Quinta-feira

VALOR

Copom mantém juro básico em 2% e reconhece pressão pontual em preços

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve ontem a taxa básica de juros em 2% ao ano pela segunda reunião consecutiva e renovou a sua indicação de que não pretende subi-la tão cedo. O colegiado do Banco Central (BC) também manteve a sua avaliação de que o espaço para novos cortes, “se houver, deve ser pequeno”.

No entanto, retirou trecho presente no comunicado da reunião anterior que fazia menção a “eventuais ajustes futuros” na Selic. Por enquanto, a manutenção da taxa básica em 2% ao ano e o uso do “forward guidance” vêm criando um estímulo monetário adequado para o cumprimento das metas de inflação, segundo o comitê. O colegiado reconheceu que a inflação tem ficado acima do que era esperado recentemente, mas afirmou que esse choque deve ser temporário.

“O Copom entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”, disse em comunicado divulgado após a decisão, tomada de maneira unânime. O comitê, porém, tirou a mensagem divulgada após a reunião de setembro, que dizia que “eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”.

O Copom disse que considera “adequado o atual nível de estímulo monetário” produzido pela manutenção da Selic em 2% ao ano e pelo forward guidance. Para o comitê, continuam sendo cumpridas as condições para manter o forward guidance, que é a intenção do BC de não subir os juros. “As expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, encontram-se significativamente abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas”, disse.

Sobre os dados mais recentes de inflação, o comitê considera que eles ficaram “acima do esperado”, o que fez o colegiado elevar a sua projeção para a variação de preços deste ano. Esse movimento foi puxado pela “continuidade da alta nos preços dos alimentos e de bens industriais, consequência da depreciação persistente do real, da elevação de preço das commodities e dos programas de transferência de renda”.

Ainda assim, sustenta, a tendência é que essa alta, embora exija ser acompanhada observada, não se estenda de maneira relevante. “Apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”, destacou.

Já a possibilidade de uma deterioração ainda maior das contas públicas faz com que as chances de a inflação ficar acima do projetado no horizonte relevante sejam maiores do que as chances de ficar abaixo, na avaliação do Copom. “O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos”, disse.

O colegiado do BC, contudo, mudou a sua avaliação a respeito da inflação subjacente, mais sensível à política monetária e à atividade econômica. Antes, diversas dessas medidas estavam “abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária”.

Agora, estão em níveis “compatíveis”. Outra alteração foi no próprio horizonte relevante, “que inclui os anos-calendário de 2021 e 2022”. Até a reunião anterior, o ano de 2022 pesava “em menor grau”, segundo o Copom. Um dos cenários para a inflação cheia traçados pelo BC mostra a variação dos preços ficando abaixo da meta nesse horizonte relevante.

O cenário básico, que leva em conta a taxa de juros extraída do Boletim Focus e o câmbio partindo de R$ 5,60 e evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), mostra a inflação em 3,1% em 2021 e 3,3% em 2022 - abaixo das metas de 3,75% e 3,5%, respectivamente. A taxa de juros nesse caso encerraria o ano de 2020 em 2%, 2021 em 2,75% e 2022 em 4,5%.

O outro cenário, com o mesmo câmbio e juros constantes em 2%, colocaria a inflação em 3,2% em 2021 e 3,8% em 2022. Ou seja: no último ano do horizonte relevante, a variação de preços ficaria acima da meta. Já o quadro externo, embora siga “relativamente favorável” para emergentes, apresenta desafios, segundo o Copom.

“A forte retomada em alguns setores produtivos parece sofrer alguma desaceleração, em parte devida à ressurgência da pandemia em algumas das principais economias. Há bastante incerteza sobre a evolução desse cenário, frente a uma possível redução dos estímulos governamentais e à própria evolução da covid-19”, disse. O Copom realiza a sua última reunião de política monetária do ano nos dias 8 e 9 de dezembro.

 

BC descarta subir juro, mas é ambíguo sobre eventuais cortes

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fez uma ferrenha defesa do “forward guidance”, contrariando analistas econômicos que achavam que pudesse começar a preparar o terreno para, mais lá na frente, eventualmente retirar a sinalização de não subir os juros. Mas o colegiado emitiu uma mensagem um tanto ambígua sobre a possibilidade de novos cortes de juros. Tirou, do comunicado, o trecho que falava explicitamente sobre essa possibilidade, mas renovou o trecho que discute o espaço teórico para uma Selic menor na vizinhança do chamado limite mínimo efeito da taxa básica de juros.

