Quarta-feira

VALOR

Cenário segue ainda nublado para o real

Diante de perspectivas bastante nebulosas para a economia brasileira, o real terminou o primeiro semestre do ano com seu pior desempenho para o período desde a maxidesvalorização de 1999, quando se iniciava o regime de câmbio flutuante. As preocupações com os efeitos da pandemia e a busca por proteção no dólar são só alguns motivos que justificaram tamanha perda.

E, por mais que a queda tenha se concentrado nos primeiros meses do ano, a volatilidade não deu trégua para o mercado - de acordo com analistas, ainda pode perdurar por algum tempo. Ontem, o dólar comercial fechou em alta de 0,25%, a R$ 5,4396, depois de tocar R$ 5,5073 na máxima do dia. Como não poderia deixar de ser em um ano tão conturbado, a última sessão do semestre foi marcada por bastante volatilidade no mercado, com direito até a intervenção pontual do Banco Central, que vendeu US$ 365 milhões no segmento à vista.

Com isso, a moeda americana acumulou alta de 1,93% no mês de junho e de 4,69% no segundo trimestre. Mas uma marca ainda mais notória está na alta de 35,66% no semestre - o que equivale a dizer que o real teve uma perda de 26,29% do seu valor contra o dólar neste período, a maior baixa para o primeiro semestre desde a queda de 31,09% em 1999. O que está por trás desse movimento é uma ampla busca por proteção no mercado dada as incertezas advindas da crise deflagrada pela pandemia de covid-19.

Os investidores têm aproveitado a liquidez do mercado brasileiro para montar estratégias de defesa - com compras de dólares e vendas de reais - para resguardar outras posições, como em ações ou em juros, que carregam teses de investimento mais sólidas dado a abundância de liquidez global. Além do risco de uma guerra comercial entre países desenvolvidos ou de uma segunda onda de contágio e baixo crescimento econômico, o Brasil se depara com uma crise econômica que é amplificada por ruídos políticos e uma situação fiscal muito delicada.

“Não estamos otimistas com o real pelos próximos meses, porque cremos que a parte mais difícil da crise ainda está por vir, ao mesmo tempo em que as condições políticas nos trazem dúvidas com relação à aprovação rápida de reformas estruturais, que aumentem a longevidade do teto de gastos”, alerta o economista-chefe para Brasil do Barclays, Roberto Secemski.

Para ele, a combinação de recessão e desemprego alto com a necessidade de se sinalizar disciplina fiscal após a “ressaca dos gastos” na pandemia pode manter os estrangeiros longe do Brasil até que haja uma definição maior do quadro econômico. “Alguns investidores estrangeiros com quem converso não sentem que os riscos fiscais sejam suficientemente remunerados pelas baixas taxas de juros praticadas atualmente”, acrescenta Secemski.

Ao mesmo tempo, o cenário segue bastante desafiador para emergentes como um todo, na avaliação dos analistas da TS Lombard. Eles afirmam que essas divisas devem ter dificuldades para firmar uma recuperação no restante do ano. Não apenas os EUA parecem mais bem posicionados para colher os frutos de uma retomada mais rápida que a dos emergentes, o que pode voltar a valorizar a moeda americana, como também estes últimos devem ressentir o fato de terem reduzido seu diferencial de juros com o exterior.

“O ciclo de queda dos juros nos emergentes, que ainda não chegou ao fim, e a deterioração das perspectivas econômicas nestes países representam desafios para as suas respectivas moedas”, dizem os analistas, em relatório. Por outro lado, há quem espere algum alívio no mercado de câmbio brasileiro nos próximos meses - tudo condicionado, porém, à recuperação relativa da economia e retomada da agenda de reformas.

Gestor da JPP, Joaquim Kokudai reconhece que está mais positivo com o real do que a maioria no mercado, mas destaca que a redução do déficit em conta corrente ao longo dos próximos meses, assim como alguma melhora da economia, deve ajudar o real a tirar um pouco desse prêmio em relação aos emergentes.

“Com mais clareza no cenário sobre os efeitos da pandemia, a economia não deve piorar tanto como aconteceu em meses passados e isso deve ajudar o real. Boa parte do mercado tem sido mais cética sobre o câmbio. O real tem sido usado em contrapartida para todo tipo de operação de hedge. Mas sou otimista, acho que o real pode ter uma performance melhor que os pares daqui para frente.”

Ontem, a leitura ligeiramente melhor que o previsto sobre o desemprego no Brasil levou investidores a retirarem prêmio dos vencimentos mais longos dos juros futuros. De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego no trimestre encerrado em maio foi a 12,9%, ante 11,6% nos três meses anteriores. Já a mediana das projeções colhidas pelo Valor Data apontava para uma alta do desemprego a 13%.

“Os números de desemprego vieram mais positivos, obviamente não são bonitos, mas melhores que o esperado”, diz Vinicius Alves, estrategista da Tullett Prebon. Com isso, a taxa do contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, por exemplo, passou de 5,74% para 5,68%.

 

Guedes afirma que país está longe de depressão para que BC emita mais moeda

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou aos parlamentares na manhã desta terça-feira (30) acreditar que o país não precisa emitir mais moeda para enfrentar a crise do novo coronavírus. Para ele, isso só seria necessário caso o país estivesse em depressão econômica.

Em audiência pública com a comissão mista de acompanhamento das ações de combate à Covid-19, Guedes afirmou que a possibilidade de que o BC (Banco Central) emitir moeda e dívida para superar a crise ainda é distante.

Na avaliação do ministro, a medida só seria necessária caso o país estivesse se aproximando de uma depressão econômica.

“Se estivéssemos dessa situação, o juro praticamente desce pra zero e aí não há mais diferença entre títulos que pagam juros e moeda que não paga juro nenhum. Seria uma situação de depressão, a demanda por moeda vai ficar infinitamente elástica.”

Guedes já tinha dito algo semelhante durante a reunião da comissão em abril, ao responder as perguntas de parlamentares.

Ele voltou a citar que em uma situação em que a inflação estiver praticamente em zero e os juros desabarem, o país cairia em uma "armadilha da liquidez".

Isso significa que a queda da taxa de juros em tentativa de injetar dinheiro na economia não surtiria mais efeito.

Em vez de emprestar dinheiro a taxas prefixadas ou comprar títulos públicos, os bancos manteriam o dinheiro na tesouraria. A medida tentaria evitar perdas quando os juros subirem.

Entretanto, Guedes afirmou à comissão acreditar que o país não está nesta situação ainda.

“Mas estamos muito longe dessa situação, não acredito que estamos indo para uma depressão".

 

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