Indicador mostra setor imobiliário otimista com 2021, após fechar ano passado em alta
Realizado no início do ano pela Deloitte, em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o primeiro indicador de confiança do mercado imobiliário residencial brasileiro, divulgado com exclusividade para o Estadão, mostrou que o setor encerrou 2020 em alta e se mantém otimista para 2021.
O levantamento ouviu executivos de 45 empresas, entre incorporadoras e construtoras, para aferir a intenção de realizar investimentos este ano. No segmento Casa Verde e Amarela (CVA), programa habitacional do governo federal, 100% das empresas entrevistadas afirmaram que pretendem lançar empreendimentos. No segmento médio e alto padrão (MAP), as intenções caem levemente, mas também são altas, batendo 91%.
O otimismo reflete os resultados do 4.º trimestre de 2020. De acordo com o levantamento, 53% dos empresários disseram que a procura por imóveis aumentou entre outubro e dezembro, com destaque para o segmento MAP, que teve um crescimento de 70% nas vendas.
Para Rafael Camargo, sócio da Deloitte, as expectativas positivas estão ligadas ao comportamento e às novas lógicas que surgiram no mercado residencial em 2020, quando a pandemia da covid-19 redesenhou tendências. “O aquecimento do mercado imobiliário no litoral e em cidades satélites e do interior foi brutal”, diz. A insatisfação do público que já tinha casa própria, mas ficou incomodado com o formato do imóvel, como a falta de quintal ou sacada, também contribuiu para a movimentação.
Outros fatores devem continuar a favorecer o cenário. “A figura é uma só”, diz. “Mercado vendendo, claramente retomando vendas e lançamentos, menores taxas de juros da história, déficit habitacional e existência de linhas de financiamento. Temos demanda, oferta e funding.”
A alta dos preços é mais uma tendência apontada para 2021 pelo indicador. Para 77% das empresas do segmento CVA, o valor dos imóveis deve aumentar nos próximos 12 meses, porcentual que sobe para 95% considerando os próximos 5 anos. No segmento MAP, 96% preveem aumento em 12 meses e 91% em 5 anos.
Prazo
Segundo o presidente da Abrainc, Luiz Antônio França, no entanto, a alta não deve espantar os compradores do segmento MAP, graças ao nível de queda das taxas de juros. “Tradicionalmente, as pessoas fazem um financiamento em até 30 anos, mas acabam pagando, na média, em 12 anos, usando a sobra que têm”, explica. Outro fator que deve manter as vendas em dia é o efeito de formação de novas famílias, segundo ele. “A previsão é de que o Brasil tenha 11,4 milhões de novas famílias nos próximos 10 anos.”
Ele afirma também que o aumento geral nos valores é uma adequação de fluxo. “Hoje, o preço do imóvel no Brasil é muito baixo, existe uma defasagem grande em relação a outros países”, diz. “Nesse cenário de déficit habitacional, moradias futuras e comparação com o mundo, o aumento é inevitável. A economia brasileira vai ter de crescer.”
De acordo com Bruno Gama, CEO da plataforma digital de crédito imobiliário multibanco Credihome, a queda da taxa de juros favorece todas as faixas e perfis de compradores, tanto do segmento MAP quanto do CVA.
Ele explica que, enquanto em 2016 as parcelas de um financiamento de R$ 200 mil em 360 meses giravam em torno de R$ 2,5 mil, com juros acima de 11% ao ano, hoje essa parcela caiu para até R$ 1,2 mil, com taxa média na casa dos 7% ao ano – ou até menos, dependendo do tipo de indexação escolhida. “Além de caber no orçamento de mais famílias, esse valor é substancialmente competitivo quando comparado aos aluguéis”, diz.
Outra modalidade que deve aquecer o mercado em 2021 é a dos leilões. “As pessoas começaram a olhar mais o leilão e entender que é uma modalidade segura e atrativa”, diz André Zukerman, presidente da Zukerman Leilões, que registrou crescimento de 21% nos usuários cadastrados na plataforma e movimentação financeira 14% superior em 2020.
O advogado Robert Furden Junior, diretor da Faber Magna Investments, destaca os leilões também como boa possibilidade de investimento. “Crises geram oportunidades e no leilão essa é a lei”, explica, lembrando que o deságio de até 70% do valor de mercado do imóvel leiloado é uma das melhores alternativas para obter retorno financeiro.
VALOR
Política monetária contribuiu para desvalorização excessiva do câmbio, diz Volpon
A postura da política monetária, que trouxe as taxas de juros reais para terreno negativo, contribuiu para a desvalorização excessiva do câmbio brasileiro, principalmente em comparação com outros emergentes, embora esse não seja o único elemento.
Portanto, uma normalização da taxa básica de juros, a Selic, deve ajudar na precificação da moeda. Essa é a avaliação do estrategista-chefe de investimentos da gestora Wealth High Governance (WHG), Tony Volpon, convidado da Live do Valor.
"Retirar esse fator contribui para uma melhora da precificação da moeda e, dependendo de outros fatores, deveria fazer o real se aproximar do conjunto de valores fundamentais, como os termos de troca", diz.
Ele destaca que hoje a taxa de câmbio está muito desvalorizada em relação a essas variáveis. "Isso depende do modelo, mas eu argumentaria que a taxa de câmbio hoje é a mais barata da história do real flutuante, inclusive 2002, quando havia um câmbio muito desvalorizado, mas os termos de troca eram muito fracos", diz.
Volpon destaca, entre as diferenças, que o Brasil hoje tem amplas reservas, a conta corrente está bem equilibrada e há uma melhora de termos de troca - algo que deve melhorar por causa da recuperação da economia global.
Para ele, a política monetária deve contribuir para a valorização do real, mas não vai fazer da moeda um "carry king" dos mercados emergentes, como foi por muito tempo. Ele acredita, assim, que a política monetária deve contribuir para a convergência à média em termos técnicos ao longo do tempo.
"O mercado como um todo tem errado - eu, inclusive - achando que o real estaria entrando em momento de valorização. Isso ocorreu, mas foi bastante temporário e ficamos operando em patamares mais desvalorizados. Mas é inegável que a melhora do quadro como um todo, com vacinação, recuperação global e alguma estabilidade do quadro inflacionário, deve gerar alguma valorização do real em linha com a descompressão do prêmio de risco, que hoje determina todos os mercados", diz.
Ele pondera, porém, que é difícil cravar valores, dado que tudo depende também do quadro externo. Volpon aponta que a forte recuperação da economia americana, por um lado, pode ajudar na busca por ativos de risco, mas, por outro, pode atrair mais fluxo para os EUA em função também de juros mais altos por lá.
O economista afirma que vamos ver uma situação atípica nos próximos meses. "Algumas pessoas estão projetando crescimento nos EUA de quase dois dígitos", afirma. "Pela liberdade e espaço fiscal que outros países não têm, este ano pode ter crescimento nos EUA que vai superar crescimento na China", acrescenta, ao lembrar da euforia pós-pandemia e injeção de estímulo no país.
E isso tende a gerar pressão no dólar contra o real. Já para 2022, entra outro complicador: o ciclo eleitoral. "Deve ter mais prêmio para mercados", diz. "Qual será o prêmio de risco independe de fundamentos", diz. Voltando à questão do efeito da política monetária, Volpon afirma que o impacto no câmbio deveria ser algo secundário em termos de direcionamento da taxa básica de juros. "Todos nós sabemos que câmbio não é meta, meta é a inflação", diz.
Logo, o ajuste da Selic deve ser feito por causa da piora de balanço de riscos, não para afetar o câmbio. Ele também comentou as recentes intervenções do Banco Central no câmbio e disse que rejeita a ideia, que vem sendo ventilada no mercado, de que o uso de reservas tenha mirado a dívida pública. "Eu espero que não seja isso [usar reservas para diminuir dívida]", diz.
Para ele, a redução de reservas nesse sentido teria de vir em um ambiente mais tranquilo, com quadro fiscal mais resolvido. Ele lembra, inclusive, que as reservas são "o único seguro que temos" e que foram usadas com parcimônia por outras equipes. Por isso, ele acredita que o BC atuou no mercado à vista recentemente ou porque vê aumento por demanda por dólar spot ou espera mais demanda.