O recado mais forte de que o “forward guidance”, na visão do BC, está firme e forte é a projeção de inflação de 3,1% para 2021, utilizando o cenário de mercado para os juros e uma fórmula de paridade do poder de compra (PPC) para a taxa de câmbio. O colegiado disse, ainda, que a sua projeção de inflação e as expectativas “encontram-se significativamente abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária”. O que chama a atenção é que, a despeito da aceleração da inflação de curto prazo e alta da taxa de câmbio, a projeção do BC para 2021 não mudou substancialmente.

Na reunião anterior, o Copom projetava uma inflação de 2,9%, tomando o cenário de juros e câmbio constante em R$ 5,30. Se o percentual então projetado fosse ajustado pela fórmula do PPC, a projeção seria 3%. Hoje, usa o PPC e uma taxa de câmbio de R$ 5,60 na partida. Ou seja, de setembro para cá, houve uma alta de apenas cerca de 0,1% na projeção.

O recado do Banco Central é cristalino: a alta recente da inflação não altera o quadro inflacionário no horizonte relevante da política monetária, embora o colegiado afirme que está atendo à evolução dos números. A parte ambígua do comunicado é a que trata da possibilidade de cortes adicionais de juros.

Muitos analistas econômicos achavam que o BC iria eliminar qualquer menção a essa possibilidade. Mas o comunicado ficou no meio do caminho. De um lado, voltou a discutir de forma teórica uma Selic menor, ao afirmar que “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas [o Copom] reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.

Mas retirou a discussão mais concreta sobre uma eventual baixa de juros. Deixou o comunicado o trecho que diz que “eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”.

Na sua ata, o Copom explicava que essa possibilidade de ajustes adicionais, se necessária, “demandariam maior clareza sobre a atividade e inflação prospectivas e poderiam ser temporalmente espaçadas”. Apenas a ata do Copom, que sai na semana que vem, vai esclarecer essa mensagem ambígua. Mas, aparentemente, o BC está vendo concretamente um espaço menor para cortar os juros nas próximas reuniões. Mas, possivelmente, atribui alguma chance de ser necessária ação adicional mais adiante, dependendo da evolução da economia.

Membros do colegiado já vinham enfatizando a incerteza sobre a continuidade da retomada da atividade no primeiro trimestre de 2021, quando o pagamento do auxílio emergencial deverá ser eliminado ou substituído por um programa mais modesto. Nos últimos dias, ganhou força o risco de uma segunda onda da covid-19. Há alguma chance, na visão expressada por membros do colegiado, de um segundo mergulho recessivo da economia.

 

Copom surpreende com discurso ameno

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central surpreendeu boa parte do mercado ao adotar um discurso mais leniente em relação às surpresas inflacionárias de curto prazo e ao manter a opção de aplicar novos cortes de juros.

Diante da mudança recente na trajetória de inflação e dos riscos fiscais, havia a expectativa de que a autoridade monetária retirasse menções a possíveis estímulos adicionais, mas o colegiado apenas calibrou a indicação e manteve a possibilidade na mesa, segundo especialistas.

“Nós, em particular, achávamos que isso seria retirado, porque dentro do contexto de inflação de curto prazo mais elevada, [o Copom] poderia julgar que o espaço remanescente não existe mais. Apesar de dizer que é remoto e pequeno, o espaço foi mantido”, afirma Carlos Kawall, diretor do Asa Investments.

Segundo o economista, a decisão de manter essa opção pode ter sido influenciada pelo cenário mais adverso nas bolsas no Brasil e exterior, já que uma demora na recuperação econômica mundial adiciona um elemento desinflacionário e afeta os preços das commodities. “As medidas de ‘lockdown’ na França e Alemanha são bastante duras e é evidente que isso vai impactar a recuperação da Europa. Além disso, há aumento dos casos nos EUA, o que também preocupa”, diz.

Ontem, o Copom manteve a seguinte frase no comunicado: “o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”. Porém, retirou o trecho subsequente que aparecia na ata passada. Nele, o colegiado dizia que “eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional”.

Na avaliação de Fabio Akira, economista-chefe da BlueLine, essa mudança deixa um possível corte de juros “mais como opção do que como um viés”. A diferença é bem sutil e indica que a probabilidade de exercer a opção é menor. No entanto, o Copom ainda mantém uma certa margem de manobra caso precise dar uma estímulo à economia.

A postura do Copom, ao indicar que vê um choque temporário na inflação, também deve servir para amenizar preocupação com uma elevação da Selic no curtíssimo prazo, algo que vinha ganhando espaço nas discussões sobre política monetária e nos preços dos ativos financeiros.

