Sexta-feira

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Top 5 vê inflação acima da meta e BC forçado a agir

Apesar do estado frágil da atividade econômica, demonstrado pela forte queda inesperada das vendas no varejo na semana passada, o dólar alto e os preços das commodities devem manter a inflação pressionada e fazê-la encerrar 2021 acima do centro da meta perseguida pelo Banco Central, de acordo com membros do “Top 5” da pesquisa Focus para IPCA de médio prazo.

Em face disso, o esperado processo de elevação da Selic pode ser adiantado para a próxima reunião do Copom, em março, com analistas já prevendo até uma alta de 0,50 ponto percentual na taxa. Atual líder do Top 5, a Novus Capital revisou a sua projeção de IPCA para o fim do ano, passando a enxergar a inflação a 4,60%, quase 1 ponto percentual acima do centro da meta, de 3,75%.

Desbancando outros fatores, como o hiato do produto ou mesmo as expectativas para os índices de preços, a taxa de câmbio se tornou hoje a variável primordial para determinar a inflação em um ambiente de maiores preços de matérias-primas, diz o economistachefe da gestora, Tomás Goulart.

O IGP-M capta bem o impacto das matérias-primas pelo IPA, que tem peso de 60% no índice e mostrou alta de 2,98% na segunda prévia de fevereiro do índice, sob o impacto de grandes commodities agrícolas e industriais. No mesmo período, o IGP-M avançou 2,29%.

Apesar da desaceleração na base mensal, o índice de preços acumula alta de 28,64% em 12 meses até fevereiro, maior avanço em 17 anos. A expectativa da Novus hoje é de que o dólar deve fechar o ano a R$ 5,40, com o recente avanço dos juros dos Treasuries fortalecendo a divisa no exterior, além do atraso na vacinação do Brasil e o auxílio emergencial, o que alimenta os receios fiscais.

“Continuaremos a ver uma sobredemanda de bens, enquanto a demanda por serviços deve crescer conforme a vacinação avançar” no segundo semestre, diz Goulart. Em um contexto de aceleração de preços tanto de commodities como serviços, a Novus Capital prevê que o juro básico no Brasil termine o ano a 5%, com alta de 0,50 ponto percentual já na reunião de março.

Daniel Weeks, economista-chefe da Garde Asset Management, terceira ranqueada no Top 5, estima que a inflação terminará o ano ligeiramente acima do centro da meta, a 3,90%, sob efeito de commodities e dólar, que ele enxerga entre R$ 5,20 e R$ 5,30 no fim do ano.

Uma nova rodada de auxílio emergencial de R$ 30 bilhões de até quatro meses também está nas contas da gestora, que espera que a Selic encerre o ano a 4%. “Se o BC iniciar o ciclo com 0,25 ponto, ele teria que ir mais devagar para chegar até esses mesmos 4%. Não tem razão para isso, o cenário de inflação hoje não está bonito.

Os núcleos vão continuar pressionados no curto prazo e os serviços subjacentes têm rodado em um nível um pouco mais alto”, avalia ele, que prevê o início da normalização monetária já no mês que vem. A JGP, a quinta do Top 5, prevê um IPCA de 4% no fim do ano.

A gestora avalia que o fenômeno da reflação (retomada da economia e reativação da alta dos preços) não deve se materializar em uma inflação generalizada, espalhada, por exemplo, nos serviços, em razão da ociosidade da economia global.

Segundo o economista-chefe da casa, Fernando Rocha, o risco altista global para a inflação está ligado hoje à disposição dos bancos centrais de aceitar uma inflação um pouco maior, por mais tempo, para assegurar a recuperação. “Hoje não vejo isso acontecendo, mas pode virar. O perigo mora na tolerância da inflação média”, diz ele.

Internamente, ele identifica risco de aceleração da alta generalizada dos preços, proveniente da trajetória da dívida pública. “Temos uma situação fiscal muito ruim. Com essa dinâmica de um governo muito devedor e com o público detendo a dívida do governo, com a perspectiva de um maior endividamento, fico preocupado com o que poderia acontecer se as pessoas sentirem que o dinheiro está perdendo o seu valor, que a inflação está subindo”, afirma Rocha, imaginando cenário em que as pessoas se desfazem do real e vão para outra moeda, acentuando a desvalorização cambial e retroalimentando a inflação.

Nesse cenário, “acho extremamente arriscado uma taxa de juros tão baixa, como a de hoje”, completa. No cenário da gestora, a Selic irá a 4% ao fim de 2021, com um início do ciclo de alta em maio, com uma elevação de 0,50 ponto.

A previsão base da instituição é de quatro altas de 0,50 ponto. Começar o ciclo de alta em março, no entanto, também é uma opção. “O BC não vai se arrepender de subir os juros antes, já que a Selic está muito baixa”, diz.

A XP, que espera que o juro termine 2021 a 3,5% com uma alta de 0,25 ponto em maio, também divulgou revisão para o IPCA. A instituição vê a inflação fechar o ano a 3,9%, refletindo a nova rodada de auxílio, além do câmbio depreciado, commodities e pressões de custos.

O cenário da corretora é de que haverá pagamento de quatro parcelas para 32 milhões de beneficiários, a partir de março, no valor de R$ 250. As transferências devem o efeito desinflacionário da menor demanda no primeiro semestre, avaliou a XP.

 

FOLHA

Famílias e empresas pouparam o equivalente a 15% do PIB gerado no país

A pandemia incentivou famílias e empresas brasileiras a pouparem como nunca. Foram acumulados mais de R$ 756 bilhões em 2020, segundo levantamento realizado pelo pesquisador Carlos Antonio Rocca, que coordena o Cemec-Fipe (Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

O número corresponde a cerca de 15% do PIB (Produto Interno Bruto) do período.

As empresas responderam pela maior parte dos recursos, R$ 491 bilhões. As famílias, por sua vez, reuniram R$ 265,3 bilhões. Segundo Rocca, trata-se de um valor inédito e que pode contribuir para a recuperação da economia neste ano.

O levantamento mostra, por exemplo, como as famílias rebalancearam os investimentos financeiros. De um lado, é possível ver que colocaram R$ 133,9 bilhões em depósitos a prazo, como CDBs, R$ 120,7 bilhões na caderneta de poupança e R$ 56,4 bilhões em ações. No entanto, de outro lado, sacaram R$ 63,7 bilhões de fundos de investimentos, por exemplo.

O Cemac tem um modelo que permite a contabilização e a análise dos dados de várias fontes, como Banco Central, B3 e Anbima, entidade do mercado de capitais, sem que ocorra dupla contagem, que é o desafio nesse tipo de pesquisa.

O levantamento considera dados de janeiro a setembro de 2020, que estavam disponíveis no período de coleta para o cruzamento de informações. Nos próximos meses, será possível fazer nova rodada de coleta nas diferentes fontes, reunindo números anuais consolidados.

Dado o cenário econômico neste início de ano, Rocca avalia que nem todos os R$ 756 bilhões devem se converter imediatamente em consumo e investimento.

No primeiro semestre de 2021, afirma o economista, as incertezas associadas ao novo ciclo de contágio da pandemia, a adoção de novas ações de afastamento social e o avanço relativamente lento da vacinação devem manter os fatores que têm inibido o consumo, especialmente na área de serviços, e estimulado a poupança.

“A expectativa no primeiro trimestre é uma certa estagnação. Na medida em que você tenha um comportamento melhor do lado da pandemia, que a gente supere esse ciclo de agravamento e a que vacinação comece a ter algum efeito, você começa a reduzir os dois componentes que explicam essa acumulação de poupança financeira”, afirma Rocca.

Segundo ele, a retenção de recursos, no caso das famílias, é uma reação financeira ao afastamento social, que reduz gastos em alguns estratos sociais, e à crise econômica, que afeta especialmente o mercado de trabalho, reduzindo a oferta de vagas em vários segmentos.

Por precaução, nesse ambiente, a escolha é gastar o mínimo possível. "Na medida em que a gente veja a flexibilização do afastamento social é muito provável que as famílias passem a ter um padrão de consumo mais normal”, diz ele.

Segundo Rocca, o fim do auxílio emergencial ou sua renovação em bases menores também não devem levar a um desembolso significativo dessa poupança.

Embora uma parcela dos R$ 265,3 bilhões acumulados pelas famílias tenha vindo do auxílio, Rocca afirma que a maior parte do dinheiro pertence a famílias com maior poder aquisitivo e que gastaram menos por conta do fechamento de vários serviços ou que fizeram uma poupança precaucional.

“A maior parte dessa poupança financeira é da classe média, classe média alta. Acho pouco provável que esse pessoal já comece a desmontar isso para reforçar o consumo”, afirma.

No caso das empresas, a maior parte da poupança de R$ 491 bilhões veio da tomada de crédito para reforço de caixa e do desinvestimento em estoques. Portanto, um volume significativo deve ser destinado ao vencimento de débitos.

Segundo o levantamento, o aumento do saldo de recursos de dívida tomados no mercado doméstico foi de R$ 236,2 bilhões. As emissões primárias de ações somam R$ 34,9 bilhões até setembro, e os desinvestimentos em estoques são estimados R$ 43,0 bilhões.

Rocca diz que esse recurso adicional são linhas de curto prazo, para reforço de caixa e não para financiar investimentos.

“A expectativa é que as empresas comecem o ano em uma situação financeira de liquidez mais confortável, em condições de enfrentar melhor esse primeiro semestre”, afirma. “A reposição de estoques vai demandar mais capital de giro, e você tem um volume enorme de dívidas refinanciadas que vão vencer.”