Ele também defendeu a adição de novas ferramentas para reduzir a volatilidade no mercado. "Eu, pessoalmente, se estivesse de volta ao BC, tentaria fazer algo na dimensão de volatilidade e isso poderia ter impacto no patamar do câmbio", diz. Mas ele reconhece que isso é algo complicado e entende o conservadorismo, porque pode ter consequências indevidas, como efeito em outros mercados.
Risco de BC retirar estímulos ainda em 2021 entra no radar
O elevado grau de incerteza fiscal, que se traduz em desvalorização cambial e deterioração da expectativa de inflação, coloca na mesa a possibilidade de o Banco Central ter que ser ainda mais duro na condução da política monetária e remover, em 2021, todos os estímulos à economia, apontam analistas ouvidos pelo Valor.
Esse quadro mais extremo significaria levar a taxa Selic para um nível acima de 6% até o fim do ano - risco que cresce a despeito de um cenário mais negativo para a atividade econômica, com o agravamento da pandemia no país. A total remoção de estímulos levaria o juro básico ao nível conhecido como de equilíbrio ou neutro, consistente com atividade em pleno potencial e inflação estável no médio prazo.
Para o BC, a taxa real (descontada a inflação) de equilíbrio era de 3% ao ano em dezembro, segundo Relatório Trimestral de Inflação. Economistas estimam que, hoje, esse juro equivaleria a uma taxa Selic nominal de 6% a 7%. Esse ainda não é o cenário base do mercado.
Na última pesquisa Focus, a mediana das projeções para a Selic no fim de 2021 estava em 4%, mas já bem acima dos 3% projetados no fim do ano passado. Na contramão, a estimativa para o PIB deste ano foram enxugadas de 3,50% para 3,29%. Pode parecer um contrassenso defender alta de juros nesse cenário. Mas, para especialistas, o impacto da incerteza fiscal sobre o juro de longo prazo, o câmbio e a inflação podem ser ainda mais nocivos para a economia.
“O risco de um movimento maior de alta da Selic aumentou ao longo das últimas semanas e, mesmo com a aprovação da PEC Emergencial no Senado, não pode ser considerado pequeno. A pandemia significa mais pressão por gastos, o que significa que ainda há riscos ao teto, o que implica pressão no dólar e na inflação”, diz Solange Srour, economista-chefe do Credit Suisse.
O cenário base do Credit hoje é de Selic ainda estimulativa, fechando o ano a 4,5%, o que nas contas do banco quase zeraria o juro real, e expansão do PIB em 2021 de 3,7%. A instituição avalia que a projeção para atividade tem viés de baixa pelas novas restrições de mobilidade social.
Srour vê ainda o juro de equilíbrio real de 2% a 2,5%, o que resultaria em Selic nominal próxima de 6,5% a 7%. Dólar alto, commodities e aumento das expectativas de inflação, em meio ao risco fiscal maior, devem levar o juro básico a um patamar superior à mediana da Focus hoje, aponta.
Apesar do aumento das projeções de mercado para a Selic, o cenário previsto na Focus continua a ser muito otimista, na visão de Marcelo Kfoury, professor da FGV e ex-diretor do Departamento de Pesquisa Econômica do BC. “Com o dólar mais perto de R$ 6, o repasse à inflação cresce e a Selic fica mais perto de 5%.”
Cauteloso com o avanço de reformas, reconhecidas pelo BC como requisito para reduzir a taxa de equilíbrio, Kfoury avalia que hoje há 20% de chance de uma zeragem dos estímulos monetários.
Para ele, que calcula o juro de equilíbrio entre 6% e 6,5%, se as contas públicas são duvidosas, a instituição tem que sinalizar ao mercado que continua a ser um baluarte da política econômica. “Seria importante o BC mostrar que a política monetária ainda é uma âncora e elevar o juro”, diz.
A aprovação na semana passada da PEC Emergencial foi um dos testes de fogo para a discussão sobre a elevação da Selic a um nível neutro ainda este ano, já que assegurou a manutenção do teto e instituiu gatilhos fiscais.
“Falta muita coisa para arrumar, mas para as atuais circunstâncias foi um bom sinal ao mercado. Hoje, só manter o teto em ordem é positivo”, diz Ricardo Cará Monteiro, sócio de renda fixa da Macro Capital, que vê o juro de equilíbrio hoje entre 6% e 6,5%.
