Terça-feira

Demanda baixa faz ‘sobrar’ verba para habitação no Norte e NE

Do total de R$ 113,27 bilhões disponibilizados pelo governo federal para programas habitacionais nas regiões Norte e Nordeste entre 2015 e 2019, 40% não foram utilizados devido à baixa demanda. Com isso, esses recursos foram remanejados para as outras regiões do país. A execução aquém do desejado é mais preocupante no Norte, onde 78% dos recursos não foram utilizados. No Nordeste, esse percentual é de 23%. Os dados constam de levantamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), repassado ao Valor.

Com essas informações, a ideia é mostrar que o foco do programa Casa Verde e Amarela no Norte e Nordeste tem como objetivo melhorar a execução do programa nessas regiões, ou seja, não seria apenas uma medida eleitoreira, como vem sendo comentado. O Casa Verde e Amarela foi lançado no mês passado pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir o Minha Casa Minha Vida, uma das principais bandeiras do governo petista. Sem a utilização integral dos recursos do Norte e Nordeste, a sobra foi destinada para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Do total programado de R$ 175,9 bilhões para as três regiões de 2015 a 2019, foram utilizados R$ 257,9 bilhões, 47% mais que o projetado inicialmente. Para ampliar o número de famílias beneficiadas no Norte e Nordeste, o programa Casa Verde e Amarela prevê juros mais baixos para as duas regiões. Esses beneficiários podem contratar financiamento imobiliário com taxa de juros a partir de 4,25%, por meio do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), para famílias com rendimento mensal de até R$ 2,6 mil.

Nas demais regiões, os juros para os novos contratos podem chegar a 4,5%, para famílias com renda de até R$ 2 mil ao mês. Segundo dados do MDR, de 2015 a 2019, foram disponibilizados R$ 36,8 bilhões pelo governo federal para financiamento habitacional popular na região Norte, mas apenas R$ 8 bilhões foram utilizados. Já no Nordeste, dos R$ 76,4 bilhões previstos, R$ 60,3 bilhões foram contratados. Outra estratégia para corrigir essa distorção no Norte e Nordeste é a ampliação do valor dos imóveis financiados.

A proposta do MDR, que precisará ser discutida e votada pelo Conselho Curador do FGTS, é que, para municípios dessas regiões com população inferior a 50 mil habitantes, o limite salte de R$ 74 mil para R$ 85 mil, um ajuste de cerca de 15% em comparação aos anos anteriores. Também ainda será definido pelo Conselho Curador do FGTS o montante a ser disponibilizado para cada região para financiamento habitacional popular.

A expectativa do MDR é que sejam mantidos valores semelhantes aos dos anos anteriores. Em 2020 estão disponíveis para o Norte cerca de R$ 5,8 bilhões e, para o Nordeste, 14,6 bilhões. Com o lançamento do Casa Verde e Amarela, o governo quer atender 1,6 milhão de famílias de baixa renda com o financiamento habitacional até 2024, com uma expansão de 350 mil unidades contratadas. O limite do valor dos imóveis financiados também foi ampliado, com o objetivo de fomentar o interesse do setor da construção civil em atuar nessas localidades.

 

Bancos centrais buscam opções para reanimar economia

Enquanto as taxas de juros estão em níveis extraordinariamente baixos ao redor do globo, as discussões sobre os rumos da política monetária tentam apontar quais seriam as medidas adicionais que os bancos centrais poderiam adotar para ajudar a estimular suas economias. O Federal Reserve (Fed, o BC americano) tomou a dianteira ao anunciar, cerca de duas semanas atrás, um sistema de “meta de inflação média”.

 Na prática, a inflação poderá ultrapassar a meta de 2% por algum tempo para compensar o período abaixo desse nível. Essa mudança anunciada pelo Fed, segundo analistas, tende a forçar os outros BCs a revisarem suas estratégias, em um momento que tem se mostrado difícil a todos para prover mais estímulos.

No mundo emergente, discussão gira em torno de incerteza fiscal e esforços para garantir credibilidade As discussões quanto aos próximos passos da política monetária global ganham relevância ainda maior em um momento em que o apoio fiscal dado pelos governos para enfrentar a pandemia começa a se esvair. Embora a quantidade de estímulos seja bastante relevante, os temores quanto a um “abismo fiscal” à frente já se mostram presentes.

