Sexta-feira

Vendas de imóveis batem novo recorde em agosto com alta de 64%

O mercado de imóveis bateu novo recorde de vendas em agosto deste ano, com o melhor resultado desde maio de 2014, repetindo o desempenho do mês anterior.

Em todo o país, 10.949 unidades foram vendidas, resultado 63,8% melhor do que o registrado em agosto do ano passado, segundo dados da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias). O número já desconta os distratos.

O indicador calculado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostra crescimento tanto no segmento econômico quanto no médio e alto padrão.

Os imóveis mais baratos, no entanto, dispararam. Com 8.556 unidades vendidas, o aumento, em relação ao ano passado, é de 88,2%.

O setor imobiliário e de construção civil vêm registrando resultados positivos mesmo em meio à crise econômica em decorrência da pandemia.

Hábitos e necessidades novas provocados pelas políticas de distanciamento social são apontados como fatores de estímulo ao movimento do mercado. Uma vez em casa, o consumidor teria elevado o valor dado à moradia.

As taxas de juros no menor patamar da história também incluíram mais famílias no acesso ao crédito e reabilitaram a compra de imóvel como opção de investimento.

Os dados de financiamento confirmam o bom momento do setor. Em setembro, R$ 12,8 bilhões foram liberados para a compra de imóveis com recursos da poupança, o SBPE.

Segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), o volume é 70,1% maior do que em setembro de 2019 e o recorde da série histórica iniciada em julho de 1994.

No mês, foram financiados 42 mil imóveis, alta de 54,6% ante o mesmo período do ano passado.

Os indicadores de registro de compra e venda de imóveis também apontam o crescimento. Das 14 cidades pesquisadas pela Fipe para o Registro de Imóveis, somente Recife (PE) teve queda no número de operações na comparação com setembro de 2019.

Em São Paulo, o aumento foi de 25,7%, com 12.509 operações de compra e venda no mês passado. No Rio, a alta foi de 19,7%, com 4.221 transações.

No acumulado do ano e em 12 meses, a maioria das cidades ainda têm resultado negativo. Em 12 meses, registram alta somente Campo Grande (MS), com aumento de 3,1% nas operações de compra e venda, Maringá (PR), com 0,9%, e Florianópolis (SC), 0,4%.

 

RN tem quarto mês de saldo positivo na geração de empregos e cria 4.462 vagas de carteira assinada

O mercado de trabalho no Rio Grande do Norte registrou em setembro o quarto mês consecutivo de recuperação no emprego formal. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quinta-feira (29) pelo Ministério da Economia, o RN registrou a abertura líquida de 4.462 vagas. Esse saldo é o melhor para o mês nos últimos seis anos, superando o resultado do ano de 2014, quando foram criadas 3.646 vagas com carteira assinada.

O que se verifica, no entanto, é que o Caged aponta queda de 25,07% no saldo de empregos em relação a agosto. Naquele mês, o Estado teve 14.468 admissões contra 8.513 desligamentos, o que gerou um saldo líquido positivo de 5.955 contratações. O resultado de setembro decorreu de 13.806 admissões e 9.344 demissões. No País, o Caged aponta a abertura de 313.564 vagas com carteira assinada em setembro. Foram 1.379.509 admissões e 1.065.945 demissões. Esse foi o melhor resultado para meses de setembro desde o início da série histórica do Caged, em 2010.

Apesar dos sinais de recuperação, as novas vagas não foram suficientes para cobrir o déficit acumulado nos nove primeiros meses do ano. No acumulado do ano até setembro, o saldo de empregos formais no Rio Grande do Norte ainda ficou negativo. O RN fechou, no período, 5.824 vagas formais de trabalho, no pior desempenho para os primeiros nove meses do ano desde 2016, quando houve o fechamento de 11.098 postos formais. De 2017 a 2019, o Estado registrou recuperação no mercado formal, com abertura de 2.322 vagas em 2017; 3.482 vagas, em 2018; e 2.040 vagas no ano passado.

No País, no acumulado do ano até setembro, o saldo do Caged ainda ficou negativo em 558.597 vagas, o pior desempenho desde 2016, quando foram fechados no período 683.597 postos.

