Quarta-feira

ESTADÃO

'Novo' saneamento básico pode gerar R$ 80 bilhões por ano ao Brasil

O Brasil poderá ganhar quase R$ 80 bilhões por ano com a expansão do saneamento básico – setor mais atrasado da infraestrutura brasileira. Hoje a falta de cobertura de água e esgoto, cujos índices são piores que em países como Iraque e Jordânia, prejudica a saúde, a produtividade e a renda da população brasileira, segundo dados do Instituto Trata Brasil.

Com a aprovação do novo marco regulatório, previsto para ser votado hoje, a expectativa é que novos investimentos mudem esse cenário. Pela primeira vez na história, há quase uma unanimidade de que é preciso aprovar uma legislação capaz de atrair novos investidores. Calcula-se que o País precise de algo entre R$ 500 bilhões e R$ 700 bilhões para universalizar os serviços e reduzir os prejuízos da população.

Para se ter ideia, o País perde 38% de toda água potável, tratada e pronta para ser distribuída. Isso representa R$ 12 bilhões, o equivalente a todo investimento que o setor tem feito por ano. “Em alguns Estados, essas perdas chegam a 70%”, diz Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil.

Mas os prejuízos causados pela falta de saneamento vão além. Em 2018, último dado disponível, o Brasil registrou quase 5 milhões de Doenças Diarreicas Agudas (DDAs), segundo o economista Claudio Frischtak, presidente da consultoria de infraestrutura InterB. Ele explica que, entre 2010 e 2018, o número de casos dessa doença cresceu 2,15% ao ano – acima da expansão da população, de 0,8%.

O avanço dessas doenças resulta em maiores gastos públicos com internações e perda de produtividade do brasileiro, que falta ao trabalho por causa das enfermidades. Pelos dados do Trata Brasil, o aumento dos investimentos rumo a universalização dos serviços de água e esgoto podem gerar uma economia de R$ 297 milhões por ano com saúde e promover um ganho de R$ 9 bilhões de produtividade e remuneração do trabalho.

Emprego

Isso sem considerar o aumento do número de emprego decorrente das obras de saneamento – que podem impulsionar a retomada econômica do País no pós-covid. Só no projeto de concessão da Cedae, distribuidora do Rio de Janeiro, a expectativa é de geração de 45 mil empregos, afirma o diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fábio Abrahão. “Isso é maior que o pico da indústria naval no Rio de Janeiro.”

Para a coordenadora da divisão técnica do Departamento de Engenharia Sanitária, Recursos Hídricos e Biotecnologia do Instituto de Engenharia, Paula Rodrigues, cada real investido se transforma em benefício para a população. “Com a expansão dos serviços é possível reduzir a mortalidade da população, criar emprego, potencializar o turismo e ainda valorizar o preço de áreas degradadas. Ou seja, há uma série de oportunidades para a economia.” De acordo com o Trata Brasil, o ganho decorrente da valorização imobiliária pode chegar a R$ 22 bilhões por ano e o incremento no setor de turismo, de R$ 2,1 bilhões.

“O cálculo que se faz para o Brasil é de que a cada US$ 1 investido em saneamento, o ganho para a população é da ordem de US$ 3”, diz o pesquisador do Instituto Trata Brasil, Fernando Garcia. No Brasil, acrescenta ele, o potencial de ganhos nas várias esferas é muito grande. São 100 milhões de pessoas sem acesso a coleta de esgoto e 35 milhões sem água tratada em casa. Isso coloca o País no 117.º lugar em porcentual de pessoas com acessos a serviços básicos de saneamento, afirma Claudio Frischtak. Chile, Costa Rica e Argentina têm porcentuais maiores que o Brasil.

 

VALOR

Grandes bancos só devem operar crédito do Pronampe em meados de julho, diz Afif

O assessor especial do Ministério da Economia, Guilherme Afif Domingos, avalia que, pelas informações recebidas pela pasta, a maioria dos grandes bancos interessados em aderir ao Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) deve começar a operação apenas em 15 de julho. “Portanto, nós ainda estamos longe. Isso que eu fiquei angustiado. Mas não adianta, você tem um tempo de maturação”, disse em live promovida pela Associação Comercial de Sorocaba.

Segundo ele, será necessário prorrogar de 90 dias para 180 dias o prazo para tomada dos empréstimos. Os recursos do Pronampe podem ser utilizados pelas empresas para capital de giro ou investimentos. O programa é amparado pelo Fundo de Garantia de Operações (FGO), com prazo de até 36 meses, carência de até 8 meses e taxa de juros composta de Selic mais 1,25% ao ano. A dificuldade de fazer o crédito chegar à ponta está entre os principais desafios econômicos do governo na crise. “Precisamos fazer girar urgente”, disse Afif.

Até o momento, 21 instituições manifestaram interesse em aderir ao programa, voltado a destravar o crédito para os pequenos negócios, segundo balanço apresentado pelo assessor especial. São elas: Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE), Agência de Fomento de Alagoas (Desenvolve AL), Agência de Fomento de Goiás, Agência de Fomento do Paraná, Badesul, Bancoob (Sicoob), Basa, BDMG, BNB, Bradesco, Caixa, Cooperativa Central de Crédito (AILOS), Itaú-Unibanco, Lecca Crédito e Cobrança, Original, PagSeguro-PagBank, Santander, Sicredi, Tribanco, Unicred do Brasil e Banrisul.

 Desse total, no entanto, apenas oito iniciaram o pedido de adesão; três concluíram os testes para operacionalização; duas formalizaram adesão ao programa (Caixa e Itaú); e apenas uma concedeu empréstimos, a Caixa. Entre operações formalizadas e pré-validadas, as concessões da Caixa somam R$ 126,5 milhões. Desses, R$ 122,8 milhões foram para microempresas e R$ 3,6 milhões para pequena empresa.

Em outra frente, Afif disse que “nasce” agora uma experiência com as maquininhas de crédito. Segundo ele, o governo quer fazer uma parceria entre a Caixa e as maquininhas para esse crédito chegar “na linha de frente”. “A maquininha tem imensa penetração no universo da microempresa”, destacou. BB dá início O Banco do Brasil (BB) iniciou nesta semana a oferta da linha de crédito com recursos do Pronampe.

A expectativa da instituição é liberar R$ 3,7 bilhões para cerca de 180 mil clientes. Desde ontem, mais de 40 mil clientes foram contatados pelos gerentes e cerca de 5,5 mil já tiveram suas propostas aprovadas, no montante de R$ 269 milhões, informou o banco.

Para o vice-presidente de Varejo do Banco do Brasil, Carlos Motta, o programa ajudará as microempresas a atravessar o pior momento da crise econômica. “O Pronampe completa nossas soluções de crédito emergencial ao contemplar os microempresários com faturamento até R$ 360 mil”, diz em nota.

 

Medidas para crédito esbarram em confiança

As novas medidas anunciadas pelo Banco Central para estimular a concessão de crédito foram bem vistas pelos bancos por trazer mais liquidez ao sistema financeiro, mas esbarram na falta de confiança na recuperação da economia e em questões burocráticas para se tornar efetivas, segundo disseram executivos do setor ao Valor.

 “O Banco Central está na direção certa. Mas tem de haver confiança de bancos e empresas de que a economia vai andar para a operação de crédito acontecer”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Ricardo Gelbaum. No anúncio do novo pacote, o BC reconheceu que o crédito não está chegando às empresas de menor porte, que têm sofrido mais com a crise. Por isso, permitiu que as operações de capital de giro para clientes com faturamento anual até R$ 50 milhões sejam deduzidas do compulsório sobre poupança.

Além disso, lançou a linha Capital de Giro para Preservação de Empresas (CGPE), com potencial de R$ 127 bilhões. “As medidas são boas, mas não garantem necessariamente um crescimento significativo do crédito”, disse outro executivo do setor, que preferiu não ser identificado. Um ponto chama a atenção: o risco das operações decorrentes das medidas anunciadas ficará com os próprios bancos. O modelo é diferente das linhas que estão sendo desenhadas entre bancos, reguladores e governo, em que o Tesouro Nacional assume perdas, conforme a disponibilidade de recursos.

Na manhã desta terça, os presidentes das principais instituições financeiras do país haviam comentado, durante debate em evento promovido pela Febraban, que seria necessário liberar mais crédito e renegociar mais contratos, principalmente para as empresas menores, em meio aos desdobramentos da pandemia de covid-19 para as empresas e famílias. No total, desde o início da crise, já foram desembolsados mais de R$ 1 trilhão, segundo a Febraban.

Em nota, a federação dos bancos informou que as “medidas são inteligentes e muito bem-vindas” e o foco no atendimento a pequenas e médias empresas “revela a necessidade de ações complementares” no segmento.

Segundo fontes disseram ao Valor, as medidas anunciadas pelo BC estavam sendo discutidas com o regulador desde o início da crise e, como iniciativas anteriores não tiveram o efeito desejado, foi preciso lançar mão do novo pacote. Como exemplo, as empresas tiveram pouco apetite para a linha de financiamento à folha de pagamento devido à obrigatoriedade de manutenção de empregos, e por isso ela está sendo redesenhada.

No caso das pessoas físicas, o BC permitiu que um mesmo imóvel possa ser usado como garantia em mais de um empréstimo. “Essa questão vinha sendo discutida e foi positiva, mas não considero tão transformacional”, diz uma fonte do setor sob a condição de anonimato. “Os cartórios são muito lentos e caros e pedir uma certidão do imóvel leva um tempo enorme”.

 

Novo pacote de crédito para pequena empresa pode liberar R$ 212 bi

O Banco Central anunciou ontem um programa de direcionamento de crédito para as pequenas e médias empresas (PMEs) com potencial de liberar R$ 212 bilhões. Entre as diversas medidas para fazer o crédito chegar à ponta, a autoridade monetária disse que punirá com corte de remuneração de compulsório os bancos que não direcionarem recursos dos encaixes da poupança para as companhias do segmento. Em entrevista coletiva, o BC detalhou ainda as regras de compra de títulos privados no mercado secundário.

Segundo a autoridade, a medida vai provocar um aumento do déficit primário do setor público. Isso significa que essas operações vão competir por espaço fiscal com todos os gastos orçamentários. “Sempre que o Banco Central comprar um real de debêntures no mercado secundário, isso vai impactar a dívida líquida e o resultado primário do governo geral”, disse o diretor de política monetária da instituição, Bruno Serra Fernandes.

“A contabilidade pública é assim. O BC faz parte do setor público. Então, quando compra um ativo privado, aquilo vira déficit primário. Assim, quando eventualmente vender esse ativo, tem impacto oposto, um superávit.” Isso significa que, sob o ponto de vista do resultado primário, o gasto que o Banco Central fizer com a compra de títulos privados tem o mesmo peso que, por exemplo, o pagamento do auxílio emergencial ou transferências do Bolsa Família.

A diferença é que essas despesas são contabilizadas no Orçamento aprovado pelo Congresso, enquanto que a compra do título privado é uma decisão apenas do Banco Central, usando uma prerrogativa que foi conferida por uma Emenda Constitucional. Em economias desenvolvidas, compras semelhantes de títulos são consideradas apenas operações monetárias porque, em geral, o banco central é considerado um ente privado. O BC afeta o resultado primário quando têm prejuízo coberto pelo Tesouro. No Brasil, o BC faz parte do setor público consolidado.

O Banco Central baixou ontem uma circular que estabelece as regras para a compra de títulos privados. Entre outros requisitos, há um limite de 7,5% por emissor, o prazo dos papéis não pode ser menor do que 12 meses e deverá haver registro em depositário central autorizado pelo Banco Central. Questionado sobre como serão feitas eventuais intervenções, Campos Neto disse que, por ora, foi definida apenas regras gerais, mas a efetiva compra de papéis dependerá de decisão da diretoria colegiada.

Ele não detalhou se as condições atuais de mercado já exigiriam compras ou se essas intervenções só seriam feitas em período de estresse de mercado. O Banco Central resolveu ainda fazer um pacote de direcionamento de crédito para as pequenas e médias empresas porque, depois de um bom desempenho em março e abril, o mercado de crédito deu “sinais de arrefecimento” em maio, de acordo com o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Números apresentados por Campos mostram que os novos empréstimos desde a segunda quinzena de março somam R$ 47,6 bilhões no caso das micro e pequenas e R$ 61,2 bilhões no caso das médias - em ambas as situações, um patamar muito menor do que os R$ 274,1 bilhões direcionados às grandes companhias. “Especialmente o crédito para o segmento de micro, pequenas e médias empresas precisa de novo impulso”, disse o presidente do BC.

Em uma das frentes, a autoridade monetária vai liberar R$ 55 bilhões em recursos dos compulsórios sobre caderneta de poupança para os bancos emprestarem para as PMEs. O mecanismo vem com uma punição para os bancos que não sacarem para empréstimos pelo menos um terço dos recursos. Na prática, essas instituições vão perder remuneração sobre compulsórios.

Os bancos públicos deverão ser mais afetados pela medida, já que a Caixa é especializada na captação de poupança para financiamentos imobiliários e o Banco do Brasil na poupança rural para financiamentos agrícolas. O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello, argumentou que, apesar da ameaça de corte de remuneração de compulsórios, os bancos não estariam obrigados a fazer operações de crédito que não desejam.

Ele lembrou que o mecanismo permite que recursos sejam destinados a aplicações em Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE) de instituições de menor porte. Uma outra medida prevê que as cooperativas de crédito e outras instituições financeiras de pequeno porte, do chamado segmento S5, terão redução temporária de requerimento de capital, com potencial de liberar R$ 16,5 bilhões em concessões de crédito.

Além disso, o BC reduziu de 50% para 35% o Fator de Ponderação de Risco (FPR) nas exposições de Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE). A medida vale para os depositantes associados ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e pode liberar até R$ 12,7 bilhões em empréstimos. A mudança com maior potencial, entretanto, foi um novo tratamento de crédito tributário por diferenças temporais para canalizar recursos para o capital de giro de micro, pequenas e médias empresas.

O Capital de Giro para Preservação de Empresas (CGPE) tem potencial de liberar R$ 127 bilhões, segundo a autoridade monetária. A medida, elaborada com a ajuda da Receita Federal, funciona como uma “otimização do uso de capital” e será baseada na transferência de capital de um tipo de ativo chamado “ativos decorrentes de diferenças temporárias”.

“O governo aceita melhorar a qualidade desses ativos decorrentes de diferenças temporárias desde que os bancos concedam empréstimos para micro, pequenas e médias empresas”, disse Campos. Cálculos apresentados pelo presidente do BC mostravam que, nas condições atuais, os R$ 127 bilhões potenciais do CPGE consomem R$ 105 bilhões de capital, em provisões para passivos contingentes.

“Esses mesmos R$ 127 bilhões se estivessem aplicados em operações de crédito a micro, pequenas e médias empresas consumiriam R$ 11 bilhões de capital”, disse. Os empréstimos do CPGE poderão ser contratados até 31 de dezembro, com prazo mínimo de três anos, além de carência de capital de seis meses. A instituição financeira que conceder o empréstimo ficará com o risco integral.

 

Ata mostra Copom dividido sobre limite de corte da Selic

O debate sobre um possível limite para cortes da Selic continua dentro do Comitê de Política Monetária (Copom). A discussão, que não foi mencionada no comunicado da reunião da semana passada, voltou a aparecer na ata divulgada nesta terça-feira. O colegiado também reafirmou que a taxa básica de juros pode estar próxima desse limite, mas mais uma vez não fechou as portas para uma redução, reiterando que “eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário será residual”.

A Selic está atualmente em 2,25% ao ano. “O Comitê retomou a discussão sobre um potencial limite efetivo mínimo para a taxa básica de juros brasileira”, disse a ata. No documento, o colegiado reforçou que, para a maior parte dos seus membros, esse limite seria “significativamente maior” em economias emergentes do que em países desenvolvidos, por causa da existência de um prêmio de risco. No caso do Brasil, ele “tende a ser maior”, por causa da fragilidade e incertezas fiscais.

Mas a ata também trouxe mais detalhes a respeito de como esses membros enxergam o limite para a Selic. O prêmio de risco é descrito como “dinâmico”. Já o limite para cortes pode não apenas aumentar a instabilidade dos preços dos ativos, como dizia a ata anterior, mas também “potencialmente comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos”.

“Nesse contexto, já estaríamos próximos do nível a partir do qual reduções adicionais na taxa de juros poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos preços de ativos e potencialmente comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos”, destacou o documento. Na reunião da semana passada, o colegiado também “refletiu sobre a importância relativa dos componentes principais do custo de crédito, e ressaltou que o prêmio por liquidez parece prevalecer no momento”, segundo o documento.

“Esse conjunto de fatores e questões prudenciais justificam cautela na condução da política monetária”, afirmou. Assim, o Copom reiterou a mensagem divulgada após a reunião da semana passada, quando cortou a Selic em 0,75 ponto. “Para as próximas reuniões, o comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário será residual”, disse.

Conforme divulgado na semana passada, o Copom projeta uma inflação de 3,2% em 2021, abaixo do centro da meta, de 3,75%. Mas o Copom cita assimetria no balanço de riscos, que pode fazer a inflação superar o projetado. “O Comitê também ponderou sobre o impacto dos programas de estímulo creditício e de recomposição de renda sobre a demanda agregada”, destacou a ata.

“Na avaliação do comitê, esses programas têm potencial de recompor parte significativa da demanda agregada que seria perdida devido aos efeitos da pandemia. Com isso, a recuperação da economia pode ser mais rápida do que a sugerida no cenário base.” Com base em dados do segundo trimestre, o BC calcula que a atividade econômica atingiu o fundo do poço em abril, com recuperação “apenas parcial” em maio e junho. O cenário básico do Copom continua sendo de uma forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre, com recuperação gradual a partir do terceiro trimestre.

Já a redução das expectativas de inflação coletadas pelo BC com participantes do mercado no Boletim Focus continuou desde a reunião anterior, “embora esse movimento pareça ter cessado nas expectativas implícitas nos títulos públicos”. Por isso, o Copom reforçou que segue acompanhando revisões de cenário econômico e das expectativas de inflação. Em relação ao cenário externo, a avaliação do colegiado é que ele segue “desafiador” para a economia brasileira.

Desde o início da pandemia, governos e bancos centrais dos países desenvolvidos tiveram reação com “coordenação e dimensão inéditas”, o que mitigou em partes os efeitos econômicos da crise. Esses mesmos países, no entanto, têm mais condições de monitoramento, informações e recursos do que os emergentes para combater a covid-19.

“Com isso, os efeitos sanitários e econômicos da pandemia tornam-se desproporcionalmente maiores nos emergentes, em particular naqueles com menor espaço fiscal, o que tende a ser refletido na aversão ao risco e no fluxo de capital para esses países”, afirmou, citando o Brasil.

 

‘Nossa missão agora é o crédito para micro e pequenas empresas’, diz presidente da Caixa

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou nesta terça-feira, 22, que o pagamento do auxílio emergencial revelou um grande contingente da população – de cerca de 35 milhões de pessoas – que nunca recebeu ajuda do governo federal. Embora a Caixa só operacionalize o pagamento, ele disse acreditar que a equipe econômica continue a liberar novas parcelas do auxílio e afirmou que, agora, o banco está preparado para fazer os pagamentos sem as filas vistas pelo Brasil no mês de abril.

Outro grupo importante a ser contemplado são as pequenas e médias empresas – que, até agora, têm tido dificuldade de acesso a recursos. “A nossa maior missão agora é o crédito das micro e pequenas empresas. A Caixa não participa do crédito às grandes empresas, que já estão muito bem servidas”, disse o executivo, em entrevista ao vivo na série Economia na Quarentena. “Nossos focos são claros: crédito imobiliário, políticas sociais, crédito consignado e microempresas.”

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

O pagamento do auxílio emergencial revelou que milhões de brasileiros estão fora dos  cadastros do governo. Como a Caixa pode contribuir para que o governo tenha mais informações sobre seus próprios cidadãos?  

Em relação ao auxílio, nós já estamos pagando 64 milhões de pessoas por mês. Destes 64  milhões, 35 milhões não estavam em nenhum tipo de data base do governo. Ou seja: nunca receberam nenhum tipo de benefício. Ao redor de 30 milhões nunca tiveram conta em banco. Então, estamos fazendo duas coisas importantes além da questão da pandemia: realizar a inserção digital e social, porque essas pessoas quando precisavam pegar  empréstimo financeiro cobravam 20% ao mês e outro ponto conseguir que dezenas de milhões de pessoas recebem auxílio neste momento importante para a sociedade brasileira.

Por que existia tanta gente fora dos cadastros?

Tinha muita gente à margem da sociedade. Tem uma cracolândia em Brasília que tem uma agência ao lado e vi pessoas retirando (o benefício). Existem pessoas que efetivamente ganhavam muito pouco, com trabalho muito duro. A maioria desses 35 milhões de pessoas têm realmente uma necessidade muito grande. Nós lançamos o aplicativo do auxílio emergencial quatro dias depois dele ser promulgado. Logo no primeiro dia 42 milhões de brasileiros se cadastraram. Hoje, temos 107 milhões cadastrados. Estamos pagando 64 milhões. Junto com o FGTS, teremos 121 milhões de adultos recebendo algum tipo de benefício do governo federal.

Diante deste contingente que não recebia auxílio, o sr. acha que esse benefício deve ser estendido?

Essa é uma discussão do meu chefe, (o ministro da Economia) Paulo Guedes, que envolve  o ministro Onyx (Lorenzoni), da Cidadania, que coordena todo o programa, capitaneado pelo presidente Jair Bolsonaro. À Caixa cabe a operacionalização do pagamento. A decisão se vai estender não cabe à Caixa. Mas pela posição do ministro Paulo Guedes deverá haver alguma extensão. O importante, além da questão de curto prazo da pandemia ,é que nós teremos 121 milhões de brasileiros com conta digital de graça. Destes 35 a 40 milhões, nunca tiveram conta. Há pessoas que precisam andar 5 horas para ir a uma agência da Caixa. Esta inserção digital vai permitir que as pessoas não precisem andar muito tempo e gastar dinheiro porque hoje já consegue realizar compras pela internet e mais 3 milhões de estabelecimentos via o aplicativo do celular. Estamos  conversando com o governo e provavelmente o aplicativo Caixa Tem vai ser usado para o pagamento de diversos benefícios sociais.

Ao mesmo tempo que o auxílio ajudou a milhões de brasileiros, houve também fraudes. Por que isso aconteceu e como se pode corrigir daqui para frente?

São 64 milhões de pessoas recebendo. A fraude é da ordem de 0,1% a 0,15%, mas em 64 milhões qualquer 0,1% é relevante. Dois pontos importantes: fraude é crime e a Caixa Econômica Federal é 100% do Tesouro Nacional. Qualquer questão que envolva a Caixa  envolve a Polícia Federal. A fraude é pequena e, quando detectada, a pessoa é obrigada a devolver. Elas não se repetirão no terceiro pagamento.

Uma das críticas ao governo é o fato de o dinheiro não estar chegando a pequenas e  médias empresas. Como a Caixa pode fazer esse meio de campo?  

É uma análise risco.  Com o governo tendo 85% da (possível) perda, a Caixa vai conseguir emprestar para um número maior de empresas do que se o dinheiro fosse do banco. Nós entendemos que o próprio auxílio de (R$ 600) tem ajudado na volta de atividades (das empresas). Posso te dizer que abril foi um mês muito duro, assim como o começo de maio. Mas já estamos retomando. Na última sexta-feira, tivemos um recorde de busca por crédito consignado e prestamista. Nunca vendemos tanto. Voltamos a vender assim que acabamos de pagar o auxílio emergencial. A Caixa está retomando. A nossa maior missão agora é o crédito das micro e pequenas empresas. A Caixa não participa do crédito às grandes empresas, que já estão muito bem servidas. Então os nossos focos são claros: crédito imobiliário, políticas sociais, crédito consignado e microempresas.

A Caixa está preparada para a liberação do FGTS sem filas?

Começa nas segunda-feira a liberação de R$ 3 bilhões para 5 milhões de pessoas. Estamos depositando nas contas digitais para evitar as filas. Estamos pagando o auxílio a 64 milhões de pessoas, todos os meses, fora os 60 milhões que já são atendidos nas agências da Caixa todos os meses. Abrimos as contas digitais, que vão poder ser utilizadas mesmo pela população mais carente. Vai ser um legado positivo de uma situação catastrófica da pandemia. E vamos ter um cronograma de pagamento mais dilatado. Para evitar as filas.

Há chance de retomada do mercado imobiliário mesmo com a crise econômica?

Há um mês e meio lançamos os financiamentos imobiliários com seis meses de carência para pagamento. Apesar do momento grave, há uma série de pessoas que têm comprado apartamentos a um preço mais baixo que o normal e aproveitado a carência para começar a pagar. De novo é uma questão de foco. No segmento imobiliário, em que somos fortes, vamos auxiliar sim empresas e empresários, buscando dar opções de escolha a nossos clientes.

Como vai ser o processo de venda de ativos da Caixa?

Não há discussão para privatizar o banco como um todo nem nunca houve. A Caixa tem um papel social que ficou claro nessa pandemia. Mas podemos abrir o capital de operações como asset, seguros e cartões. Nas loterias há uma discussão que depende (de legislação). São quatro ramos importantes para a Caixa, mas que não são o coração do banco. A entrada de novos investidores pode ser uma forma de aumentar a governança do banco como um todo.

Como o sr. vê a crise política que se instalou no País em meio à pandemia?

A gente precisa focar no que precisa ser feito. Na Caixa, a gente colocou um aplicativo no ar e 42 milhões de brasileiros se cadastraram em quatro dias. Tivemos as filas, que foram um problema. E como a gente resolveu? Todas as pessoas da Caixa unidas, e mais parceria com 1.280 prefeituras, que nos ajudaram.

O consenso do mercado é de uma queda de 6% no PIB em 2020. Como o sr. vê a situação da economia?

Estamos vendo uma volta rápida. Se essa retomada do crédito continuar, talvez esse valor (de queda) seja menor. Eu sou otimista, penso que as políticas de transferência de renda estão tendo impacto – talvez não na Faria Lima, mas no Acre, em Roraima, no interior do Pará. Eu vi isso na prática, nas viagens que tenho feito pelo Brasil. Certamente, no entanto, a velocidade com que a pandemia perder força será determinante para o impacto no PIB (Produto Interno Bruto). Estou mais otimista hoje do que estava há dez dias, pois estamos vendo uma retomada mais rápida do que esperávamos.

Com esse lado social escancarado, pode haver mudança de mentalidade da equipe econômica?

O ministro Paulo Guedes tem um plano muito claro de governo. Ele não fala disso, mas a ideia de colocar os invisíveis num programa de distribuição de renda foi dele. Agora, é importante lembrar que as reformas são o coração (da política econômica). São elas que trazem a confiança para a retomada o investimento, para a taxa de juros de longo prazo estar a 2,25% ao ano, e não em 10% ao ano. Se não houvesse essa confiança nas reformas, isso não aconteceria.

 

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