O economista-chefe do BNP Paribas, William de Vijlder, nota que a mudança “dovish” (mais favorável a estímulos) adotada pelo Fed levará ao uso de uma política mais acomodatícia por parte de outras autoridades, que temem uma valorização de suas moedas em relação ao dólar.

“Isso é particularmente importante para o Banco Central Europeu, que está conduzindo uma revisão de estratégias. O Fed deu uma guinada ‘dovish’ com a revisão de suas metas de longo prazo e, agora, há uma grande lacuna entre a meta de inflação média de 2% ao longo do tempo nos EUA e a meta de inflação do BCE, que é ligeiramente abaixo de 2%”, diz Vijlder.

Para ele, se essa diferença na comunicação continuar, o euro pode ser sustentado em níveis mais altos em relação ao dólar, o que tornaria ainda mais complexo para o BCE atingir a meta de inflação. A diferença de narrativas entre Fed e BCE, inclusive, fez com que o euro rompesse momentaneamente a marca de US$ 1,20 na semana passada.

Logo depois, o economista-chefe do BCE, Philip Lane, veio a público dizer que a autoridade monetária da zona do euro acompanha os desenvolvimentos do câmbio e ressaltou que eles têm impacto em suas projeções econômicas e, consequentemente, na política monetária. “O timing de Lane foi perfeito”, avalia o estrategista Kit Juckes, do Société Générale, ao avaliar que intervenções no câmbio funcionam melhor quando o mercado está sobreposicionado em algum ativo.

Em relatório, Juckes disse que há um excesso de posições compradas em euro contra o dólar no momento e avalia que a intervenção verbal de Lane se fez necessária, já que o BCE “pode não conseguir afrouxar a política de uma forma que enfraqueça o euro”.

Ao mesmo tempo em que são improváveis cortes adicionais nos juros pelo BCE, o estrategista do Société Générale aponta que a tentativa de acomodação da política monetária com compras adicionais de ativos poderia impulsionar ainda mais o euro. A lógica está na renda fixa.

Caso o BCE invista em comprar mais títulos públicos, a diferença entre os juros de dez anos da Alemanha e de nações da periferia europeia, como Espanha e Itália, diminuiria. O menor spread entre juros europeus tende a apoiar a moeda única. Também a divergência entre os dirigentes do BCE deve ganhar força.

Na semana passada, o presidente do banco central alemão, Jens Weidmann, defendeu a retirada dos estímulos extraordinários quando os efeitos da pandemia passarem, o que bateu de frente com sinais dados por Lane. “É possível ver que o desacordo está crescendo no BCE, principalmente em relação às compras de ativos e ao tamanho da resposta monetária futura”, afirma Mikael Olai Milhoj, economista sênior do Danske Bank, em relatório enviado a clientes.

O banco dinamarquês espera que a presidente do BCE, Christine Lagarde, seja questionada nesta semana sobre a mudança na meta de inflação do Fed e que diga que o BCE “não tirará conclusões prematuras sobre sua própria revisão”. Se o kit de ferramentas à disposição do BCE já aparenta estar limitado, a situação do Banco do Japão (BoJ) se mostra ainda mais complexa. Juros nominais negativos, ampla gama de compras de ativos, “forward guidance” e controle da curva de juros já são ferramentas implementadas pela autarquia japonesa, que enfrenta riscos desinflacionários crescentes.

Até por isso, a comunicação tem sido reforçada. Na semana passada, o vice-presidente do BoJ, Masazumi Wakatabe, citou o processo de revisão da estrutura de política monetária do Fed e disse que “o BoJ considera necessário dar mais atenção a que tipo de política monetária deve ser adotada na era covid-19”, referindo-se às discussões realizadas em outros bancos centrais. Goushi Kataoka, que integra o conselho do BoJ, defendeu que a taxa de juros japonesa seja reduzida adicionalmente e enfatizou que o discurso do banco central deve ser de intolerância com a deflação.

Além desses três maiores bancos centrais, outros também estudam formas de estimular a economia e devem ser ainda mais pressionados com a revisão de política do Fed. É o caso do Banco da Reserva da Nova Zelândia (RBNZ), cujo discurso tem indicado, cada vez mais, que a taxa básica de juros pode cair a níveis abaixo de zero. Como a pandemia continua a perturbar a atividade econômica, o RBNZ sinalizou que permanece aberto a novas medidas de flexibilização. Isso indica, na visão dos economistas Jen Licis e Nick Bennenbroek, do Wells Fargo, que o banco central deve implementar o juro negativo.