Monteiro pondera, no entanto, que os ativos locais seguem “bastante premiados”, caso da curva de juros, o que coloca na mesa chances razoáveis de uma normalização mais agressiva do que o esperado da Selic.
O temor com o quadro fiscal dos investidores tem pesado fortemente nos mercados daqui e levou o spread entre os juros de 10 anos e 1 ano ao maior nível desde 2007, para 6,45 pontos percentuais, segundo cálculos do UBS. “E ainda temos que ver como vai ser a PEC na Câmara dos Deputados, o desafio é ainda maior”, diz o gestor.
Após a PEC passar no Senado, o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, passou a ver como pequeno o risco de o BC colocar a Selic em um nível muito alto nos próximos meses.
Para ele, isso estava relacionado à possibilidade de apreciação adicional do dólar, risco atrelado, por sua vez, à discussão da manutenção do teto. “Agora, acho muito difícil que o BC precise praticar essa Selic alta em 2021. O grande momento de risco do teto era a PEC. Daqui para frente, não vai ter muita oportunidade de rompê-lo.”
Honorato estima a taxa Selic em 4% no fim do ano, com a alta começando em maio. Mas, como o câmbio sofreu uma forte depreciação nas últimas duas semanas, o economista não descarta a possibilidade de o juro começar a subir já na reunião do Copom da semana que vem, nos dias 16 e 17.
Para Tatiana Pinheiro, economista-chefe da BNP Paribas Asset Management, o rumo da Selic é inequívoco: para cima, apesar da atividade fraca. Pinheiro visualiza a vacinação, e não o grau de estímulo monetário, como o “carro-chefe” para a retomada.
O cenário da gestora é de início da normalização já em março, com alta de 0,5 ponto, levando a Selic a 4,5% ao fim de 2021. O estado da arte da economia, no entanto, pode limitar significativamente o raio da ação do BC, segundo Helena Veronese, economista-chefe da Azimut Brazil Wealth Management.
Ela se mostra cética em relação às chances de uma elevação da Selic a um nível neutro, já que isso poderia surtir efeitos contracionistas a uma atividade combalida. “Isso é risco de cauda. O BC não pode subir muito o juro com a atividade assim, ele vai dosar bem essa normalização.”
Ricardo Barboza, professor colaborador do Coppead/UFRJ, avalia como precipitada uma alta de juro em março e temerário desmontar estímulos enquanto o desemprego é alto. “Do Copom de janeiro para cá, a pandemia piorou e a PEC Emergencial foi aprovada, mantendo o teto. Por que nesse momento os benefícios de aguardar uma alta de juros são maiores do que os custos? É isto o que eu gostaria de perguntar ao BC.”
Mercado quer alta maior e imediata da taxa Selic
Na próxima semana, em meio ao pior momento da pandemia da covid-19 no país, o Banco Central (BC) terá que tomar uma decisão difícil. Apesar do cenário de caos na Saúde e com a atividade econômica se desmanchando, economistas do mercado financeiro consideram cada vez mais imperiosa a necessidade de o BC elevar a Selic logo, e de maneira mais efetiva. O mercado fala em alta de 0,5 ponto na próxima reunião do Copom e entrou no radar até mesmo a possibilidade de zerar os estímulos antes do fim do ano, o que levaria a Selic de volta aos 6% ao ano.
Para os economistas, a inflação deve chegar, em junho, aos 6% em 12 meses e o atual cenário vai exigir mais gastos. “O risco de um movimento maior de alta da Selic aumentou nas últimas semanas e, mesmo com a aprovação da PEC Emergencial no Senado, não pode ser considerado pequeno. A pandemia significa mais pressão por gastos, ou seja, riscos ao cumprimento do teto, o que, por sua vez, implica em pressão sobre dólar e inflação”, diz Solange Srour, do Credit Suisse.
A pressão pode aumentar após o Senado dos EUA ter aprovado, no sábado, o segundo maior pacote de auxílio do país. O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore vê com preocupação pressões do mercado para alta forte e acelerada dos juros. “Se for subir juros para baixar o câmbio, acho um erro, vai impor desaceleração adicional da economia. Se tem que começar a subir, vá devagar”, diz.
