Quinta-feira

VALOR

Crédito a pessoas física tem reação

Depois de dois meses de queda, o crédito bancário a pessoas físicas voltou a crescer em junho, em mais um sinal de início de recuperação da atividade econômica depois da crise do coronavírus. O crédito para as empresas também começa a retomar um padrão mais normal, com o arrefecimento da demanda por linhas emergenciais e retomada da contratação de empréstimos de prazos mais longos.

Dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira mostram que o estoque de crédito a pessoas físicas cresceu 0,7% em junho, chegando a R$ 2,042 trilhões, após sofrer retração em abril e maio. O destaque foi o aumento de 3,7% nas operações com cartão de crédito à vista, que havia caído fortemente em decorrência das medidas de distanciamento social.

As concessões no cartão de crédito à vista subiram 13,8% em junho, comparadas ao mês imediatamente anterior. Apesar da recuperação, o volume contratado segue abaixo do patamar mensal superior a R$ 80 bilhões que vinha sendo observado antes da pandemia.

Os empréstimos a pessoas físicas eram, até a crise, o carro-chefe do crédito bancário no país, refletindo os estímulos monetários feitos no ano passado pelo Banco Central. “A volta do crédito livre a pessoas físicas parece consistente com a recuperação gradual da economia”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha. “Mas é apenas um primeiro número, precisamos observar os meses seguintes”, disse.

Os dados também sugerem recuperação dos financiamentos a veículos, com uma alta de 44,8% nas concessões, entre maio e junho. As concessões de financiamentos a veículos caíram a menos da metade depois da pandemia, passando de R$ 9,390 bilhões em fevereiro para R$ 4,338 bilhões em abril. Em junho, aproximou-se do patamar de antes da crise, com R$ 9,061 bilhões.

Uma parte da alta pode ter sido reflexo da demanda reprimida nos meses anteriores, mas ainda assim Rocha destaca que segmento de crédito de bem durável sinaliza a recuperação na confiança na economia. Um outro segmento que ganhou impulso no crédito às famílias são os financiamentos imobiliários, que tiveram alta de 25,1% nas concessões em junho, chegando a R$ 10,098 bilhões.

No caso de pessoas jurídicas, as concessões de linhas de capital de giro com prazo superior a 365 dias aumentaram 41,5% entre maio e junho, chegando a R$ 24,261 bilhões. O estoque dessas operações subiu 2,9%, para R$ 294,599 bilhões. Para Rocha, esse é mais um sinal de que a economia está se recuperando, embora também nesse caso ele ressaltou que são necessários mais dados para confirmar a tendência.

Nos primeiros momentos da crise, as grandes empresas passaram a demandar linhas de curto prazo, sacando limites previamente negociados com os bancos. Isso fez com que as concessões nas linhas de capital de giro com prazo até 365 dias quintuplicassem, passando de R$ 4,655 bilhões em fevereiro para R$ 23,487 bilhões em abril.

A partir de então, começaram a recuar. Mas os valores contratados em junho, de R$ 10,490 bilhões, representam o dobro das concessões de antes da crise. A expansão do mercado de crédito em junho ocorre em um contexto de queda nas taxas de juros.

No caso das empresas, as taxas médias cobradas em junho ficaram em 10,9% ao ano, ante 12,1% ao ano em maio. Os juros cobrados das famílias recuaram de 26,2% para 25%. Uma parte dessa queda se deve aos cortes nos juros básicos da economia, que reduziram os custos de captação dos bancos. Mas também houve queda nos spreads bancários.

Para pessoas jurídicas, recuaram de 8,2 pontos percentuais para 7,3 pontos; e, para pessoas físicas, baixaram de 22,1 pontos para 21,3 pontos. A inadimplência do crédito bancário caiu no mês, de 3,2% para 2,9%, em parte favorecida pela medida adotada pelo Banco Central que incentivou a postergação de pagamentos durante a pandemia. A previsão é que, nos próximos meses, o indicador suba, em decorrência da recessão.

 

Pandemia traz perdas recordes no trimestre

A temporada de balanços do segundo trimestre, que ganhou fôlego nesta semana, vai ser desastrosa, com prejuízos recordes de empresas de vários setores da economia. E mesmo que o efeito da pandemia possa ter sido menor do que se calculava no fim de março, os analistas ouvidos pelo Valor consideram que uma retomada robusta ainda está distante. A XP Investimentos calcula que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização das empresas do Ibovespa caia 73% em relação ao mesmo trimestre de 2019.

Embora a estimativa de receita seja de alta de 2% na mesma base de comparação, os analistas da XP acreditam que a margem Ebitda cairá 6,1 pontos percentuais. As maiores perdas serão no setor aéreo, com estimativa de queda de receita de 90% para a Gol e 88% para a Azul

 O relatório da corretora lembra que vários indicadores de atividade do segundo trimestre foram levemente menos negativos do que o esperado, sinalizando que o fundo do poço pode ter sido menor do que o inicialmente imaginado.

No entanto, a XP manteve a estimativa de queda de 6% no PIB de 2020 e de alta de 2,5% em 2021, com o argumento de que ainda há sinais dúbios para o ritmo de recuperação econômica no país.

O banco UBS, em relatório sobre o impacto do novo vírus sobre os resultados das empresas latino-americanas, afirmou que apesar de ser um trimestre de fortes perdas, o mês de junho trouxe certa estabilidade e os balanços já divulgados mostraram que os números estão marginalmente melhores do que era o estimado.

Na carteira do banco, há 86 companhias brasileiras, das quais apenas quatro publicaram resultados. O UBS estima que o lucro de seu portfólio se reduzirá 53% no segundo trimestre na comparação com mesmo período do ano anterior. “Embora as expectativas de crescimento dos lucros tenham caído 76 pontos percentuais desde o início do ano, ele se manteve estável no último mês.”

Mas o momento ainda é de cautela. Para Enrico Cozzolino, analista do banco Daycoval, o mercado de ações está comprador porque tem liquidez, mas o fundamento não é favorável. Ainda que a deterioração não tenha sido tão intensa quanto se estimava em março, as projeções de PIB são ruins e uma crise de saúde traz muitas incertezas. “As vendas foram menores e as margens apertaram.

 O mercado já precificou boa parte dos efeitos e olha para frente. É difícil imaginar que haja uma nova valorização intensa e consistente nas ações por causa dos resultados. Haverá, sim, mais volatilidade.” O retrato do segundo trimestre servirá de base para se medir a capacidade de adaptação das companhias nesse período de forte turbulências.

A XP listou pontos a serem observados: expectativas ou metas até o fim do ano, alavancagem e liquidez, planos de digitalização e sustentabilidade e governança. A temporada deverá ser especialmente dura, diz Pedro Galdi, analista de investimentos da corretora Mirae Asset Management, para os setores mais afetados pela restrição da mobilidade, como de aviação, locação de carros, concessões de rodovias e distribuição de combustíveis.

Os carros parados na garagem derrubaram a demanda por combustíveis e seus derivados, como óleos e lubrificantes, também não pagam pedágios. O setor de turismo também será fortemente afetado, com as empresas de aviação sofrendo as piores quedas da história e as locadoras de carros com os pátios cheios e praticamente sem clientes na maior parte do período.

O relatório de prévias do BTG Pactual apontou que as maiores perdas acontecerão no setor aéreo, com a estimativa de perda de receita de 90% para a Gol e 88% para a Azul, além de uma retração no Ebitda de 94% e 106% das respectivas empresas. As empresas de locação de carros e gestão de frotas Localiza, Locamérica, Movida, JSL e Tegma terão suas receitas encolhidas em 42%, 46%, 45%, 18% e 54%, respectivamente.

Para as concessionárias de rodovias pedagiadas, o BTG estima retrações de 25% no faturamento da CCR e de 18% para Ecorodovias. “Já era esperado que esses setores sofressem mais, mas há alguns poucos destaques positivos, como as incorporadoras, que soltaram prévias fortes e terão bons resultados, puxadas pela demanda residencial, e o setor de mineração, que será beneficiado pela exportação”, diz Galdi.

 

O GLOBO

Dinheiro do Pronampe deve estar nos bancos dia 15 de agosto, diz subsecretária Antônia Tallarida

Antônia Tallarida, subsecretária de Desenvolvimento de Micro e Pequenas Empresas, Empreendedorismo e Artesanato do Ministério da Economia, afirmou em entrevista ao GLOBO que os R$ 12 bilhões adicionais ao Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) devem começar a ser disponibilizados nos bancos no dia 15 de agosto.

A subsecretária avalia que os recursos devem durar ainda menos que os R$ 15,9 bilhões iniciais do programa, que foram suficientes para menos de um mês.

Até quando as empresas poderão buscar o crédito dentro do Pronampe?

O projeto foi sancionado dia 18 de maio, então o fim seria em novembro. No entanto, a nossa expectativa, pelo que a gente tem conversado com os bancos, é que esses R$ 12 bilhões vão talvez mais rápido do que os R$ 15,9 bilhões. Não por ser menos, mas porque tem gente na fila para tomar esse recurso. Os bancos também aprenderam a operar o Pronampe, colocaram operações digitais de pé e algumas instituições financeiras que ficaram de fora podem entrar. A demanda continua a mesma, as instituições vão ser mais numerosas operando o programa, então a expectativa é que isso acabe muito rápido. A gente não vai conseguir chegar até novembro com esse recurso.

E quando as empresas poderão ter acesso aos novos R$ 12 bilhões?

Existem próximos passos para a gente poder fazer esse recurso chegar. A lei de conversão vai para a Casa Civil para sanção. A gente já alertou a Casa Civil da urgência da aprovação dessa MP, especialmente, porque contêm esse adicional do Pronampe. Já estamos preparando uma MP de crédito extraordinário no valor R$ 12 bilhões para, se tudo der certo, a gente conseguir publicar a MP de crédito extraordinário no mesmo dia que publicar a sanção. Depois disso, precisamos de mais dois ou três dias para aprovar no Conselho de Participação, que é composto pelo Ministério da Economia e Casa Civil, que votam pela União nos fundos garantidores. Depois vai para a assembleia do fundo e a gente faz o aporte. Isso parece muita coisa, mas a nossa meta é que até 15 de agosto já esteja nos bancos.

 

O Ministério considera que as pequenas empresas estão sendo bem atendidas pelo Pronampe?

A gente considera que sim. Tem algumas nuances, quando você pega a agilidade da concessão do crédito, a rapidez da concessão, para quem está fazendo o pleito, é bem rápido. A gente inclusive foi a campo acompanhar alguns contratos, fomos a agências da Caixa e ouvimos direto da boca dos empreendedores “olha, conseguimos o crédito em dois ou três dias”. Tem banco fazendo 100% online, nível de atendimento, qualidade, rapidez tá muito rápido, porque a gente tentou fazer um programa que fosse o menos burocrático possível.

Os R$ 12 bi vão ser suficientes para atender a empresas que estão em busca do crédito?

Precisamos pensar nas ações do governo de forma integrada. Então, por exemplo, você tem uma parte da necessidade de capital de giro que é atendida pela MP 936, que foi da suspensão dos contratos. Vai ter uma parte que vai ser atendida pela linha de crédito para pagamento de folha. Tem uma outra parte que é atendida pelo Pronampe e ainda outra que será atendida pelo Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (Peac). A gente não pode pensar em um programa como a bala de prata para resolver o problema da micro e pequena empresa. Temos que pensar nesse conjunto e também do crédito chegando no momento estratégico que é o da retomada. As empresas vão começar a recuperar o seu faturamento.

Os recursos do Pronampe acabaram rápido, o que indica uma alta procura pelos empresários

A demanda aumentou, as empresas, principalmente as menorzinhas, costumavam se financiar com cartão de crédito, com fornecedores, se apertar, pegava dinheiro com a família, mas o acesso a crédito sempre foi muito difícil. Neste momento, sem possibilidade de cartão de crédito, esgotou possibilidade com fornecedores, não conseguia antecipar recebíveis, ela vai atrás do crédito. Essa demanda que não existia aumentou muito. Quanto? A gente não consegue dizer bem ao certo, o Banco Central consegue aferir essas operações que foram contratadas, as solicitações que não forem atendidas a gente não tem com saber. Se a gente olhar a demanda do ano passado, estamos atendendo quase 100% do mercado, tanto que às vezes nossa discussão é a seguinte: será que a gente não está oferecendo mais do que existe de demanda pelo crédito? Por isso que a gente está fazendo aos poucos, ajustando, suplementando quando necessário, passando recurso de um programa para o outro, para a gente também não dar um passo maior que as pernas.

Vocês estão pensando no caso da pandemia se prolongar e as empresas necessitarem de crédito no final do ano ou até no ano que vem?

Tudo indica que não vamos ter um cenário de uma crise continuada, mas claro que se isso se prolongar, vamos ter que reajustar a rota. Mas estamos muito mais otimistas nesse sentido que a retomada vai ser uma retomada forte e que a gente vai voltar ao longo aos patamares anteriores à crise logo.

Vocês consideram que teve uma demora do governo em atender os pequenos empresários?

O crédito para capital de giro demorou para chegar e o próprio ministro [Paulo Guedes] já assumiu isso algumas vezes. Ele chegou um pouco depois do que a gente gostaria que ele tivesse alcançado as micro e pequenas, mas a gente tem que olhar por outro lado. A prioridade no início da crise era manutenção de empregos, a gente foi numa sequência de medidas. A gente também tem bastante contato com os setor produtivo aqui, ouvimos muitos elogios da MP 936, foi uma das principais medidas e a mais rápida que a gente soltou para o setor produtivo e foi crucial para não terem que demitir. Depois a gente entrou com Programa Emergencial de Suporte a Empregos (Pese), também focando na manutenção de empregos. Depois a gente teve um atraso para fazer o capital de giro chegar na ponta. Não foi má vontade, foi uma questão circunstancial. Estávamos entendendo quais eram os melhores incentivos que a gente precisava dar para o sistema financeiro fazer o crédito chegar na ponta.

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