Quarta-feira

TRIBUNA DO NORTE

Lançamento de imóveis recuam 67,9% no Nordeste; queda é a maior do País

Com a pandemia do novo coronavírus, a região Nordeste apresentou uma queda de 56,3% no número de unidades habitacionais lançadas, na comparação entre janeiro, fevereiro e março deste ano e o mesmo período de 2019. No primeiro trimestre de 2020, foram 2.361 lançamentos contra 5.397, em igual período do ano passado. Quando o volume de unidades é comparado ao trimestre anterior a redução foi ainda maior: 67,8%. De outubro a dezembro de 2019, o setor lançou 7.348 unidades habitacionais. Por outro lado houve um crescimento de vendas. No Nordeste, a comercialização de unidades residenciais aumentou 21,3% em relação ao 1º trimestre de 2019, e 23,9% em relação ao trimestre anterior ao pesquisado.

Os números fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 1º trimestre de 2020, realizado desde 2016 pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional). O levantamento mostra que, no Brasil, no 1º trimestre de 2020, os lançamentos de imóveis (18.388 unidades) apresentaram uma queda de 14,8% na comparação com o 1º trimestre de 2019. Além da redução no Nordeste, houve queda de 29,1% na Região Sul (3.621 unidades lançadas), e 2,4% no Sudeste (8.745 unidades lançadas). As exceções foram a região Norte, que no 1º trimestre de 2020 lançou 754 unidades, ou 183,5% mais que no mesmo período de 2019. Na região Centro-Oeste, foram 2.907 lançamentos – alta de 57,4% no comparativo com janeiro, fevereiro e março do ano passado.

Houve queda geral de 69,1% no comparativo de lançamentos do 1º trimestre de 2020 (18.388 unidades) com o 4º trimestre de 2019 (59.553 unidades), que foi o melhor trimestre em lançamentos dos últimos dois anos. A maior diferença foi no Sudeste, com 8.745 lançamentos ou 79,2% menos que no período imediatamente anterior.

O valor geral dos lançamentos (VGL) do 1º trimestre de 2020 foi de R$ 6,3 bilhões e caiu 9,65% em relação ao 1º trimestre de 2019 e 76% em relação ao 4º trimestre de 2020. O índice representa a soma do valor potencial das vendas de todas as unidades que compõem os empreendimentos lançados.

Vendas

O levantamento mostra que o Brasil registrou um crescimento de 26,7% nas vendas de imóveis residenciais novos (apartamentos) no comparativo entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2019, e considera que isso ocorreu, principalmente nos meses de janeiro e fevereiro - período em que as regiões do País ainda não estavam adotando as medidas de isolamento social. No Sudeste, foram vendidas 18.443 unidades, ou 39% mais imóveis verticais que no mesmo período de 2019. No Norte, foram vendidas 868 unidades (+27,8%). No Sul, 5.454 apartamentos (+12%) e no Centro Oeste, 2.335 (+0,7%).

O valor geral de venda (VGV) do 1º trimestre de 2020 foi de R$ 12,66 bilhões e cresceu 15,14% em relação ao 1º trimestre de 2019 e caiu 32,1% em relação ao 4º trimestre de 2019. Trata-se da soma de valor potencial de venda de todas as unidades que compõem os empreendimentos imobiliários.

Ainda foi divulgada uma pesquisa com 600 consumidores sobre a intenção de compras em março, onde 55% ainda tinham o interesse na compra. Porém, o percentual caiu para 47% em abril. Estes foram os motivos de uma possível desistência: incerteza sobre a duração da pandemia (46%); incerteza sobre emprego ou renda (24%); perda de renda (20%); mudanças de objetivos pessoais (12%); objetivos de economia pessoal (9%); perda de emprego (8%).

 

VALOR

Impactos da pandemia derrubaram PIB do primeiro trimestre

Impostas a partir da segunda quinzena de março em várias regiões do Brasil para conter o avanço da pandemia de covid-19, as medidas de isolamento social derrubaram a atividade econômica no mês. O tombo observado em diversos setores foi suficiente para comprometer o resultado do primeiro trimestre, que deve marcar o início da recessão.

Segundo a estimativa mediana de 48 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,5% de janeiro a março na comparação com o último trimestre de 2019, feitos os ajustes sazonais. As projeções para as Contas Nacionais Trimestrais, que serão divulgadas na sexta pelo IBGE, variam desde retração de 2,5% até recuo de 0,8% para a comparação trimestral dessazonalizada. Em relação ao primeiro trimestre de 2019, a economia brasileira deve ter encolhido 0,2%.

Para 2020, a mediana aponta queda de 6,3% no PIB, mas os cenários têm ficado mais negativos a cada dia, na medida em que os economistas incorporam dados ruins já conhecidos para o segundo trimestre, a postergação das políticas de quarentena e o “lockdown” mais rígido em algumas capitais, já que a curva de contaminação pelo novo coronavírus não dá sinais de achatamento.

Além da crise de saúde, o aumento do risco fiscal e das turbulências na política torna o quadro mais desafiador. “O surto de covid-19 continua a se espalhar no Brasil, o que deve aprofundar a recessão econômica, a despeito do nível sem precedentes de políticas de estímulo”, afirmou o J.P. Morgan em sua última revisão de cenário.

 A equipe econômica chefiada por Cassiana Fernandez calcula que o PIB caiu 1,5% no primeiro trimestre. No começo do ano, apenas o setor agropecuário escapou de retração, ao crescer 1,5% sobre os três meses anteriores, de acordo com a mediana de 17 instituições. A tendência deve se manter em 2020, quando espera-se expansão de 2,3% do PIB agro.

O segmento, no entanto, tem peso pequeno no valor adicionado, de 5,2%. Assim, sua trajetória positiva pouco ajuda a economia. Já os serviços, que respondem por mais de 70% do PIB e, em muitos subsetores, tiveram de fechar as portas, devem ter recuado 1,3% nos primeiros três meses de 2020. Se confirmada a expectativa mediana, será a primeira vez que o PIB do segmento entrou em terreno negativo nessa medida desde o quarto trimestre de 2016 (-0,6%).

A indústria também não foi poupada, e deve ter redução de 1,4% em seu PIB nos três meses terminados em março. Do lado da demanda, o destaque negativo deve ser o consumo das famílias, que, segundo os economistas, diminuiu 1,3% no período. Já os investimentos tiveram queda mais fraca, de 0,5%, mas devem terminar 2020 com tombo de 11,7%, paralisados em meio a um ambiente de incerteza elevada.

O setor externo foi outro componente que deve ter gerado contribuição negativa ao PIB no primeiro trimestre. Segundo a mediana de 16 analistas, as exportações caíram 1,2%, ao passo que as importações subiram 4,2%.

Para Leonardo Porto e Paulo Lopes, economistas do Citi Brasil, a recessão de 2020 será duas vezes mais severa que a crise financeira de 2008 e 2009 para o país. Porto e Lopes estimam que o PIB vai recuar 6,5% na média do ano, mas, entre o pico précrise e o pior momento, a redução deve alcançar 11%. No primeiro trimestre, a expectativa é de queda de 1,5% sobre o quarto trimestre de 2019.

A demanda doméstica (soma de consumo das famílias, do governo e dos investimentos) deve encolher 8,3% este ano, calculam os economistas do Citi, influenciada por queda de 8,7% do consumo privado e de 15,3% da formação bruta de capital fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas, construção civil e inovação).

Nas estimativas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), a formação bruta subiu 0,7% entre o quarto trimestre do ano passado e o primeiro deste ano. Segundo a pesquisadora Luana Miranda, a importação de máquinas e equipamentos teve desempenho positivo no período, mais do que compensando a retração da produção doméstica, mas a alta dos investimentos dentro do PIB não terá fôlego. “Já não tínhamos um cenário animador para o investimento, mesmo se o PIB crescesse em torno de 2% este ano, porque outras reformas eram necessárias”, diz Luana, que trabalha com recuo de 15,7% da FBCF em 2020, e retração de 5,4% da economia.

O impacto negativo da pandemia sobre o nível de atividade ocorrido já no primeiro trimestre foi mais forte do que o esperado anteriormente, aponta Luis Fernando Azevedo, economista-chefe da MZK Investimentos, para quem o PIB caiu 1,3% sobre os três meses anteriores. “Quando começou, era um choque de oferta, como a greve dos caminhoneiros de 2018, algo que passa rápido. Mas a crise também virou um choque de demanda”, disse.

Azevedo destaca que, mesmo nos países em que as medidas de distanciamento já foram relaxadas, como na China, a população não tem voltado às compras, seja por medo da doença, ou porque perdeu renda. “Por aqui, o consumo vai sofrer bastante agora e nos próximos trimestres, com as pessoas evitando gastos, com medo de perder o emprego, e fazendo poupança precaucional”, comentou.

Nos cálculos da MZK, a demanda das famílias diminuiu 0,7% nos primeiros três meses do ano. Do lado da oferta, a maior cautela dos consumidores e as medidas de restrição à mobilidade reduziram a atividade dos serviços, que, no cenário do Ibre/FGV, ficou 1% menor no primeiro trimestre. “Na Pesquisa Mensal dos Serviços (PMS), o destaque foi a impressionante queda dos serviços prestados às famílias, de 33,4% em março na comparação com igual mês do ano anterior”, observa a entidade. O isolamento social repercutiu em todos os setores da economia em março, nota a equipe de conjuntura do Ibre.

Na indústria, cuja produção caiu 9,1% ante fevereiro, descontados os fatores sazonais, as piores quedas ocorreram nos segmentos de bens de consumo duráveis e bens de capital, menciona Luana. Ela prevê recuo de 0,9% do PIB industrial no primeiro trimestre, com desempenho negativo na indústria extrativa (-4,1%), na parte de transformação (-1,4%) e na construção civil (-0,9%).

 

Incerteza fiscal e piora do ambiente de negócios minam retomada, diz Veloso

A combinação de um combate errático e pouco coordenado à pandemia da covid19 e de uma situação fiscal delicada tende a levar a uma recuperação lenta da economia brasileira, disse ontem Fernando Veloso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Entrevistado da “Live do Valor ”, Veloso mostrou preocupação com o risco de uma piora do ambiente de negócios no país, por causa de uma série de projetos de lei que estão no Congresso Nacional, mexendo com aspectos “fundamentais do mercado”, sob a justificativa de reagir aos efeitos da doença.

O Ibre/FGV prevê atualmente queda de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, perda mais intensa do que a projetada pelo governo brasileiro (-4,7%). No mercado existem projeções de quedas do PIB de 2020 em 7% e 10%, lembrou Veloso. “Há bastante incerteza, difícil cravar um número”, disse ele.

Para Veloso, porém, é possível descartar “com clareza” que a recuperação da atividade econômica após a pandemia não terá um formato em “V” - forte queda seguida e rápida recuperação. “A dúvida é se a recuperação será de 2% a 3% no ano que vem ou mais próxima de 1%, como estávamos vendo antes da pandemia”, disse ele.

Veloso lembrou que a pandemia elevou a percepção de risco fiscal e político do país. No caso das contas públicas, ele destacou que o aumento dos gastos do governo durante a pandemia de covid-19 é necessário para proteger empresas e empregos, mas elevou os riscos de que a dívida do país assuma uma trajetória insustentável.

O economista notou que o Ministério da Economia divulgou recentemente projeções de que o déficit primário do setor público deve chegar a 9,9% neste ano, elevando para 93,5% a proporção entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) do país. No mercado, analistas preveem que a dívida pode chegar mesmo a 100% do PIB brasileiro.

Para ele, a trajetória preocupa porque o país entrou na atual crise com nível de endividamento maior do que a média dos países emergentes, nos quais a relação está na casa de 50% a 60% do PIB. No Brasil, a proporção estava em 76% no início deste ano. “A dívida estava alta e a trajetória é crescente”, disse Veloso, acrescentando que é preciso buscar saídas para diminuir o rombo fiscal.

“O Executivo e Congresso precisam começar a pensar em como reduzir o déficit primário no ano que vem e olhar com cuidado para prorrogação dos programas, especialmente auxílio emergencial, que é muito caro. Cabe uma discussão se o valor de R$ 600 deveria ser menor e o Executivo precisa discutir isso com o Congresso”, acrescentou.

Veloso disse que os gastos do auxílio emergencial já chegam a R$ 123 bilhões em três meses e pode alcançar a marca de R$ 150 bilhões. O programa foi desenhado para atender a cerca de 50 milhões de informais, mas seu quantitativo de beneficiados já chega ao total de 60 milhões de pessoas. “Tem gente de fora da força de trabalho sendo beneficiada e todo dia surgem casos de pessoas que não deveriam receber o auxílio”.

Ele sugere que o Bolsa Família tenha suas linhas de benefício elevadas e torne-se mais abrangente, para exercer o papel de apoio às famílias mais pobres com o fim do auxílio emergencial. Para ele, o programa seria mais bem focalizado nas famílias pobres do que o auxílio emergencial.

No caso da incerteza política, Veloso citou a divulgação do vídeo da reunião do presidente Jair Bolsonaro com seus ministros em 22 de abril, após decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Questão fundamental para a retomada do crescimento é uma grau mínimo de coordenação entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Uma pauta mínima de ajuste fiscal e de reformas no período pós pandemia que permitisse a recuperação da economia. Caso contrário, a consequência vai ser um desemprego muito elevado”, disse.

Ele observou que a forma como o combate à pandemia é conduzido interage com a questão fiscal e econômica. Quanto mais tempo a pandemia perdurar, mais longo será o período de quarentena e os gastos do governo, com a prorrogação de auxílios. Por isso, a reabertura precisa ser melhor planejada pelas autoridades públicas.

 “Precisamos de planejamento mais rigoroso do que pode ser feito: protocolos, indicadores. O pico da crise tem que ter sido superado, precisamos de testagem em massa. O combate errático da pandemia é errático e há falta de coordenação. poucos estados e municípios tem um plano claro”, disse o economista.

 Ao falar do risco de deterioração do ambiente de negócios, Veloso afirmou que há projetos para definir “programa de empréstimo compulsório, tabelamento do custo do cartão de crédito e cheque especial, suspensão de crédito consignado para quem já recebe em dia. São modificações profundas que estão sendo feitas em ambiente de votação remota do Congresso”, afirmou ele.

 “O risco que vejo é que parlamentares, na tentativa de atender às demandas, façam intervenções que alterem o ambiente de negócios. Se acontecer de forma açodada, pode ter consequência no futuro”, acrescentou.

 

Consumo menor faz IPCA-15 ter maior deflação desde 1994

Com as medidas de isolamento social reduzindo o consumo de bens e serviços, o país teve em maio sua maior deflação desde a implementação do Plano Real, em 1994, conforme mostrou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15(IPCA-15), prévia da inflação oficial divulgada ontem pelo IBGE. O indicador recuou 0,59% no mês, com baixa espraiada entre seus componentes.

Economistas esperam que o índice volte ao campo positivo a partir de junho, puxado por reajustes de preços administrados como gasolina, remédios e energia. Mesmo assim, com a possível lenta recuperação da economia após a pandemia, a tendência é de inflação baixa no restante do ano, abrindo espaço para um novo corte da taxa básica de juros, a Selic.

Na prévia de maio, a gasolina mais barata (-8,51%) e a queda da passagens aéreas (-27,08%) foram os principais destaques da deflação do IPCA-15. Mas o recuo de preços alcançou cinco dos nove conjuntos de despesas das famílias: transportes (-3,15%), habitação (-0,27%), vestuário (-0,20%), saúde e cuidados pessoais (-0,13%) e despesas pessoais (-0,09%).

Para André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), os serviços materializaram claramente os efeitos impactos da pandemia. “Se o consumidor não pode ou não quer usufruir de um serviço, os preços vão ficar congelados ou cair. É parte do problema que o isolamento provocou”, disse Braz. Dados do IBGE mostraram baixa nos preços de clubes (-0,44%), recreação (-0,64%), pacote turístico (-0,66%), hospedagem (-2,35%) e cabeleireiro (-0,20%), por exemplo.

A inflação subjacente de serviços - que exclui itens voláteis, como passagens áreas - desacelerou para 0,04% em maio e passou a acumular alta de 2,75% em 12 meses, a menor desde pelo menos 2013. Além de recorde, a deflação registrada em maio foi mais intensa do que a esperada por analistas ouvidos pelo Valor Data, que previam queda de 0,47% do índice. O resultado ficou abaixo do piso das projeções, de queda de 0,56% no mês.

Parte da surpresa foi explicada pela inflação de alimentos, que desacelerou para 0,46% em maio, bem abaixo da taxa de abril (2,46%). Com o resultado, o IPCA-15 passou a acumular alta de 1,96% em 12 meses, a menor taxa registrada desde fevereiro de 1999 (1,80%). A inflação roda, portanto, abaixo do piso da banda de tolerância da meta, de 2,5% neste ano - o alvo perseguido pelo Banco Central (BC) é de 4%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.

Para o IPCA “fechado” de maio, a ser divulgado no início de junho pelo IBGE, o Itaú Unibanco prevê atenuação da deflação para 0,42%, refletindo quedas menores dos combustíveis e da passagem aérea. O indicador voltaria ao campo positivo em junho (0,19%) e julho (0,36%) por causa de reajustes anunciados pela Petrobras nas refinarias, além da alta de remédios e energia.

Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco, disse que as projeções para os próximos meses corroboram o cenário de inflação em níveis historicamente baixos ao longo deste ano. Ela prevê, dessa forma, alta de 2% no IPCA em 2020 e de 3% em 2021. “Os núcleos também devem seguir em níveis comportados ao longo do ano, corroborando um cenário de redução de 0,75 ponto percentual da Selic, encerrando o ciclo em 2,25% até o fim do ano”, afirmou a economista.

Para a MCM Consultores, a inflação deve fechar 2020 em 1,9% - previsão revisada ontem de alta de 2%, após o IPCA-15. Para a consultoria, a autorização do reajuste de medicamentos deve ser adiada por mais 60 dias. Na Ativa Investimentos, a expectativa é que o IPCA feche o ano em alta de 1%, revisado de 1,1%, o que seria o resultado mais baixo da série histórica. “O segundo semestre deve ter inflação baixa. Quando o isolamento social começar a ser reduzido, a demanda permanecerá restrita. O nível de estoque de produtos pode até continuar subindo”, disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa.

 

Governo busca saída para destravar crédito a microempresa

Irritado com a demora na formatação da linha de crédito às microempresas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, aumentou a cobrança sobre a equipe e colocou em andamento planos alternativos, como a doação de recursos a microempresas adimplentes e o uso de “maquininhas” de cartão de crédito para conceder empréstimos. Internamente, avalia-se que o crédito às microempresas é o único ponto falho na estratégia de enfrentamento dos efeitos econômicos da pandemia.

O ministro quer destravar os empréstimos e fazer desta a “semana do crédito”. Nos bastidores, é intensa a movimentação dos grupos técnicos que atuam nessa área. A ideia de doar recursos foi apresentada por Guedes em entrevista ao jornal digital “Poder360”. No programa, ainda em formatação, 1 milhão de empresas receberiam recursos do governo e não precisariam devolvê-los, desde que mantivessem em dia os recolhimentos de impostos em 2021. Estima-se uma cifra inicial de R$ 10 bilhões.

Fontes confirmaram ao Valor que esse programa está em discussão. Porém, em estágio embrionário. Um técnico explicou que, com autorização do Legislativo, é possível o governo doar dinheiro, na forma de subsídio. Em live na noite de ontem, o secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos Da Costa, evitou comentar o assunto, mas disse que é uma das propostas em estudo.

“Não é que esteja avançado isso, são ideias.” Outra ideia que havia sido colocada em segundo plano - e que agora volta para o centro do debate -, é o uso de maquininhas de cartão de crédito como meio de concessão de empréstimo às microempresas. Essas propostas começaram a ganhar força num momento em que é crescente o ceticismo, dentro da própria equipe econômica, em relação à efetividade do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).

Nesse programa, os bancos concedem os empréstimos às microempresas com recursos próprios. O governo se propôs a cobrir até 85% do calote nas operações, para contrabalançar o aumento do risco de crédito devido à pandemia. A cobertura das perdas será feita por meio do Fundo Garantidor de Operações (FGO), do Banco do Brasil. Para tanto, esse fundo receberá um aporte de R$ 15,9 bilhões.

A transferência depende da edição de uma Medida Provisória (MP) autorizando um crédito extraordinário. Guedes quer a linha do Pronampe em operação na próxima semana. No entanto, além da edição da MP, falta a alteração do estatuto do FGO. Além das questões operacionais, há dúvidas se o programa decolará por causa de pelo menos três pontos. Primeiro, a taxa de juros (Selic mais 1,25% ao ano) é inferior ao custo de capital dos bancos. Segundo, há dúvidas sobre como será a cobertura do FGO.

 Fonte informou ao Valor que os 85% incidem sobre a carteira, não sobre cada operação. De forma que, se a inadimplência for inferior a 85%, a cobertura é total. O terceiro ponto é a eliminação, por veto presidencial, de um prazo de carência de oito meses para o microempresário começar a pagar.

As etapas burocráticas têm tomado tempo e atrasado a oferta do crédito porque persiste o chamado “apagão das canetas”. Técnicos temem ser responsabilizados por medidas adotadas em meio à pandemia. Nem mesmo a edição de uma MP isentando-os de responsabilidade foi capaz de lhes dar a necessária segurança.

O governo também negocia no Congresso alterações na linha de crédito para folha de pagamentos. A tendência é que haja acordo para elevar de 85% para 100% a parte a ser bancada com recursos do Tesouro. Além disso, deverá ser eliminado o dispositivo que proíbe a empresa beneficiada de demitir até 60 dias depois de receber a última parcela do empréstimo, assim como flexibilizar os limites de faturamento das empresas que poderão recorrer ao programa.

 

IIF prevê 'contração profunda' na AL e projeta queda de 6,9% no Brasil

A deterioração da economia na América Latina nos últimos meses tem surpreendido analistas e levado à revisão das projeções para um cenário ainda mais grave. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) alerta agora que a região deve ter uma retração de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, estimativa pior que a projetada em abril, de -4,5%.

As novas projeções incluem baixa de 9,7% na Argentina e de 6,9% no Brasil, enquanto o México caminha para um recuo de 8,7%. “Na América Latina, o impacto sobre a atividade real no primeiro trimestre foi mais profundo do que esperávamos, e os indicadores de sentimento continuam deprimidos no segundo trimestre.

Além disso, a propagação do vírus parece menos contido do que em alguns mercados desenvolvidos, onde os surtos foram graves”, afirmam os analistas do IIF. Dessa forma, prevalece a leitura de que as economias latino-americanas devem ter uma contração “extraordinariamente profunda” este ano, que se deve também a um longo período de desempenho inferior aos pares emergentes.

 No caso do Brasil, a recuperação da recessão vista em 2015 e 2016 foi lenta e muito incompleta, até considerada uma queda acentuada no crescimento potencial. “Um rápido alívio dos ‘lockdowns’ está longe de garantido, dado um número ainda crescente de novos casos de covid em toda a região”, afirmam.

No entanto, a característica mais marcante desta recessão é a sua velocidade. Um único trimestre custará à região quase 10% de sua produção econômica, dizem os analistas do IIF. Em 2008, a recuperação foi forte, trazendo a renda real de volta aos níveis pré-crise em cinco trimestres. Um grande estímulo da China foi um fator essencial da recuperação.

“Desta vez, o apoio de política econômica na China é moderado, como ocorreu na guerra tarifária de 2019. Isso é compatível com uma recuperação moderada na América Latina na segunda metade do ano, supondo que a propagação do vírus esteja contida globalmente”, afirmam. De acordo com os especialistas, mesmo se a recuperação ocorrer na América Latina em breve, o legado de um longo período de maus resultados de crescimento pesará no espaço das medidas econômicas e gerará uma perspectiva política e social desafiadora.

 

Fitch revisa projeções para PIB global e vê contração de 6% no Brasil

A atividade econômica no Brasil caminha para uma contração de 6% em 2020, seguida de uma expansão de 3,2% em 2021. Essa é a avaliação da agência de classificação de riscos Fitch, que revisou suas projeções para as principais economias do mundo. Até então, a instituição via uma baixa de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano. “A maior contribuição para a revisão para baixo do PIB global em 2020 vem dos emergentes, excluindo a China, onde agora vemos o PIB caindo 5% na Índia e na Rússia e 6% a 7% no Brasil e no México”, explicam os analistas da Fitch em relatório.

Para eles, a deterioração de projeções reflete o aumento das infecções por coronavírus em meados de abril e as medidas tomadas para conter o surto. “A maior revisão de longe foi na Índia, onde o surto de vírus provocou um lockdown muito severo que durou muito mais do que o esperado”, acrescentam.

A Fitch trabalha agora com cenário de contração de 4,6% do PIB global em 2020, ante uma previsão anterior de baixa de 3,9%. Considerando apenas os emergentes, a contração deve ser de 1,7% neste ano apesar da expansão de 0,7% na China. Já as economias desenvolvidas devem ter baixa de 6,4%. A leitura é que zona do euro e Reino Unido tenham contração de aproximadamente 8% em 2020, enquanto Estados Unidos devem ver um encolhimento de 5,6%.

A instituição aponta, contudo, que a atividade econômica está quase chegando ao fundo do poço, uma vez que as medidas de lockdown estão começando a ser aliviadas. A recuperação é prejudicada pela ruptura do mercado de trabalho e pelo distanciamento social contínuo. Por isso, o retorno do PIB para patamares anteriores a proliferação do vírus deve levar mais de dois anos nos EUA e na Europa, apesar do enorme estímulo.

 

 

 

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