Pastore e os economistas Arminio Fraga e Luiz Carlos Mendonça de Barros apontam a gestão inadequada da pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro como fator responsável pelo risco atual de recessão técnica.
Economia desacelera com falta de vacina
A gestão inadequada da pandemia do coronavírus deverá provocar a desaceleração da economia brasileira, com riscos de o país caminhar para uma recessão técnica, num momento em que o governo e o Banco Central estão sem espaço para medidas de estímulo fiscal e monetário. “Não podemos chorar sobre o leite derramado, mas o governo cometeu um erro gigantesco quando ignorou a pandemia”, afirma o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore.
“Todos os países do mundo compraram opção para vacina, se prepararam para ter uma vacinação rápida. Não fizemos nada à altura.” “Se não tem a vacinação, você pode dar o estímulo que quiser que a economia não se recupera”, segue Pastore. A visão é compartilhada por outros economistas ouvidos pelo Valor.
“A economia e a saúde andam juntas, não teremos a recuperação da economia sem o fim da pandemia”, afirma outro ex-presidente do BC, Armínio Fraga. “Minha impressão é que o Executivo ficou com uma visão contrária a essa até agora.” “
A conta de não tratar com mais seriedade a pandemia está chegando”, afirma Arminio. “Estou vendo este ano com muita preocupação. O que virá pela frente, ninguém sabe.
O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das Comunicações e expresidente do BNDES, considera provável uma nova recessão. “O Brasil é um ponto fora da curva, porque, com Bolsonaro na presidência, perdemos a oportunidade de estar com as vacina compradas”, afirma. “É justamente pelo número de mortes que nossa recuperação econômica vai ser pior, e nosso sofrimento, maior.”
O desempenho da economia no ano passado, afirma Arminio, foi muito melhor do que muitos esperavam devido “ao uso bastante agressivo de esteroides”, ou seja, política fiscal, monetária e creditícia expansionistas.
Com o fim do pagamento do auxílio emergencial, já se esperava uma perda de fôlego nesse começo do ano, mas a economia poderia seguir adiante se a pandemia se arrefecesse ou com a vacinação em massa - ainda que com pouco brilho, devido à baixa confiança provocada pelo estilo pessoal do presidente Bolsonaro, pela agenda de costumes controversa e pela falta de solução para o desequilíbrio fiscal e de questões que travam a expansão dos investimentos e produtividade.
“Passado o efeito dos esteroides, a gente volta à realidade”, afirma Arminio. Faltou o governo fazer campanhas para informar a população dos riscos de natureza sanitária. “Fizeram o contrário.” Outro erro foi concentrar as apostas na compra de vacinas de poucos fornecedores e se atrasar quando surgiram janelas de oportunidade de novas aquisições.
Para Arminio, embora seja muito difícil prever o que vai acontecer no curto prazo, “gente que entende bem mais do que eu de conjuntura acha que o Brasil pode ter uma recessão técnica nesse primeiro semestre”. Ou seja, dois trimestres seguidos com variações negativas do Produto Interno Bruto (PIB). “Estamos vendo uma corrida entre a intensidade e a velocidade”, diz Pastore. “De uma lado, temos a vacinação e, de outro, o contágio. O contágio está ganhando da vacinação.”
Ele diz que os relatos que colhe de epidemiologistas mostram um quadro “muito feio”. “As pessoas que puderem vão para o isolamento social, independentemente dos governos [decretarem lockdowns]. ”Esse distanciamento social se reflete em indicadores de alta frequência. O economista diz que muitos de seus colegas estão menos pessimistas porque a produção industrial segue forte. Mas, lembra ele, 65% do PIB é formado por serviços, que são afetados pelo afastamento social. As condições financeiras, por outro lado, tornaram-se mais apertadas.
“A inclinação da curva de juros e a taxa de câmbio dão uma mensagem de risco muito alto e que cresceu nos últimos tempos.”. Mesmo com o encaminhamento da PEC Emergencial, que preserva o teto de gastos, apesar de um crédito suplementar de R$ 44 bilhões para pagar o auxílio emergencial, segue em aberto como será feita a consolidação fiscal nos próximos anos. “Não teve reforma, não teve nada.”
