é de 4,25% ou 4% ao ano. “Essa é uma taxa estimulativa. Vemos a Selic em torno de 7% ao ano daqui a dois anos.”

Newton Rosa, economista-chefe da Sul América, concorda. Para ele, mesmo se subir um pouco, a taxa de juros vai estimular novas captações, especialmente do setor de infraestrutura que puxará o crescimento neste ano junto com o consumo das famílias. Na opinião de Rosa, apesar da lenta retomada da atividade econômica, o movimento de agora é mais saudável. “Antes a economia voltava a base de mais gasto público. Hoje vemos um padrão novo de crescimento, baseado na volta do consumo das famílias.”

 

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