“Fizeram um comunicado excelente para amenizar o pânico no mercado sobre inflação, que, na minha opinião, estava exagerado. Acho que é um movimento de nível de preços por causa de alimentação, como aconteceu em outros momentos. Não é um processo de alta inflacionária”, explica Alexandre Ázara, economista-chefe da Mauá Capital.

Ao manter o arcabouço de sua comunicação, em vez de adotar grandes mudanças no discurso, o Banco Central agiu como um “bombeiro” para amenizar as preocupações sobre a trajetória recente da inflação, afirma Ricardo Denadai, economista-chefe da ACE Capital.

O profissional mantém projeção de Selic a 2% por um período prolongado e explica que a continuidade desse patamar vai depender das definições fiscais no fim do ano. Para Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, o que coloca em risco a manutenção da Selic em 2% é o lado fiscal. “O próprio BC coloca isso no comunicado como chave. A princípio, o cenário [econômico] está difícil, mas o custo de abandonar [disciplina fiscal] é muito grande”, acrescenta.

 

BC foi bastante frio ante risco fiscal e de inflação, diz XP

Embora a percepção sobre os riscos fiscais e as surpresas inflacionárias tenham crescido desde a última reunião de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por não endurecer o tom da comunicação em relação a esses temas e segue confiante de que a sua postura de juros baixos e prescrição futura [“forward guidance”] será capaz de levar a uma convergência para as metas de inflação nos próximos anos.

A avaliação é do economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale. Para ele, o Banco Central reforçou a atenção a ser dada para a condução da política fiscal após as eleições, quando voltam à pauta de Brasília temas como o orçamento de 2021 e a proposta de emenda à constituição (PEC) dos gatilhos, que deve conter o projeto de transferência de renda que substituirá o Bolsa Família.

Megale, que até julho era diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda, defende ainda que a discussão da PEC dos gatilhos seja adiada para o ano que vem e que governo e Congresso se concentrem em aprovar o orçamento para 2021.

“O ambiente de fim de ano não é propício para se discutir uma PEC envolvendo temas tão arriscados. Se incluir todos os gatilhos e o teto for mantido, tudo bem, mas o risco é ir para outro lado”, alerta. “Em um ambiente cheio de tensões e com espaço curto para que esse debate seja bem feito, o melhor é adiar a decisão.” Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: Como o sr. avalia o comunicado do Copom?

Caio Megale: O Copom foi bastante frio frente aos riscos potenciais que o mercado tem discutido. Não diria que foi mais brando, os temas continuam lá, mas não coloca muita cor neles. Parece bastante convicto daquele cenário de convergência da inflação e da necessidade de um ambiente bastante estimulativo, e tem boa dose de razão nisso. Em relação à inflação corrente, o comitê admitiu essa puxada mais clara das últimas leituras, mas reiterou que esses choques são temporários e que a tendência subjacente é baixa. O mesmo ocorreu na parte fiscal. Essa avaliação não é a nossa. Nós entendemos que o risco fiscal é maior do que existia no último encontro. Ou seja, o cenário principal continua sendo o de uma normalização da Selic em meados de 2021 e fechando o ano em 3%. Mas cresceu o risco de uma piora fiscal obrigar o BC a elevar os juros já no início do ano que vem.

Valor: Houve uma forte piora do apetite por risco por causa de uma segunda onda da covid-19 na Europa. Isso foi incorporado?

Megale: É preciso entender que, embora a reação dos mercados tenha sido forte, esses temas não são absolutamente inesperados, mas estavam sendo discutidos há pelo menos duas semanas. O ponto importante a ressaltar aqui é que, se houver um “double-dip” [nova recaída] da economia mundial, esse cenário tende a ser deflacionário como foi no primeiro trimestre, a despeito de uma desvalorização do câmbio. Então esse risco anda na direção contrária dos outros dois riscos, o fiscal e o de que a retomada econômica acelere a inflação corrente.

Valor: O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), alertou para a possibilidade de jogar a votação do orçamento para o ano que vem. Como vê esse atraso?

Megale: Acredito que deixar algumas coisas para o ano que vem é uma boa sinalização, porque diminui o risco de uma “derrapada” no final do ano. Dado o cenário incerto - as pressões políticas, o medo do que pode ocorrer se o auxílio emergencial for descontinuado, o ressurgimento da covid-19 na Europa - tudo isso pode levar a uma decisão precipitada de aumentar gastos, o que nos parece muito arriscado do ponto de vista fiscal e desnecessário do ponto de vista econômico. O ambiente de fim de ano não é propício para se discutir uma PEC envolvendo temas tão arriscados. Se o texto do senador Marcio Bittar (MDB-AC) incluir todos os gatilhos e o teto for mantido, tudo bem, mas o risco é ir para outro lado. Em um ambiente cheio de tensões e com tempo muito curto para que esse debate, o melhor é adiar a decisão, votar o orçamento antes e garantir um fôlego de alguns meses para garantir uma estratégia mais bem estruturada.

Valor: Bittar e Maia defendem que a PEC dos gatilhos seja votada antes do orçamento.

Megale: Isso pode até ocorrer, mas aumenta o risco. Pode ser que tenhamos um desfecho rápido e positivo, mas pode ser que tenhamos um desfecho negativo e uma virada de ano bastante complicada. Dado o balanço de riscos, a melhor estratégia é adiar essa discussão.

Valor: O Tesouro realiza nesta quinta um leilão relevante em estratégia conjunta com o BC, com rolagem de uma parcela menor de compromissadas. Essa estratégia vai gerar demanda para as LFTs?

Megale: Tudo leva a crer que sim. É importante salientar que essa atuação injeta liquidez e garante algum alívio, mas não resolve o problema, que é o fiscal. Se isso fosse adotado naquele momento em que se discutia usar precatórios para financiar o Renda Cidadã, certamente daria errado, porque o fundamento estava na direção contrária. Atualmente, após algumas sinalizações do governo, os sinais do mercado estão menos estressados, os spreads voltaram a se normalizar. Passadas as eleições, no entanto, se não houver continuidade nessa direção, essa estratégia não vai mais funcionar.

 

 

Campos pede a Maia trégua na turbulência política

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acionou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por uma trégua nas turbulências políticas. Preocupado com os efeitos no mercado financeiro, ele entrou em cena, pediu que embates políticos sejam deixados de lado e que as atenções se concentrem no avanço do ajuste fiscal. O atraso no calendário de votações, em sua avaliação, estaria impactando o desempenho da bolsa e do dólar e teria potencial de afastar investidores estrangeiros.

O presidente da Câmara respondeu a Campos que a responsabilidade pelo atraso de votações não poderia ser atribuída a ele e que parlamentares da base do governo têm encabeçado a obstrução da pauta. “Só relatei [ao Campos Neto] o que está acontecendo. Estou toda semana pautando a Câmara, tentando botar a coisa para funcionar. Se tem alguém que está fazendo isso [travando as votações], não sou eu”, disse o parlamentar ao Valor.

Campos entrou em contato após Maia fazer um “desabafo” público sobre a obstrução dos aliados do presidente Jair Bolsonaro no Congresso e lembrar das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que acordos políticos estariam travando a agenda de privatizações.

“Não sou eu que estou obstruindo, é a base do governo. Se o governo não tem interesse nas medidas provisórias, eu não tenho o que fazer. Eu pauto, a base obstrui, eu cancelo a sessão. Infelizmente é assim, eu espero que quando tivermos que votar a PEC [Proposta de Emenda à Constituição] Emergencial, a reforma tributária, que o governo tenha mais interesse e a própria base tire a obstrução da pauta da Câmara”, disse Maia, em entrevista ao chegar à Câmara na terça-feira.

Diante do temor de que Maia e Guedes, que recentemente fizeram as pazes, voltassem a se enfrentar, Campos teria decidido agir. Durante a conversa por telefone, Maia teria reforçado sua disposição em votar propostas que ele considera prioritárias, como a PEC Emergencial, para corte de despesas em 2021.

Ele ressaltou, porém, que para que a agenda avance é preciso apoio da base do governo. Desde o início de outubro, os governistas vêm obstruindo as sessões da Câmara por causa do impasse sobre o comando da Comissão Mista de Orçamento (CMO), que é alvo de disputa pelos grupos de Maia e do líder do PP na Casa, Arthur Lira (AL).

Após o desembarque de DEM e MDB do bloco, Lira passou a defender que um acordo fechado no início do ano fosse alterado. Enquanto Maia e aliados defendem que Elmar Nascimento (DEM-BA) assuma a presidência da comissão, Lira tenta emplacar Flávia Arruda (PL-DF) no cargo. Nenhum dos dois dá sinais de que desistirá, o que deve atrasar ainda mais a instalação da CMO.

Antes do desabafo público, Maia já havia comentado sobre essa insatisfação em jantar com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, na segunda-feira, e com o próprio Bolsonaro na semana passada. A Câmara não realiza votações há três semanas e há medidas provisórias correndo risco de perderem a validade. Como não houve mudança por parte dos governistas, Maia resolveu fazer a reclamação publicamente à imprensa.

 

 

LCA melhora expectativa de PIB e passa a prever queda de 4,3% em 2020

Devido ao desempenho “algo melhor” do que o previsto da atividade econômica, a LCA Consultores voltou a melhorar a estimativa para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Em cenário semanal divulgado ontem à noite, a consultoria informa que passou a esperar retração de 4,3% da economia brasileira este ano.