Pastore foi conferir o que a alta da incerteza econômica significa para a economia quando se usa um modelo de projeção que replica o do Banco Central, que foi divulgado recentemente. “Com o índice de incerteza alto, mais a pandemia, eu acho que desacelera a economia”, diz. “Não quero dizer que vai ter uma recessão porque depende do segundo trimestre, de quanto tempo leva tudo isso.”
Para Mendonça de Barros, a piora das condições financeiras é uma realidade. “O capital estrangeiro está incomodado por razões objetivas e subjetivas, como a interferência na Petrobras”, diz. “Acho que o dólar vai a R$ 6,00”.
Em meio a esse quadro negativo para a atividade econômica, ele faz duas ponderações do lado positivo. Uma é que, depois de um ano, houve maior aprendizado no mundo sobre como lidar com a pandemia. “Outra vantagem é que uma taxa de câmbio ultradesvalorizada por fuga de capitais favorece a indústria.”
Os economistas dizem que é adequado o pagamento do auxílio emergencial, e Pastore e Arminio dizem que não haveria problema de gastar um pouco mais agora caso o país lidasse com as suas fragilidades fiscais. “As pessoas não têm uma pedra no meio do peito, tem um coração, e um cérebro entre as orelhas”, diz Pastore.
Para Mendonça de Barros, será preciso assistir o setor de serviços, que sofrerá muito. O espaço para novos estímulos é virtualmente inexistente. “Os remédios cíclicos já foram acionados”, diz Arminio. “O Brasil tem déficits primários desde 2014. O Banco Central já colocou a taxa de juros lá embaixo, mas já chegou ao limite, agora vai ter até que reverter.”
Como a munição foi gasta, o remédio que resta é cuidar das reformas de médio prazo - há dois anos Armínio vem propondo vocalmente uma agenda ampla. Pastore diz que, dado o quadro inflacionário mais geral, o BC deve iniciar um ciclo de alta de juros “para mostrar que está comprometido com a meta de inflação e não repetir o erro cometido em 2011, quando desancorou as expectativas e custou caro em termos de perda de produto”.
Mas ele vê com preocupação pressões do mercado para alta forte e acelerada. “Se for para subir os juros para baixar o câmbio, acho um erro, vai impor uma desaceleração adicional da economia”, afirma. “Se tem que começar a subir, vai devagar, deixando contingente aos dados.”
Já Mendonça de Barros acha equivocado, neste momento, o governo focar os esforços em grandes reformas, como foi feito com a tentativa de desvinculação de gastos de saúde e educação. Para ele, a PEC Emergencial foi longe do ideal, mas pelo menos se evitou o pior, como tirar o Bolsa Família do teto de gastos para abrir espaço a outras despesas sem critérios. “Temos que olhar agora para a sobrevivência”, afirma. “Se sobrevivermos, depois vamos tratar do desequilíbrio da dívida pública.”
FOLHA
País se despede de Selic a 2% após efeito limitado no custo da dívida
O país começa a se despedir da taxa básica de juros (a Selic) de 2% ao ano após o mínimo histórico gerar um efeito limitado na redução do custo da dívida pública. O principal fator mencionado pelos analistas é a percepção de risco fiscal.
Apesar de contribuir para menores despesas do país com juros, o corte da Selic no governo de Jair Bolsonaro (sem partido) não gerou um efeito tão forte na dívida como na gestão do então presidente Michel Temer (MDB) —entre maio de 2016 e dezembro de 2018.
A Selic caiu para menos da metade do valor original durante o governo Temer (de 14,25% para 6,5%), enquanto o custo médio da dívida pública federal mostrou retração de 4,39 pontos percentuais (para 9,86% ao ano). Já Bolsonaro viu a Selic cair para menos de um terço do valor original em seu governo (de 6,5% para 2%), mas o custo da dívida caiu apenas 1,57 ponto percentual (para 8,29% ao ano em janeiro).
