VALOR
Construção prevê retomada em 2021, após recuo de 2,5%
O setor de construção civil vai fechar 2020 com queda do seu Produto Interno Bruto (PIB), mas o crescimento será retomado no próximo ano, de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Neste ano, o PIB setorial terá queda de 2,5% e, em 2021, aumento de 3,8%. Quando 2020 começou, havia expectativa de crescimento de 2% do setor.
Com a pandemia e a piora da economia, a construção sofreu impactos em vários dos seus segmentos, segundo o vice-presidente de economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan. No ano, a maior queda registrada no PIB da construção foi em serviços de instalações (7,5%), de acordo com Zaidan.
O segmento inclui hidráulica, elétrica e arcondicionado, sendo utilizado do meio para o fim das obras. Em edificações como um todo, a redução foi de 2% e em infraestrutura, de 1,7%. No segmento de obras viárias, houve retração de 2%. Em abril e maio, foram suspensas obras de edificações, em algumas localidades, por decretos estaduais e municipais, revertidos posteriormente.
O vice-presidente do Sinduscon-SP ressalta que o setor também foi afetado, neste ano, pela interrupção temporária da produção de fábricas de materiais devido à menor demanda nos primeiros meses da pandemia. Mesmo com a retomada da produção, a oferta ficou menor, de acordo com o vice-presidente do Sinduscon-SP.
Em relação ao segmento imobiliário residencial, Zaidan destacou que o mercado está “exuberante nos lugares com mais renda, como São Paulo”, mas não em todo o país. No início da semana passada, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e a Bain divulgaram pesquisa que aponta que, nacionalmente, os lançamentos caíram 27,9%, para 85.755 unidades no acumulado de nove meses.
No terceiro trimestre, houve recuo de 10,5%, na comparação anual, para 42.885 unidades, de acordo com a CBIC. Para 2021, as expectativas do Sinduscon-SP em relação à construção são positivas, mas Zaidan afirma que a questão fiscal brasileira precisa ser abordada, com “aumento da carga tributária e redução das despesas”.
“A questão fiscal acaba inibindo investimentos. E, se não houver avanços em relação à renda, o país continuará a ter voos de galinha”, diz o vice-presidente do Sinduscon-SP, acrescentando que o setor “depende demais do estado da economia”.
OCDE vê perspectiva de recuperação, mas riscos persistirão em 2021
Pela primeira vez desde o início da pandemia, as perspectivas são melhores para a economia global com vacinas à vista e a manutenção de fortes medidas de apoio pelos governos, mas persistem incertezas e riscos, disse ontem a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em relatório, a OCDE vê um cenário global ainda relativamente complexo para 2021, com alto risco de novos surtos do vírus, que vão exigir, em alguns casos, novas medidas de distanciamento social localizadas. A vacina só virá ao longo de 2021 para a maioria das pessoas, e a gestão da pandemia ainda irá impor limites à economia.
A atividade econômica seguirá com menos interações e fronteiras parcialmente fechadas por mais alguns trimestres. Alguns setores recuperarão força, outros ficarão paralisados. Por exemplo, o setor turismo, com muitos empregos, inclusive de baixa qualificação, vai demorar para se recuperar.
Nesse contexto, o relatório sobre as perspectivas globais reduziu as estimativas anteriores de setembro, em meio à constatação de que novos surtos e restrições estão impedindo a recuperação. Após uma forte contração neste ano, a OCDE estima que o PIB global crescerá 4,2% em 2021, abaixo dos 5% estimados em setembro.
O crescimento dos EUA no ano que vem, antes estimado em 4%, caiu para 3,2%, Na zona do euro, a taxa anterior de 5,1% diminui agora para 3,6%. Mas há sinais de esperança. No caso de a contenção de novos surtos e uma ampla vacinação até o fim de 2021 reforçar a confiança, uma recuperação gradual da economia global deve ocorrer nos próximos dois anos, diz a OCDE.
“Ainda estamos no meio da pior crise, não saímos da zona de risco, mas há agora esperança”, afirmou a economista-chefe, Laurence Boone. “O desafio agora é como sair dessa crise rapidamente e com o mínimo de dano possível.”
Entidade corta previsão de crescimento do Brasil
Os persistentes estragos causados pela pandemia de covid-19 levaram a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a cortar sua projeção de crescimento da economia brasileira para 2021 para 2,6%, ante 3,6% estimados em setembro.
Em seu mais recente relatório, a entidade calcula que a economia brasileira deve se contrair em 6,0% neste ano ante 6,5% previsto antes. Mas incertezas e dificuldades sobre a pandemia e a vacina derrubam as estimativas futuras.
Assim, o PIB brasileiro deve crescer 2,6% no ano que vem e 2,2% em 2022. A OCDE estima que a inflação continuará abaixo da meta e a alta liquidez, com juros baixos recordes, proporcionará apoio aos investimentos. Mas nota que vulnerabilidades fiscais foram exacerbadas pela resposta à crise, e que o déficit público cresceu.
“A retirada das medidas fiscais, como o Auxílio Emergencial, será um grande desafio para o Brasil, num contexto de conjuntura ainda frágil e um desemprego elevado”, diz Jens Arnold, economista responsável na OCDE.
A pandemia deve resultar numa alta de 20 pontos percentuais na dívida pública bruta, que atingirá 100% do PIB no fim de 2022. Ou seja, a situação fiscal tornou-se mais complexa.
“Para assegurar a sustentabilidade da dívida pública, será imprescindível que o gasto adicional seja temporário e não se torne permanente”, diz Arnold. “O teto de gastos foi o que permitiu melhorar a confiança, reduzir os juros. Por isso será importante cumprir com o teto de gastos em 2021.”
A resposta fiscal à pandemia no Brasil tem sido uma das mais fortes na região, com medidas discricionárias superando 8% do PIB e forte foco nos mais vulneráveis. Um benefício de emergência temporário atendeu 67 milhões de pessoas. Esse apoio reduziu a pobreza ao mais baixo nível em 40 anos e evitou maior declínio na renda e no consumo no país.
Mas a OCDE alerta que o descontentamento social que afetou vários países da América do Sul também pode atingir o Brasil, “possivelmente agravado pela deterioração das condições sociais na pandemia e por escândalos de corrupção”. Para Arnold, um risco para o Brasil seria uma desaceleração no avanço das reformas, o que teria consequências negativas para o crescimento e os resultados fiscais.
“O Brasil tem uma agenda importante de reformas para implementar, como converter os impostos indiretos num IVA [imposto sobre valor agregado], fortalecer a concorrência com reformas regulatórias, maior integração na economia global, melhorar a educação e a capacitação profissional, combater a corrupção, preservar o meio ambiente”, completou.
Para o secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, os governos devem fazer o possível para debelar a pandemia. “Não há escolha entre proteger a vida e ganhar a vida, é um falso dilema. Vencer o virus é a única maneira de acabar os riscos sanitários, mas também de proteger a economia”.
A expectativa é que os excepcionais programas fiscais de ajuda ao longo de 2020 darão bons resultados. A recuperação poderá ser mais fortes e mais rápida à medida que mais atividades reabrirem, reduzindo a perda de renda. A OCDE alerta que a recuperação será desigual entre os países, potencialmente levando a mudanças duradouras na economia mundial.
Os países e regiões que têm mais testes, rastreabilidade e sistemas de isolamento, onde a vacinação for feita rapidamente, provavelmente se sairão melhor, favorecendo investimentos e consumo. A China, que começou a recuperação mais cedo, deve crescer 8%, respondendo por mais de um terço do crescimento econômico global em 2021.
As economias da OCDE só se recuperarão parcialmente da profunda recessão deste ano. A contribuição da Europa e da América do Norte para a o crescimento global continuará menor do que seu peso na economia mundial. A produção devev ficar 5% abaixo das expectativas pré-crise em vários países em 2022, elevando a possibilidade de custos substanciais duradouros.