“É provável uma flexibilização monetária adicional. Embora a forma exata ainda não seja certa, nos inclinamos para mais estímulos monetários, incluindo reduções nas taxas de juros”, dizem os economistas do banco americano em relatório enviado a clientes. Já o Banco da Inglaterra (BoE) tem afastado a possibilidade de cortar o juro básico, atualmente em 0,1% ao ano, para níveis inferiores a zero, embora mantenha essa possibilidade sobre a mesa.

No mundo emergente, as questões relativas às contas públicas enveredam, ainda, por outro caminho, já que os países precisam, antes de mais nada, mostrar credibilidade para que os níveis acomodatícios da política monetária se mantenham.

O Brasil exemplifica bem esse cenário, na medida em que o Banco Central levou a Selic a 2% e passou a indicar que o espaço para cortes adicionais, se houver, é pequeno. Além disso, o BC já adotou, desde a reunião de política monetária de agosto, o uso do “forward guidance” para indicar que não vê elevação iminente nos juros, com a condição de que o cenário fiscal não sofra rupturas.

Também é o caso da África do Sul, cujo banco central elevou o sarrafo para medidas adicionais de afrouxamento, e da Rússia, onde a autoridade monetária tem se mostrado bastante cautelosa com o aperto nas condições financeiras, inclusive chegando a contrariar o mercado e a reduzir os juros em um nível mais brando do que a curva de juros russa precificava em reuniões passadas.

 Os temores com a inflação também se mostram bastante presentes em alguns países. Surpresas positivas do lado da atividade econômica, combinadas a problemas de disrupção da cadeia de fornecedores, se traduziram em pressões inflacionárias para alguns emergentes recentemente, nota o chefe de estratégia do J.P. Morgan para América Latina, Carlos Carranza.

Assim, ele avalia que o espaço para novidades na política monetária na região é “bastante restrito”. Segundo cálculos do J.P. Morgan, a média da inflação dos países emergentes ponderado pelo GBI EM Index acelerou 0,6 ponto percentual nos últimos dois meses.

“Estamos ainda em um nível muito baixo de inflação, mas esse movimento já chama atenção de investidores”, diz Carranza. Ao mesmo tempo, ele lembra que muitos BCs já admitiram ter chegado ao limite mínimo efetivo dos juros. “O Peru baixou sua taxa para 0,25% e já comunicou que chegou ao seu limite técnico; o Chile levou os juros a 0,5% e comunicou a mesma coisa.

A Colômbia reduziu a taxa a 2%, mas a nossa estimativa para o juro real no país já está perto de zero”, observa. “De fato, o único país da região em que vemos cortes adicionais é o México [onde a taxa de juros está em 4,5%]. No entanto, esse espaço começou a ficar menor, uma vez que a inflação no país começou a surpreender para cima”, diz.

 

Incerteza e novos hábitos levam o mundo à 'economia a 90%'

A contração recorde de 9,7% da economia brasileira no segundo trimestre não prendeu por muito tempo a atenção de analistas, mais ocupados em decifrar o ritmo atual de recuperação da atividade produtiva.

É um clichê no mercado se referir ao PIB (Produto Interno Bruto) como um retrato tirado pelo retrovisor, já que o indicador é sempre conhecido com atraso em relação ao período a que se refere.

A pandemia do coronavírus acentuou esse aspecto de águas passadas do dado.

Estatísticas divulgadas com maior frequência – como produção industrial, vendas do varejo e consumo de energia – indicam que, após registrarem quedas históricas como a brasileira, economias pelo mundo afora dão sinais de retomada.

Não está claro, porém, quanto tempo elas demorarão a atingir o nível em que estavam antes da pandemia e os prejuízos que essa demora pode acarretar.

Um indicador criado pela Luohan Academy, centro de pesquisa chinês, para medir o ritmo dessa escalada de volta mostra que, entre 131 países acompanhados diariamente, nenhum retomou o patamar de atividade anterior à eclosão da Covid-19 em seus territórios.

Idealizado por Michael Spence, vencedor do Nobel de Economia, o Pandemic Economy Tracker (PET) aponta para recuperações que oscilam entre um mínimo de 82,4% do nível pré-crise no Peru e um máximo de 98,3% na China.

No meio do caminho, estão Brasil com uma retomada de 95,8%, Alemanha com 94,8%, Estados Unidos com 92%, Itália com 91,4%, Espanha com 91,2%, Reino Unido com 89,4%, Argentina com 89,2%, Índia com 88,4%, entre outros.

Na análise que fizeram para construir o PET, pesquisadores da Luohan Academy descobriram que, durante a pandemia, a mobilidade tem sido um importante indicador do nível de atividade econômica, explicando 75% da variação do PIB em muitos países.

Por isso, um dos componentes do índice é o nível de circulação das pessoas. Os demais são dados que refletem a trajetória da epidemia, como evolução no número de casos e mortes.

“Embora não seja perfeito, esse tipo de indicador tem nos ajudado a ter uma ideia do quanto falta para voltarmos ao nível de atividade anterior à crise”, diz Bráulio Borges, economista da consultoria LCA e pesquisador-associado do Ibre/FGV.

Outras instituições têm feito o monitoramento do percurso de retomada com base em indicadores econômicos publicados com alta frequência –como pedidos de seguro desemprego, consumo de energia, monitoramento de horas trabalhadas e movimento de tráfego aéreo.

“Os dados, de forma geral, indicam que nenhum país, nem mesmo a China, já voltou ao nível em que estava antes”, diz o economista Otaviano Canuto, membro do Policy Center for the New South e do Brookings Institute e diretor do Center for Macroeconomics and Development, em Washington.

Um índice construído pela Moody’s Analytics em parceria com a CNN Business para os Estados Unidos mostra que a economia norte-americana está perto de 80% do seu nível pré-crise. Uma análise do Financial Times aponta para resultado parecido na China.

Em ambos os casos, os patamares encontrados estão abaixo dos níveis aferidos pelo PET, da Luohan Academy.

Apesar das diferenças, os três indicadores parecem confirmar que o mundo se encontra em um quadro descrito pela revista The Economist, em abril, como “economia a 90%”.

“Em muitas coisas 90% está bem; em uma economia [esse percentual] é miserável”, dizia reportagem de capa da publicação.

O problema, ressaltava a revista britânica, é o que está por trás dos pedaços que faltam para que o 100% seja atingido novamente.

A lista, no caso da crise atual, parece encabeçada por um fator que representa uma espécie de bicho papão da economia: a incerteza.

O medo do contágio pelo vírus faz com que, mesmo com o arrefecimento de sua disseminação e a gradual reabertura das economias, muitos prefiram manter certo distanciamento social.

Até na Ásia, que foi atingida primeiro pelo coronavírus e conseguiu conter sua disseminação com relativa velocidade, os níveis de mobilidade urbana permanecem menores do que antes da pandemia.

O temor de que aumentos pontuais no número de casos –após o arrefecimento inicial do contágio– representem o início de uma segunda onda da epidemia parece explicar parte dessa retração. Especialistas dizem que, até surgir uma vacina, dificilmente isso mudará.

Mudanças mais profundas de hábitos também podem estar ocorrendo.

O consumo online ganhou força enquanto as lojas estavam fechadas e, entre analistas, há uma impressão de que essa tendência de substituição do presencial pelo virtual continue.

Isso poderá implicar uma redução no nível de emprego em diversos setores, do transporte ao próprio comércio. Operações online tendem a ser mais enxutas em termos de mão de obra do que os negócios físicos.

Há também relatos de empresas que, forçadas a adotar o trabalho remoto em larga escala, descobriram não apenas que esse esquema é viável, como representa uma economia de custos.

Ainda que seja esperado um retorno gradual das atividades in loco, é possível que a volta seja parcial. Isso pode levar à eliminação de vagas, como as de profissionais que cuidam da manutenção de edifícios e dos que realizam funções administrativas.

Em uma entrevista ao site Yahoo! Finance, Jeffrey Gundlach, presidente da empresa de investimentos DoubleLine Capital, afirmou, em junho, que o trabalho remoto mostrou a ele os talentos de jovens profissionais, mas também a obsolescência de alguns postos de gestão.

“Estou começando a me perguntar se realmente preciso deles”, disse o executivo, em referência a cargos de supervisão e administração.

A temperatura do mercado de trabalho segue entre morna e fria, como mostram as estatísticas de novas ofertas de vagas.

Segundo dados do site indee.com, publicados pelo Financial Times, no fim de agosto, os anúncios de oportunidades de emprego ainda estavam cerca de 20% abaixo do registrado no mesmo período de 2019 em países como Estados Unidos, Brasil e Alemanha.

Em outros, como Índia, Espanha e França, o vale era mais profundo, próximo a 40%.

Embora o desemprego tenha subido na esteira da pandemia, muitos postos de trabalho vêm sendo preservados devido a subsídios oferecidos por governos às empresas que se comprometem a não demitir por um período. Mas a capacidade fiscal dos países de suportar esses gastos extras tem um limite.

 

8 em cada 10 micro e pequenas indústrias estão sem acesso ao crédito

A falta de acesso ao crédito ainda afeta 81% das micro e pequenas indústrias, apontou o 10º boletim de tendências do setor feito pelo Datafolha a pedido do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria).

O número caiu em relação ao levantamento anterior –feito de 6 a 14 de agosto e que apontava que 83% dessas empresas não conseguiam empréstimos–, mas ainda mostra uma piora ante os meses anteriores, quando essa porcentagem alcançou 79% na última quinzena de junho e chegou a cair para 76% no final de julho.

“A pesquisa aponta que houve uma melhora em relação à situação financeira dessas companhias com a reabertura da economia, mas existem alguns números que ainda são preocupantes. Existem empresas que até chegaram a conseguir crédito no início da crise, mas cujos recursos já acabaram. E 1 em cada 4 ainda usa o cheque especial para honrar compromissos”, afirmou o presidente do Simpi, Joseph Couri.

Dos entrevistados, 41% afirmaram que a situação financeira da empresa está regular (mesmo percentual da pesquisa anterior), enquanto outros 34% disseram que a situação financeira da companhia está boa ou ótima (contra 30%). Já o número de empresas que consideram que a situação financeira está ruim ou péssima caiu de 29% para 25% na mesma relação.

A pesquisa mostra também que 23% das micro e pequenas indústrias estão usando o cheque especial para honrar seus compromissos, queda de dois pontos percentuais em relação ao levantamento anterior.

Os últimos dados do Banco Central, referentes ao mês de julho, apontam que o saldo existente no mercado financeiro para empréstimos de cheque especial corporativo alcançou R$ 6,8 bilhões, o menor patamar da série histórica iniciada em 2007.

“É importante observar que, apesar de o cheque especial ser uma modalidade que caiu bastante para pessoas jurídicas, é o único produto onde é possível perceber uma ascensão significativa de inadimplência desde o início do coronavírus”, afirmou o consultor de negócios da Fico, Eduardo Tambellini.

Ainda segundo o BC, a inadimplência da modalidade nos empréstimos para empresas ficou em 22,6% em julho, o maior patamar desde janeiro de 2016 (quando estava em 27,3%).

Nesse sentido, a falta de acesso ao crédito pode ser o início de um ciclo de dívidas para as empresas que não tiverem cuidado, afirma Maurício Godoi, professor da Saint Paul Escola de Negócios.

“A situação entre outubro e novembro pode ser crítica, já que além da taxa de juros gigantesca do cheque especial, é um período que coincidirá com início de cobrança das parcelas que foram adiadas no primeiro semestre, com a folha de pagamentos que foi cortada ou suspensa e também com os tributos que foram adiados pelo governo”, afirmou Godoi.

No início do ano, os grandes bancos do país e o governo federal tomaram diversas medidas como forma de conter o avanço da crise do coronavírus. Dentre as ações, estavam a liberação de novas linhas de crédito, a possibilidade de suspensão ou corte de salário e jornada e o adiamento e renegociação de dívidas com vencimento no período.

As taxas de juros do cheque especial ficaram em 295,2% ao ano –o equivalente a cerca de 12,13% ao mês.

“Também é preciso cuidado porque até agora a economia não recuperou o suficiente para que, em caso de necessidade, haja a possibilidade de uma linha de antecipação de recebíveis”, disse Godoi.

Para o gerente executivo de política industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), João Emílio Gonçalves, a demanda por capital de giro em condições adequadas ainda é muito grande e apesar da espera por mais recursos via Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) –programa de crédito do governo– a expectativa é de que ainda haja uma recuperação desconectada na indústria.

“É um pouco complicado porque, na hora da recuperação, não volta todo mundo ao mesmo tempo. Pode ser que algumas empresas se levantem antes, mas sem a demanda que tinham no pré-pandemia ou antes que seus fornecedores consigam acompanhar o ritmo de crescimento por falta de capital de giro. Vemos recuperação, o que é um bom sinal, mas ainda tem muita coisa a ser feita e muitas medidas que precisam perdurar para que as companhias consigam passar por esse momento”, disse.

 

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