Mesmo que a análise sobre os números de Temer considerasse apenas os dois últimos anos de governo do emedebista (para haver um período igual de comparação com o governo Bolsonaro), o corte sobre o custo a dívida também seria mais forte durante a gestão do sucessor de Dilma Rousseff. A criação do teto de gastos (em vigor desde o começo de 2017) foi crucial para a queda desde 2016, segundo análises frequentes do Ministério da Economia.
Thomaz Sarquis, economista da casa de análises Eleven Financial, afirma que o grande limitador para a redução do custo da dívida tem sido a percepção de risco sobre as contas públicas e a consequente cobrança de taxas elevadas cobradas por investidores para emprestar ao país.
"O fiscal é determinante para o mercado falar: 'Pouco importa a Selic agora, não vou comprar título brasileiro a preço de banana'. O investidor reage às mudanças de humor e risco-país", afirma. "Não adianta forçar uma Selic a uma taxa excessivamente baixa e esperar que isso vá se materializar [proporcionalmente] no custo da dívida", diz.
Sarquis aponta que a redução da Selic ainda provocou como efeito colateral o encurtamento dos vencimentos da dívida pública, refletindo o descasamento da taxa básica com as expectativas dos investidores. "Quando o mercado vê um juro incompatível, ele não compra por muito tempo; mas se for menos tempo, aceita", diz.
Isso também fez a chamada curva de juros se tornar uma das mais inclinadas do mundo —com juros curtos mais baixos e longos mais elevados.
O Tesouro Nacional afirma que está entre os fatores para a elevação da curva de juros a percepção de risco fiscal, impulsionada pela magnitude dos gastos públicos para enfrentar a pandemia e seus efeitos.
Era projetada uma necessidade de R$ 376,3 bilhões em recursos com financiamento da dívida no início de 2020. Após a chegada da Covid, esse volume saltou para R$ 623,8 bilhões.
Uma pressão adicional nas taxas foi criada a partir de discussões entre governo e aliados sobre medidas interpretadas pelo mercado como dribles no teto de gastos, além do debate sobre o auxílio emergencial (também elevaram os juros no último mês iniciativas recentes do Executivo que desagradaram o mercado como a troca de comando na Petrobras e as críticas de Bolsonaro à política de preços da estatal).
Fernando Ribeiro Leite, professor do Insper, diz que o controle das contas públicas é um fator determinante para uma queda mais perene da dívida. "É um número [da Selic] historicamente baixo, então era de se esperar uma queda mais forte. De maneira geral, o custo da dívida vai estar associado com percepção sobre o fiscal", diz.
Neste ano, as incertezas dos investidores continuam. O CDS (Credit Default Swap, indicador de risco) do Brasil de 5 anos tem tido performance pior que os pares emergentes, principalmente em função das preocupações sobre a trajetória fiscal e o ritmo da agenda de reformas.
Enquanto Peru, Colômbia, México e Chile mostraram retração no CDS nas últimas semanas, o Brasil foi na contramão do movimento e viu seu indicador subir de 174 pontos no fim de janeiro para 181 pontos até meados de fevereiro.
Além do risco fiscal, Leite lembra também que o impacto da Selic na dívida é tradicionalmente limitado pela composição dos indexadores.
Os dados de janeiro do Tesouro mostram que 35% do estoque é indexado diretamente à Selic, enquanto outros 26% são indexados a índices de inflação --principalmente o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O indicador subiu de 3,75% em dezembro de 2018 para 4,52% ao ano ao fim de 2020, aumentando o custo com os títulos.
Em menor parte, também há uma fatia da dívida atrelada ao IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), indicador que escalou de 7,14% ao fim de 2018 para 23,14% ao ano ao fim de 2020.
Juliana Damasceno, especialista em finanças públicas da FGV (Fundação Getulio Vargas), afirma que o Tesouro tem um percentual residual de títulos indexados ao IGP-M, que pararam de ser emitidos em 2006, mas que ainda influenciam no custo.
"No IGP-M temos um efeito muito maior da alta do dólar, especialmente em maquinários [ao produtor]. Considero que seja um repasse indireto ao custo da dívida", diz.
O percentual restante é sobretudo de papéis prefixados (34%), que têm remuneração estável --não estão diretamente relacionados às variações dos indicadores, embora tenham taxas mais caras ao serem emitidos em momentos de maior risco.
A inflação tende a elevar ainda mais os custos da dívida até a metade do ano, já que a expectativa oficial é que o IPCA chegue à casa de 7% no meio do ano (para depois descer, conforme as expectativas).
Além disso, haverá o próprio aumento da Selic. Já é praticamente consenso entre os analistas que a taxa básica vai aumentar em 2021, e não se sabe quando ou se o patamar de 2% será visto novamente.
Parte dos analistas prevê que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central eleve a taxa já na reunião de 17 de março, mas há também apostas de que o aperto começará apenas em maio.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já disse várias vezes que voltar para um cenário de juros altos com a dívida no patamar atual custaria caro ao país. A dívida bruta alcançou 89,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em janeiro (em dezembro de 2019, estava em 74,26%).
Desde o início da pandemia, a dívida bruta, que segundo dados do BC alcançou 89,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em janeiro. Em dezembro de 2019, a dívida estava em 74,26% do PIB.
Em um evento realizado em novembro do ano passado, Campos Neto alertou que a alta de juros com a dívida em patamares elevados geraria o que chamou de efeito pobreza e poderia travar o crescimento da atividade econômica, em um círculo vicioso.
A dívida nominal muito grande com taxas de juros muito baixas gera risco maior", destacou. "O mundo começa a melhorar, os juros sobem e criam um efeito pobreza tão grande que cancela o crescimento antes de ele nascer. Podemos entrar em um círculo vicioso nesse sentido", afirmou o presidente do BC.
Inadimplência deve aumentar com auxílio menor e desemprego elevado
A redução do auxílio emergencial e o alto nível de desemprego no país devem trazer um aumento no número de calotes de pessoas físicas neste ano, afirmam executivos de bancos e birôs de crédito.
Os grandes bancos de capital aberto (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) já reservaram mais de R$ 93 bilhões em provisões em 2020, um aumento de 52,9% em relação ao observado no ano anterior, como forma de se precaver diante desse cenário.
"Já existem sinais de alta da inadimplência. Um aumento [de atrasos] de 15 a 90 dias vai começar a impactar o índice nos próximos trimestres. Mas temos uma visão tranquila quanto a esse aumento porque ele já estava nos nossos radares", afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, em entrevista a jornalistas em fevereiro para comentar os resultados do banco.
"Ainda é difícil de projetar, há um grau de incerteza muito alto. Mas acredito que o pico da inadimplência se dará no quarto trimestre deste ano ou nos primeiros três meses de 2022. Ainda assim, acontecerá em patamares muito menores do que já vimos no passado", afirmou o atual presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, também em teleconferência de resultados.
Segundo o economista da Boa Vista, Flavio Calife, a expectativa é que os primeiros sinais de um aumento dos calotes sejam sentidos entre março, abril e maio, momento em que o fim do auxílio emergencial do ano passado começará a pesar no orçamento familiar.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou que o benefício deve ser retomado, mas com valores menores (entre R$ 150 e R$ 350). A princípio, a promessa era de que eles voltassem em março, mas atraso na aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, aprovada no Senado na semana passada, deve levar a uma revisão do cronograma.
A demora de três meses entre o fim dos pagamentos do auxílio emergencial, em dezembro, e o começo da alta nos calotes acontece porque a dívida só é considerada inadimplente depois de 90 dias. Antes desse prazo, os credores consideram o débito como atrasado e tentam, por conta própria ou pela contratação de terceiros, reaver o pagamento via cobrança.
"Talvez já no final de março começaremos a sentir um aumento de dívidas não pagas por parte dos consumidores. Muita gente aproveitou para consumir bens duráveis de maneira parcelada, usando o auxílio para pagar. Agora, além da extinção do benefício que já deixa a renda mais baixa, essa conta também começa a pesar no orçamento", afirmou Calife.
Já em dezembro, dados de entidades que representam montadoras e distribuidoras de veículos apontaram que o benefício fez diferença na venda de carros, motos e caminhões em 2020, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.
"A fragilidade financeira decorrente do fim do auxílio emergencial e da renda menor já chegou para os consumidores de baixa renda. Esses atrasos podem começar a expandir a depender de como a vacinação e o fluxo de renda se darão nos próximos meses", afirmou o economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), