Terça-feira

TRIBUNA DO NORTE

Entidades repudiam protesto do MLB contra o Plano Diretor de Natal

Depois de uma manifestação organizada nesta segunda-feira (25) pelo Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), um dos que organizam as ocupações urbanas em Natal, a pré-conferência para escolha dos delegados dos movimentos sociais que votarão a minuta de revisão do Plano Diretor de Natal (PDN), teve que ser adiada. O protesto foi considerado como “baderna" pela Prefeitura Municipal que garantiu que o incidente não atrasará a realização das pré-conferências dos outros segmentos que acontecem até a próxima sexta-feira (29).

A votação entre os representantes dos movimentos sociais transcorria como previsto na quadra da Praça Augusto Leite, em Tirol, quando membros do MLB chegaram e impediram que a escolha dos delegados continuasse. Eles argumentavam que não constava o nome de representantes do movimento na lista da eleição, mas sim, de ex-membros, que hoje integram o Movimento de Luta por Moradia Popular (MLMP).

Sem acordo, a Guarda Municipal interviu, utilizando gás de pimenta para dissipar os manifestantes, atingindo também crianças que foram levadas ao local por esses.

“O que eles estavam solicitando não tinha nada a ver com a pré-conferência. É apenas uma formalidade que deveria ser solicitada com antecedência ao Concidade, que analisaria se a solicitação cumpria os requisitos", explicou o titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), Thiago Mesquita. Só está apto a votar e ser votado para ser delegado da Conferência Final, na qual a minuta do Plano Diretor será aprovada, quem reunir os requisitos pactuados em audiência pública, como ter participado de uma das 14 oficinas e da audiência “Leitura da Cidade", ocorrida no dia 14 de dezembro passado.

Mesquita destacou que acredita haver motivação política no protesto. “Não consigo entender de outra forma, a não ser baderna e motivação política, tanto pelos próprios representantes quanto pela presença da vereadora Brisa, que chegou lá, aplaudiu a ação e se colocou à frente para defender o movimento. O que vimos lá foi um ato antidemocrático e agressivo que atrapalhou as discussões do Plano Diretor", ressaltou o secretário. A vereadora mencionada postou em suas redes sociais imagens apoiando o movimento e denunciando o momento em que a Guarda Municipal enfrentou os manifestantes.

Thiago Mesquita disse, ainda, que tentou dialogar com o grupo, mas não obteve sucesso. “Me coloquei à disposição como secretário da Semurb para mediar e dialogar. Conversei com os líderes do movimento e com a vereadora para que pudéssemos fazer os encaminhamentos para aquilo que reivindicavam. Mas ficou claro que não era o interesse deles, já que diziam que só sairiam dali quando o prefeito publicasse a substituição, levando para o lado político", sublinhou o secretário.

 Repúdio

Em nota, a Prefeitura do Natal repudiou e lamentou o ocorrido e disse que conduziu de forma transparente e democrática todo o processo, quando, após decisão judicial, seguiu rigorosamente o que foi determinado e iniciou novamente os trâmites para a realização da Conferência Final de forma presencial.

Relembrou que o processo foi reaberto desde a convocação do Conselho da Cidade (Concidade) em 10 de dezembro, quando foram aprovadas as novas datas para a pré-conferência e conferência do Plano Diretor, reabrindo as inscrições para novos delegados, etapa que ocorreu de 11 a 28 de dezembro passado, de forma presencial na sede do Conselho da Cidade (Concidade), dando publicidade aos prazos.

“Portanto, não é admissível que pessoas se revistam de bandeiras e estimulem a violência, quebrando cadeiras, jogando mesas, danificando equipamentos (públicos) da quadra e dirigindo palavras ofensivas aos servidores, com o objetivo de impor à força sua vontade. Todas as regras foram respeitadas pelo Município, com o chamamento público e qualquer pessoa ligada a uma entidade poderia ser candidato a delegado. De maneira legítima e democrática, sem apelar para a truculência", detalhou a nota.

O coordenador do MLB, Matheus Araújo, garantiu que o movimento atende a todos os requisitos para ter representantes no Concidade e nega que tenham quebrado equipamentos e móveis do local. “Fizemos um ofício, entregamos a ata do movimento e a Prefeitura garantiu que publicaria a substituição das pessoas que não representam mais o movimento e que continuam nos conselhos falando como se fossem. Quando chegamos lá, estavam inscritos representantes de todos, menos os nossos. Usamos duas cadeiras para nos protegermos do gás de pimenta quando a polícia forçou a entrada para retirar as famílias que estavam na quadra, mas não quebramos equipamentos nenhum", garantiu.

Atuação do MLB é caracterizada como “radical”

Um dos setores que mais sofre impacto com as decisões em torno do Plano Diretor é o da Construção Civil, que tenta uma retomada depois de anos de queda nos negócios e, praticamente, sem lançamentos imobiliários na última década no Rio Grande do Norte. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/RN), Sílvio Bezerra, lamentou a manifestação do MLB, que interrompeu a pré-conferência dos movimentos populares.

“É lamentável! Há quatro anos a gente discute a revisão do Plano Diretor e todos os segmentos foram ouvidos. A proposta que vai à votação não é a que o Sinduscon queria, mas tivemos que ceder. Todos os segmentos cederam, até chegarmos à minuta que foi elaborada. Eu acho lamentável que radicais que não participaram, ou tiveram suas propostas negadas democraticamente, venham querer bagunçar o que foi elaborado para ser o Plano Diretor mais democrático dessa cidade", declarou o representante dos empresários da Construção Civil.

Sílvio Bezerra ressaltou que todas as regras para a revisão do Plano foram debatidas com todos os segmentos e que essas precisam ser cumpridas, fato que, do seu ponto de vista, não ocorreu por parte dos manifestantes. Estagnação Sílvio também relembrou que a Construção Civil em Natal precisa ser retomada, como está acontecendo em todo o país e que isso vai depender do que for aprovado no Plano Diretor.

“A cidade precisa voltar a crescer. O mercado em todo o país está pujante, menos em Natal onde está parado há quatro anos com o mercado imobiliário sem lançamentos esperando a revisão desse Plano Diretor. A cidade precisa crescer, as pessoas precisam de emprego e o município precisa arrecadar. Fico indignado! É inaceitável e a Prefeitura precisa botar moral e fazer se cumprir o rito normal das discussões para colocar a proposta em votação", enfatizou.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio/RN), Marcelo Queiroz, também defendeu a discussão democrática do Plano Diretor e relembrou que a entidade está participando desse processo. “Esse tipo de atitude é a mais profunda antítese da democracia. A discussão do novo Plano Diretor de Natal tem sido ampla, plural e transparente, e a Fecomércio tem feito parte diretamente desse processo, primeiro porque acreditamos que somente um novo Plano será capaz de destravar o desenvolvimento, não apenas econômico, mas principalmente social de nossa cidade", destacou.

Queiroz repudiou a manifestação do MLB e disse que o debate e a participação de todos os segmentos da sociedade é fundamental para que a norma legal urbanística e ambiental atenda, efetivamente, aos anseios da população. “A Fecomércio repudia, com veemência, os atos de hoje e espera que as autoridades possam garantir a segurança necessária à manutenção da ordem pública, da democracia e da pluralidade, além da integridade física dos envolvidos”, declarou Marcelo Queiroz.

Cronograma da revisão é mantido, diz Semurb

Apesar do conflito, apenas a pré-conferência dos movimentos populares será remarcada. As outras, seguem a partir desta terça-feira (26), como previsto, com as organizações não governamentais que têm atuação na área do desenvolvimento urbano e ambiental. Depois, nesta quarta (27), será a vez de entidades profissionais acadêmicas e de pesquisa e conselhos profissionais.

Os representantes de empresários relacionados à produção e ao financiamento do desenvolvimento urbano serão escolhidos na próxima quinta-feira (28) e, por fim, no dia 29, será a vez dos trabalhadores serem escolhidos para serem delegados, através de suas entidades sindicais com assento no Concidade. As inscrições para disputar uma vaga de delegado no Concidade foram realizadas presencialmente entre os dias 11 a 28 de dezembro passado na sede do Concidade de Natal, com entrega da documentação pessoal e de vinculação ao segmento que pretendia representar.

A conferência final deve acontecer entre os dias 22 e 24 de fevereiro quando o projeto que será enviado à Câmara Municipal será votado.

 

VALOR

CCP vai à Justiça para barrar cisão de fundo imobiliário

Os 21 mil cotistas do fundo imobiliário Grand Plaza Shopping (ABCP11) se viram no meio de uma cruzada tributária e jurídica que já acarretou prejuízo aos investidores e deixou a porta aberta para novas perdas.

O maior investidor do portfólio, a Cyrela Commercial Properties (CCP), entrou com uma liminar, em 22 de dezembro, já no meio do recesso do Judiciário, contra a cisão parcial do fundo, que tinha sido aprovada em consulta feita aos cotistas entre 30 de novembro e 20 de dezembro.

A proposta, colocada em votação pela administradora Rio Bravo Investimentos, foi uma solução paliativa para separar a CCP dos demais cotistas, depois de a Receita Federal ter autuado o fundo como parte principal, e a incorporadora e a Rio Bravo como devedoras solidárias.

Entre tributos e multas, a Receita pede o pagamento de quase R$ 160 milhões, referentes aos exercícios de 2016, 2017 e 2018. Isso ocorreu porque o Fisco equiparou o fundo a uma empresa com base na lei 9.779, de 1999.

O artigo segundo traz que está sujeito a tributação aplicável à pessoa jurídica o fundo imobiliário que tenha como incorporador, construtor ou sócio, cotista que possua, isoladamente ou em conjunto com pessoa a ele ligada, mais de 25% das cotas do fundo.

A autuação veio após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ter pedido, em abril de 2019, a republicação das demonstrações financeiras de 2017 e 2018, encaminhando ofício à Receita Federal sobre o seu entendimento.

A Rio Bravo argumentou que a CVM não era órgão competente para interferir sobre questão tributária e o processo administrativo na autarquia entrou em modo de espera. Se nas fases posteriores a Receita Federal reiterar que o fundo deveria ter tratamento tributário equivalente ao de uma empresa, a CVM deve retomar o processo e pedir a republicação dos dados financeiros, acarretando a cobrança de receitas provenientes de aluguéis.

Na carta de dezembro aos cotistas, a Rio Bravo cita que a lei é posterior à estruturação do fundo, em 1996, e do próprio empreendimento e que a CCP não tinha sido construtora, incorporadora ou sócia do empreendimento. A CCP detém 61,4% das cotas do fundo, e na consulta a sua oposição à cisão não foi considerada pelo administrador, por ser parte conflitada.

Os demais investidores, representando 79,28% dos cotistas que podiam se manifestar, aprovaram a separação. Essa seria uma saída para evitar futuras autuações, referentes a 2019 e 2020, enquanto se discute com a Receita o mérito da cobrança. “A gente contratou três escritórios renomeados para ajudar a encontrar uma estratégia boa para ambas as partes, e eles entenderam que a cisão parcial seria a melhor.

A CCP ficaria no fundo atual e os outros 20 mil cotistas migrariam para um novo fundo, daí estanca”, diz Anita Scal, sócia e diretora de investimentos imobiliários da Rio Bravo. “Até 2020, época da cisão, todo mundo é solidário e paga a conta junto, mas a partir de 2021 cada um seguiria a sua vida.”

Paulo Bilyk, CEO da Rio Bravo, entende que a tese da Receita não procede. “Vamos para causas mais avançadas para defender a ideia”, diz. “Não achamos que seja uma discussão de alta potência. Como gestores fiduciários, temos a obrigação de tomar decisões na administração de riscos potenciais futuros em benefício de todos os cotistas, os maiores e os menores.”

Essa discussão toda representou um baque para o fundo, num ano em que o setor já tinha sido abalado pela pandemia de covid-19 e as consequentes políticas de restrições sociais. No encerramento de 2020, a carteira tinha um valor de mercado de R$ 908,9 milhões, em comparação ao R$ 1,34 bilhão do fim de 2019, uma queda de 32%.

Com participação de 6% em cotas no fundo Grand Plaza Shopping, por meio da Hedge Investments, André Freitas, sócio-fundador da gestora, afirma que era obrigação da Rio Bravo ou da CCP dar uma saída para o caso. “A empresa não aceita cindir, mas em nenhum momento dá outra solução”, diz Freitas.

