Sexta-feira

VALOR

Caixa destinará R$ 10 bi a imobiliário prefixado

A Caixa Econômica Federal vai destinar R$ 10 bilhões para a linha de crédito imobiliário com taxa prefixada, lançada ontem no Palácio do Planalto. Nessa nova modalidade, os juros vão variar de 8% a 9,75% anuais, dependendo do prazo de financiamento e do relacionamento com a instituição financeira. As condições são válidas para imóveis residenciais novos e usados, com cota de financiamento de até 80%.

As contratações estarão vigentes a partir hoje. O cliente poderá escolher entre o Sistema de Amortização Constante (SAC), com prazo de 30 anos, ou o chamado Price (com parcelas fixas), para financiamentos de até 240 meses. A nova linha estará disponível apenas para novos contratos.

Segundo dados da Caixa, além da modalidade com taxa prefixada, o cliente pode optar pelas linhas já existentes: TR mais 6,5% a 8,75% ao ano, ou IPCA mais 2,95% a 4,95% ao ano. Em discurso de lançamento da linha, o presidente do banco, Pedro Guimarães, ressaltou que a criação da nova linha só está sendo possível graças à inflação baixa.

No caso do contrato indexado à TR, Guimarães destacou a importância de se ter consciência de que a taxa (hoje zerada) pode subir em outros momentos e variar ao longo dos anos. “O programa vai permitir que as pessoas tomem crédito por 20, 30 anos sabendo quanto elas vão pagar.”

O vice-presidente de habitação da Caixa, Jair Mahl, afirmou que está em estudo a possibilidade de migração entre linhas dentro do banco, mas ainda não há uma decisão sobre o assunto. O vice-presidente de finanças e controladoria da Caixa, Gabriel Cardozo, fez questão de ressaltar que a linha prefixada não traz riscos de esqueleto para União caso ocorra uma deterioração da economia brasileira nos próximos anos porque as operações terão hedge. “Não há risco de esqueleto da União”, contou.

Mahl ressaltou que a taxa mínima será de 8% ao ano para contratos de dez anos; de 8,5% ao ano para prazos de 20 anos; e 9% para prazo de 30 anos. A taxa para quem não tem relacionamento com o banco e fizer financiamento de 30 anos será de 9,75%. Ele apresentou ainda uma simulação de financiamento para mostrar que a prestação com um financiamento de taxa fixa é mais alta do que os financiamentos corrigidos pelo IPCA e TR, considerando o SAC e o Price. Porém, ao longo dos anos, há uma inversão disso e o financiamento com taxa fixa fica mais vantajoso.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse no lançamento da nova linha que “não teríamos juros baixos e não teríamos uma inflação controlada se não fosse o programa de reformas que o governo está fazendo”. Ele ainda defendeu a continuidade no processo de reformas. “Nós precisamos continuar no programa de reformas é isso que vai dar sustentação nos juros baixos e no crédito com juros baixos, uma precificação mais eficiente da economia.”

A demanda pela linha de crédito com taxa prefixada anunciada pela Caixa tende a se concentrar nos segmentos de média e alta renda, na avaliação da maior parte dos representantes do mercado ouvidos pelo Valor. Isso porque a prestação tende a ser mais elevada do que nos casos de financiamento por TR mais 6,5% e do crédito corrigido pelo IPCA.

“Quem tem a renda muito comprometida vai preferir o crédito corrigido pelo IPCA, que tem prestação menor. Quem está tranquilo pode optar pelo juro fixo, sem soluço futuro”, afirma o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, ressaltando que cada tipo de financiamento se destina a um público específico. Segundo Martins, a nova linha é “sensacional e um grande avanço para o setor”.

O presidente da Abrainc, Luiz Antonio França, considerou muito positivo o anúncio da linha com taxa prefixada. “A linha atende a qualquer valor de imóvel e qualquer perfil de renda. Agora, o comprador tem todas as opções para escolher a que se adequa melhor a ele.”

 

BC libera compulsório e reforça liquidez no sistema financeiro

O Banco Central (BC) fez ontem um movimento nos depósitos compulsórios que injetará liquidez no sistema financeiro em meio a um cenário de migração de investimentos da renda fixa — incluída a captação bancária — para renda variável e outras classes de ativos. A medida deve injetar R$ 135 bilhões na economia.

O órgão regulador atuou em duas frentes. De um lado, reduziu de 31% para 25% a alíquota de recolhimento obrigatório sobre depósitos a prazo, o que representa uma liberação de R$ 49 bilhões. De outro, a autoridade monetária diminuiu a sobreposição existente entre os compulsórios e as exigências do indicador de liquidez de curto prazo do sistema financeiro (LCR, na sigla em inglês), com impacto adicional de R$ 86 bilhões. Reportagem publicada pelo Valor na terça-feira mostrou que o BC já tinha as diretrizes teóricas para encurtar essa sobreposição.

No ano passado, os investimentos em CDB e RDB — os mais tradicionais títulos de captação bancária — cresceram apenas 0,1%, para R$ 228,4 bilhões, nos segmentos de varejo, alta renda e private, segundo a Anbima. O estoque desses títulos no mercado era de R$ 888,2 bilhões no fim de janeiro. “É uma decisão que abre mais espaço aos bancos na gestão da liquidez, contribuindo para maior oferta de crédito para o conjunto da sociedade”, disse o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, em nota.

O aumento da concessão de crédito, entretanto, será um efeito secundário porque os bancos já vêm ampliando a oferta, disse um executivo de uma grande instituição financeira. Para essa fonte, o impacto mais relevante é o de irrigar o sistema, o que por sua vez pode reduzir o custo do crédito — especialmente de bancos de menor porte, mais pressionados em suas captações. Com isso, o spread em algumas linhas de empréstimos poderá cair.

A medida é positiva para injetar liquidez no sistema e favorece a competição, afirmou Ricardo Gelbaum, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representa bancos pequenos e médios, além de fintechs. De acordo com ele, a liberação de recursos é benéfica num contexto de juros baixos, que tem levado à migração dos investidores para a renda variável. “É positiva em todos os sentidos e está em linha com a agenda BC#”, disse.

Para Isabela Tavares, economista da Tendências Consultoria, a movimentação feita pelo BC vai ajudar a reduzir o custo de financiamento das instituições. “O banco tem de captar menos do que precisava antes porque agora ele tem o recurso disponível”, afirmou, acrescentando que pode haver diminuição dos juros e do spread cobrados dos clientes.

Além da tendência de migração dos investidores de produtos como o CDB, a mudança na forma de intervenção do BC no mercado de câmbio também contribuiu para estreitar a liquidez no mercado local, afirmou um executivo de um grande banco. Quando passou a vender dólares no mercado à vista, na segunda metade do ano passado, a autoridade monetária tirou reais de circulação, o que contribuiu para esse cenário. “O mercado de renda fixa local secou”, disse.

Por isso, a expectativa é que as medidas funcionem mais para recompor liquidez do que para aumentar o volume de recursos para o crédito. “Se houve redução na captação, [a liberação de compulsório] não é para ampliar, mas para recompor”, afirmou o chefe do departamento de economia do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

O objetivo do regulador com a medida é estrutural, dentro da agenda de tornar o sistema mais eficiente, afirmou o diretor de política monetária do BC, Bruno Serra. “O Brasil tem legado de compulsórios muito elevados, essa é a jabuticaba”, disse.

No fim de janeiro, o estoque de dinheiro recolhido obrigatoriamente pelos bancos somava aproximadamente R$ 450 bilhões, enquanto em países mais desenvolvidos o volume é próximo de zero. “No futuro esperamos não precisar mais dos compulsórios”, afirmou Serra. A alíquota das categorias de compulsórios começou a cair em 2016. Das medidas anunciadas ontem, a redução da alíquota sobre os depósitos a prazo começa a valer no dia 16 de março.

O aumento da parcela de compulsórios que será considerada no cálculo do LCR vale a partir do dia 2. Adotado no Brasil em 2015, o LCR tem funcionamento semelhante ao dos compulsórios e também serve para assegurar a estabilidade financeira. Pela regra, os bancos devem destinar parte dos recursos captados para a compra de ativos líquidos, como títulos públicos e operações compromissadas.

Com o aumento da parcela dos compulsórios considerada no cálculo da LCR, os bancos podem se desfazer de parte dos investimentos em títulos e compromissadas, liberando consequentemente mais recursos. “Mais de 90% dos compulsórios que sobraram farão parte do LCR”, afirmou Serra.

O diretor do BC negou que a medida tenha ligação com a “agenda de política monetária” ou que tenha sido anunciada para estimular a economia. Os movimentos, disse, foram feitos para alinhar o Brasil às regras de Basileia 3. “Política monetária é a cada 45 dias”, afirmou, referindo-se às reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

Apesar disso, Serra afirmou que a tendência é que uma parcela da quantia liberada seja efetivamente destinada ao crédito. “No momento do ciclo econômico, de uma recuperação gradual, com política monetária estimulativa, o crédito está acelerando.”

 

Clima de desconfiança derruba Ibovespa e real

O clima de incertezas em torno do crescimento da economia brasileira e de novas reformas, como a administrativa, continua rondando os mercados locais. Nem mesmo a redução do compulsório bancário pelo Banco Central ou o lucro de R$ 40 bilhões da Petrobras deram ânimo ontem ao Ibovespa, que voltou aos 114 mil pontos. Já o real sofreu mais uma vez com a dinâmica do dólar forte em todo mundo, que tem sido potencializada aqui por declarações de autoridades sobre a depreciação cambial.

O dólar comercial atingiu um novo recorde, ao avançar 0,61%, atingindo a marca de R$ 4,3917. Embora não tenha sido o movimento mais acentuado dentre as principais divisas do mundo, a alta registrada ontem dá continuidade à escalada da moeda americana, que já acumula no ano alta de 9,52% contra o real. Ontem na B3, a taxa do DI para janeiro de 2025 subiu de 5,97% para 6,03%.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,66%, aos 114.586 pontos, depois de atingir 114.379 pontos (-1,83%) na mínima do dia. E isso com um giro financeiro robusto, de R$ 19,7 bilhões, acima da média diária em fevereiro (R$ 18,5 bilhões).

A falta de um catalisador positivo sobre a economia brasileira deu mais peso ao clima negativo vindo do exterior, que tem enfrentado o nervosismo com a epidemia de coronavírus (Covid-19) que já resulta em mortes fora da China. Por aqui, o risco de uma desaceleração da economia global tem levado mais casas a cortarem projeções para o Produto Interno Bruto (PIB). O banco Fator reduziu a estimativa para 2020 de 2,2% para 1,4%. A consultoria 4E revisou tanto a projeção de 2019 quanto para este ano.

A estimativa de 2019 caiu de 1,3% para 1,1% e, para 2020, de 2,8% para 2,3%. Ao mesmo tempo, um dos fatores que poderia inspirar confiança nos agentes econômicos, a reforma administrativa continua sem data para ser encaminhada ao Congresso. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o presidente Jair Bolsonaro faz os “últimos ajustes” e que o texto pode ser enviado hoje ou depois do Carnaval.

Diante desse cenário, o estrategista-chefe para mercados emergentes do Deutsche Bank, Drausio Giacomelli, faz um alerta em relação à dinâmica no mercado de juros futuros, que têm registrado mínimas atrás de mínimas de olho no quadro de inflação baixa. Ele avalia que os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) não têm colocado no preço os riscos fiscais no Brasil nem questões globais. “Do nosso ponto de vista, o Brasil está andando numa corda bamba, podendo voltar a fazer uma trilha fiscal muito arriscada, com chances relativamente altas do teto ser driblado no ano que vem. E isso não está no preço no mercado de juros.”

Outro ponto de alerta entre os analistas é a dinâmica recente vista no mercado de câmbio, de depreciação do real, em meio a comentários feitos, recentemente, por integrantes do governo de que o novo normal na economia é ter um dólar forte e juro baixo. “Quando as autoridades falam que o câmbio depreciado não gera preocupação, isso pode gerar um movimento especulativo de curto prazo.

O investidor vê que é melhor ficar ‘dado’ em juros e ‘comprado’ em dólar”, afirma o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani. “Todo mundo corre para o mesmo lado e gera uma disfuncionalidade no mercado”, acrescenta.

Um dado que indica ritmo mais fraco da economia, o que preocupa o mercado, é a inflação baixa. Ontem, o IBGE divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), uma prévia da inflação oficial, desacelerou em fevereiro para 0,22%, após alta de 0,71% em janeiro. Ontem, um anúncio poderia ter tido reflexo positivo no Ibovespa, o que não ocorreu.

O Banco Central anunciou corte no compulsório a prazo de 31% a 25%, o que equivale à liberação de R$ 49 bilhões a partir de março. A iniciativa permite aumento nas concessões de crédito, mas os bancos fecharam em queda. Banco do Brasil ON caiu 1,03%, acompanhando por Bradesco ON (-2,27%) e PN (-1,44%) e Itaú Unibanco PN (-0,35%). Em relação à temporada de balanços do quarto trimestre e de 2019, o desempenho do Ibovespa na quarta-feira foi sustentado no azul pelos números positivos de WEG e IRB, além da expectativa em torno da divulgação dos resultados da Petrobras.

Ontem, porém, o esperado impulso positivo não veio, com dados, inclusive, considerados negativos, caso de Pão de Açúcar e Ultrapar, que caíram 7,33% cada. Os papéis ON e PN da Petrobras fecharam em queda de 2,52% e 2,06%, respectivamente. A empresa divulgou um lucro líquido de R$ 8,15 bilhões no quarto trimestre e de R$ 40 bilhões em 2019, mas beneficiado por efeitos não recorrentes, como venda de ativos. Em termos operacionais, a receita de vendas caiu 1,2% no trimestre e 2,6% no ano.

 

Juros futuros sobem com dólar próximo de R$ 4,40 e corte no compulsório

Mesmo depois de o Banco Central ter enfatizado que o corte no compulsório sobre depósitos a prazo não está ligado à agenda de política monetária, as taxas futuras de juros encerraram o pregão regular desta quinta-feira (20) em alta firme, sobretudo nos vértices mais longos da curva a termo, influenciados, também, pelo dólar bastante próximo de R$ 4,40. O comportamento benigno dos números de inflação observados no IPCA-15 de fevereiro, porém, fez com que a recomposição de prêmio de risco na ponta curta da curva fosse limitada.

No fim da sessão regular, às 16h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 passou de 4,19%, no ajuste anterior, para 4,20%; a do DI para janeiro de 2022 foi de 4,65% para 4,67%; a do contrato para janeiro de 2023 subiu de 5,20% para 5,23%; e a do DI para janeiro de 2025 avançou de 5,97% para 6,01%. Também por volta das 16h, o dólar era negociado a R$ 4,3942 (+0,67%) no segmento à vista, após ter alcançado R$ 4,3982 na máxima do dia.

Embora o objetivo principal não seja dar estímulos à economia, a mudança no compulsório tem consequências expansionistas para a economia, além de reforçar o balanço de riscos observado no comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deste mês, diz o economista-chefe da Exploritas, Andrei Spacov. “O ponto de que as transformações no crédito devem gerar uma política monetária mais potente acaba de ser reforçado com essas mudanças”, afirma.

O movimento, inclusive, vem no momento em que começavam a crescer, no mercado, as chances de novas reduções na Selic ainda este ano, mesmo que de forma bastante tímida. Na avaliação do estrategista-chefe da CA-Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, a iniciativa do BC neste momento mostra que os diretores da autoridade monetária estão “pouco propensos” a retomar os cortes na taxa básica de juros. “Seria necessária uma surpresa negativa muito grande para o BC retomar as reduções nos juros.”

Ele nota, contudo, que o corte no compulsório reduz as chances de uma Selic ainda mais baixa, mas não as elimina. “O uso dessa ferramenta não significa, de forma alguma, que os cortes nos juros estão fora da mesa. É apenas mais um sinal, além da comunicação do próprio BC, de que há uma resistência maior a cortar a Selic”, pontua Caramaschi.

Durante a tarde, as taxas futuras aceleraram o movimento de alta, em linha com a força adicional do dólar ante o real e outras moedas de mercados emergentes. “O dólar é o principal fator a puxar as taxas para cima. A dinâmica do negócio mudou e o dólar, agora, está sendo negociado em uma faixa mais alta, o que deve influenciar os DIs”, disse Heber Vieira, trader de renda fixa da Terra Investimentos.

A alta das taxas curtas, porém, foi limitada diante da percepção de inflação ainda em níveis bastante comportados, como mostrou o IPCA-15 de fevereiro, que ficou em 0,22%, ligeiramente abaixo do consenso do mercado (+0,24%). O economista-chefe da Ativa Investimentos, Carlos Thadeu Filho, aponta que o IPCA-15 reforçou a percepção de inflação na faixa de 3% e ressalta que o único fator que impede a inflação de ficar na faixa de 2,5% neste ano é o câmbio.

