Quarta-feira

Distratos de imóveis sobem pouco em 2020, ao contrário da última crise

Os cancelamentos de vendas de imóveis negociados na planta – os chamados distratos – oscilaram pouco ao longo do ano de 2020, apesar da crise econômica provocada pela pandemia. As rescisões representavam 14,8% das vendas no primeiro trimestre e chegaram ao pico de 18,3% no segundo trimestre, auge da quarentena. Depois disso, recuaram para 16,4% no terceiro período e caíram para 13,7% em outubro.

Suave na nave. Os números apontam para um mercado praticamente estável na comparação com 2019, quando os distratos ficaram entre 14% e 17% das vendas totais. O levantamento foi realizado pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Fantasma. Os distratos assombraram empresários na última crise nacional – atingiram até 46% das vendas em 2016. Naquele ano, foram 3,7 mil negócios desfeitos por trimestre, em média, contra 1,8 mil agora. A situação levou dezenas de incorporadoras para o vermelho ao obrigá-las a devolver o dinheiro do apartamento já em construção.

Contra-ataque. A reação empresarial veio por meio da pressão dos sindicatos patronais pela aprovação da lei 13.786, em 2018. A medida criou regras para os distratos e estabeleceu multas de até 50% do valor pago pelos consumidores que pedirem a rescisão. A partir daí, os cancelamentos de vendas caíram gradualmente.

E agora? Em meio à crise neste ano, as incorporadoras relataram que as renegociações foram, majoritariamente, para suspender pagamentos ou diminuir o valor das parcelas em caráter temporário.

 

Cenário ainda é nebuloso para economia e grandes grupos

A economia brasileira engatou no terceiro trimestre um avanço que fez muitos economistas classificarem de recuperação em “V”, fenômeno que explica uma retomada forte e rápida da atividade após um período de queda igualmente célere.

Por esta visão, o fundo do poço teria sido alcançado no segundo trimestre, no auge das medidas de isolamento social para combater o novo coronavírus, período em que a atividade recuou 9,6% sobre o mesmo período anterior.

O avanço recorde de 7,7% no Produto Interno Bruto (PIB) sobre os três meses anteriores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), justificaria tal otimismo. Os números, na verdade, permitem múltiplas leituras.

De negativo, os resultados ainda são insuficientes para repor as perdas da pandemia – o PIB está hoje no mesmo patamar de 2017. De positivo, os dados do terceiro trimestre ajudam a amortecer o tombo de 2020.

Hoje, a estimativa é de um recuo de 4,41%, conforme o boletim Focus do Banco Central. Ao mesmo tempo, os números permitem projetar um 2021 com um moderado otimismo, embora a intensidade de recuperação e do crescimento do PIB estejam longe de um consenso.

“Ao olharmos os indicadores de confiança, de atividades setoriais e o próprio número do PIB, concluímos que o formato da recuperação é em V. A discussão é se essa recuperação vai se sustentar ou não. Não há consenso no mercado sobre a dinâmica da atividade no ano que vem”, afirma David Becker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch (BofA).

A falta de consenso resulta em projeções heterogêneas para 2021, com perspectivas de crescimento do PIB que variam de 2% a 4%. Haverá crescimento até pela base precária de comparação, mas as muitas incertezas no horizonte tornam as perspectivas díspares.

A necessidade de o governo sinalizar o compromisso com o equilíbrio fiscal, a manutenção do teto de gastos e a retomada da agenda de reformas estruturais ganham atenção redobrada. A projeção do Ministério da Economia é de déficit primário de R$ 247,1 bilhões em 2021.

A pandemia contribuiu para nublar o horizonte. A indefinição sobre o início da vacinação – e abertura organizada da economia – e a própria intensidade de uma segunda onda da covid-19 no Brasil trazem incertezas sobre a necessidade ou não de adoção de novas medidas de isolamento social que impactariam negativamente a trajetória de recuperação da atividade.

Uma imunização ampla ajudaria na recuperação mais rápida do setor de serviços, o que tem o maior peso na composição do PIB e que ainda não recuperou as perdas do segundo trimestre.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou que as incertezas quanto à evolução da pandemia e ao quadro fiscal podem gerar uma retomada ainda mais gradual da atividade em 2021.

“A pouca previsibilidade associada à evolução da pandemia e ao necessário ajuste dos gastos públicos aumenta a incerteza sobre a continuidade da retomada da atividade econômica”, avaliou o Copom em ata publicada em meados de dezembro.

Um terceiro elemento que prejudica a formação de consensos é o peso da retirada dos estímulos, em especial o auxílio emergencial, medida que injetou cerca de R$ 320 bilhões na economia ao longo de 2020 e cuja última parcela foi paga em dezembro.

A forte expansão do PIB no terceiro trimestre é creditada principalmente à liberação desta ajuda financeira para estimados 67,8 milhões de pessoas. Os gastos ajudaram a sustentar o consumo das famílias (alta de 7,6%), renovaram recordes nas vendas no varejo (+15,9%) e levaram a indústria ao patamar prépandemia (+14,8%) no terceiro trimestre.

“A retirada do corona voucher faz com que a economia perca uma das forças que a impulsionaram este ano. No limite, voltamos ao dilema dos últimos anos: como crescer sem os gastos do governo? Não temos evidências para estarmos mais otimistas com o nível de atividade”, diz Becker, que projeta avanço de 3% no PIB em 2021.

O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, está mais otimista para 2021, com projeção de alta do PIB de 3,9%. Embora reconheça que a retirada do auxílio e a indefinição sobre o calendário da imunização contra a covid-19 tragam incertezas, defende que um olhar para “o entorno dos dados econômicos” permite projetar um crescimento mais robusto em 2021.

Ele cita a “poupança precaucional” formada durante os meses da pandemia e que pode se converter em consumo em 2021 – e mitigar parte da retirada do auxílio. Dados do IBGE mostram que a taxa de poupança foi de 17,3% do PIB no terceiro trimestre, ante os 13,7% de igual período de 2019.

Honorato afirma também que o nível de utilização da capacidade instalada da indústria está crescendo e há um ciclo de estoques para ser recomposto. “Sem uma segunda onda severa, essa recomposição de estoques virá com emprego. Cada trabalhador que sai do desalento para uma ocupação ganha quase o dobro do que recebia pelo auxílio emergencial. Quando olho para a ocupação de outubro da Pnad Covid-19, oito em cada dez brasileiros desalentados que procuraram emprego conseguiram uma vaga. É a ocupação que deveria ser nosso guia para pensarmos na equação fim do auxílio versus efeito na massa”, diz.

 

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS