Sexta-feira

VALOR

Alívio na cena política favorece bolsa e real

A aproximação entre o presidente Jair Bolsonaro e os líderes do Congresso e governadores trouxe um alívio a um pesado clima político que vinha preocupando os investidores nos últimos dias. A bolsa brasileira descolou do exterior e retomou os 83 mil pontos, nível que não era atingido desde o fim de abril. Já o dólar atingiu o menor patamar desde 4 de maio.

No mercado de moedas, o real também foi ajudado por comentários mais incisivos sobre a atuação no câmbio feitos pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na noite anterior. No fim do dia, o dólar fechou a R$ 5,581, com baixa de 1,87%. Entre os principais emergentes, a moeda americana cedeu 1,50% contra o peso mexicano, 1,77% na comparação com a lira turca e 1,34% em relação ao peso colombiano.

Já o Ibovespa subiu 2,10%, aos 83.027 pontos, após ajustes. Logo após a reunião entre Bolsonaro e governadores, o índice chegou a ter uma alta ainda mais expressiva, de 2,45%, alcançando 83.309 pontos na máxima intradiária. O volume financeiro totalizou R$ 22,7 bilhões, acima da média diária do ano, que é de R$ 19,7 bilhões. No mercado de juros, o tom mais construtivo do encontro de Bolsonaro reduziu os prêmio dos contratos futuras em todos os vencimentos.

O contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 recuou a 2,495%, ante 2,545% do ajuste anterior; a taxa do contrato para janeiro de 2022 cedeu de 3,42% para 3,36%; o DI para janeiro de 2025 passou de 6,54% para 6,41%; e o DI para janeiro de 2027 saiu de 7,61% para 7,44%. Ao longo da semana, enquanto o exterior vinha numa toada positiva, em função da retomada da atividade econômica em alguns países pelo mundo, por aqui a valorização dos ativos locais era contida exatamente pela tensão política. No pregão de ontem, o cenário se inverteu.

Na contramão, em Nova York, o S&P 500 recuou 0,78% e o Dow Jones fechou em queda de 0,41%, pressionados pelos mais de 2,438 milhões de pedidos de seguro-desemprego e tensão política entre EUA e China. “O mercado conseguiu descolar lá de fora porque o clima político deu uma melhorada aqui. O Bolsonaro mostrou que está com um relacionamento melhor com governadores e Congresso. Sua atitude conciliadora gera mais confiança para o investidor tomar risco no curto prazo”, afirma Raphael Guimarães, operador da RJ Investimentos.

“Essa boa melhora no ambiente político, que atrasou nossa recuperação frente aos mercados globais, também ajudou na queda do dólar, que caminha para a pior semana do ano”, reforça Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. A relação entre os poderes Executivo e Legislativo vinha estremecida, o que poderia dificultar a aprovação de medidas de combate da pandemia e reformas.

Já ontem os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, acompanharam o presidente na reunião com governadores. No encontro, Bolsonaro defendeu, com o apoio dos líderes do Congresso, a sanção do projeto de socorro aos estados e municípios, com manutenção do veto de reajuste salarial dos servidores públicos. O veto é considerado importante pelo mercado para maior controle das contas públicas, já afetadas pelos gastos para combater os efeitos da covid-19. “Gostei bastante das palavras do Maia e também do Alcolumbre.

Maia ressaltou a importância de retomar a agenda reformista e defendeu uma reforma administrativa mais profunda do que estava sendo discutida antes”, diz o estrategista-chefe do banco Mizuho no Brasil, Luciano Rostagno. “Ajuda a reduzir as preocupações com política fiscal e a sustentabilidade das contas públicas”, complementa. Além do ambiente político, o Ibovespa tem sido beneficiado nos últimos dias pela recuperação dos preços das commodities, principalmente o petróleo.

O contrato para julho do Brent, preço de referência da Petrobras, subiu 0,86% ontem, a US$ 36,06 o barril. Em maio, a valorização já chega a 35,48%. As ações da Petrobras tiveram um desempenho fraco ontem - a PN fechou em queda de 0,57% e a ON teve leve alta de 0,35% -, mas no mês a alta acumulada chega a 6,43% e 7,02%, respectivamente. E é exatamente a perspectiva de retomada das commodities no segundo semestre que levou o Goldman Sachs a projetar o Ibovespa em 90 mil pontos no curto prazo, em um horizonte de três meses.

Segundo o banco, em relatório divulgado ontem, o mercado acionário brasileiro é o “candidato ideal à recuperação” entre os emergentes. A projeção anterior era de 95 mil pontos, mas em 12 meses. Outro ponto que deixa a bolsa brasileira mais atrativa, de acordo com o Goldman Sachs, é a forte queda acumulada desde janeiro, de cerca de 48% em dólar.

Em real, o Ibovespa recua 28,21% em 2020, mas sobe 3,13% em maio e tem alta de 7,05% nesta semana. Os papéis ordinários da Vale também têm se beneficiado com a alta do preço do minério de ferro, que avança 13,80% em maio. Ontem, porém, Vale ON recuou 2,61%, penalizada pelo recuo do dólar e pelas tensões entre EUA e China.

O presidente americano, Donald Trump, publicou no Twitter que a incompetência da China em lidar com o novo coronavírus é a responsável por “mortes em massa no mundo”. Outras exportadoras também sofreram neste cenário de tensão comercial entre EUA e China e baixa do dólar. Suzano ON recuou 4,40%, Marfrig ON teve queda de 4,21%) e Klabin units cedeu 3,93%.

 

Fala de Campos alivia pressão no dólar

Comentários sobre a dinâmica cambial recente proferidos pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chamaram a atenção de participantes de mercado. Para parte dos analistas, o dirigente adotou um tom mais duro em relação ao comportamento do dólar, referendando uma atuação mais firme vista no final da semana passada. As falas teriam ajudado a tirar pressão altista da moeda americana.

Na semana passada, o dólar esteve próximo dos R$ 6,00 em um momento em que várias moedas emergentes já recuperavam do tombo de março e abril. A tendência só foi quebrada após uma intervenção mais agressiva que o habitual do BC, que dobrou a ração de swap e vendeu dólares à vista num mesmo dia.

Mesmo contabilizada a recuperação desde então, o real continua como a pior divisa emergente no acumulado de maio e também do ano, com queda de, respectivamente, 2,53% e 28,15%. Em videoconferência organizada na noite de quarta-feira pela Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Campos disse que a autoridade monetária continuará atuando no mercado de câmbio sempre que necessário e lembrou que, por causa da valorização do dólar, o nível de reservas subiu em relação ao PIB.

Entendemos que temos um espaço muito amplo de venda de reservas. A gente vai continuar atuando e pode até aumentar a atuação se entendermos que é necessário”, afirmou. Para Gabriel Gersztein, estrategista-chefe para mercados emergentes do BNP Paribas, a autoridade monetária pode ter passado a considerar que os benefícios de um dólar mais caro estão sendo ameaçados pelos custos dessa estratégia.

“Acho que caiu a ficha. A moeda é algo muito importante em qualquer economia para um BC deixar passar a impressão de que é algo que não importa”, diz Gerztein, para quem o BC efetivamente deixou o câmbio desancorar nas últimas semanas. “Com um câmbio volátil desse, as empresas não conseguem fazer hedge e as condições financeiras pioram muito, impactando a confiança do empresário. Além disso, o dólar mais alto acaba reduzindo a renda disponível do consumidor.”

Para o profissional, a dinâmica recente do dólar no Brasil pode ter feito esses custos superarem os aspectos positivos do câmbio mais desvalorizado, como a melhora da balança comercial, das contas externas e dívida pública. “Existe esse trade-off e acho a fala de Campos reconhece que se estava chegando a um ponto em que os custos eram maiores que o impacto positivos”, diz Gersztein.

Economista-chefe da JGP, Fernando Rocha avalia que Campos influenciou o comportamento do câmbio não somente ao falar de intervenções, mas também por sinalizar uma cautela maior em relação ao ritmo de cortes da Selic. “No discurso, como em algumas conversas que o BC vem fazendo com o mercado, o que vem sendo comunicado é que eles querem ser mais agressivos com o dólar e continuam a ressaltar o risco do ‘zero lower bound’. O mercado vem entendendo que o BC não vai ser tão testador de limites, que o corte pode não ser de 0,75 ponto”, diz. “Não por acaso, a curva de juros está achatando. Toda vez que o BC é muito dovish [favorável a estímulos], o dólar piora rapidamente e a curva empina.