Para a OCDE, os governos precisam focar o apoio nos mais vulneráveis, como crianças, jovens e pessoas não qualificadas, e também nas empresas, para reduzir o risco de a crise deixar profundas cicatrizes. A covid-19 está elevando a desigualdade.
Daí a importância de ações dos governos. Outra inquietação é com o aumento do endividamento das empresas. Empresas brasileiras têm estoque de dívida mais baixo, equivalente a 40% do PIB, ante mais de 140% na China.
FOLHA
Brasil deve ter crescimento recorde no 3º trimestre, mas ainda não volta ao nível pré-crise
A economia brasileira deve crescer cerca de 9% no terceiro trimestre deste ano, uma variação recorde, mas insuficiente para recuperar todas as perdas verificadas na crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
Os dados do PIB (Produto Interno Bruto) serão divulgados na próxima quinta-feira (3%) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De acordo com a agência Bloomberg, as estimativas de crescimento de 30 instituições consultadas variam de 7,4% a 11,2%, com mediana de 8,7%.
A taxa trimestral de crescimento é a maior registrada na série histórica do IBGE, que começa em 1996, mas o dado está influenciado pela base de comparação, devido à queda recorde verificada entre abril e junho deste ano, de 9,7%.
Reflete ainda um pacote de estímulos fiscais para enfrentar a pandemia que está entre os maiores do mundo, cerca de R$ 400 bilhões naqueles três meses (25% do PIB do trimestre), juros baixos e um cenário externo favorável para as exportações brasileiras, segundo economistas ouvidos pela Folha.
O resultado também está em linha com o verificado na maioria dos países. Segundo dados compilados pela OCDE, entre cerca de 30 economias que já divulgaram o resultado do segundo trimestre, o crescimento do PIB ficou em 8,5% na média.
A expectativa agora é de um crescimento mais lento nos últimos três meses deste ano e de retorno ao patamar de 2019 em algum momento de 2021 ou 2022.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe da BNP Paribas Asset Management, projeta crescimento de 9% para o terceiro trimestre, ritmo que deve desacelerar para cerca de 1% nos três últimos meses do ano.
Para 2021, a expectativa é um ritmo de crescimento trimestral médio de 0,4%, o mesmo visto no período 2017-2019. Somado ao efeito estatístico da base de comparação baixa em 2020, seria um crescimento de 3,2%, após uma contração prevista de 5,6% neste ano.
As projeções, segundo a economista, estão em linha com os dados do próprio IBGE que mostraram crescimento entre 20% e 30% para setores com indústria, comércio varejista e construção civil.
O ritmo de crescimento também reflete a diferença entre uma economia com as atividades em grande parte limitadas ou fechadas e uma economia que está com as atividades abertas, em um ambiente de aumento de estímulos fiscais e monetários.
“É a diferença desse desliga/liga, com toda essa quantidade de política fiscal e monetária para minimizar o efeito desse desligamento, que foi necessário na hora em que teve o surto de Covid”, afirma Tatiana Pinheiro.
Para a economista, não é possível, nem sustentável, manter o ritmo de crescimento do terceiro trimestre.
“O que tem de acontecer no Brasil e no restante dos países é a economia voltar ao ritmo que é condizente com o seu PIB potencial e tentar melhorar esse ritmo de crescimento, mas não artificialmente.”
Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim, também afirma que não é possível sustentar o ritmo de crescimento do terceiro trimestre, que deve mostrar indústria, agropecuária e varejo muito aquecidos e um setor de serviços mais atrasado na recuperação.
Ele projeta crescimento 8,5% no trimestre, com retração de 4,5% no acumulado do ano e expansão de 4% em 2021.
Segundo Padovani, as projeções pessimistas do início da pandemia foram revertidas a partir da reação de praticamente todos os países no mesmo sentido.
