Segunda-feira

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Investimento tem tombo histórico no segundo trimestre

Mesmo com a contribuição estatística da importação de duas plataformas de petróleo em maio, os investimentos devem recuar 22,6% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019, o pior desempenho em pelo menos 25 anos, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Sem a contribuição das duas plataformas, a formação bruta de capital fixo (FBCF) apresentaria uma queda ainda mais intensa no período, de 26,5% na comparação ao segundo trimestre do ano passado, uma diferença de quase quatro pontos percentuais, segundo Luana Miranda, pesquisadora do Ibre e autora dos cálculos.

Para obter incentivos fiscais, petroleiras registram suas plataformas em subsidiárias no exterior, embora elas operem no Brasil. Porém, uma mudança nas regras do regime aduaneiro especial Repetro, ocorrida em 2018, vem provocando uma nacionalização das unidades, afetando estatísticas de investimentos.

Segundo o Ibre, a absorção de máquinas e equipamentos — produção nacional retiradas as exportações, acrescidas as importações — vai registrar queda de 22,8% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2019 . Esse componente dos investimentos teria queda de 38,7% não fosse a internalização das duas plataformas.

Situação crítica Luana Miranda diz que a situação é crítica para o investimento, que mesmo antes da pandemia encontrava-se 23,5% abaixo do nível registrado no início de 2014. Em poucos meses, a pandemia derrubou a confiança de empresários e consumidores para níveis recordes e paralisou decisões de investimentos no país.

Ela lembra que o Índice de Incerteza da Economia - Brasil (IIE-Br) da Fundação Getulio Vargas atingiu recorde de alta de toda a série histórica no período de pandemia. “Quando o empresário não tem clareza da situação atual da economia e para onde ela está indo, o investimento não é feito, mesmo com taxas de juros reais historicamente baixas”, disse ela.

Construção civil

Dentro dos investimentos, a construção civil também deve ter uma queda histórica, de 14,1% frente ao segundo trimestre do ano passado, de acordo com estimativas do Ibre/FGV. O período foi marcado por quedas de dois dígitos na produção e nas vendas de insumos para a construção civil, assim como no contingente de empregados no setor.

“Fundo do poço”

A expectativa é que o segundo trimestre tenha sido o “fundo do poço” dos investimentos. O IBGE divulga os resultados das Contas Nacionais Trimestrais no início de setembro, com dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do país e seus componentes.

O Ibre/FGV calcula que os investimentos recuaram 23,9% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Por esse tipo de comparação, os investimentos devem começar a mostrar recuperação no terceiro trimestre. O motivo é baixa base de comparação — a queda será tão forte que qualquer retomada significaria alta do indicador.

Para o acumulado de 2020, a expectativa é de queda de 14,3% dos investimentos. Luana acredita que, para acelerar a recuperação, é preciso reduzir as incertezas. “Falta direcionamento mais claro do governo a respeito das medidas que serão tomadas no pós-pandemia, especialmente no que se refere às contas fiscais”, disse ela.

 

Mercado ajusta projeção para Selic com novo discurso do BC

O novo discurso dos dirigentes do Banco Central — mais centrado na melhora de dados de atividade — começa a delimitar o espaço para uma redução adicional da taxa básica de juros. Analistas que já cogitaram uma atuação um pouco mais agressiva na política monetária agora convergem suas projeções para um corte mais modesto, de 0,25 ponto percentual, em agosto.

No entanto, isso não significa que o ambiente de juros baixos esteja mudando. Pelo contrário. Trata-se apenas de um ajuste fino nas expectativas. E dado o cenário de inflação muito baixa, recuperação lenta da atividade e ampla ociosidade na economia, ainda prevalece a leitura de que a Selic continuará em suas mínimas históricas por um bom tempo.

Para esses economistas, uma alta de juros pode vir somente depois de 2021. “O Banco Central está sendo muito vocal sobre dados de atividade de curto prazo. Eu não brigo com a comunicação deles. Mas eu acho que o Banco Central deveria estar olhando o cenário de inflação, que segue muito tranquilo, com núcleos e serviços muito baixos”, afirma o economista-chefe da Garde, Daniel Weeks.

Mesmo com uma visão diferente dos dirigentes do BC, Weeks estima que a autoridade deve reduzir a Selic de 2,25% para 2% em agosto e interromper o ciclo com a taxa nesse patamar, ao menos até o fim de 2021. “Pelo cenário de inflação, era para continuar cortando no ritmo de 0,25 ponto percentual. É baixíssima a probabilidade de a inflação superar 3% no ano que vem”, afirma.

Segundo dados divulgados na sexta-feira, o IPCA avançou 0,26% em junho, abaixo da mediana das projeções do mercado, de 0,30%. A alta foi registrada após dois meses de deflação. Ainda assim, o índice permanece em 2,13% em doze meses, registrando o terceiro mês abaixo do piso da meta do Banco Central para este ano (2,50%).

Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária deve avaliar o impacto do crescimento na inflação para determinar se há espaço para novo corte residual na taxa básica de juros e apontou que a projeção para o crescimento da economia tende a melhorar com apoio das medidas de enfrentamento à crise.

“Essas duas coisas [crescimento e inflação] tendem a ir na mesma direção, ainda que entendendo que nós temos um hiato tão grande que é capaz de o crescimento voltar mais rápido sem gerar inflação”, disse o dirigente em entrevista à “Reuters”. De acordo com ele, alguns dados de inflação na margem mostram, pela primeira vez, números um pouco acima das expectativas, ainda que de forma residual.

Evidência de alguma melhora na margem, as vendas no varejo restrito cresceram 13,9% em maio ante abril, de acordo com dados do IBGE. Embora esteja longe de compensar as perdas nos meses anteriores, o resultado ficou bem acima do estimado pelo mercado, de 5,7%. Além disso, o varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, subiu 19,6%.

Dado o discurso do BC, a Macro Capital passou a trabalhar com mais um corte de 0,25 ponto na taxa Selic, para 2% ao ano. De acordo com o economista-chefe da casa, Thiago Pereira, a taxa de juros deve ficar nesse patamar até o fim do próximo ano. “A despeito do início da recuperação, a ociosidade ainda permanecerá elevada na economia brasileira. Logo, isso não deve trazer desconforto para o BC até o fim do 2021”, afirma o analista.

 Ele aponta, porém, que qualquer projeção depende da capacidade de o governo avançar no ajuste fiscal. “Na nossa visão, será preciso definir alguma agenda para o segundo semestre de 2020 e primeiro semestre de 2021. Assim, o fiscal será mais relevante que a atividade, via inflação, para a política monetária”, alerta.

Os economistas Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, do J.P. Morgan, reconhecem que a queda da atividade em 2020 deve ser menor que o estimado anteriormente. Assim, também de olho no discurso do BC, eles revisaram suas projeções para a Selic e esperam que o Copom reduza a taxa em 0,25 ponto percentual na próxima reunião, em vez de 0,50 ponto.

“Agora, com dados de atividade de alta frequência melhores e o aumento temporário da inflação nas próximas divulgações, em grande parte devido ao aumento dos preços dos combustíveis, é provável que o Copom se torne mais cauteloso”, explicam.

Tendo em vista os efeitos mais positivos que o esperado dos estímulos fiscais na economia, os analistas do J.P. estimam que o PIB deve ter contração de 6,2% em 2020, ante baixa esperada anteriormente de 7,0%. Mas explicam que isso se deve principalmente ao melhor desempenho do primeiro semestre.

Por outro lado, esperam que o crescimento do segundo semestre, em 2020 e 2021, seja menor do que antes. Com a recuperação mais lenta, a Selic deve permanecer baixa por mais tempo e o Copom poderá até precisar retomar a flexibilização no quarto trimestre de 2020 para compensar o arrasto fiscal que se aproxima.

“Por enquanto, acreditamos que o Copom seguirá um caminho mais cauteloso e manterá a Selic em 2% por mais tempo. No entanto, ao contrário de muitos no mercado, não acreditamos que o Copom vá cortar ainda mais [a Selic], porque eles veem 2% como o limite inferior efetivo para a Selic. Se a economia precisar, o BC fornecerá o apoio monetário necessário enquanto a política fiscal permanecer ancorada em uma estrutura credível de médio prazo.”

 

 

 

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