“Se a CCP quer comprar uma briga por mais dez anos, espero que ganhe a ação, ok, mas se não permitir a cisão aprovada em assembleia vai acabar condenando o fundo. Quem vai comprar um fundo que todo ano é autuado em R$ 50 milhões?”

O executivo lembra que houve um processo com base em tese semelhante contra o fundo imobiliário Península, que acomodou em 2005 as lojas do Pão de Açúcar compradas pela família Diniz quando o grupo francês Casino assumiu o controle da varejista.

A Receita acabou vitoriosa no processo no Carf, que resultou na cobrança de uma dívida de R$ 70 milhões em maio do ano passado. “Só que o fundo Península tinha só um cotista, aqui são mais de 20 mil”, diz Freitas, acrescentando que a própria CCP discute na Justiça se pode ser considerada incorporadora.

“A legislação parece equivocada, principalmente porque permite que um cotista prejudique o fundo. Se não tinha 25% de participação e comprou mais 5% 10% e atinge essa fatia, é tratado como pessoa jurídica?”, questiona.

Para Freitas, o caso do fundo Grand Plaza Shopping traz uma insegurança jurídica para o segmento de fundos imobiliários, com um único cotista, com participação relevante, anulando judicialmente a decisão dos demais. “A CCP tomou atitude de dono porque tem 61%. Esse cara não tem que captar dinheiro do público se ignora o minoritário”, afirma Freitas.

“Como administradora de shopping é uma bela empresa, mas no quesito governança e respeito ao investidor deixa a desejar.” A CCP preferiu não comentar o caso. O fundo é proprietário do edifício comercial Grand Plaza, do Grand Plaza Shopping, e do antigo JK Shopping, com os imóveis situados em Santo André, sendo o principal centro de compras do ABC paulista.

 

Pesquisa Focus projeta recuo de 1% no trimestre

As expectativas do mercado financeiro para o desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano tiveram significativa deterioração nos últimos dois meses. Dados coletados pelo Banco Central no âmbito da pesquisa Focus mostram que o ponto médio das projeções de mais de uma centena de economistas passou de praticamente neutralidade para uma queda de 1% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no período de janeiro a março deste ano. Essa mudança se deu um intervalo de apenas dois meses.

A comparação é com igual trimestre de 2020 e não há estimativa para o desempenho ante os quatro meses finais. A queda projetada de 1% no trimestre refere-se ao dia 22 de janeiro. O movimento do Focus não passou despercebido pelo governo que, como o Valor mostrou, também já projeta uma queda do PIB neste início de ano.

O economista Carlos Lopes, do banco BV, diz que os dados do quarto trimestre que estão saindo indicariam um número melhor, aproveitando um carregamento estatístico da ordem 0,7 ponto porcentual a ser legado pelo período de outubro a dezembro. “Mas o que o mercado está colocando na conta é o avanço da pandemia, que está levando a novos lockdowns, não na mesma intensidade do início da crise lá em abril, mas a gente está voltando a ter esses movimentos.

Por isso, o primeiro trimestre está sendo cada vez mais revisado para pior”. Para a professora de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Julia Braga, a visão mais negativa do mercado faz sentido com alguns indicadores coincidentes (dados que são um termômetro da atividade econômica), como o índice Cielo (de varejo) e o acompanhamento (tracking) semanal do PIB em tempo real feito pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que já mostraria uma perda de fôlego da economia.

“Realmente a gente tem um cenário bastante preocupante. Há dois fatores importantes: o fim do auxílio emergencial e uma certa inflação, que não é historicamente alta, mas que teve alta de alimentos e uma difusão do atacado para o varejo. Esses dois fatores juntos reduzem muito a renda das famílias, o que afeta o consumo das famílias, com impacto na demanda agregada”, disse.

Para ela, ainda há alguma chance de se reverter ou pelo menos minimizar esse cenário “bastante desafiador”, desde que o governo e Congresso reajam a isso, principalmente trabalhando com o Congresso na retomada do auxílio emergencial. Para ela, uma acomodação da atividade seria normal se o país estivesse em outro posição em termos de desempenho econômico, mas com um nível de desemprego tão alto a possível retração da atividade é algo que deve sim ser visto com preocupação.

A equipe econômica tem resistido à ideia de renovar o auxílio emergencial, a não ser que se encontre uma fórmula que consiga colocar o benefício dentro das regras fiscais, principalmente a do teto de gastos. Por outro lado, crescem as pressões na sociedade para que o benefício seja retomado, independentemente do teto.

O chefe do departamento econômico da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, também avalia que o primeiro trimestre dever ter um desempenho ruim.

“As vendas do comércio começaram a cair em dezembro. Agora as pessoas têm despesas como impostos, escolas e saúde mais cara. Além disso, muitos bares, lojas estão fechando mais cedo como em São Paulo, Rio de Janeiro e alguns outros municípios. E os investimentos não estão chegando ainda”, disse Freitas, que defende que o governo poderia renovar o programa de emprego, o BEm (Benefício Emergencial).

O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, considera “provável” que a atividade mostre contração no primeiro trimestre. Em sua visão, há neste ano grande risco de insuficiência de demanda agregada, com fraqueza do consumo das famílias e do investimento. “Esse risco, se concretizado, deveria impedir ciclo de aperto monetário, nos próximos meses”, diz.

 

Endividamento bate recorde em 2020

Em 2020, as famílias brasileiras bateram recorde de endividamento e destinaram parcela maior da renda para o pagamento de débitos. Segundo o Banco Central, esse percentual chegou a 50,26% em outubro, o maior desde 2005, quando o BC começou a fazer esse cálculo.

Em relação ao mesmo período de 2019, o aumento foi de 5,47 pontos percentuais. Endividamento bate recorde em 2020, mas inadimplência recua Apesar disso, a inadimplência caiu por motivos como a renegociação e a carência no pagamento de parcelas.

As famílias, portanto, entraram o ano em uma situação mais confortável em termos de crédito que na crise de 2015/16. Mas, segundo economistas, esse cenário pode não se sustentar e uma nova alta da inadimplência deve ser registrada. Entre as causas estão a perspectiva de aumento de juros, o desemprego em alta e o fim dos programas de transferência de renda.

Flavio Calife, economista da Boa Vista SCPC, diz que as renegociações de empréstimos no 2º trimestre de 2020 aliviaram a inadimplência, mas o aumento das provisões dos bancos mostra que esse indicador deve subir.

 

ESTADÃO

Economia já aceita volta do auxílio, mas quer atrelar medida a corte de gastos

Apesar das resistências, o Ministério da Economia já discute uma nova rodada do auxílio emergencial, mas com uma condição: a realização de um acordo com o Congresso para aprovação rápida de medidas de corte de gastos. A decisão só deve ser tomada depois das eleições para o comando da Câmara e do Senado – marcadas para 1.º de fevereiro –, quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende abrir diálogo para a aprovação das medidas.

Até lá, a estratégia é “segurar a respiração e esperar a eleição”, como definiu ao Estadão um integrante da equipe econômica. A posição dos quatro principais candidatos à presidência de Câmara e do Senado, favoráveis à nova rodada do auxílio em meio ao avanço da covid-19, está forçando o governo a rever os planos, ao mesmo tempo que cresce a pressão para o governo acelerar as negociações para adquirir vacinas para imunizar a população e destravar a economia.

Como revelou o Estadão no sábado, o ministro quer aproveitar o momento de pressão dos parlamentares, governadores e prefeitos para tentar “fazer do limão uma limonada” e aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) com medidas de ajuste que não avançaram em 2020, incluindo cortes em gastos com os servidores.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro deu a senha e evidenciou a preocupação do governo com o endividamento. “A palavra é ‘emergencial’. O que que é ‘emergencial’? O que não é duradouro, não é vitalício, não é aposentadoria. Lamento muita gente passando necessidade, mas a nossa capacidade de endividamento está no limite”, disse a apoiadores.

Guedes quebrou o silêncio que mantinha desde que voltou das férias de fim de ano. Em seu primeiro pronunciamento público em 2021, defendeu ontem a vacinação, numa estratégia do Palácio do Planalto para reverter as críticas pela demora na implementação do plano de imunização do governo.