Quando se analisa os quatro meses de auge da pandemia da covid-19 (de março até junho), o Caged registrou 1,595 milhão de demissões líquidas. Já entre julho e setembro, 697.296 postos formais foram recriados, uma recuperação de 43,73%. No Rio Grande do Norte, a situação não difere. De março a junho, foram fechados 14.180 empregos formais, resultando de 32.909 contratações e 47.089 demissões no período. Já entre julho e setembro foram recriadas 11.257 vagas, resultado da contratação de 38.566 pessoas e desligamentos de 27.309.

No ranking nacional, o Estado foi o 17º com maior saldo líquido positivo em setembro e o sexto no Nordeste, atrás dos estados de Pernambuco (21.801); Bahia (16.923); Alagoas (16.592); Ceará (12.681) e Maranhão (5.020).

Setores

Embora o setor de Serviços tenha sido o que mais contratou, o bom resultado do saldo em setembro foi influenciado, principalmente, pela abertura líquida de 1.564 postos formais na Agropecuária e 1.044 na Indústria. No segmento de Serviços, foram contratados 4.627 trabalhadores contra 3.655 desligamentos. Na Agropecuária foram 2.143 admissões contra 579 demissões. Na Indústria, as contratações somaram 2.211 e as demissões, 1.167. No comércio, o segundo que mais contratou, foram 3.042 admissões e 2.048 desligamentos. Na Construção Civil, as empresas contrataram 1.783 e demitiram 1.895, único setor que teve saldo negativo no RN (-112 postos).

Nacionalmente, o saldo positivo foi impulsionado pelo bom desempenho da indústria. O setor liderou a criação de vagas com 110.868 postos formais, mais de um terço do saldo positivo no mês. Já os serviços recuperaram 80.481 vagas no mês passado. Houve saldo positivo de 69.239 contratações no comércio. Setembro registrou ainda abertura líquida de 45.249 empregos formais na construção civil e de 7.751 na agropecuária.

Expectativas

Segundo estimativa do secretário de Estado do Planejamento e das Finanças, Aldemir Freire, pelo menos mais cinco mil empregos formais serão gerados até o fim do ano no Estado. Segundo ele, as decisões do Governo do Estado de adiantamento salarial e da primeira parcela do décimo terceiro “colaboraram para o reaquecimento da economia, com efeitos na geração de empregos, de renda e receitas tributárias”. “As ações e programas junto ao setor agropecuário também têm comprovados os resultados. Foi o setor com maior crescimento de empregos com 1.564 novos postos de trabalho ou alta de 9,08%”, destacou o secretário.

Em outubro de 2019, comentou, o RN registrava a maior alta na geração de emprego em 15 anos, após cinco meses de crescimento consecutivo e a segunda maior taxa de criação de empregos no Brasil, com 0,7% à época. Em setembro deste ano, o índice foi de 1,07%.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, comentou que a abertura líquida de 313.564 vagas com carteira assinada em setembro foi o melhor ritmo de criação de emprego para qualquer mês de setembro da história. “Todos os setores da economia e todas as regiões do Brasil criaram novos empregos. Isso configura o fenômeno da volta em V da economia. Não só estamos criando empregos há três meses seguidos, mas em ritmo crescente”, afirmou Guedes.

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, avaliou que já existe uma retomada bem caracterizada no mercado de trabalho brasileiro, que registrou em setembro o terceiro mês consecutivo de recuperação no emprego formal.

"Tivemos o melhor setembro de toda a série histórica do Caged. Trabalhamos para que, a cada mês, possamos trazer mais notícias boas sobre o mercado de trabalho. Vamos continuar revogando decretos e atos normativos que só complicam e trazem insegurança jurídica", repetiu Bianco.

O secretário especial de Previdência e Trabalho avaliou que o fechamento líquido de vagas de trabalho formal no auge da pandemia se deu mais pela redução nas contratações do que pelo aumento de demissões na comparação com períodos anteriores. "Agora, o que está nos puxando para cima no emprego é a retomada das contratações", afirmou.

Bianco disse que o Ministério não faz projeções para a criação de vagas no Caged em outubro e para o acumulado de 2020, mas reforçou que a expectativa para os próximos meses é positiva. Em setembro, todas as Unidades da Federação registraram resultado positivo no Caged. Em termos absolutos, os maiores saldos no mês foram em São Paulo (75.706), Minas Gerais (28.339) e Santa Catarina (24.827). O salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada passou de R$ 1.740,63, em agosto, para R$ 1.710,97 em setembro.

