Quinta-feira

Incerteza global arrefece e estrangeiro traz R$ 7,8 bi para a bolsa brasileira

O investidor estrangeiro ingressou com um volume recorde de R$ 4,5 bilhões na bolsa brasileira na última segunda-feira e soma expressivos R$ 7,76 bilhões em novembro. O aporte diário é o maior desde agosto de 2011, início da série histórica do Valor Data, mas reflete um fluxo global generalizado para mercados emergentes com a redução das incertezas relacionadas à eleição americana e os avanços na vacina da Pfizer e BioNTech.

Para manter o interesse externo, contudo, o Brasil precisa mostrar avanços efetivos em termos de, como o andamento da agenda de reformas, privatizações e o controle das contas públicas, segundo profissionais ouvidos pelo Valor.

A entrada de R$ 4,5 bilhões ocorreu em um dos dias mais movimentados da bolsa nos últimos tempos, quando o Ibovespa subiu 2,57% com um volume financeiro recorde em 2020, de R$ 39,6 bilhões. Também naquele dia, o dólar recuou 0,08%, a R$ 5,3877. Depois de dois pregões em alta, o Ibovespa perdeu força nesta quarta, fechando com queda de 0,25%, aos 104.809 pontos. Já o dólar subiu 0,46%, a R$ 5,4159.

No acumulado do mês, o índice sobe 11,6% e a moeda americana cai 5,61%. A demanda por risco — aliada a desvalorização cambial e preços de ações atrativos — justifica a entrada do investidor estrangeiro na bolsa brasileira nos últimos dias, afirma Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual Digital.

“Diria que mais de 90% desse fluxo veio com o maior apetite global ao risco. Vimos queda do CDS dos emergentes e desvalorização do dólar.” A vacina contra a covid-19 e a eleição do democrata Joe Biden nos Estados Unidos provocaram uma busca por papéis “velha indústria”, que ficaram bastante descontados em meio à crise do coronavírus, como Petrobras e bancos, reforça Leonardo Morales, gestor e responsável por equities da ASA Asset.

“O Ibovespa tem uma característica de peso maior em valor do que crescimento com muito pouco de tecnologia. Desta forma, tivemos um fluxo pontual para Brasil na carona do movimento”, diz. César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset, reforça que o fluxo beneficiou todos os mercados emergentes. “Os emergentes foram todos juntos, não foi exclusividade do Brasil.”

Tanto que no dia da entrada recorde o índice S&P/BMV, do México, também avançou — 2,62% em moeda local. “Houve uma rotação de tecnologia para empresas de valor no mundo inteiro”, afirma o gestor, que acrescenta que para a entrada continuar o Brasil precisa fazer “a lição de casa”, com efetivas reformas e privatizações.

Enrico Cozzolino, analista de investimentos do banco Daycoval, detalha que as entradas ficaram concentradas no setor bancário, conhecido como um grupo de ações que ficou para trás e porta de entrada para o mercado brasileiro, diante da robustez das empresas e da liquidez e bolsa.

Em novembro, as ações preferenciais do Itaú Unibanco, por exemplo, acumulam alta de 22,05%, mas no ano ainda caem 20,1%. “Não dá para cravar que o estrangeiro voltou, mas acredito que não teremos mais saídas tão grandes como vimos no passado. A normalização do câmbio também ajuda a trazer mais capital para a bolsa”, diz o analista.

Daniela Costa-Bulthuis, gestora da Robeco responsável por Brasil, também acredita que o fluxo estrangeiro pode ser explicado pela combinação de ativos baratos quando analisados em dólar, rotação de carteiras com busca por papéis mais cíclicos e uma onda de otimismo global. No médio prazo, o país precisará apresentar fundamentos para manter o interesse externo.

“Vemos no mundo todo um movimento pró-risco com a definição da eleição nos Estados Unidos e a notícia da vacina, mas para que esse fluxo de estrangeiros seja mantido nossos fundamentos precisam melhorar, principalmente a agenda de reformas.”

Para ela, outro ponto essencial é que os indicadores econômicos brasileiros, positivos nos últimos meses, sigam na mesma trajetória. Caso essa tendência seja confirmada e haja compromisso fiscal efetivo, aí sim os investidores estrangeiros devem retomar o interesse pelo mercado local.

Para Gustavo Medeiros, vice-diretor de pesquisa da Ashmore, o excesso de liquidez global, resultado de medidas de estímulo fiscais e monetárias, obriga os investidores a buscarem risco em troca de rentabilidade, o que favorece o Brasil.

“Empresas bem administradas, como a Vale, estão se beneficiando do baixo custo de financiamento e das oportunidades de crescimento. Mas o Brasil estaria atraindo muito mais fluxo se houvesse confiança na implementação de reformas.” Nesta quarta, por exemplo, a cena local com os constantes ruídos políticos foi responsável pelo tom de cautela que afetou os ativos, especialmente nos mercados de juros e câmbio. O presidente Jair Bolsonaro chegou a demonstrar preocupação com o fim do auxílio emergencial, o que reacendeu o temor do mercado com o risco fiscal.

No juros, o contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subiu de 3,30% para 3,39%, enquanto o DI janeiro de 2027, passou de 7,24% para 7,46%.

 

Fala de Guedes sobre ‘hiperinflação’ é exagerada, diz JGP

A declaração do ministro Paulo Guedes (Economia) de que o Brasil pode viver uma hiperinflação “muito rápido” traz a marca do exagero que é bastante conhecida do economista. Ainda assim, ela não deixa de fazer algum sentido e, na verdade, vivemos hoje sob um risco maior disso ocorrer do que foi em outro momento também bastante conturbado da nossa história recente, o final do governo Dilma Rousseff, entre 2015 e 2016.

A avaliação é do economista-chefe da JGP Gestão, Fernando Rocha. Ontem, em evento da Corregedoria Geral da União (CGU), Guedes afirmou que o “Brasil pode ir para a hiperinflação muito rápido, se não rolar a dívida satisfatoriamente". Após a repercussão, o ministro mudou o tom esta manhã.

Em entrevista à CNN, Guedes disse que o comentário foi um alerta para acelerar as privatizações e, com isso, derrubar a relação dívida-PIB, que saltou esse ano por causa dos gastos com a pandemia. “Estamos todos esperando qual será a decisão do governo sobre o Renda Cidadã no fim do ano. Temos uma economia que meio que está se recuperando em ‘V’, com alguns setores em melhor estado hoje do que antes da pandemia por causa de um auxílio mal dimensionado. Se o governo for por esse caminho de mais gastos, mesmo que seja pouco, vai acarretar efeito extremamente negativo para os mercados”, diz Rocha.

“Se isso ocorrer, a linha de menor resistência no Brasil é a inflação”. Em sua avaliação, o risco aludido por Guedes é o de que o sinal de descontrole fiscal leve a uma perda das âncoras nominais da economia. “Não vamos dar calote na dívida, mas o investidor pode começar a refugar os papéis do Tesouro, a curva pode começar a empinar. Tem gente que gostaria de mandar dinheiro para fora neste momento por causa do alto risco, mas o nível do câmbio é desconfortável. Aí começam a tentar se proteger investindo em outros ativos, como imóveis, e a inflação aparece. Num contexto desse e com a dívida já alta, o BC elevar os juros traz o risco de que essa inflação não pare de subir mesmo com atividade mais fraca”, diz.

“Isso pode jogar 30 anos de trabalho combatendo a inflação pela janela.” O economista ressalta que esse cenário é bastante distante hoje, mas está mais próximo de ocorrer do que, por exemplo, jamais esteve durante o final do governo Dilma. Naquele momento, ele considera que o que existia era uma crise de confiança na política monetária, que estaria sempre atrás da curva em um ambiente de aceleração dos gastos fiscais.

Por outro lado, duas coisas tornavam a situação menos difícil. O nível da dívida era 60% e não perto de 100%. Além disso, existia a perspectiva de que haveria troca de governo. Por outro lado, um fator que pode evitar que o Brasil caia em um contexto parecido com o fim do governo da petista, que registrou inflação alta, mas não galopante, e baixo crescimento, é a atual diretoria do Banco Central.

“Existe esse cenário de inflação alta e juro baixo, mas acho que o BC reagiria, não faria como a gestão de Alexandre Tombini.” Ambas as possibilidades - a de uma hiperinflação ou da volta para um padrão mais alto de inflação -, salienta Rocha, não são o cenário principal do mercado, que continua a crer em uma volta dos preços relativos que traga a inflação atual de volta a níveis mais confortáveis.

“Caso isso ocorra, o BC vai poder fazer uma normalização mais tranquila. Mas isto depende de como se dará a resposta fiscal. Se desandar para qualquer um dos outros dois cenários, a elevação de juros será muito mais intensa.”

 

Governo quer R$ 25 bi em microcrédito para mitigar fim do auxílio emergencial

O governo pretende criar um programa de microcrédito para os trabalhadores informais que vão deixar de receber o auxílio emergencial – cuja vigência expira no fim do próximo mês. O assunto foi discutido pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, na última terça-feira, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a Caixa Econômica Federal, banco oficial que foi responsável pela operação do pagamento do auxílio, já tem condições hoje de oferecer R$ 10 bilhões para financiar a nova linha de crédito. Esse valor, porém, poderia chegar a R$ 25 bilhões com a implementação de outras medidas em estudo. Para os beneficiários, o valor do empréstimo pode ficar entre R$ 1,5 mil e R$ 5 mil.

O fim do auxílio emergencial é uma convicção no Ministério da Economia. A avaliação do governo é de que não há espaço fiscal para dar mais dinheiro a fundo perdido aos informais. Por isso, a meta seria ajudá-los a ter autonomia para trabalhar.

O foco do governo está no chamado grupo dos “invisíveis”, que estão na informalidade e que, até então, não recebiam ajuda oficial – e que podem ficar sem nenhum benefício a partir de 1.º de janeiro. São pelo menos 38,1 milhões de brasileiros nessa situação. Paralelamente, o governo ainda tenta costurar um novo programa social para substituir o Bolsa Família e abarcar uma parcela maior de beneficiários.

Para defender a criação do novo programa de microcrédito, o governo tem citado exemplos de beneficiários do auxílio emergencial que usaram o dinheiro para comprar equipamentos necessários para o trabalho durante a pandemia.

Compulsórios

Uma das medidas em discussão para fazer com que o valor disponível salte dos R$ 10 bilhões para até R$ 25 bilhões é aumentar a parcela dos recursos que os bancos são obrigados a deixar no BC – os chamados “depósitos compulsórios” – e que poderiam ser direcionados aos empréstimos de microcrédito.

Além disso, o Ministério da Economia avalia a possibilidade de reforçar as garantias disponíveis para dar suporte a esses empréstimos. O tema está em discussão entre a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Ministério da Cidadania, para que seja uma “porta de saída” para que trabalhadores informais se formalizarem como Microempreendedor Individual (MEI). Ao conseguir esse registro, os trabalhadores passam a contribuir ao INSS e, consequentemente, a ter acesso a benefícios previdenciários.

Desde o início do governo, o presidente do BC abraçou a agenda do microcrédito. Na Medida Provisória do Emprego Verde Amarelo – que pretendia incentivar contratações de jovens e acabou perdendo validade antes de ser votada pelo Congresso –, havia uma proposta de estímulo ao microcrédito. Agora, segundo apurou a reportagem, um das possibilidades é remanejar parte do direcionamento dos compulsórios do setor agrícola para o microcrédito.

Do lado das garantias, há a possibilidade de reforçar os fundos garantidores FGO (administrado pelo Banco do Brasil) e FGI (gerido pelo BNDES). Os fundos garantidores cumprem um papel importante porque dão a cobertura necessária aos bancos em caso de calote. O público de baixa renda enfrenta hoje restrições no acesso a crédito justamente porque não têm como oferecer garantias às instituições financeiras, como contrapartida ao risco de inadimplência.

Para bancar novos aportes nos fundos garantidores, será preciso encontrar espaço fiscal no Orçamento de 2021. Costuras estão sendo feitas no Congresso para abrir espaço nas despesas e viabilizar o repasse dos recursos do Tesouro aos fundos. Tanto na Câmara quanto no Senado há ressonância para que isso seja atingido.

Críticos da medida, no entanto, temem que o incentivo ao registro dos trabalhadores como microempreendedor individual acabe incentivando a “pejotização” e formatos de trabalho mais precários. Procurado, o Ministério da Cidadania não respondeu. O BC também não comentou.

Como mostrou o Estadão, outra ideia em estudo é tornar permanente o Pronampe, programa de socorro para micro e pequenas empresas, considerado bem-sucedido. O projeto da terceira fase do programa em tramitação no Senado deverá sofrer modificações. O mais provável é que não haja essa terceira fase em 2020 e o Pronampe já nasça permanente em novas condições de taxas de juros e garantias para 2021.

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