A previsão anterior era de queda de 4,8%. “A revisão na projeção ocorreu sobretudo pelo melhor desempenho esperado para o comércio, pela ótica da oferta, e nos componentes de consumo das famílias e exportações, pelo lado da demanda”, diz a LCA.

Nas novas projeções da consultoria, o PIB dos serviços, onde está inserida a atividade do comércio, terá baixa de 4,6% em 2020, enquanto o consumo vai diminuir 5,8% e as exportações de bens e serviços vão avançar 2,9%.

A expectativa da instituição para o crescimento em 2021, por sua vez, foi mantida em 3,2%, o que, na visão da LCA, seria uma “expansão moderada”. “Isso, sobretudo, porque as restrições fiscais impedirão uma renovação expressiva dos estímulos que têm reforçado a renda e o consumo das famílias”, afirmam os economistas da consultoria. “Ademais, a inflação algo mais salgada, principalmente de alimentos, tenderá a pesar sobre os orçamentos familiares – sobretudo nos domicílios de baixa renda”, acrescentam.

As estimativas da LCA para a inflação também mudaram, tanto para este ano quanto para o próximo. A projeção para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2020 passou de 2,8% para 3,1%. Já para 2021, foi elevada a 3,6%, vindo de 3,2%.

Segundo a consultoria, “não é desprezível” o risco de que o indicador oficial de inflação supere a meta de 3,75% no ano que vem, mas por ora essa não parece a hipótese mais provável. Por fim, a consultoria informa que também alterou suas perspectivas para a condução da política monetária.

Como o Banco Central deve passar a aumentar a Selic mais cedo – já no começo do segundo semestre de 2021, e não apenas em outubro, conforme esperado antes –, a LCA ajustou a projeção para a taxa ao fim do próximo ano, de 2,5% para 3% ao ano. “A despeito de continuarmos a projetar inflação dentro da meta nos próximos anos, julgamos conveniente promover essa mudança na projeção para o juro básico porque, com a revisão na nossa curva para o IPCA, a inflação acumulada em 12 meses deverá superar 5% em meados do ano que vem”, explica a LCA.

Essa situação deve ser transitória, mas mesmo assim levará o Comitê de Política Monetária (Copom) a agir de forma preventiva para evitar desancoragem das expectativas inflacionárias, avalia a equipe econômica da consultoria.

 

FOLHA

Risco fiscal pesa mais sobre dólar do que nova onda da pandemia, dizem analistas

Um recrudescimento da pandemia nas principais economias mundiais tende a contribuir para uma queda da inflação no Brasil, caso o governo mantenha o compromisso com a política fiscal de modo a levar a taxa de câmbio a um patamar mais baixo. O descontrole das contas públicas, por outro lado, pode levar a moeda nacional a um patamar acima de R$ 6,00 e aumentar o repasse cambial para os preços.

Nesta quarta-feira (28), o dólar subiu 1,44%, para R$ 5,7650, maior valor desde maio, quando foi ao recorde de R$ 5,90. O turismo está a R$ 5,90. A moeda chegou a R$ 5,7930 na máxima do dia, mas perdeu força com atuação do Banco Central, que vendeu US$ 1,042 bilhão à vista.

Desta vez, pesa o movimento internacional de valorização do dólar frente a praticamente todas as moedas, em decorrência do aumento de casos de coronavírus na Europa e as novas medidas de restrição adotadas por países como Alemanha e França.

O dólar acumula alta de 43,6% no ano frente ao real. Entre os emergentes, é a moeda que tem o pior desempenho. Na comparação de todas as moedas globais, é a quarta que mais se desvaloriza em 2020, atrás do dólar do Suriname, da cuacha de Zâmbia e da rúpia de Seicheles, nesta ordem.

Apesar do movimento desta quarta-feira, analistas avaliam que a moeda brasileira pode continuar abaixo de R$ 6,00 caso haja sinalização do governo de compromisso com o ajuste fiscal.

“A gente está vendo, especificamente nesta semana, decisões de governos europeus de voltar com medidas de distanciamento e a divulgação de alguns indicadores que mostraram piora na atividade econômica por conta da Covid. Com isso, os mercados optam por investimentos mais seguros e isso acaba reforçando o dólar no cenário internacional”, afirma Victor Beyruti, economista da Guide.

“Nesta semana, o real foi um pouco mais em linha com os pares, mas, no acumulado do ano, a gente está com desempenho pior.”

João Leal, economista da Rio Bravo, diz que uma segunda onda da pandemia tende a gerar uma pressão desinflacionária também no mercado doméstico, mesmo que possa haver uma depreciação cambial adicional, que poderia ser compensada por uma atividade econômica mais fraca.