 

 

Discurso do Copom colide com aposta do mercado

O tom adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, mais ameno do que o esperado, explicitou a diferença entre o cenário visto pelo colegiado e o que tem sido precificado pelo mercado. O resultado foi percebido na curva de juros, que teve um dia de aumento da inclinação, ou seja, a diferença entre as taxas longas e as de curto prazo voltou a crescer.

Ontem, a taxa do DI para janeiro de 2022 caiu de 3,49% para 3,48%, enquanto a do DI para janeiro de 2027 saltou de 7,42% para 7,56%. Assim, a diferença entre os dois rendimentos passou de 3,93 pontos percentuais para 4,08 pontos. “O Copom indicou que não vê com o mesmo nível de preocupação do mercado a preocupação fiscal e a alta da inflação no curto prazo. Apesar de ter caracterizado a inflação prospectiva como compatível com a meta, ele manteve o diagnóstico de que a aceleração recente é temporária.

O Copom também reconheceu o risco elevado derivado do cenário fiscal, mas, na percepção do mercado, foi algo tímido, envergonhado. O mercado esperava mais”, afirma Pedro Dreux, sócio e gestor macro da Occam. Embora a inflação projetada pelo Copom permaneça abaixo da meta de 3,75% em 2021, o mercado se mantém preocupado com a inflação no curto prazo. Ontem, o IGP-M de outubro surpreendeu com uma taxa de 20,93% no acumulado em 12 meses, acima do consenso entre analistas.

A economista Priscila Deliberalli, do Safra, também aponta que o comunicado foi mais brando do que o esperado pelo mercado, mas classifica o documento como “bastante acertado” em um contexto de incerteza elevada para a atividade. “Existe uma preocupação sobre o que vai acontecer depois que o auxílio emergencial terminar e há dúvidas sobre a recuperação do mercado de trabalho. Até o cenário da pandemia, que voltou a castigar a Europa, traz incerteza. O BC não podia fechar completamente a porta para eventuais novas quedas se por acaso a atividade ficar muito enfraquecida”, diz a economista.

O Safra alterou suas projeções e, após o Copom, passou a esperar que uma normalização da política monetária tenha início no quarto trimestre de 2021, com a Selic sendo levada a 2,5% em um processo bastante gradual. O banco também revisou suas projeções para a inflação e estima, agora, que o IPCA ficará em 3,5% no próximo ano.

“O câmbio não deve apreciar muito devido às questões fiscais e algum repasse para os preços deve se manter. Também devemos ver a recomposição dos preços de serviços. Além disso, os administrados foram represados neste ano e a inflação de alimentos vai ficar tranquila, mas não deve devolver toda a alta de agora”, diz Deliberalli.

Os contratos futuros de cupom de IPCA (DAP) indicam uma inflação de 3,37% neste ano e de 4,05% em 2021, apontam dados da Renascença. Os números refletem, justamente, a pressão mais recente nos preços ao consumidor.

Ao avaliar o comunicado, Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG, diz que o documento trouxe apenas mudanças marginais, o que provocou a reação da curva de juros, com aumento da inclinação. “É como se o BC não tivesse se abalado nem com o coro do mercado para uma comunicação um pouco mais dura nem com a inflação mais alta no curto prazo”, diz.

Kawa esperava um tom mais neutro do Copom. “O BC tem convicção de que o que ele está olhando hoje indica que o juro tem de ficar onde está e ele tem tempo para identificar se a inflação é transitória ou permanente”, diz. Ainda assim, “os próximos 90 dias serão usados para avaliar o cenário e acredito que, se por acaso ele perceber que errou, a posição será revista rapidamente”, afirma.

Além do Copom, os juros futuros também se pautaram pelo leilão de títulos públicos do Tesouro Nacional, que pisou no freio em relação à oferta de papéis prefixados mais longos. A oferta de apenas 2,5 milhões de LTNs de longo prazo (para janeiro de 2024) e de somente 800 mil NTN-Fs seguiu a avaliação do Tesouro de respeitar as condições de mercado, que já estavam deterioradas nos últimos dias. É preciso apontar, porém, que no leilão de ontem o Tesouro aumentou a oferta de LFTs para o total de até 750 mil papéis.

A expectativa era de um aumento na demanda pelos papéis atrelados à Selic, já que ontem quase R$ 400 bilhões em compromissadas venceram e não foram roladas pelo BC, como parte da estratégia conjunta com o Tesouro adotada no início do mês. O Tesouro vendeu 65% da oferta de até 750 mil LFTs, o que mostra a continuidade de um cenário desafiador, na visão de Ricardo Modé, sócio e gestor da Panamby Capital.

“Se tivesse demanda mesmo, o Tesouro teria vendido o lote integral e a um bom preço. O deságio das LFTs longas voltou a aumentar”, diz. “Não é um cenário de catástrofe, mas também não é algo tão bom.” Na visão de Pedro Dreux, da Occam, a expectativa de que o valor liberado das compromissadas pudesse migrar para os títulos públicos foi frustrada.

“A limitação do tamanho da rolagem não teve o efeito desejado e houve uma migração para a compromissada overnight. Os recursos acabaram indo para a compromissada mais curta e isso não foi uma boa notícia”, afirma.

 

Mercado estranha baixa inflação projetada pelo BC

Analistas econômicos ouvidos pelo Valor estranharam a baixa inflação projetada pelo Banco Central para o ano que vem, de apenas 3,1%, que dá uma boa sobrevida para a promessa de não subir os juros tão cedo, o chamado “forward guidance”. A hipótese mais comum para um percentualtão baixo: a autoridade monetária pesou mais o cenário benigno, em que a aceleração de preços que ocorreu nos últimos meses seria transitória porque o alto grau de ociosidade da economia vai prevalecer.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reconheceu, em comunicado divulgado ontem, que a inflação surpreendeu ultimamente. Numericamente, isso fica expresso numa alta de 2,1% (ou algo como 2,2%, levando em conta o cenário com a taxa de câmbio pela paridade do poder de compra – PPC) para 3,1% na sua estimativa para a variação do IPCA neste ano.

A inflação para 2021, alvo central para a política monetária, praticamente não mexeu. Passou de 3% (ou 3,1%, pela metodologia do PPC) para 3,1%. Nesse percentual, a projeção do BC coincide com a mediana das expectativas da sua pesquisa de mercado, que também registra uma inflação de 3,1%.

Mas muitos analistas econômicos observam que essa expectativa Focus tende a envelhecer rapidamente. Apenas não deu tempo ainda para os economistas privados ajustarem suas perspectivas para a inflação ao IPCA-15 salgado divulgado na sexta-feira passada. Muitas casas influentes estão falando em uma inflação de cerca de 3,5% em 2021. Outras, com um cenário mais otimista, mantêm as projeções em cerca de 3,1%. Parece inevitável, argumentam alguns analistas, que a mediana Focus se desloque para um percentual mais próximo de 3,5% nas próximas semanas. A média da projeções para 2021 subiu de 3,05% para 3,12% na semana passada.

A projeção que o Banco Central divulga é crucial porque indica a validade do “forward guidande” – a autoridade monetária não pretende retirar essa promessa de não subir os juros enquanto as suas estimativas de inflação no cenário básico e as expectativas não se aproximarem das metas. Em 3,1%, a projeção do BC está bem abaixo da meta, de 3,75%, e isso dá um bom prazo de validade para o “forward guidance”.

Dirigentes do BC já deixaram claro, em pronunciamentos públicos, que a intenção do “forward guidance” é retirar da curva de juros uma expectativa de alta de juros que, para o Copom, parece infundada. Mas, para que essa comunicação se torne efetiva em influenciar o período mais imediato da curva de juros, na qual se transmite com mais força a política monetária, depende da credibilidade da avaliação do Banco Central sobre a inflação.

Terminado o período de silêncio, na semana que vem, o Banco Central provavelmente vai explicar porque está na banda mais otimista sobre as perspectivas da inflação para 2021. Esse convencimento é crucial para que o forward guidance atinja o seu potencial de influenciar a curva de juro.