“O que aconteceu foi uma surpresa. A gente viu todos os países dando incentivos fiscais e monetários. Você teve um impulso externo e um câmbio favorável que ajudou a exportação. Os preços de commodities subiram. Uma parte dessa surpresa nós mesmos criamos, com taxas de juros muito baixas e gastos públicos elevados”, afirma Padovani.
“A gente não continuará com o mesmo impulso fiscal. As taxas de juros no mercado futuro vêm subindo há algum tempo. O impulso externo vai ser menor, a gente está vendo uma segunda onda de contágio importante nos EUA e na Europa. Tudo sugere que os motivos que levaram a gente a ter uma recuperação muito intensa e rápida não estarão presentes nem no quarto nem no primeiro trimestre do ano que vem.”
Segundo o economista, a pandemia deixa duas coisas boas, o início de um ciclo global de commodities e taxas de juros ainda baixas. Por outro lado, o país terá de lidar com um desemprego elevado e uma dívida pública que limita impulsos fiscais adicionais.
A projeção mais pessimista na coleta da Bloomberg é do FGV Ibre, que espera crescimento de 7,3% no consumo das famílias, fortemente influenciado pelo auxílio emergencial, e de 15,6% nos investimentos, que contam com a ajuda da construção civil, que deve crescer 8,1%.
O setor com mais destaque deve ser a indústria de transformação (+23,5%), impulsionada pelo consumo de bens, que ocupou boa parte do espaço no orçamento familiar. Os serviços, por outro lado, devem crescer apenas 6%.
Segundo o Ibre, enquanto a indústria e o varejo já retornaram ao patamar pré-Covid, o setor de serviços permanece abaixo do nível de fevereiro.
Dados do Monitor do PIB do Ibre apontaram crescimento de 7,5% no PIB do terceiro trimestre, com o indicador ainda 5% abaixo do nível pré-crise.
O coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do FGV Ibre, Claudio Considera, afirma que o país ainda está saindo aos poucos da recessão iniciada com a pandemia e que há incertezas sobre o ritmo da recuperação, que ainda não é aquilo que o ministro da Economia, Paulo Guedes, chama de “V”, na qual uma queda brusca é sucedida por um crescimento também rápido e de mesma intensidade.
“O ‘V’ tem a ver com o buraco que nós caímos, não com a subida que tivemos. É um ‘V’ meio maroto, que ainda não chegou ao ponto antes da pandemia. Não sabemos se a perninha [para cima] dele vai continuar firme”, afirmou Considera durante debate da FGV sobre PIB e redução de incerteza.
ESTADÃO
Empresas esperam retornar a lucro pré-pandemia somente em 2022
Um grupo representativo de empresas brasileiras estimam que somente em 2022 retomarão os níveis de lucratividade registrados antes da pandemia. Mas é no ano que vem, que muitos investimentos serão feitos em busca de recuperar o terreno perdido em 2020, quando toda a cadeia produtiva do brasil e do mundo foi abalada pela inesperada pandemia do covid-19.
Para não perder o trem. A pesquisa global navigator, patrocinada pelo HSBC e conduzida pelo Kantar, identificou que entre 200 empresários tomadores de decisão no brasil, 88% pretendem fazer investimentos em 2021, com foco no bem-estar dos funcionários (74%) e melhoria na experiência do cliente (71%). Os porcentuais superam o resultado das entrevistas com empresários de mais de 10 mil empresas no mundo, entre as quais a inclinação a investir em 2021 está na casa de 67%. Destinar recursos para canais de vendas e na segurança cibernética também são prioridade para mais de 70% dos empresários brasileiros.
Foco no ESG. A pesquisa revelou ainda que as empresas brasileiras pesquisadas acreditam mais do que as estrangeiras que os negócios de sucesso do futuro serão definidos por inovação (57% versus 44% globalmente), responsabilidade social (46% versus 32% globalmente) e responsabilidade ambiental (46% versus 30% globalmente). Nada menos do que 96% das empresas brasileiras esperam que suas vendas cresçam no próximo ano a partir de um foco maior na sustentabilidade.
Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental
O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.