“O impacto econômico é negativo, mas a expectativa é que seja bem menor do que em março e abril. A tendência é que o câmbio deva depreciar um pouco mais, mas não deve chegar ao nível de R$ 6,00”, afirma Leal.

“O fator doméstico é muito mais importante para o comportamento do câmbio hoje. Se o governo sinalizar que não vai obedecer o teto de gastos ou vai criar um programa de renda fora do teto, provavelmente vamos ver o câmbio ultrapassar o nível de R$ 6,00, mas esse não é o nosso cenário base.”

Maurício Oreng, superintendente de Pesquisa Macroeconômica do Santander Brasil, também afirma que o cenário mais provável hoje é de uma retomada do ajuste fiscal, o que contribuiria para que uma nova onda de contaminações e medidas de distanciamento não levasse a uma disparada do dólar e tivesse efeito desinflacionário para o Brasil.

No cenário considerado pelo Santander, o dólar iria a R$ 5,30 no final deste ano, se houvesse alguma sinalização positiva na área fiscal, e terminaria 2021 em R$ 4,60.

Na hipótese de descontrole fiscal, afirma Oreng, o dólar iria para R$ 6,70 no próximo ano, com os juros subindo a 6% em 2021 e a 9% em 2022.

Roberto Dumas Damas, professor do Insper, afirma que, com a taxa básica de juros (Selic) baixa e o aumento da percepção de risco para o Brasil, o real tende a seguir depreciado. “Dado o cenário, o dólar pode romper R$ 6,00”, afirma.

Segundo o economista, o encurtamento da dívida deve pesar cada vez mais na economia, levando o país a uma dominância fiscal, ou seja, quando a política fiscal dita a política monetária devido a um peso maior do risco fiscal.

“O menos pior seria o BC subir juros. A Selic está fora do lugar. Se na próxima reunião o Copom não subir, será ainda pior”.

 

Bolsas globais derretem com segunda onda de coronavírus

A Bolsa brasileira tombou 4,25% nesta quarta-feira (28), a 95.371 pontos, com a segunda onda de coronavírus na Europa e volatilidade causada por incertezas na corrida eleitoral dos Estados Unidos.

Esta é a maior queda diária do Ibovespa desde abril.

O dólar subiu 1,44%, a R$ 5,7650, maior valor desde maio, quando foi ao recorde de R$ 5,90. O turismo está a R$ 5,90.

A moeda americana chegou a R$ 5,7930 na máxima do dia, mas perdeu força com atuação do Banco Central, que vendeu US$ 1,04 bilhões à vista.

O petróleo também afundou na sessão. O barril de Brent (referência internacional) recuou 5%, a US$ 39,12 (R$ 225,52).

Em Londres, a Bolsa caiu 3,5% e em Paris, 3,4%. Na Alemanha, a queda da Bolsa de Frankfurt foi de 4,2%.

A Alemanha anunciou que terá um lockdown emergencial de um mês que inclui o fechamento de restaurantes, academias de ginástica e teatros para reverter um pico de casos de coronavírus que pode sobrecarregar os hospitais.

Para tornar as medidas mais palatáveis, especialmente para empresas menores, a Alemanha oferecerá ajuda financeira para aqueles que forem prejudicados pelas novas restrições.

A França também anunciou novas restrições nesta quarta, com um novo lockdown nacional que se inicia na sexta (30) e que irá permanecer em vigor até 1º de dezembro para frear a disseminação exponencial do coronavírus.

Segundo o governo local, se dentro de duas semanas a situação de saúde tiver melhorado, o governo vai reavaliar a possibilidade de reabrir algumas lojas consideradas não essenciais.

Para o Joelson Sampaio, professor da FGV, os lockdowns causaram tamanhas quedar por serem uma mudança de expectativa que pode gerar uma contração da economia europeia.

“Um resultado negativo na europa afeta direta e indiretamente o Brasil, mas não é o mesmo cenário de março. Não preocupa tanto quanto da primeira vez, as pessoas já sabem o que pode acontecer”.

Nos Estados Unidos, as eleições presidenciais são outro fator de risco para os mercados. As pesquisas mostram o democrata Joe Biden à frente do atual presidente, o republicano Donald Trump, o oposto do que investidores esperavam no início do ano.

“A vitória de Biden deixa o mercado mais volátil porque o seu governo ainda é uma incógnita”, disse Sampaio.

Segundo Chris Zaccarelli, diretor de investimentos da Independent Advisor Alliance em Charlotte, Carolina do Norte, os investidores também estão preocupados com três possíveis cenários: a contestação do resultado da eleição, um controle democrata do Congresso e que Trump seja reeleito.

