Quarta-feira

VALOR

Dólar despenca, com perspectiva de aumento futuro na Selic

A divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou a mudança de postura dos dirigentes em relação à inflação e levou agentes financeiros a reforçar, nesta terça-feira, as apostas pela antecipação do início do ciclo de normalização monetária. Essa perspectiva teve forte efeito sobre o mercado cambial.

Diante da expectativa de uma recomposição mais rápida do diferencial de juros com o exterior, a moeda americana fechou em queda de 3,39%, aos R$ 5,3258. Este é a maior recuo diário desde o tombo de 5,50% registrado em junho de 2018, no auge da greve dos caminhoneiros, quando o Banco Central anunciou um programa de US$ 20 bilhões em swaps para ajudar a amenizar a volatilidade da moeda.

O desempenho do real também foi muito superior ao de pares emergentes. Contra o rand sul-africano, segunda melhor divisa do dia, o dólar caía 1,00% no horário de fechamento. O desempenho do real no pregão de hoje ainda foi influenciado por um ambiente externo favorável e por comentários positivos do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes sobre o compromisso com as contas públicas.

Em evento organizado pelo Credit Suisse, Bolsonaro reiterou sua defesa do cumprimento da regra do teto e afirmou que gastos temporários não serão tornados permanentes. Guedes, por sua vez, admitiu a possibilidade de volta do auxílio emergencial, mas disse que isto seria uma "medida de guerra".

"Precisa cuidado. [Auxílio] passou a ser prioridade. Se apertar o botão aqui, vai ter de travar todo o resto", diz, se referindo à necessidade de canalizar recursos que poderia ir para áreas como educação e segurança." "Bolsonaro e Guedes fizeram comentários bastante alinhados, até em relação ao auxílio. Isso ajuda a refrescar o mercado", nota Vanei Nagem, diretor de câmbio da Terra Investimentos.

O maior movimento do dia, no entanto, se deu em função da ata do Copom. O documento mostrou que alguns membros já questionaram se "ainda seria adequado manter o grau de estímulo extraordinariamente elevado", dada a normalização da economia nos últimos meses. Após a divulgação da ata, diversas casas revisaram seu cenário para antecipar o início do aperto monetário no Brasil.

No fim desta tarde, a curva de juros já embutia uma chance de 76% de elevação de 0,50 ponto percentual da Selic já na próxima reunião, em março, contra 24% de possibilidade de alta de 0,25 ponto. Algumas instituições não só adiantaram o início do ciclo em suas projeções, mas também passaram a prever uma Selic mais alta no fim do ano.

O Barclays elevou sua estimativa de 3,75% para 4,00%, enquanto a do J.P. Morgan passou de 3,50% para 3,75%. O Bank of America foi mais agressivo, alterando sua estimativa de 3,25% para 4,00%.

Para o Goldman Sachs, a antecipação das altas é bem vinda não apenas pelas surpresas negativas com a inflação e riscos fiscais, mas também por questões cambiais, como a alta volatilidade da moeda brasileira.

"O diferencial de juros é muito baixo e, portanto, seria prudente normalizar a política monetária mais cedo para proteger a meta para 2022 e também o balanço benigno de riscos", diz o relatório assinado pelo economista Alberto Ramos.

"Em outras palavras, talvez mais que a inflação, são as considerações sobre o gerenciamento de riscos financeiros que justificariam a retirada de parte do excepcional nível de acomodação monetária."

 

Membros do Copom sugeriram considerar início de redução de estímulo extraordinário

Alguns membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sugeriram na reunião da semana passada que o colegiado "deveria considerar o início de um processo" de redução do estímulo "extraordinário".

No entanto, o colegiado concluiu que os benefícios de aguardar novas informações a respeito da pandemia, da recuperação econômica e do quadro fiscal eram maiores do que os custos. Por isso, o comitê optou por manter o estímulo extraordinário.

É o que mostra a ata do colegiado divulgada nesta terça-feira, referente à última reunião. Na ocasião, o Banco Central (BC) manteve por unanimidade a taxa básica de juros em 2% ao ano, mas abandonou o forward guidance - a intenção declarada pela autoridade monetária de não elevar a taxa básica de juros no curto prazo.

Segundo a ata, o cenário básico do BC mostra que "as projeções de inflação estão ao redor da meta no horizonte relevante". Mas os riscos fiscais, presentes no balanço de riscos, "geram um viés de alta nessas projeções, potencialmente justificando trajetória com elevação dos juros anterior à assumida sob esse cenário".

"Os membros do Copom discutiram o impacto dessa assimetria no balanço de riscos no grau apropriado de estímulo monetário. Em particular, alguns membros questionaram se ainda seria adequado manter o grau de estímulo extraordinariamente elevado, frente à normalização do funcionamento da economia observada nos últimos meses", diz o texto.

Desde que passou a defender o estímulo extraordinário, em maio do ano passado, o BC observou uma série de mudanças, de acordo com a ata. Foram elas: inversão do choque desinflacionário dos primeiros meses de 2020; reversão da trajetória de queda das expectativas da inflação; redução da ociosidade da economia, levando a projeção do cenário básico a se aproximar da meta de inflação.

"Por conseguinte, esses membros julgam que o Copom deveria considerar o início de um processo de normalização parcial, reduzindo o grau 'extraordinário' dos estímulos monetários", afirma.

Ainda assim, mesmo com "alguma normalização" da economia, o Copom acabou concluindo que "o ambiente de incerteza quanto à dinâmica prospectiva das principais variáveis econômicas permanece acima do usual".

"As próximas divulgações serão muito informativas sobre a evolução da pandemia, da atividade econômica e da política fiscal. Sendo assim, os benefícios de se aguardar essas divulgações para decidir os próximos passos da política monetária se sobrepõem aos custos", afirma.

"Por isso, o Copom julgou apropriado manter, neste momento, o grau extraordinariamente elevado de estímulo monetário." A ociosidade da economia foi outro ponto a respeito do qual membros do colegiado apresentaram em algum momento da reunião avaliações distintas.

Alguns dos integrantes "refletiram" que números do mercado formal de trabalho "sugerem" que a ociosidade "como um todo tem se reduzido mais rapidamente do que o previsto".

"A maioria dos membros, entretanto, considerou que outros dados do mercado de trabalho não avalizam essa conclusão", diz. Um ponto de destaque da reunião foi a possibilidade levantada pelo Copom de uma "reversão" da recuperação da atividade no Brasil.

Segundo o colegiado, os riscos ligados à evolução da pandemia e ao "arrefecimento dos efeitos" dos auxílios implantados durante a crise "podem implicar um cenário doméstico caracterizado por mais gradualismo ou até uma reversão temporária da retomada econômica".

Sobre o setor externo, a avaliação é que "por ora" ele é favorável a emergentes. Para o BC, existem de um lado novos riscos para a atividade econômica e os preços de ativos desses países: as novas variantes do coronavírus e "a recente discussão sobre 'reflação' nos Estados Unidos".

Em sentido oposto, estão "amplos programas de imunização" contra a covid-19, nova rodada de estímulos fiscais "em alguns países desenvolvidos" e "a comunicação dos bancos centrais das principais economias desenvolvidas de que os estímulos monetários terão longa duração". "O Comitê concluiu que, por ora, a resultante desse conjunto de fatores é um ambiente favorável às economias emergentes", diz.

 

Aumenta o otimismo do investidor brasileiro

Com a chegada da vacina contra a covid-19 e a esperança na recuperação da atividade, os investidores brasileiros se mostram otimistas com a economia e os mercados neste ano, em taxas superiores à média global e à da América Latina.

Essa é a percepção capturada no “UBS Investor Sentiment”, sondagem que o grupo suíço faz periodicamente. Nesta última coleta foram ouvidos mais de 4 mil investidores em 14 mercados entre o fim de dezembro e o começo de janeiro.

No Brasil, a consulta incluiu 150 investidores e 50 empresários com pelo menos US$ 1 milhão em patrimônio financeiro ou receitas anuais. Uma fatia de 75% dos brasileiros ouvidos disseram estar otimistas com a economia brasileira no curto prazo por causa da vacina, em comparação a 69% da sondagem feita três meses antes.

No longo prazo, a parcela sobe para 85%. Na América Latina, 65% manifestaram uma visão positiva para a economia. Em linha com os resultados globais, 61% dos entrevistados da região mostram também ter uma visão positiva para o mercado acionário.

Já na média global, 60% dos entrevistados manifestaram essa visão favorável para a economia nos próximos 12 meses - a parcela era de 55% na consulta anterior. Uma porcentagem de 63% disse não acreditar, contudo, que a vida voltará ao normal nos próximos seis meses. Neste grupo, só 48% revelaram estar otimistas com a economia.

Entre aqueles que esperam a volta à normalidade em seis meses, o otimismo é muito maior, 80%. Entre os principais pontos citados para o sentimento positivo do brasileiro estiveram os progressos para a vacinação (80%), o boom do agronegócio (54%) e potenciais reformas microeconômicas (53%).

A pesquisa identificou, porém, como fontes de preocupação um eventual atraso na imunização (75%), as taxas de desemprego (58%) e o aumento da dívida em relação ao PIB (54%). O recorte de Brasil na pesquisa global do UBS foi antecipado para o Valor.

“Apesar de algumas manchetes enervantes neste ano, concordamos com a percepção que os investidores brasileiros têm sobre o futuro”, diz o chefe de investimentos para América Latina e emergentes do UBS, Alejo Czerwonko.

Segundo o especialista, o cenário para o mercado financeiro e econômico global permanece benigno, com a política monetária destinada a permanecer muito favorável e a fiscal acompanhando a recuperação. Ao mesmo tempo, uma diversidade de vacinas ficando disponíveis permite que as economias aprofundem a retomada em 2021.

As ações globais próximas de seus níveis recordes, apesar das crescentes preocupações com a disseminação de novas variantes do coronavírus, despertam preocupações sobre bolhas, mas não especificamente nas companhias já listadas, diz Czerwonko.

“Vemos várias pré-condições para bolhas, incluindo custos de financiamento recorde, novos participantes entrando nos mercados e baixos retornos prospectivos sobre ativos tradicionais que alimentam a especulação. Mas, em nossa opinião, embora o bitcoin pareça ser uma bolha e os mercados de IPO e ‘spac’ sejam os mais quentes em décadas, o mercado de ações mais amplo não está em uma bolha.”

Ele cita que grande parte do mercado apresenta valuations abaixo das máximas históricas. Ao se excluir tecnologia e consumo discricionário do MSCI All Country World, o índice é negociado com uma relação preço/lucro (P/L, que dá uma ideia do prazo de retorno do investimento) de 17,6 vezes, abaixo do topo de 19,1 vezes.

O prêmio de risco de ações, em 6%, está acima da média de 4% desde 1998, indicando que ações permanecem atrativas em relação a títulos de dívida. E a alavancagem das empresas permanece contida até aqui, acrescenta o executivo.

O executivo diz esperar que o S&P 500 termine 2021 em torno de 4.000 pontos. “Vemos melhores perspectivas para partes do mercado com exposição cíclica, incluindo ações de mercados emergentes”, afirma Czerwonko.

Na sondagem com os investidores brasileiros, setores em transformação tecnológica (80%), investimentos sustentáveis (75%) e proteções em momentos de baixa do mercado (75%) aparecem no topo das preferências.

A diversificação global também está entre as prioridades, com 86% dos investidores com intenção de aumentar a fatia alocada no exterior nos próximos 12 a 24 meses. Uma parcela de 67% dos entrevistados diz já ter conta no exterior.

Quando se trata de investimento sustentável, o engajamento vem de diferentes formas, com 65% citando o consumo pessoal, e 57% preferindo investimentos financeiros com esse viés. Parcela idêntica diz estar envolvida em causas sustentáveis como voluntários.

De qualquer forma, 61% dos entrevistados pelo estudo disseram ter alocação em investimentos sustentáveis, nicho que tem se tornado uma parte importante dos portfólios, com fatia igual ou superior a 30%.

A chave para investir em ativos de empresas com tal compromisso depende da identificação de novas oportunidades para 54% dos investidores; do aumento da diversificação geral (50%) e dos impactos da covid-19 (49%).

“A crise do covid-19 ressaltou a relevância das considerações ESG para o desempenho das empresas e dos retornos dos investimento, e esperamos que isso continue a influenciar iniciativas corporativas e de investidores à frente”, diz Czerwonko.

Para o executivo, os brasileiros devem considerar os benefícios de uma carteira diversificada mesmo naqueles investimentos com o viés da sustentabilidade. Na América Latina como um todo, 70% dos pesquisados disseram acreditar que os investimentos sustentáveis entregarão melhores retornos do que os tradicionais, o percentual mais alto globalmente. Entre os brasileiros, há receios de baixa rentabilidade.

O UBS também ouviu empresários, com 82% mostrando confiança em seus negócios nos próximos 12 meses - na sondagem anterior, a parcela era de 70%. As notícias sobre a vacina (70%), as políticas monetárias encorajando investimentos (38%) e o impulso nos últimos anos (45%) foram os principais fatores listados.

Os empresários também veem potencial no foco da sustentabilidade nos próximos três anos, com o engajamento do cliente (84%), receitas (78%) e o engajamento dos empregados (62%).

 

Ata reforça visão de que BC antecipará alta da Selic

O tom mais duro adotado pelo Banco Central na ata da reunião de semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu analistas e promoveu diversas revisões de cenário para os rumos da Selic neste ano. Diversos participantes do mercado anteciparam projeções para o início do ciclo de elevações do juro básico e a reunião de março do colegiado entrou de vez no jogo.

Instituições como Itaú Unibanco, Bank of America e Credit Suisse já esperam elevação do juro básico na reunião de 17 de março, em um cenário que encontrou apoio nos juros futuros. No encerramento dos negócios de ontem, o mercado elevou a chance de aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic em março de 61% para 76%, enquanto a probabilidade de alta de 0,25 ponto caiu para 24%.

Para o Itaú Unibanco, a ata mostra que os dirigentes “praticamente se comprometem com uma elevação em março” diante da revelação de que alguns integrantes consideraram um aumento da Selic já em janeiro. Embora tenha antecipado o início do ciclo, a instituição manteve inalterada em 3,5% a projeção para a Selic no fim de 2021.

Conforme indicado, “o ritmo de elevação dependerá da evolução da atividade, da inflação e da política fiscal”, diz a equipe chefiada pelo ex-diretor do BC Mario Mesquita.

O diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, também manteve inalterada sua estimativa para a Selic em dezembro em 3,5% e apontou que, diante da linguagem mais dura, não é possível descartar alta em março. “Seria prudente que o Copom normalizasse a política um pouco mais cedo e mais rápido”, diz.

A possibilidade de antecipação do ciclo de normalização foi o principal fator a derrubar tanto o dólar quanto os juros de longo prazo. No fechamento, a taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 7,47% para 7,34% na B3, enquanto o dólar cedeu 3,39%, para R$ 5,3258.

Na visão dos economistas Thiago Machado e Fernando Sedano, do Morgan Stanley, são os temores fiscais que criam risco altista para as expectativas de inflação e podem desencadear alta de juros antes do esperado.

Ao avaliarem a ata, eles apontam que o comitê irá monitorar a dinâmica da covid-19 no país, a atividade econômica e a política fiscal para decidir sobre o momento do aperto monetário. “Suspeitamos que o último deles é o mais importante, com foco particular nas discussões sobre o Orçamento de 2021 em fevereiro”, afirmam.

O Morgan Stanley já havia revisado o cenário, no fim da semana passada, para uma Selic em 3,5% em dezembro, em um ciclo que deve ter início em maio.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, também vê a autoridade monetária em “compasso de espera” em relação ao desfecho das eleições no Congresso e ao risco fiscal, manifestado na possível volta do auxílio emergencial.

Para ele, uma deterioração concreta do cenário fiscal faria o Copom antecipar o início do ciclo de aperto já para março. “Pode ser colocado nesses termos: é um gatilho fiscal. Uma piora nesse cenário forçaria uma elevação da Selic”, sustenta Vale.

“Não quer dizer que a manutenção do teto, por exemplo, impediria uma alta de juros neste ano, porque, pelos modelos do BC, é necessário um juro de 3,25% para manter a inflação na meta central em 2021 e de 4,75% em 2022”, aponta.

Atualmente, a MB Associados vê a Selic a 3,5% no fim de 2021, com elevações começando em junho, mas Vale analisa que o seu cenário-base deverá ser revisado após os sinais do BC e os gestos do Congresso no sentido de fazer retornar o auxílio - a sua nova projeção pode a Selic em 4% ao fim do ano.

O Bank of America compartilha da mesma projeção, mas passou a esperar alta de 0,50 ponto percentual já em março. Já o Credit Suisse manteve a estimativa de juro a 4,5% no fim do ano, mas também adiantaram o início do ciclo para março.

O Barclays, por sua vez, revisou de 3,75% para 4,00% sua projeção para dezembro, mas adiantou a primeira alta para maio. Com projeção de IPCA em 3,7% no fim deste ano, a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, também vê alta da Selic já em março, movimento que a levaria a 3,50% em dezembro.

Ele aponta ainda para um tom bastante realista do Copom em relação às pressões inflacionárias recentes, mas ressalta que o comitê poderia ter feito dado essa guinada de comunicação já o último encontro.

“Vínhamos observando uma pitada de pressão inflacionária desde novembro, com os preços de commodities, câmbio e aumento da demanda. Acredito que o comitê demorou muito para retirar o ‘forward guidance’ da comunicação. Poderiam tê-lo feito em dezembro, quando o cenário atual já estava consolidado”, afirma.

A expectativa de uma normalização mais rápida também teve forte efeito sobre o câmbio ontem. No entanto, para Ilya Gofshteyn, estrategista do Standard Chartered, a recomposição da Selic ainda não parece suficiente, pelo menos no curto prazo, para tornar a moeda brasileira novamente atrativa.

"O BC surpreendeu com sua postura recente. No entanto, seria necessário uma alta superior a 225 pontos-base para superar o peso mexicano - a moeda regional com maior diferencial de juros. Ao mesmo tempo, vulnerabilidades fiscais permanecerão agudas, prejudicando o apetite do investidor”, diz Gofshteyn. “Assim, acredito que o real deve manter uma performance abaixo da média no primeiro semestre, principalmente se levarmos em conta a rentabilidade ajustada pela volatilidade.”

 

Caixa estima avanço de 15% no crédito imobiliário após recorde de 2020

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou esperar crescimento de mais 15% no crédito imobiliário em 2021, depois de a modalidade já ter avançado em volume recorde no ano passado. De acordo com ele, a linha cresceu 40% em janeiro na comparação de 12 meses.

As declarações foram feitas durante apresentação do executivo em evento anual do Credit Suisse para investidores, realizado em formato on-line nesta edição. Crédito imobiliário, segundo Guimarães, é uma das linhas em que a Caixa pretende se concentrar, assim como nos clientes de baixa renda. "A gente tem de focar onde tem vantagem competitiva", afirmou.

O executivo disse também que o banco pretende retomar os pagamentos de instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCD) neste ano, com a devolução de mais R$ 10 bilhões. Em 2020, a pandemia congelou esse processo.

Guimarães reiterou que a Caixa tem cinco IPOs no radar: das áreas de seguridade, cartões, gestão de recursos, banco digital e loterias. Este último, lembrou, não depende apenas de vontade do banco. De acordo com o executivo, as aberturas de capital são um legado que pretende deixar na instituição, já que a presença de minoritários tende a reforçar a governança.

No caso da operação mais avançada - a da Caixa Seguridade -, Guimarães disse já ter demanda suficiente para cobrir duas vezes a oferta, "dependendo do preço".

O banco concluiu as parcerias com seguradoras e a montagem de uma corretora própria. No fim da semana passada, o banco também retomou o processo de seleção de um parceiro para a área de adquirência, uma das etapas preparativas para o IPO da Caixa Cartões.

De acordo com o executivo, a instituição também colocou dentro dessa subsidiária a fatia da cartões Elo correspondente à Caixa. A bandeira de cartões é controlada em conjunto por Bradesco e Banco do Brasil (BB) e também prepara sua oferta inicial de ações.

 

FOLHA

FMI melhora projeção para crescimento do Brasil em 2021 e vê contração menor em 2020

O FMI (Fundo Monetário Internacional) melhorou seu cenário para o crescimento econômico do Brasil tanto este ano quanto no próximo, calculando ao mesmo tempo uma contração menor em 2020.

Na atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Global divulgada nesta terça-feira (26), o FMI passou a ver uma contração de 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020, depois de ter calculado queda de 5,8% em outubro em meio aos efeitos da pandemia de Covid-19 em todo o mundo.

Para este ano, o FMI agora espera que a maior economia da América Latina registre crescimento de 3,6%, 0,8 ponto percentual a mais do que no relatório anterior.

A recuperação segue em 2022 com expansão de 2,6%, em dado revisado para cima em 0,3 ponto percentual.

O cenário do FMI para o grupo de mercados emergentes e em desenvolvimento é de retração de 2,4% em 2020, com crescimento de 6,3% e 5,0% respectivamente neste ano e no próximo.

"Economias de mercados emergentes e em desenvolvimento também irão trilhar trajetórias de recuperação divergentes. Uma diferenciação considerável é esperada entre China –onde medidas de contenção eficazes, resposta forte de investimento público e suporte de liquidez do banco central facilitaram uma recuperação forte –e outras economias", apontou o FMI em seu relatório.

"Exportadores de petróleo e economias baseadas em turismo dentro do grupo enfrentam perspectivas particularmente difíceis considerando a lenta normalização esperada das viagens internacionais e o cenário fraco para os preços do petróleo."

A região da América Latina e Caribe deve ter contraído 7,4% em 2020, segundo os cálculos do FMI, mas a perspectiva de recuperação em 2021 foi melhorada em 0,5 ponto percentual, a 4,1%, com crescimento estimado em 2022 de 2,9%.

 

Pandemia empurra economia do Brasil ao limite, diz Financial Times

"Gastem o máximo que puderem." A maioria dos países seguiu até certo ponto o conselho da chefe do FMI, Kristalina Georgieva, sobre a crise do coronavírus, mas poucos com tanto empenho quanto o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro gastou mais que qualquer outro grande mercado emergente, segundo o Instituto de Finanças Internacionais, aumentando as despesas do governo federal em quase 40% entre janeiro e novembro.

A maior parte do dinheiro foi para "coronavouchers", um reforço de renda temporário para quase um terço da população. A medida aumentou as vendas de cerveja –e a popularidade de Bolsonaro–, mas se mostrou ruinosa para as finanças já abaladas do Brasil. A dívida pública hoje está em mais de 91% do PIB (Produto Interno Bruto), um dos níveis mais altos entre os mercados emergentes. Atingido pelo crescimento fraco, o Brasil não equilibra seu orçamento antes dos custos do serviço da dívida desde 2013.

Reformas vitais para reduzir salários ultragenerosos e benesses para o funcionalismo público continuam paradas no Congresso. Uma muito propalada reforma do complexo sistema tributário ainda não aconteceu. A privatização é frustrada por interesses escusos. O esquema de auxílio emergencial expirou no fim do ano passado, mas, com o novo salto das infecções pelo coronavírus, os políticos brasileiros pressionam para que recomece.

Paulo Guedes, o ministro da Economia, friedmanista, até agora resistiu. Mas ele tem as mãos atadas por um presidente cujos instintos são claramente populistas e cujo objetivo supremo é a reeleição no próximo ano. As promessas de Guedes de que as reformas estruturais estão a caminho soam cada vez mais ocas; vários de seus principais assessores já abandonaram o navio.

A comunidade internacional deve se importar? Cerca de 95% da dívida brasileira é interna, na maior parte em mãos de investidores locais. Poucos credores estrangeiros, privados ou multilaterais, perderiam dinheiro com uma moratória. O Brasil já esteve à beira do abismo fiscal muitas vezes, geralmente sem cair.

Desta vez os riscos são maiores. A maior parte da dívida do Brasil, de R$ 4,8 trilhões (US$ 878 bilhões), está em curto prazo e as maturidades estão encurtando: quase 30% vencem no próximo ano. A inflação, um antigo monstro, sobe lentamente. Os mercados locais estão apreçando fortes aumentos das taxas de juros, a partir deste ano. O próprio Bolsonaro declarou que o país está quebrado.

O Brasil foi um dos países mais atingidos pelo coronavírus, e a pandemia continua cobrando um alto preço, ajudada pela teimosa indiferença de Bolsonaro. Um recente surto de casos em Manaus, capital do Amazonas, superlotou os hospitais e causou tamanha falta de oxigênio que alguns pacientes foram deixados a se asfixiar. O governo revolucionário socialista da Venezuela montou um improvável golpe de propaganda despachando caminhões com oxigênio até a fronteira para ajudar.

O Brasil ainda pode recuar do buraco. Ao contrário de muitos países apanhados nas agonias econômicas do coronavírus, seu destino está principalmente em suas próprias mãos. O governo ainda pode se financiar. Não precisa haver conflito entre fornecer um apoio bem dirigido à economia e curar os problemas de longo prazo do setor público mimado, empresas estatais protegidas e uma elite privilegiada que não paga sua parcela justa de impostos em uma das sociedades mais desiguais do mundo.

Bolsonaro faria bem em lembrar a segunda parte do conselho pandêmico de Georgieva: "Mas guardem os recibos". A prestação de contas e a transparência estão em falta há muito tempo no maior país da América Latina, e seus 210 milhões de cidadãos pagam o preço. A pandemia deveria forçar uma contabilidade há muito atrasada, não apenas das contas públicas, mas dos grotescos desequilíbrios econômicos que degradam sua sociedade.

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