 

BC ainda está leve na avaliação sobre inflação e Selic deveria subir em março, diz Credit Suisse

A inflação no Brasil ficará ainda mais alta que o esperado e bem acima do centro da meta neste ano, com as expectativas para 2022 já sob risco, e esse cenário pede uma ação mais efetiva do Banco Central, cuja avaliação atual sobre a alta dos preços ainda parece leve, disse a economista-chefe do Credit Suisse Brasil, Solange Srour.

Segundo a economista, com o aumento dos custos se intensificando, o BC deveria começar um processo de normalização da política monetária no próximo mês e com uma elevação de 0,50 ponto percentual da taxa Selic. O juro chegaria ao fim do ano em 4,5% (ante os atuais 2%) e iria para 6% ao término de 2022.

O nível "extraordinariamente baixo" dos juros é um dos fatores por trás da volatilidade cambial, mas Srour ponderou que o vaivém no dólar não diminuirá caso um aperto monetário seja acompanhado de deterioração de perspectivas fiscais. Ela projeta que o dólar fechará o ano em R$ 5,20, ante os R$ 5,44 desta quinta-feira (18).

"Esperamos que simplesmente mantenha-se a regra do teto de gastos. Não é nada extraordinário. O dólar baixaria mais em caso de aprovação de reformas que estruturalmente levam o país a crescer mais e a ter uma dívida mais sustentável. Mas evitar piorar já é um caminho", afirmou.

A economista chama atenção para o período até o fim da semana que vem, quando, em sua expectativa, poderá haver algum consenso sobre a PEC Emergencial, que estabelece gatilhos para conter as despesas públicas. Na tarde desta quinta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que a chamada PEC Emergencial será pautada no plenário da Casa na próxima semana.

Srour vê uma reedição do auxílio emergencial com custo máximo de cerca de R$ 30 bilhões. "Se passar disso, for a R$ 50 bilhões, aí temos risco de ir mais alto, de alguém falar em R$ 70 bilhões. Isso ainda é um problema, pois é um gasto que terá de ser pago com dívida e isso vai pressionar a curva de juros", afirmou, lembrando que já existe uma pressão vinda de fora para abertura de taxas de juros.

INFLAÇÃO

A profissional demonstrou preocupação mais visível com relação ao cenário inflacionário. Por ora, a projeção oficial do Credit Suisse é que o IPCA suba 4,2% neste ano, mas o viés é de alta. O centro da meta de inflação para este ano é de?3,75%.

Segundo ela, o risco de inflação ascendente ganhou força com a decisão da Petrobras de elevar os preços de combustíveis, em meio à percepção de que o dólar seguirá pressionado e aos ganhos das commodities.

"Fora isso ainda temos outro componente. A comunicação hoje (do BC) ainda não está muito dura no sentido de alta dos juros", disse.

"O BC tem bastante credibilidade, mas se a comunicação não for enfática de que realmente a gente vai precisar controlar a situação e [se] ficar só na questão do [aumento de preço] temporário, isso vai acabar impactando mais a inflação. É hora de o BC agir."

Para a economista, por ora a comunicação ainda parece "leve" em termos de tons de preocupação sobre o rumo dos preços. "A questão não é a comunicação, mas a avaliação do cenário inflacionário, do balanço de riscos, que para mim é muito mais desfavorável do que na avaliação do BC", disse.

A alta do IPCA se comunica com a preocupação fiscal via câmbio, que dificilmente voltará a ter grande suporte de taxas de retorno (o chamado "carry"), ainda que a Selic suba, disse a economista.

Isso ocorre num momento de "reflation trade" no exterior, do qual o Brasil pode não se beneficiar desta vez por causa do risco relacionado às contas públicas. Normalmente, períodos de "reflation trade" –que se refere a altas nas taxas de crescimento e de custos na sequência de forte contração econômica– são positivos para setores cíclicos e ativos de maior risco, uma vez que se relacionam com normalização econômica e maior demanda por matérias-primas.

"Se a gente consegue sinalizar ao mercado uma despesa mais controlada nos próximos anos, mesmo gastando mais agora, com essa credibilidade as curvas de juros desinclinam, atraímos fluxo de capital relevante e vamos participar da 'festa' da liquidez", afirmou Srour.

Do contrário, em caso de aumento de gastos sem âncora fiscal, a economista acredita que o Brasil possa reviver algo parecido com o que aconteceu no fim do primeiro mandato da Dilma Rousseff, quando, de acordo com Srour, o cenário externo era brilhante, o mundo crescia e o Brasil mostrava estagnação.

"Tudo vai depender de como o Congresso e o governo vão conduzir a questão de aumentar gastos e manter a credibilidade. Vamos monitorar o desenrolar nos próximos dias."

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