"Enquanto as pessoas analisam os prováveis cenários do que poderia ocorrer com a eleição, não há uma boa resposta no curto prazo", disse ele.

Ainda pesa o fracasso de Washington em alcançar um acordo em torno de um novo estímulo fiscal antes das eleições de 3 de novembro, sem um acordo de republicanos e democratas para a votação do pacote de cerca de US$ 2 trilhões.

O coronavírus também preocupa o cenário dos EUA, onde 12 estados registraram recordes de pacientes com a Covid-19 hospitalizados na terça-feira (27).

"Obviamente, o vírus está fora de controle. Está aumentando, é ruim. O conceito de que vai desaparecer é apenas uma suposição errada", disse Eric Kuby, diretor de investimentos da North Star Investment Management Corp em Chicago.

Nesta quarta, ações de hotéis, companhias aéreas e outras empresas sensíveis às incertezas relacionadas à Covid-19 afundaram no pregão, tanto na Europa quanto nos EUA.

Grandes empresas de tecnologia, como a Apple, Alphabet, Amazon e Facebook, que devem divulgar os resultados trimestrais na quinta (29), caíram cerca 3%.

O VIX, o índice do medo de Wall Street atingiu sua máxima desde 15 de junho.

O índice Dow Jones caiu 3,4% para o menor nível desde julho, o S&P 500 recuou 3,5% e a Nasdaq teve queda de 3,7%.

Entre os destaques do pregão brasileiro está a Cielo, que teve a maior queda do Ibovespa com tombo de 11,66%, a R$ 3,41, menor cotação desde maio, com balanço do terceiro trimestre mostrando uma redução de 71,5% no lucro líquido em relação ao mesmo período de 2019, para R$ 100,4 milhões.

Empresas do setor de turismo, um dos mais afetados pela pandemia, também tiveram forte queda. A CVC caiu 9,88%, a R$ R$ 12,77, enquanto a Azul recuou 9,58% (para R$ 23,40) e a Gol, 9,03%, fechando o dia a R$16,92.

As ações preferenciais e ordinárias da Petrobras caíram 6,09%, a R$ 18,67, e 6,14%, a R$ 18,64, respectivamente, em meio ao tombo do petróleo no exterior. Ainda no radar estavam a aprovação do conselho da companhia de revisão da política de remuneração aos acionistas, a autorização do governo para a Petrobras importar gás da Bolívia e o balanço do terceiro trimestre, divulgado após o fechamento do mercado.

A Gerdau caiu 5,89%, a R$ 22,22, apesar de resultado acima do esperado no terceiro trimestre, com lucro líquido de R$ 795 milhões, salto de 175% em relação ao mesmo período de 2019, com as ações afetadas pela aversão a risco generalizada. Vale, que apresentou seu balanço trimestral após o fim do pregão com lucro de R$ 15 bilhões, cedeu 3,63%, a R$ 60,26.

As ações da Raia Drogasil desabaram 7,21%, a R$ 24,20, mesmo após reportar alta de 13,4% no lucro líquido no terceiro trimestre, para R$ 172,9 milhões. A empresa, contudo, encerrou o trimestre com uma dívida líquida ajustada maior ano a ano, de R$ 1,18 bilhão.

Alexandre Espírito Santo, economista da Órama, diz que não espera um tombo da economia brasileira tão grande quanto no segundo trimestre, marcado por lockdowns e restrições, mas diz que a nova onda de infecções pode gerar uma desaceleração global novamente.

“Isso mostra que sem vacina não vai adiantar e o mercado volta a ficar dependente disso”, diz.

Segundo ele, uma das explicações para a alta do dólar e queda da Bolsa brasileira é a saída de estrangeiros do país.

Além da pandemia, o país enfrenta problemas locais, com o atraso na agenda de reformas e aumento do risco fiscal. Investidores veem risco de quebra do teto fiscal e aguardam a definição do Orçamento de 2021, que pode sair só ano que vem.

“Risco fiscal paira sobre nós há muito tempo e, em momentos de incerteza, o investidor coloca o lucro no bolso”, diz Espírito Santo.

Um reflexo do risco fiscal é a alta dos juros futuros, taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. Eles são a principal referência para os juros de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.

Nesta semana, o juro para janeiro de 2025 foi de 6,62% na última sexta para 6,66% nesta quarta.

O risco-país brasileiro medido pelo CDS de 5 anos subiu 3% nesta quarta, acumulando alta de 3,8% na semana, a 220 pontos.

O CDS funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação a economias, especialmente as emergentes. Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país, se ele cai, o recado é o inverso: sinaliza aumento da confiança em relação à capacidade de o país saldar suas dívidas.

“Risco fiscal paira sobre nós há muito tempo e, em momentos de incerteza, o investidor coloca o lucro no Bolso”, diz Espírito Santo.

No ano, estrangeiros tiraram R$ 84,6 bilhões da Bolsa brasileira, saída recorde.

O Ibovespa acumula perdas de 5,8% na semana. No mês, há alta de 0,81%.

 

ESTADÃO

'Juro a 2% é insustentável, mas não se sabe como o BC sai da arapuca', diz Mendonça de Barros

Entrevista com Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES

A manutenção dos juros básicos no patamar historicamente baixo de 2% ao ano, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), demonstra que o Banco Central caiu em uma armadilha: o mercado apostou em uma recuperação mais lenta da economia após o pior da pandemia da covid-19 e em uma inflação mais baixa. Essa é a avaliação de Luiz Carlos Mendonça de Barros, que foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ministro das Comunicações. “O BC ficou com uma batata quente nas mãos, com inflação prevista para mais de 3% no ano que vem. BC e mercado erraram, mas não esperem um pedido de desculpas.”

Para o economista, a taxa Selic é insustentável no patamar atual e deve voltar a subir, para um nível próximo a 3,5% ao ano, seguindo as previsões de inflação para o ano que vem. A seguir, trechos da entrevista.

Como avaliar a manutenção dos juros em 2%?

Há uma armadilha muito grave para o Copom. O Banco Central acreditou nas previsões que o mercado fez, há quatro ou cinco meses, para a inflação deste ano e do ano que vem. O mercado errou, a expectativa era de 2% para este ano e, mesmo para o ano que vem, era baixa, entre 2% e 2,5%. O BC levou isso a ferro e fogo, sem criticar. E agora o mercado mudou a expectativa de inflação, para mais de 3% em 2021, sem pedir desculpas ao BC. Agora, eles estão com uma batata quente nas mãos. Isso é um problema: o protocolo do sistema de metas de inflação usa a inflação do mercado.

Foi um erro de previsão?

O sistema de metas manda usar as estimativas de mercado para olhar para frente. E as expectativas eram essas no Relatório Focus. Em março e abril, as previsões de inflação eram baixas. Teve até quem propusesse colocar os juros em 1,5% ao ano. Mas, implicitamente, se dizia que a recuperação da economia seria mais lenta do que está sendo. Esse foi o erro. A recuperação foi mais forte, o câmbio jogou mais lenha na fogueira e o BC ficou atrasado. A Selic é menor do que a expectativa de inflação.

A Selic deveria ser maior?

Estamos com 2% ao ano de Selic, com perspectiva de manter isso para o ano que vem, enquanto a perspectiva de inflação para 2021 agora é bem mais alta. O Banco Central deveria reconhecer que errou e que o mercado errou também.

O mercado e o BC não conseguiram avaliar a velocidade de recuperação após o pior da pandemia, em abril?

Tenho muito receio desses protocolos rígidos. Em momentos de crise, você acaba apostando em um cenário futuro que não é verdadeiro. Eles apostaram que a retomada seria muito lenta, mas há segmentos da indústria que hoje estão a plena carga, com inflação de demanda e de falta de produtos. O que fazer agora? Quando eu era diretor do BC, nos anos 80, vi um exemplo claro disso: foi publicada uma circular e alguns dias depois se percebeu que estava errada. Ficou a discussão, se mudava ou não. Alguns técnicos disseram que, se o BC reconhecesse o erro, perderia a credibilidade. O então presidente do banco, Fernão Bracher, arbitrou da seguinte forma: é preferível passar vergonha hoje do que conviver com o erro por muito tempo. É a situação de agora.

Quais são as outras opções?

Se a expectativa de inflação para 2021 ficar em 3,5%, ele precisará elevar os juros para perto de 3,5% e o mercado já está prevendo esse movimento de alta. Tem uma recuperação mais forte, uma pressão do câmbio e uma escassez de oferta. É preciso subir juros.

Os juros básicos no patamar atual são insustentáveis?

É insustentável ter os juros a 2%, mas não se sabe como o BC vai sair dessa arapuca. Não adianta aumentar 0,15 ponto porcentual, ele vai ter de dizer no “forward guidance” (prescrição futura) que errou tanto a intensidade da recuperação quanto a inflação futura. A lição é que todo protocolo para ação macroeconômica do governo precisa ter uma base analítica correta. Mais do que isso, se errou, corrige. Já deveria ter corrigido. Vão jogar a culpa na questão do déficit público, mas isso não tem nada a ver.

 

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