VALOR
Ciclo de redução da Selic entra na etapa final
Depois de testar níveis cada vez mais baixos da taxa básica de juros, o Banco Central se prepara agora para aplicar um corte final na Selic e interromper o ciclo de afrouxamento monetário. Essa é a perspectiva de grande parte dos analistas consultados pelo Valor, que veem um cenário muito tranquilo de inflação a exemplo da surpresa com os números baixos do IPCA-15 de julho.
O movimento só não é maior porque os economistas atribuem bastante peso ao discurso otimista dos dirigentes sobre a atividade e a sinais de que a economia começa a reagir, inclusive com uma melhora marginal no mercado de trabalho. Em pesquisa conduzida pelo Valor com 87 consultorias e instituições financeiras, uma ampla maioria de 73 entrevistados projeta redução “residual” de 0,25 ponto percentual da Selic, o que levaria a taxa do patamar atual de 2,25% para 2% ao ano.
Uma casa, a Oxford Economics, trabalha com corte mais agressivo, de 0,50 ponto. Outras 13, porém, trabalham com a perspectiva de que o ciclo já tenha sido encerrado em junho e acreditam que a taxa básica será mantida. Entre aqueles que estão fora do consenso, os analistas do banco MUFG Brasil são categóricos: não há espaço para corte adicional de juros.
Para eles, as perspectivas fiscais têm piorado diante da queda na arrecadação em um cenário de forte contração do Produto Interno Bruto (PIB) e de aumento de gastos direcionados para a saúde e suporte às famílias e empresas. “Além disso, a taxa de juros em termos reais está praticamente no patamar zero ou, dependendo da métrica, pode estar já no terreno negativo, principalmente se considerarmos que o Banco Central corte os juros para 2% nesta próxima reunião do Copom”, segundo os economistas Carlos Pedroso e Mauricio Nakahodo.
De fato, o grande risco para qualquer cenário é a situação fiscal e a maneira como o governo lidará com os programas emergenciais até o fim do ano. Alguns profissionais afirmam, ainda, que juros mais baixos podem trazer distorções ao mercado de câmbio, com uma depreciação maior do real.
Para José Júlio Senna, exdiretor do BC, esses elementos ameaçam desancorar as expectativas de inflação em um horizonte mais longo e, por isso, a autoridade monetária não deveria testar níveis ainda menores. “Uma queda adicional na Selic não contribui muito para a atividade, mas pode fazer a diferença para o mercado de câmbio.”
Desde o encontro de junho do Copom, a volatilidade da taxa de câmbio esteve no centro das atenções do BC, que ainda estuda as causas para movimentos mais intensos do real do que em seus pares. Apesar do tema ter atraído as atenções dos dirigentes do BC, a economista-chefe da Claritas, Marcela Rocha, não acredita em uma influência do câmbio sobre os próximos passos da política monetária. “Como o BC ainda não tem um diagnóstico claro para explicar a alta volatilidade, entendemos que reduções adicionais da taxa de juros também não são afetadas por conta desse fator”, afirma.
No cenário principal da Claritas, o Copom deve efetuar dois novos cortes de 0,25 ponto percentual na Selic, o que levaria a taxa básica à mínima de 1,75% no fim do atual ciclo de afrouxamento. Para Marcela, além de as expectativas de inflação para 2021 seguirem abaixo da meta, “a grande capacidade ociosa na economia mantém a inflação em nível baixo”, o que justificaria novos cortes nos juros. Ela aponta, ainda, que possíveis frustrações com a atividade após o fim dos estímulos fiscais poderiam fazer a Selic ser levada a níveis ainda menores posteriormente.
O ambiente de inflação baixa — aquém das metas perseguidas pelo Banco Central até 2021 — e a retomada desigual da atividade ainda mostram para grande parte dos economistas que a Selic deve cair novamente. Esses elementos, inclusive, trazem confiança aos agentes de que o juro básico será mantido nas mínimas históricas por um bom tempo, caso não haja um descontrole fiscal com uma mudança da lei do teto de gastos.
