Terça-feira

VALOR

Pela 3ª semana seguida, mercado reduz projeção de crescimento da economia em 2021

A mediana das projeções do mercado para a economia brasileira em 2021 voltou a cair, pela terceira semana consecutiva, de 3,43% para 3,29%, no Boletim Focus, do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira com estimativas coletadas até o fim da semana passada.

Para 2022, o ponto-médio das expectativas para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) segue sem alterações desde que começou a ser coletado pelo BC e manteve-se em 2,50%. Já a mediana das projeções do mercado para a variação do PIB em 2020 voltou a subir, de -4,30% para -4,22%, segundo estimativas compiladas pelo Banco Central que dão origem ao Boletim Focus.

O dado oficial, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), será conhecido no dia 3 de março. Até lá, as eventuais atualizações das apostas dos economistas para o ano passado seguirão sendo informadas pela autoridade monetária por meio do seu Sistema de Expectativas de Mercado.

Inflação

A mediana das projeções dos economistas do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 subiu de 3,62% para 3,82%. Para 2022, manteve-se em 3,49%. Entre os economistas que mais acertam as previsões compiladas pelo Banco Central, os chamados Top 5, de médio prazo, a mediana das estimativas para o IPCA neste ano subiu de 3,80% para 4,00%.

Para 2022, o ponto-médio das expectativas para a inflação oficial brasileira manteve-se em 3,50% entre eles. A meta de inflação a ser perseguida pelo BC é de 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, sempre com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Juros

Para a taxa básica de juros (Selic), o ponto-médio das expectativas subiu de 3,75% para 4,00% ao ano no fim de 2021 e permaneceu em 5,00% ao ano no final de 2022. Entre o Top 5, a projeção para a taxa básica de juros permaneceu em 4,00% ao ano no fim de 2021 e 5,50% ao ano no final de 2022.

Dólar

A mediana das estimativas para o dólar no fim deste ano foi elevada de R$ 5,01 para R$ 5,05. Para 2022, o ponto-médio das projeções seguiu parado, pela quarta semana consecutiva, em R$ 5,00. Para o dólar, os campeões de acertos reduziram as estimativas de R$ 5,10 para R$ 5,00 no fim deste ano e mantiveram em R$ 5,25 no próximo.

Desde a penúltima semana de janeiro, as apostas dos Top 5 passaram a ser divulgadas apenas por meio do Sistema de Expectativas de Mercado, do Banco Central, e não mais pelo Boletim Focus. O boletim semanal do BC segue sendo veiculado com a mesma regularidade, mas apenas com os resultados das projeções de todos os economistas que participam da sondagem.

 

IFI projeta crescimento de 3% em 2021, mas vê risco de contração no 1º tri

A Instituição Fiscal Independente (IFI) revisou para 3% sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021, em relatório divulgado nesta segunda-feira. Para 2020, a estimativa é queda de 4,5%. A projeção para as receitas líquidas passou de R$ 1,311 trilhão para R$ 1,333 trilhão. As despesas, por sua vez, deverão ficar em R$ 1,580 trilhão, R$ 51 bilhões acima do projetado no relatório anterior, divulgado em novembro.

A projeção para o déficit primário ficou em R$ 247,1 bilhões. No cenário base, o resultado primário está estimado em –2,92% do PIB e o resultado nominal, em 7,29% do PIB. Para 2021, a dívida bruta do governo geral está projetada em 92,7% do PIB no cenário básico, 91% no cenário otimista e 94,1% no cenário pessimista. O risco de rompimento do teto de gastos é moderado, assim como o risco de descumprimento da meta de resultado primário.

A IFI reviu para cima, de 2,5% para 3,5%, a projeção para a taxa Selic em seu cenário básico. A estimativa para o IPCA foi elevada de 3,1% para 3,6%. Já a taxa de desemprego recuou levemente, de 16,1% para 14,1%.

Gastos com covid e auxílio emergencial

Os gastos do governo com eventual extensão do auxílio emergencial serão de R$ 34,2 bilhões, segundo estimativas da entidade ligada ao Senado. A projeção considera o pagamento de quatro cotas de R$ 250,00 a 45 milhões de beneficiários, que seria o cenário básico.

No cenário otimista, seriam 35 milhões de pessoas atendidas, com quatro cotas de R$ 250,00, a um custo total de R$ 24,2 bilhões. No pessimista, seriam 50 milhões de beneficiários e seis cotas de R$ 250,00, o que elevaria a conta a R$ 58,7 bilhões.

Os totais estimados não consideram o que já seria gasto com o pagamento do Bolsa Família: R$ 2,7 bilhões ao mês, para 19,2 milhões de beneficiários. Estão previstos mais R$ 20 bilhões em gastos com vacinas e R$ 10 bilhões em outros itens relacionados ao combate à pandemia.

Risco de contração no 1º tri

É possível que o PIB apresente contração no primeiro trimestre de 2021 na comparação com o trimestre anterior na série com ajuste sazonal, aponta o relatório da IFI divulgado hoje. O motivo são os efeitos, sobre o consumo de bens e serviços, da segunda onda da pandemia e do fim do auxílio emergencial.

O cenário econômico também levou a IFI a alterar uma hipótese de seu cenário fiscal. A recuperação das receitas como proporção do PIB, antes prevista para ocorrer de forma imediata a partir de 2021, foi trocada por uma trajetória de recuperação gradual.

Dois motivos principais levaram a isso: a retomada está concentrada em alguns setores, como indústria e comércio varejista, e há “elevadas incertezas com respeito à manutenção dessa recuperação no presente ano.”

 

Mercado imobiliário deve crescer de 5% a 10% em 2021, estima CBIC

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) projeta um crescimento entre 5% e 10% do mercado imobiliário em 2021 ante 2020. A estimativa considera um crescimento em torno de 3,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, avanço de reformas como a administrativa e a tributária e a manutenção das taxas de juros do financiamento imobiliário em patamares baixos, segundo o vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci.

A preocupação para este ano, no entanto, é com os preços dos insumos e o risco de desabastecimento de produtos. Segundo o presidente da CBIC, José Carlos Martins, isso faz com que o setor “tenha medo de fazer lançamentos”, principalmente, no Programa Casa Verde e Amarela, em que há uma margem de ganho menor.

Martins afirmou que terá algumas reuniões no Ministério da Economia e no de Desenvolvimento Regional (MDR) para tratar a questão do aumento dos insumos. Ele disse que nas reuniões pretende colocar na mesa o problema e discutir o que pode ser minorado, citando como exemplo mexer nos prazos dos contratos ou discutir reequilíbrio. “Toda solução dada gera um efeito. Temos que ver o que pode ser construído”, disse.

Ao apresentar os Indicadores Imobiliários Nacionais divulgados hoje pela CBIC, Martins ainda ressaltou a queda do orçamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em habitação e o aumento dos recursos da caderneta de poupança. Segundo o presidente da CBIC, isso mostra que há uma queda do funding do financiamento principalmente para o público de menor renda, onde se concentra o maior déficit habitacional.

 

FOLHA

Agenda liberal do governo cai em descrédito na Faria Lima após intervenção na Petrobras

Os principais indicadores financeiros do Brasil tiveram forte deterioração nesta segunda-feira (22), após Jair Bolsonaro (sem partido) interferir no comando da Petrobras e sinalizar outras intervenções. Foram afetados Bolsa, câmbio, risco-país, juros futuros, e houve revisão generalizada nas avaliações de bancos, casas de investimento e agências de classificação de risco em relação à Petrobras e outras estatais.

A forte reação do mercado financeiro foi interpretada como uma quebra da confiança do governo com a Faria Lima —avenida na zona oeste de São Paulo, caracterizada por abrigar grandes casas financeiras e bancos de investimentos.

Desde a campanha eleitoral, analistas e economistas do mercado financeiro mantiveram a convicção que a gestão de Jair Bolsonaro, endossada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, preservaria uma agenda mais liberal, se contrapondo aos governos petistas que o antecederam.

Os analistas agora recomendam cautela não apenas com a Petrobras, mas com outras estatais e até com o Brasil, após Bolsonaro indicar o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da petroleira, em clara oposição à política de reajustes de preços mantida pelo atual presidente Roberto Castello Branco —e que é endossada pelo mercado.

“A credibilidade da agenda liberal do presidente da República vai ser seriamente questionada pelos agentes do mercado e econômicos, tendo efeitos nos preços não somente da Petrobras, mas também nas diversas empresas estatais de capital aberto, assim como em outros ativos do país, como o real”, afirmou o presidente da corretora BGC Liquidez, Erminio Lucci.

A repercussão negativa levou à venda das ações da Petrobras, fazendo o preço do papel mergulhar e contaminar negativamente ações de empresas brasileiras de modo geral, mas especialmente as de estatais.

Ao final do pregão desta segunda, as ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras fecharam em queda de 21,5%, indo a R$ 21,45. As ordinárias (com direito a voto) despencaram 20,47%, fechando em R$ 21,55.

Segundo o chefe da mesa de futuros da Genial Investimentos, Roberto Motta, essa foi a oitava vez em 26 anos que as ações da Petrobras caíram mais de 20%.

Para se ter uma ideia da agitação que tomou conta do mercado, o volume de negociações das ações da Petrobras no dia ficou em R$ 10,8 bilhões, um recorde. “O volume médio diário, normalmente, é próximo de R$ 1,8 bilhão”, diz Motta.

Na Bolsa de Nova York, as ADRs (certificados de ações negociados nos Estados Unidos) da Petrobras recuaram 21%, a US$ 7,94 cada.

O Ibovespa, principal índice acionário do país, caiu 4,86%, a 112.667,70 pontos, menor patamar desde 3 de dezembro.

O Itaú suspendeu temporariamente a classificação e valor justo atribuídos à Petrobras, enquanto revisam a cobertura da companhia.

“Revisaremos nossas previsões assim que houver mais clareza. Entretanto, sugerimos reduzir a exposição ao nome [Petrobras], pois esperamos uma reação negativa do mercado”, diz relatório do banco publicado no domingo (21).

“O impacto não é só na Petrobras, é um sinal de cautela para as outras estatais. O investidor vê a Bolsa com mais receio”, diz Arthur Spirandelli, especialista em estratégia e alocação da Acqua Investimentos.

Dentre as empresas estatais, também estiveram na mira das negociações nesta segunda Banco do Brasil, que caiu 11,64%, a R$ 28,8 e a Sabesp, do governo paulista, que recuou 4,25%, fechando em R$ 37,58.

As discussões, agora, são sobre quanto da interferência do governo deve respingar nas demais companhias de controle da União e qual será o posicionamento do ministro Guedes diante das decisões do Executivo.

Para o analista da Valor Investimentos Pedro Lang, há inclusive uma preocupação em relação às agendas de privatização e desinvestimentos do governo.

“O apoio da Faria Lima ao governo está por um fio. Ninguém acredita mais no governo. Existe uma leve esperança que alguma reforma passe [no Congresso], mas privatização, nem pensar. O problema é que Bolsonaro caiu em descrédito, e Guedes não consegue emplacar nada, não por falta de vontade, mas por falta de apoio”, disse.

No sábado (20), um dia após ter anunciado a troca da presidência da Petrobras, Bolsonaro sinalizou que que pode fazer novas intervenções. Afirmou que vai “meter o dedo na ener-gia elétrica” e prometeu mais mudanças nesta semana.

“Semana que vem deve ter mais mudança aí... E mudança comigo não é de bagrinho não, é tubarão”, havia afirmado o presidente.

A Eletrobras operou em forte queda, mas reduziu o movimento ao longo do pregão. As ações preferenciais da estatal recuaram 0,17%, a R$ 19,24 cada, e as ordinárias, 0,68%, a R$ 28,91.

“A expectativa é de ingerência em outras estatais. A expectativa do mercado é que André Brandão [presidente do Banco do Brasil] seja demitido”, diz André Machado, sócio-fundador da escola de traders Projeto os 10%.

Em janeiro, o presidente da República já teria ameaçado Brandão de demissão depois de ter se irritado com o plano de enxugamento das estruturas do banco anunciado dias antes.

Depois, em 12 de fevereiro, Brandão afirmou que tais desavenças foram um “problema de comunicação” e que, apesar de ainda não ter conversado diretamente com Bolsonaro, acreditava o presidente tinha entendido.

As ações do Banco do Brasil caíram 11,64%, a R$ 28,83 cada.

Outras estatais também foram penalizadas. As ações preferenciais da Telebras, também estatal, caíram 3,14%, a R$ 27,13. As ordinárias recuaram 4%, a R$ 72. A Sabesp, do governo paulista, recuou 4,25%, a R$ 37,58.

Em um sinal de aversão a risco do mercado e de alta da Selic no curto prazo, os juros futuros subiram.

Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. São a principal referência para o custo de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.

O juro para outubro de 2023 foi de 6% na sexta (19) para 6,17% nesta segunda. A taxa para de julho de 2025 foi de 6,91% para 7,10%.

Segundo analistas, a intervenção de Bolsonaro fortalece a perspectiva de alta da Selic em março — atualmente a taxa está na mínima recorde de 2%.

De acordo com a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda, a expectativa para a taxa básica de juros subiu para 4% ao final de 2021, de 3,75% na semana anterior. Para 2022, a projeção para o juros foi mantida em 5%.

Outro ponto de tensão é a volta do auxílio emergencial. Investidores temem que o benefício seja aprovado sem contrapartidas fiscais, ameaçando o teto fiscal do governo em 2021.

Casas e bancos de investimentos revisaram suas perspectivas e preços-alvo para as ações da petroleira.

Nesta segunda, além de cortarem a recomendação do Brasil para neutra no portfólio de ações na América Latina, analistas do Bank of America também reduziram a exposição a companhias de controle estatal, excluindo Petrobras e Eletrobras de suas carteiras, enquanto incluiu Klabin, Cosan e Natura. “Nós gostamos do setor financeiro, comércio eletrônico, empresas de pagamentos e proteínas”, destacava o texto.

Os analistas do Credit Suisse também afirmaram enxergar maior risco para as ações da Petrobras, rebaixando as expectativas para os papéis de um desempenho inferior ao mercado. O banco também diminuiu o preço-alvo das ADRs (recibos de ações negociados nos EUA) da Petrobras, de US$ 16 (R$ 88,07) para US$ 8 (R$ 44,03).

Em relatório, os profissionais de mercado do Goldman Sachs disseram que a decisão adiciona incerteza sobre o plano de desinvestimento da companhia.

“Dado o histórico de intervenções governamentais na política de preços da Petrobras, especialmente entre 2011 e 2015, nós acreditamos que o mercado não estará disposto a dar o benefício da dúvida para a companhia no médio prazo até que as possíveis mudanças sejam melhor entendidas”, afirmaram.

Analistas do Bank of America cortaram a recomendação para Brasil para "marketweight", semelhante a neutro, em portfólio de ações na América Latina, bem como reduziram ex-posição a companhias de controle estatal, citando maior incerteza.

Em contrapartida, os analistas elevaram o Chile para "marketweight". México é agora a única região com "overweight" no portfólio, que pode ser traduzido como expectativa positiva.

As agências de classificação de risco, por sua vez, afirmaram que o rating (nota de risco) da Petrobras não muda por estar atrelado ao rating do país, mas não descartam avaliar a possibilidade de uma revisão caso o cenário mude drasticamente.

“O cenário no qual nos baseamos assume que a empresa continua com sua paridade de importação e com a política de preços estabelecida em 2016. Mas mesmo se houver uma mudança na direção da empresa e na estratégia de preços, nossas classificações continuariam a refletir as do rating soberano, devido ao seu controle acionário”, escreveram Luisa Vilhena e Felipe Speranzini, analistas da S&P.

Em nota, divulgada na sexta-feira, a Fitch Ratings afirmou que uma potencial volta das intervenções políticas na estratégia da Petrobras afetaria negativamente sua geração de caixa. “Esse ponto é particularmente importante em período de desvalorização do real frente ao dólar, que pode elevar os preços da gasolina e do diesel no país, aumentando o risco de interferência [do governo]”, disse.

 

Morgan Stanley corta recomendação para títulos do Brasil após ação de Bolsonaro na Petrobras

O Morgan Stanley removeu a recomendação sobre os títulos soberanos do Brasil nesta segunda-feira (22), citando preocupações fiscais e potenciais repercussões da troca no comando da Petrobras.

As declarações e atitudes do presidente Jair Bolsonaro elevaram preocupações entre agentes financeiros com o risco político do país, bem como com a ingerência governamental em estatais.

As ações da Petrobras registravam queda de cerca de 20%, com perda de mais de R$ 73 bilhões de valor de mercado da companhia, após Bolsonaro indicar o general Joaquim Silva e Luna para assumir os cargos de conselheiro e presidente da Petrobras.

O Morgan Stanley disse que sua recomendação anterior positiva sobre a dívida soberana do Brasil dependia de o governo tratar das preocupações fiscais por meio de reformas.

"As mudanças na Petrobras são preocupantes nesse sentido, já que mostram que a tolerância a políticas impopulares é baixa, talvez direcionada por considerações eleitorais", disseram analistas do banco.

"Além disso, a exposição do investidor à Petrobras é muito alta em um momento em que o spread versus soberano está perto de recordes, deixando pouco motivo para os investidores manterem títulos no caso de a direção da empresa mudar."

 

ESTADÃO

Estatais perdem R$ 113,2 bilhões em dois dias com 'Efeito Bolsonaro' nos mercados

A intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Petrobrás, com a exigência de troca no comando da petroleira e reclamações sobre a alta no preço dos combustíveis, provocou forte turbulência no mercado financeiro e acabou respingando nas demais estatais.

O risco de um intervencionismo maior e adoção de medidas populistas fizeram as ações das três principais estatais do País (Petrobrás, Banco do Brasil e Eletrobrás) perderem R$ 113,2 bilhões em dois dias – o que equivale a quase o valor de um BTG Pactual, segundo dados da consultoria Economática.

Só na Petrobrás (incluindo parcela da BR Distribuidora) a queda foi de R$ 99,6 bilhões. As ações da empresa, que já tinham caído quase 8% na sexta-feira, despencaram 20,48% (ON) ontem e podem manter o desempenho negativo nos próximos dias. Pelo menos seis casas rebaixaram a recomendação para as ações e reduziram o preço-alvo da companhia para os próximos 12 meses. No Banco do Brasil, o valor de mercado recuou R$ 12,6 bilhões em dois dias e, na Eletrobrás, quase R$ 900 milhões.

Nesse cenário, com as principais ações do Ibovespa em queda, a B3 recuou 4,87% no pregão de ontem, a maior queda para um único dia desde 24 de abril do ano passado, quando o ex-ministro Sérgio Moro deixou o governo em meio a denúncias de tentativa de intervenção do presidente na Polícia Federal. A Bolsa paulista perdeu quase 6 mil pontos e fechou em 112.667 pontos – o menor patamar desde 3 de dezembro.

O dólar também sofreu com o mau humor dos investidores e subiu 1,27%, para R$ 5,45. Na máxima do dia, chegou a bater R$ 5,53, o que exigiu atuação do Banco Central (BC) para acalmar os ânimos. No total, vendeu US$ 3,6 bilhões e ajudou a dar certo alívio à moeda. Outro efeito das incertezas com a indicação do general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobrás foi o avanço do contrato de credit default swap (CDS), que mede o risco do País. O CDS subiu 11% em relação ao fechamento de sexta-feira, para 163,25 pontos.

Na opinião de especialistas, o discurso de Bolsonaro nos últimos dias fez lembrar as medidas de intervenção adotadas pela ex-presidente Dilma Rousseff no setor elétrico em 2013 e que provocaram prejuízos bilionários para as empresas e toda a sociedade. Pior: jogou por terra mais uma promessa feita durante a campanha eleitoral.

“Para o mercado, a decisão do presidente é uma decepção. A agenda de privatização não foi adiante, e a anticorrupção também não”, diz o presidente da RB Investimentos, Adalbero Cavalcanti. Do ponto de vista econômico, diz ele, a alta do dólar por causa da turbulência financeira pode ter um reflexo inflacionário tão danoso quanto a alta dos combustíveis.

Na avaliação do economista da Tendências Consultoria Integrada, Silvio Campos Neto, todos esses ruídos geram um ambiente de imprevisibilidade e afetam as decisões de investimentos. Para ele, as preocupações surgidas nos últimos dias só devem se dissipar um pouco se houver algum avanço nas decisões sobre o novo auxílio emergencial.

 

O GLOBO

Mudança na Petrobras evidencia desequilíbrios e “traz medo no longo prazo”, diz estrategista do banco Mizuho

Se o ministro da Economia, Paulo Guedes, já estava frustrado com o avanço da agenda de privatizações do país, a ingerência do presidente Jair Bolsonaro no comando da Petrobras pode atrapalhar ainda mais os planos do governo de vender ativos.

Isso porque aumenta a percepção de risco do Brasil e os investidores tendem a diminuir o interesse no país, avalia Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho no Brasil.

Quais as consequências para a economia brasileira da ingerência política do governo na Petrobras?

Um cenário intervencionista na economia tem várias consequências. Uma delas é atrasar ainda mais a agenda de privatizações. O interesse do investidor pelo país cai com o aumento da percepção de risco. A forma como a troca de comando na Petrobras foi conduzida deixa o horizonte econômico mais incerto. Ações de empresas estatais como Eletrobras e Banco do Brasil estão caindo, por exemplo.

A decisão de Bolsonaro mostra uma espécie de guinada do governo em suas propostas liberais para a economia?

Na verdade, o governo não conseguiu colocar em prática uma agenda mais liberal. Houve alguns avanços, mas não na magnitude que se esperava. Minha avaliação é que o país ainda paga um preço pelos equívocos do passado.

Como assim?

A economia brasileira opera com desequilíbrios. Tome a questão fiscal. Os preços do petróleo estão subindo no exterior e isso tem reflexo nos preços domésticos. Isso acaba gerando uma pressão política. Existe o risco de uma nova greve de caminhoneiros de grande escala. E foi isso que motivou a ingerência na Petrobras.

O que quero dizer é que falta margem de manobra para absorver esses choques. Isso traz medo no longo prazo, o que na prática significa menor crescimento econômico, menos emprego, menos renda para o cidadão.

As medidas que o governo anunciou para tentar conter o preço dos combustíveis, como a isenção de tributos federais, surtem algum efeito?

São paliativas. Temos um problema fiscal crônico. O espaço é limitado para zerar alíquotas de PIS/Cofins. Isso só reforça a percepção de que a carga tributária é elevada porque é preciso custear a maquina pública. Esse tipo de ação (reduzir impostos) traz mais prejuízos porque aumenta a incerteza.

Um dos caminhos para mudar esse cenário é avançar na agenda de reformas, reduzir esses desequilíbrios a que me refiro para que a economia não fique exposta a esses choques externos.

Qual a previsão do Banco Mizuho para a economia brasileira este ano?

Revimos nossa projeção de crescimento de 3,7% para 3,5% (ainda antes da troca de comando na Petrobras). Para o primeiro trimestre deste ano, nossa estimativa é de uma retração do PIB de 0,5%. Ainda acreditamos que as reformas possam andar e ajudar o ajuste fiscal. Com isso, a economia ganharia tração na segunda metade do ano.

Hoje o prêmio de risco do Brasil já está subindo?

O CDS, uma espécie de seguro contra calotes do governo, deu um salto de 163 pontos, na sexta-feira, para 186 agora. Essa subida causa um aperto nas condições financeiras. As taxas de juros mais longas estão subindo. Isso reduz a confiança dos investidores, inclusive os domésticos, e as empresas ficam propensas a investir menos.

 

 

 

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