Apesar da maior reserva, Guedes está trabalhando em medidas e aguarda o resultado das eleições para que essas negociações não atrapalhem a corrida no Congresso. A última aparição do ministro em entrevista tinha sido em 23 de dezembro, numa divulgação de dados sobre emprego.

Crédito extraordinário

O discurso da área econômica é buscar espaço no Orçamento e no teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação. Mas, como a necessidade do auxílio é urgente, o tempo é curto para aprovar uma PEC e o Orçamento de 2021 ainda não foi aprovado, não se descarta a possibilidade de abrir um crédito extraordinário, liberando recursos fora do teto.

Diante da constatação do agravamento da segunda onda da covid-19, o que se considera é que o pedido do crédito, se bem fundamentado, poderá ser aceito pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF). A posição da SOF é relevante porque sempre houve resistência dos técnicos em assinar um crédito extraordinário, que exige que os recursos sejam direcionados para gastos imprevisíveis. Como a pandemia não é mais imprevisível, essa dúvida sempre foi levantada. Mas a piora da covid e as novas medidas de restrições em grandes cidades estão mudando o quadro.

Nesse caso, o governo pretende dar uma sinalização na direção da redução da dívida pública. Para isso, Guedes e sua equipe contam com a devolução antecipada de recursos emprestados pelo Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e à Caixa Econômica Federal. A dívida pública em 2020 deve ficar mais baixa do que o previsto. O especialista Fernando Montero, economista-chefe da Tullet Prebon, prevê que a dívida bruta tenha ficado em 87,9% do Produto Interno Bruto em 2020. A Instituição Fiscal Independente (IFI) reduziu sua projeção de 93,1% para 90,1% do PIB.

No Congresso, os dois principais parlamentares candidatos à presidência da Câmara – Baleia Rossi (MDB-SP) e Arthur Lira (PP-AL) – avaliam que dá para fazer um novo auxílio dentro do teto. O atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apoia a candidatura de Baleia, disse ontem que, se o endividamento do País tiver fechado num patamar menor, é possível debater uma prorrogação do auxílio por até seis meses, em valor de R$ 200 ou R$ 300.

Do outro lado da disputa, Lira buscou mostrar alinhamento aos objetivos de Guedes e se disse disposto, se eleito para o comando da Câmara, a discutir a revisão de gastos como o abono salarial, espécie de 14.º salário pago a trabalhadores com carteira que ganham até dois salários mínimos. O benefício é considerado disfuncional pela equipe econômica.

“O abono será discutido, mas não quer dizer que o ajuste será só nas costas do abono”, disse. Segundo Lira, qualquer discussão sobre o auxílio “precisa respeitar o teto de gastos”.

 

Analistas do mercado sobem estimativa de inflação para 3,50% em 2021

Os economistas do mercado financeiro aumentaram, pela terceira semana seguida, a previsão para o IPCA - o índice oficial de preços - em 2021. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 25, pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA este ano foi de alta de 3,43% para 3,50%. A projeção para o índice em 2022 seguiu em 3,50%.

O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2023, que seguiu em 3,25%. No caso de 2024, a expectativa foi de 3,22% para 3,25%.

A projeção dos economistas para a inflação está abaixo do centro da meta de 2021, de 3,75%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%), enquanto o parâmetro para 2023 é de inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%).

Em 2020, pressionado pelos preços dos alimentos, o IPCA chegou a 4,52%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância. Foi a maior inflação anual desde 2016.

Atividade econômica

Sobre o comportamento da economia brasileira em 2021, os economistas do mercado financeiro elevaram sua estimativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,45% para 3,49% na semana passada. Essa foi a terceira alta consecutiva do indicador.

Para 2022, o mercado financeiro manteve a previsão do PIB em alta de 2,50%.

Após a manutenção da taxa básica de juros em 2% ao ano, o mercado segue prevendo alta na Selic. Para o fim de 2021, a expectativa do mercado subiu de 3,25% para 3,50% ao ano.

E, para o fechamento de 2022, os economistas do mercado financeiro elevaram a expectativa em 4,75% para 5% ao ano.

 

 

 

 

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