Para o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, apesar do nível já baixo dos juros, “o corte adicional seria motivado, principalmente, por dados recentes de inflação, que foram mais benignos do que o esperado”. No cenário base do banco, a Selic cairia, portanto, para 2% e se manteria nesse nível até o início de um processo de normalização monetária em 2021.
No ano que vem, o Itaú projeta que a taxa básica de juros chegará a dezembro em 3%. Mesquita, contudo, nota que um eventual redirecionamento da política monetária poderia ocorrer “em função de uma deterioração adicional da perspectiva fiscal brasileira”. O encaminhamento do lado fiscal também é observado com atenção pela economista-chefe da Canvas Capital, Camila de Faria Lima.
Para ela, o espaço para novas reduções na Selic é residual, “mas é possível debater no que isso se traduz quantitativamente”. A Canvas espera apenas mais um corte de 0,25 ponto no juro básico, mas, segundo Camila, “não se pode descartar totalmente a possibilidade de um corte adicional na reunião seguinte”, a depender da comunicação a ser empregada pelo Copom.
“O ponto mais importante seria considerar que a mensagem do comitê é a de que ele deverá ser mais cauteloso em suas decisões, tendo em vista o conjunto de estímulos já implementados, monetários e fiscais, ao mesmo tempo em que se mantém a incerteza sobre o quadro macroeconômico”, diz Camila.
Ela argumenta, assim, que, para as próximas reuniões de política monetária, o balanço dos dados de atividade e inflação e uma visão mais abrangente sobre os riscos devem ser considerados, além da situação fiscal no país. Já os economistas da Santander Asset Management avaliam que um nível mínimo (“effective lower bound”) para a Selic seria, em parte, em função do risco soberano, que tende a sofrer impacto do quadro fiscal. “Isso faz com que esse limite no Brasil seja superior ao observado em países desenvolvidos e mesmo em outros emergentes”, apontam os economistas da gestora.
Para eles, o quadro sugere, portanto, “cautela adicional” na condução da política monetária, o que está alinhado à expectativa de manutenção dos juros após o corte de 0,25 ponto da Selic esperado para a reunião de agosto.
O GLOBO
BNDES recebe R$ 350 milhões de fundo federal para investir em projetos de saneamento
O BNDES anunciou neste domingo que receberá R$ 350 milhões do Fundo Clima, do Ministério do Meio Ambiente, para investir em saneamento e recuperação de resíduos sólidos.
Desde o ano passado, o banco já recebeu mais de R$ 1 bilhão do fundo, criado há uma década para estimular a adaptação às mudanças do clima e aos seus efeitos. Entre os projetos já apoiados estão o VLT cariosa e a geração de energia no Aterro de Caeiros, em São Paulo.
Cada projeto apoiado pelo BNDES poderá receber até R$ 30 milhões a cada 12 meses, em financiamentos nos modelos dos programas Finame ou Finem.
O BNDES já está estruturando oito projetos de concessões estaduais e municipais de saneamento, inclusive a privatização da Cedae. De acordo com o banco, esses projetos vão atingir 25 milhões de pessoas e gerar mais de R$ 55 bilhões em investimentos.
“A expectativa, é que, após a aprovação do novo marco regulatório, novos Estados contratem o banco”, observou o BNDES em nota.
Liberação de R$ 30 bi na pandemia
O BNDES também informou neste domingo que já aprovou a liberação de R$ 30 bilhões nas linhas emergenciais criadas durante a pandemia.
“O apoio do banco beneficiou até o momento mais de 163 mil empresas, contribuindo para a manutenção de um número estimado em cinco milhões de empregos”, afirmou o banco em comunicado.
O BNDES disse ainda que transferiu R$ 20 bilhões do fundo PIS/PASEP, gerido pelo banco, para o FGTS.
“Essa medida visa a apoiar o trabalhador com a possibilidade de novos saques do fundo, além de liberar recursos para outras iniciativas de combate aos efeitos da pandemia”, observou a instituição.
Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental
O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.