Muitos analistas ouvidos pelo Valor dizem que a baixa inflação projetada pelo Banco Central para 2021 é factível, desde que se pese mais os cenários favoráveis. Alguns lembram que, nas suas análises, o Copom olha várias projeções, com vários modelos, e faz um julgamento sobre qual é o desfecho mais provável.

A projeção de uma inflação de 3,1% não deixa de ser, nesse aspecto, uma opinião do Banco Central, com a qual vem amarrada uma sinalização de uma trajetória de juros mais suave. Pelo comportamento da curva de juros nesta manhã, o resultado é o esperado: os juros com vencimento em janeiro de 2022 caíram um pouco, embora ainda tenham um prêmio importante em relação à Selic esperada pelo mercado para o fim do ano.

 

Ministro ataca Febraban e promete quebrar ‘cartel’

Na esteira da disputa interna que trava com Rogério Marinho, titular da pasta de Desenvolvimento Regional, o ministro da Economia, Paulo Guedes, atacou ontem a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e prometeu “quebrar” com o “cartel” formado pelas maiores instituições financeiras do Brasil.

Guedes acusa a federação de “financiar” estudos técnicos para Rogério Marinho e, ao mesmo tempo, fazer lobby pelo enfraquecimento do “ministro que está segurando a barra”, sem explicitar se estava falando de si. O objetivo da Febraban, segundo Guedes, seria furar o teto de gastos. O ministro tratou do assunto durante audiência no Congresso Nacional.

Ele foi convidado para falar junto à comissão que acompanha as medidas de combate à pandemia do coronavírus. Quando a sessão já alcançava quase três horas de duração, Guedes começou a tratar da necessidade de o país se reindustrializar, o que implicaria em juros mais baixos que dois ou três dígitos. Foi nesse contexto que ele começou a ironizar a suposta proximidade entre Marinho e a Febraban.

Primeiro, o ministro da Economia falou que os quatros maiores bancos do Brasil fazem cartel e enganam “200 milhões de trouxas”. “Um absurdo. O Brasil precisa estar em um dígito sólido, é juros de um dígito sólido, em vez de juros de dois dígitos, que é um absurdo. E nós convivemos com isso por décadas. [..] Nós vamos escapar desse cartel bancário de 200 milhões de trouxas que estão sempre na mão de quatro bancos, quatro empreiteiras, quatro transportadoras. Isso é um absurdo. Isso é falta de competição”, afirmou.

Em seguida, Guedes disse que parte da resistência da sociedade em relação à criação de imposto digital, ideia defendida por ele, vem justamente da união dos bancos. “Quando você fala em fazer o digitex [imposto digital], aí o banco, na mesma hora, vem correndo através da Febraban, que é o cartório institucionalizado dos bancos. É a Febraban que é paga para isso”, explicou.

Guedes emendou, então, com a acusação de que a Febraban estaria financiando programas de um “ministro gastador”, em referência indireta a Rogério Marinho, para enfraquecer aqueles que defendem acabar com privilégios no mercado financeiro.

“[A Febraban] não está fazendo nada errado, está fazendo tudo certo, está fazendo tudo certinho: financia até programa de estudo de ministro gastador para ver se enfraquece o ministro que defende acabar com esse privilegiozinho, com esse cartoriozinho. A Febraban financia até estudo de outros ministérios que não têm nada a ver com a atividade dela. Ela financia justamente no lobby de um enfraquecimento de um ministro que está segurando a barra, que não quer deixar esse cartório prosperar”, afirmou para os parlamentares.

De acordo com a revista “Veja”, a Febraban e o Sistema S teriam oferecido ao ministro do Desenvolvimento Regional a possibilidade de financiar um estudo para viabilizar o programa Pró-Brasil, que está sob a tutela de Rogério Marinho, sem furar o teto de gastos. Esse seria um dos focos da divergência com Guedes.

Na mesma audiência, o ministro da Economia disse que o Brasil não será mais “o paraíso dos rentistas” e ironizou aqueles que esperam que o governo Jair Bolsonaro tenha um “ministro do Planejamento forte”, como na época do regime militar, que ditava o ritmo econômico no País. “Não olhem para cá esperando ver um grande e superministro do Planejamento dizendo para todo mundo o que vai ter que fazer. Não é isso. Vocês estão com saudades do tempo do regime militar, que tinha um grande ministro do Planejamento planejando o futuro do Brasil? É isso?”, questionou.