 

Medida do BC pode levar a maior volume de crédito, mas não é certeza, diz Serra

A liberação de recursos compulsórios anunciada nesta quinta-feira pelo Banco Central (BC) pode resultar em maior volume de crédito para a economia. Isso, entretanto, não é uma certeza. A análise é do diretor de política monetária da autoridade monetária, Bruno Serra Fernandes. "No momento do ciclo econômico, de um recuperação gradual, com política monetária estimulativa, o crédito está acelerando", disse em entrevista coletiva. "É natural que se espere nesse ambiente que uma parte desses recursos flua para o crédito."

Serra afirmou que, após a rodada anterior de liberação, em julho de 2019, esses recursos foram direcionados para o crédito com alguma defasagem. Contudo, ele evitou fazer previsões sobre volumes ou prazos. "Dinheiro não tem carimbo", afirmou. Além disso, o diretor destacou que a medida pode eventualmente ajudar a diminuir os spreads bancários, que mede a diferença entre a taxa cobrada pelos empréstimos e a taxa de captação dos recursos, embora os compulsórios sejam "o fator menos importante" no cálculos dos spreads, segundo o BC.

Serra notou que o BC trabalha para que o Brasil siga os países desenvolvidos e praticamente acabe com os depósitos compulsórios. "O Brasil tem legado de compulsórios muito elevados, essa é a jabuticaba", disse. "No futuro, esperamos não precisar mais dos compulsórios." Segundo ele, a tendência é que o sistema bancário dependa cada vez menos desses recursos à medida que entrem em vigor as novas regras de assistência de liquidez, marcadas para o segundo semestre do ano que vem.

Ele reforçou, entretanto, que essa é uma medida gradual. Além da liberação dos recursos, o BC aumentou nesta quinta-feira a parcela de compulsórios que podem integrar o LCR, que mede a liquidez do sistema financeiro no curto prazo. "Mais de 90% dos compulsórios que sobraram farão parte do LCR", disse.

"Estamos acabando com a sobreposição." Serra notou ainda que a medida anunciada hoje "não está ligada à agenda de política monetária". "Política monetária é a cada 45 dias", disse em entrevista coletiva, referindo-se às reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). "A taxa de juros é o instrumento para entregar meta de inflação, o que, em alguns momentos, significa estimular economia", disse.

 

ESTADÃO

Bancos privados também estudam crédito prefixado

Os bancos Bradesco e Santander estudam lançar linhas de crédito imobiliário com juros prefixados, na esteira do anúncio feito na quinta, 20, pela Caixa Econômica Federal, apurou o Estadão/Broadcast. Diferentemente da modalidade com lastro no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no prefixado os concorrentes privados já mostram apetite: entendem que há mais segurança para emprestar sem o risco da inflação.

A Caixa anunciou o crédito imobiliário prefixado com taxas entre 8% e 9,5% ao ano para clientes do banco, como antecipou na semana passada o Estadão/Broadcast. A meta da instituição é liberar R$ 10 bilhões no primeiro ano da medida.

“Para a pessoa física, o crédito imobiliário com lastro no IPCA gera risco. Já na modalidade com juros prefixados gera segurança. Faz mais sentido”, diz o diretor de um grande banco, na condição de anonimato.

Na prática, o crédito imobiliário sem correção não é uma novidade. Há menos de dez anos, os bancos lançaram a alternativa, amparados na queda dos juros básicos no País. No entanto, como o movimento não foi consistente e as taxas voltaram a subir, essas instituições se viram obrigadas a acabar com as linhas, sob o risco de descasamento do funding (quanto os bancos pagam para captar) com financiamentos de longo prazo, que chegam a 30 anos como é o caso do imobiliário.

“A aceitação do crédito prefixado não é muito grande. É a modalidade mais cara, mas é a mais segura de todas. Não tem risco”, diz outro executivo de banco.

O maior interesse dos bancos privados pelo financiamento prefixado sinaliza que a Caixa deve ter concorrentes rapidamente. O cenário difere do crédito imobiliário com lastro no índice de inflação, o IPCA. Por ora, o único que se arriscou entre os grandes concorrentes foi o Banco do Brasil, que lançou em dezembro a modalidade. “Há sinais de que a inflação será mais alta no ano que vem, com ritmo de crescimento do País mais acelerado. Aí tem o risco de bater na inadimplência”, diz a fonte.

Os bancos privados chegaram a estudar o crédito com IPCA, mas até agora não se inclinaram a investir no produto. A leitura é de que há mais risco para o mutuário e, portanto, a modalidade deve se restringir ao público de alta renda, que teria recursos em um eventual repique da inflação.