Na outra ponta, está a gestora do fundo macro da Truxt Investimentos, Mariana Dreux. Para a profissional, o mais importante para o recuo recente do dólar no Brasil é a melhora do cenário para moedas emergentes no exterior e sinais de distensão da política local. “Temos uma onda global de recuperação que começou com as bolsas lá fora e só agora está chegando às moedas emergentes”, diz.

Além disso, continua, contribuiu o clima mais ameno que se esperava na reunião do presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, bem como o refluxo das especulações sobre uma possível saída do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Dreux diz ainda que o BC também agiu de forma mais firme em momentos recentes em que a moeda subiu rapidamente, se descolando dos pares, mas que isso foi pontual. “Observando discursos anteriores, os dirigentes do BC sempre batem na mesma tecla, indicando que contam com grande arsenal e que podem usar se necessário”, diz.

 

FOLHA

Empresários relatam que burocracia e demora dos bancos limitam acesso ao crédito para folha de pagamento

Pequenas e médias empresas que precisam aderir à linha emergencial de financiamento para pagar seus funcionários ante a pandemia do coronavírus relatam que esbarram em burocracia, excesso de exigências e demora na resposta dos grandes bancos.

Liberado no fim de março pelo governo federal, o programa de R$ 40 bilhões foi desenhado para empresas com faturamento de R$ 360 mil a R$ 10 milhões por ano. Desse total, 85% é garantido pelo Tesouro Nacional. A taxa máxima é de 3,75% ao ano.

A adesão até agora, entretanto, foi baixa: apenas R$ 1,4 bilhão haviam sido emprestados na modalidade até 11 de maio —menos de 4% do orçamento total disponível.

Parte do motivo para o resultado aquém do esperado são as várias exigências da linha. Empresários relatam comprometimento com a não demissão, alta quantidade de documentos e garantias exigidos e demora de bancos para aprovar a solicitação como entraves ao acesso.

Dono de duas lojas de vestuário na capital paulista, o empresário Alexander Oltman, que emprega nove pessoas, afirma que seu gerente de banco cortou o problema já na raiz.

“Já me informou, de cara, que era um dinheiro difícil de acessar porque, além de precisar de mil documentos, ia me fazer cair em produtos do banco privado. Tentei por uma semana, desisti pela burocracia”, afirma Oltman, dono da Free Hand Surf Shop e da Kidstok, uma franquia de roupa infantil.

O empresário diz que as garantias solicitadas pelo banco foram muito além do limite que ele poderia pagar, em especial no momento em que viu seu faturamento cair 10% em relação ao que vendia antes do confinamento.

“Pedi R$ 100 mil, o banco pediu R$ 70 mil de garantia. Quem tem essa garantia não está precisando de dinheiro”, afirma.

Segundo o gerente técnico da FGV Projetos, Maurício Wanderley, apesar das medidas anunciadas pelo governo para evitar o estrangulamento dessas empresas, as taxas de juros apresentadas pelas instituições bancárias variam de 0,41% a 10,99% ao mês, principalmente ante a oferta de produtos não subsidiados.

"Há ainda exigência de avalistas, cartas de garantia de SGC (Sociedades Garantidoras de Crédito), fiança, além de recebíveis e ativos das empresas. Nesse formato, o dinheiro não chega às empresas que mais precisam", afirma.

No setor de alimentação, a dificuldade no acesso ao crédito com subsídio público é citado como empecilho até para o momento de retomada. Estabelecimentos preveem uma receita muito abaixo do normal, o que dificultará o pagamento desses compromissos.

Cerca de 85% das empresas que fizeram pedidos de empréstimos gerais no período da pandemia tiveram propostas recusadas, de acordo com recente pesquisa da ANR (Associação Nacional de Restaurantes), que representa mais de 9.000 pontos no país.

Com corte estimado de 1 milhão de pessoas, 21% dos empresários afirmam que não devem conseguir manter seus negócios após a crise.

Dono de sete empreendimentos do segmento na capital paulista, o empresário Marcos Livi também conta que não conseguiu acessar o crédito. Além de impedimentos burocráticos, ele cita que foi informado que suas empresas não se enquadravam nos critérios definidos pelo programa. Apesar de CNPJs independentes, elas configuraram como grupo econômico pelas critérios da linha.

“Fomos muito bem atendidos por linhas de cooperativa, que estenderam pagamentos para janeiro de 2021, e também pelo banco, mas não conseguimos entrar na linha de crédito de folha de pagamento”, afirma Livi, que é dono de locais como Verissimo, Quintana e Napoli Centrale. Para ele, a estabilidade de dois meses para os funcionários como exigência para a obtenção do auxílio não seria um problema.

Ao todo, as dez lojas de todas as suas marcas, que também incluem padaria e hamburgueria, demitiram 96 dos 294 funcionários empregados antes da crise. As empresas adotaram a medida de redução de jornada e de salário a 160 trabalhadores.

Mesmo atuando com delivery, o faturamento caiu 90%. Entre as outras tentativas de acesso a linhas de crédito, o empresário ainda tentou recursos do BNDES e do Investe SP via site, aplicativo e outros canais. Segundo ele, foram duas tentativas por semana desde o início da quarentena, todas frustradas.

O mesmo imbróglio é realidade para microempresários do setor industrial. Levantamento do Simpi SP, sindicato estadual das micros e pequenas indústrias, desta quarta-feira (20), mostra que 86% das marcas não estão acessando crédito durante a crise de Covid-19.

Entre as que estão, 9% conseguiram capital de giro novo e 4% têm recursos por meio de linhas que já possuíam antes da crise.

A marca Fábrica de Puf, em Osasco, que emprega quatro funcionários e três terceirizados em sua fábrica e na loja física, ainda está no processo inicial para pleitear o acesso a verbas federais.

O empresário Marcos Bassanezi afirma que as linhas do governo têm exigências difíceis de atender. “Não devo nada para a Receita e para o INSS. Minha empresa é redonda, não tenho CND [Certidão Negativa de Créditos] e tenho saldo para fluxo de caixa. Se é burocrático assim [para quem não tem dívida], imagina para quem tem”, diz.

A loja reabriu neste mês com uma operação para a entrega. Em março e abril, registrou quedas de faturamento de 90% e 75%, respectivamente. O empresário reduziu a carga horária e o salário de empregados para poder mantê-los, mas considera a linha de crédito para pagamento de folha pouco atraente diante do cenário incerto de retomada.

OUTRO LADO

Procurada, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) confirma que exigência de estabilidade de emprego tenha influenciado em adesões aquém do esperado para a linha e cita outros fatores, como a possibilidade de acordos individuais para redução ou suspensão de jornada e salário e a existência de débitos previdenciários que, até então ,proibiam a empresa de contratar recursos públicos.

“A Febraban destaca que, diante das incertezas quanto ao cenário futuro da economia, muitas empresas, consultadas na oferta ativa, demonstram dúvidas sobre qual o melhor caminho a seguir em relação aos débitos que possam vir a assumir”, afirmou a federação em nota.

A Febraban disse, ainda, que os cinco maiores bancos participantes do programa – Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander – processam efetivamente a folha de pagamento de 260 mil empresas com faixa de faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões, e que esse volume deve aumentar caso seja aprovado pelo Congresso o projeto de lei que estende o limite de adesão para empresas com receita bruta de até R$ 50 milhões.

“Para atender plenamente a esse universo, os bancos, com apoio do BNDES, montaram processos totalmente eletrônicos para facilitar o acesso destes limites, realizando uma análise prévia da elegibilidade destas empresas”, disse a federação.

Segundo a Febraban, a análise prévia identificou, no primeiro mês de operação da linha, aproximadamente 150 mil pessoas jurídicas elegíveis. Do total de 260 mil empresas com folhas de pagamento em bancos, cerca de 20% (52 mil empresas) apresentaram débitos de seguridade social, o que, até a promulgação da Emenda Constitucional 106, as excluíam do processo.

Outras 10% (26 mil) apresentam históricos de crédito em atraso não compatível para a liberação dos recursos.

“Esse volume tende a aumentar com a promulgação da Emenda Constitucional 106, de 7 de maio de 2020, que suspendeu temporariamente a exigência de regularização de débitos previdenciários das empresas devedoras, e ampliará a quantidade de trabalhadores beneficiados com mais opções para a empresas elegíveis enfrentarem a crise”, afirmou em nota.

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