“Nós estamos indo em direção justamente a uma economia de mercado com uma ação social pública descentralizada do Estado”, concluiu. Por fim, o ministro disse que o governo não está conformado com a atual relação dívida/PIB. Por isso, a equipe dele está preparando, para os quatro primeiro meses do ano que vem, uma “rolagem mais suave”, “mais tranquila” da dívida pública.

 

Fundo imobiliário inspirado em modelo americano de gestão inicia captação

O promissor mercado de prédios residenciais para locação ganhou mais uma alternativa para aplicações nesta semana, com o lançamento da oferta de cotas do fundo de investimento imobiliário JFL Living. A pretensão é captar R$ 220 milhões na Bolsa para a compra de dois prédios da incorporadora JFL nas regiões do Jardim Paulistano e Vila Olímpia, na capital paulista, com apartamentos para aluguel.

Diferentemente da maioria dos fundos residenciais, a novidade aqui é que a JFL continuará como dona de uma parte dos empreendimentos, ficando responsável pela venda das unidades e prestando serviços de consultoria ao fundo.

O formato tem inspiração nos Real Estate Investment Trusts (REITs), os fundos imobiliários dos Estados Unidos. Lá existe a figura de uma diretoria ativa em cada fundo, semelhante ao que a JFL pretende fazer. Já no Brasil, a operação dos fundos fica a cargo de uma gestora, sem a necessidade de executivos de referência.

Se confirmar a captação dos R$ 220 milhões iniciada nesta semana, o fundo JFL Living vai comprar 75% do prédio VHouse Faria Lima (esquina da Eusébio Matoso com Faria Lima) com 151 apartamentos e 50% do edifício VO699 (na Cardoso de Melo), com 140 unidades. Eles têm cerca de 65% e 45% de ocupação, respectivamente.

A Coluna apurou que a JFL tem planos de inaugurar outros cinco condomínios em São Paulo até meados de 2022, de olho na venda futura para o fundo imobiliário com ofertas subsequentes de cotas. Procurada, a incorporadora não comenta, pois está em período de silêncio.

 

 

O GLOBO

'O mercado não tem mais parâmetro para o dólar', diz executiva do banco Travelex

A volatilidade da cotação do dólar frente ao real tem deixado muita gente perplexa. Ana Tena, que preside o braço local da maior especialista em câmbio do mundo, é uma delas. As incertezas em relação à política fiscal do governo e a um plano de recuperação da economia criaram um mercado que não tem mais parâmetros, não tem mais correlação entre câmbio, bolsa e juros, explica a presidente do grupo Travelex Confidence no Brasil, em entrevista ao GLOBO.

Para a executiva, o atual patamar da moeda americana — em torno de R$ 5,70 — prejudica a economia e, especialmente, a indústria, já que até uma garrafa de água tem polímeros importados. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O que justifica essa escalada do dólar?

A gente perdeu todas as métricas, os parâmetros. Estamos num novo mundo onde a volatilidade e as incertezas vieram para ficar. A pandemia, a digitalização, as incertezas dos mercados futuros, política fiscal local e internacional, eleições. Tudo isso, junto, criou um mercado onde a gente não tem mais parâmetros.

Antes a gente tinha correlação com Bolsa de Valores, taxa de juros e deixou de ter isso para viver basicamente em termos especulativos de expectativas. Quando vemos as Bolsas caindo 4% em um dia por causa de uma nova crise da pandemia de Covid-19, existe um movimento de manada que faz essas variações fortes de subida e descida de câmbio. Ainda mais num país emergente, como o Brasil, tudo isso cria um movimento especulativo.

Como retomar esses parâmetros ou reduzir a adrenalina?

Tirando a pandemia, fator que assusta a todos, precisamos de alguns cenários. Não temos plano de recuperação da economia. Não vou falar do óbvio, que é o planejamento fiscal, e do plano assistencial, que está em vigor. Mas como a gente sai disso? Estamos vivendo de expectativas, mas hoje não se enxerga um plano econômico de recuperação. Como os pequenos empresários que fecharam as portas vão retomar? Onde o governo vai investir?

Temos excesso de liquidez no mercado, mas não temos projeto para saber em que segmento investir. Com juros baixos, há uma corrida por IPOs, novas empresas oferecendo suas ações no mercado, em busca de mais rentabilidade. Mas precisa ter cuidado. Temos empresas com múltiplos exagerados sendo lançadas. O brasileiro não sabe analisar setores, empresas. Estava acostumado com a rentabilidade alta do juro. Tem muita gente assustada com as quedas da Bolsa, o que traz mais volatilidade.

Quais sinais o governo precisa dar para o investidor conseguir ter mais tranquilidade?

Precisa de um acordo no governo, se unir ao Congreso, com mais foco, e aprovação mais rápida das pautas. E de um plano de recuperação. As privatizações não saíram. Faltam sinais de que os projetos anteriores que foram pautados vão começar a ter andamento.

Como explicar esse cenário aos clientes?

A gente tem trabalhado com proximidade maior dos clientes, no contato pessoal, em termos de planejamento financeiro e proteção cambial. Essa instabilidade é nova e as pessoas não estão acostumadas com derivativos (instrumentos financeiros). O objetivo é que os clientes estejam protegidos contra essa volatilidade. Para pessoa física, temos lançado produtos como câmbio programado para tentar colocar um pouco de limite na aversão ao risco.

Tenho recebido investidores estrangeiros interessados na compra de imóveis em praias, resorts no Brasil.  O Brasil ficou barato, e quem está comprando é basicamente europeu. Para a indústria, o importante é segurar margens. Não queira especular com dólar. Segura tua margem e trava numa determinada posição de câmbio, que é necessária para ter sustentabilidade na sua empresa.

O empresário brasileiro já aprendeu que dólar não é uma coisa para 'brincar'?

Está começando a aprender, mas está apredendo na dor. Temos muitos exportadores que travaram o câmbio e agora dizem que perderam dinheiro. Não, eles não perderam dinheiro, eles asseguraram sua margem de ganho.

Tivemos uma alta do dólar, mas ele poderia ter caído. As pessoas ainda conhecem pouco os derivativos aqui no Brasil. O mercado de câmbio ainda é imaturo. Tem muito espaço para seguro cambial, hedge, travas. Por causa das altas taxas de juros, era impossível fazer isso. A queda da Selic traz esse aprendizado para a aérea produtiva.

Por que o real se desvalorizou mais do que as moedas de outros países emergentes?

Minha percepção é que temos uma concentração bastante grande do mercado de câmbio, que ainda é pequeno no Brasil. Tesourarias de grandes bancos multinacionais, que faziam receita no mercado local com juros altos, movimentam muito mais rápido o volume de recursos. Pelo menos 90% do movimento está na mão de três ou quatro bancos estrageiros. São movimentos de trading, mas são especulativos.

Como você avalia a atuação do Banco Central?

Difícil. Eu não queria estar na posição do Roberto (Roberto Campos Neto, presidente do BC). É fácil criticar, mas temos vários fatores imponderáveis. Temos uma enorme rolagem de dívida, que está sendo aumentada. Com taxa Selic baixa, o pagamento da dívida de curto prazo fica mais barato para o governo.

E tem um lado positivo, que é estimular a saída dos recursos de aplicações financeiras para o setor produtivo. Mas ao mesmo tempo tem uma fuga de investidores do Brasil. Os fundos conseguiam equilibrar a volatilidade das Bolsas com a taxa Selic. Hoje, com 2% de juro, criou-se uma volatilidade grande na carteira de fundos. E a taxa de juros real é negativa. Então é difícil ter que equlibrar as contas públicas e o crescimento do país.

O dólar pode chegar a R$ 6?

Não fazemos mais estimativas. As variáveis internas e externas nos impedem de fazer qualquer previsão. Mas a gente acha que o dólar está num patamar alto e quebra a indústria. Tivemos uma época que achamos que não precisávamos produzir. Se é caro fabricar, eu importo. Quebraram as empresas que produziam com custo alto.

Mas agora, quando uma garrafinha de água precisa de um polímero importado e o dólar subiu 40%, temos um problema. Temos um gerador inflacionário. As indústrias automotiva, eletroeletrônica dependem de componentes importados. E o câmbio nesse nível vai trazer muito problema. Não é sustentável.

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