Quanto ao lançamento da modalidade com juro prefixado, o BB diz que constantemente estuda oportunidades em linha com a concorrência, buscando atender às necessidades dos clientes.

O Itaú Unibanco informou que “está sempre atento aos movimentos do mercado e estuda todas as possibilidades para oferecer produtos e serviços que beneficiem os clientes”. Com relação às modalidades de IPCA e sem correção, o banco diz que não tem planos de operar no curto prazo.

 

ARTIGO

Celso Ming

Mais dinheiro para o crédito. Mas...

O Banco Central (BC), presidido pelo economista Roberto Campos Neto, tomou nesta quarta-feira decisões que liberam R$ 135 bilhões para o crédito. Isso não quer dizer nem que passou a haver despejo de mais dinheiro no mercado nem que essa medida garante recuperação da atividade econômica. Mas é um passo nessa direção.

A mais importante dessas decisões foi cortar de 31% para 25% a exigência de recolhimento compulsório dos bancos sobre recursos a prazo. Mesmo para quem não tem familiaridade com esses assuntos, não é difícil entender. Os bancos não podem reemprestar todo o dinheiro que captam com seus clientes, seja como depósitos à vista em conta corrente, seja como aplicações a prazo. No caso das aplicações a prazo, tinham de deixar no Banco Central R$ 31 de cada R$ 100 recebidos. Agora, têm de depositar apenas R$ 25.

Essas retenções compulsórias são medidas técnicas de precaução. Se o banco pudesse reemprestar todo o dinheiro que obtivesse com depósitos, esses empréstimos voltariam a cair na rede bancária como depósitos, que virariam empréstimos, o dinheiro se multiplicaria indefinidamente e, se o aplicador inicial precisasse de volta de seu dinheiro, ele poderia não estar lá porque viajara para outras mãos, com prazo para voltar. E o desastre estaria escrito nas estrelas para em algum momento acontecer.

A liberação dessa parcela do compulsório não significa necessariamente que haverá crescimento correspondente do crédito e, portanto, do consumo, da atividade produtiva e do emprego. Aí vale aquele ditado: você pode levar seu cavalo à beira do rio, mas não pode obrigá-lo a beber.

Ou seja, é preciso saber até que ponto os bancos terão interesse em expandir sua carteira de crédito  a uma clientela que pode não estar em condições de honrar novos compromissos financeiros. E é preciso saber até que ponto os clientes, principalmente empresas e famílias, têm interesse em aumentar seu endividamento num ambiente de incertezas, como o de agora.

Se os bancos não quiserem ampliar suas operações de crédito, terão a opção de canalizar ao Banco Central os recursos agora liberados, não mais na condição de depósitos compulsórios, mas na das chamadas operações compromissadas, que lhes garantem o retorno da Selic (hoje, de 4,25% ao ano). Nesse caso, não haveria mais recursos em circulação.

O Banco Central adverte que essa decisão de reduzir a retenção compulsória dos bancos não pretende nem substituir nem reforçar a política de juros (política monetária), mas apenas adequar as exigências técnicas (estruturais) de segurança aos novos padrões definidos pela queda dos juros.

Como dito acima, a variável-chave para saber até que ponto essa decisão terá impacto sobre o volume de dinheiro disponível no mercado e, portanto, sobre a política de juros está no nível de confiança na economia. No momento, esse nível parece abalado.

O sinal mais importante de confiança abalada está sendo emitido pelo comportamento do câmbio, sujeito a enorme volatilidade sem razão técnica aparente (veja o gráfico). Nathan Blanche, reconhecido especialista nessa área, faz a seguinte observação: “O preço da banana está subindo, mesmo com superabundância de banana na praça. Isso é sinal de coisa ruim vindo por aí”. (Banana, aí, é o dólar.)

Ou seja, o mercado está preocupado com a rápida perda de capacidade de articulação do governo e tem medo de alguma coisa, embora possa não definir claramente o que lhe dá essa compulsiva dor de barriga. Por isso, procura se entocar. E entocar, no caso, é comprar moeda estrangeira, mesmo correndo o risco de perda com eventuais despejos de mais dólares das reservas internacionais pelo Banco Central. Mais crédito potencial no mercado pode concorrer, também, para aumento da procura de dólares.

Mas o tema “confiança abalada” é assunto para ser esmiuçado em outra oportunidade.

 

 

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS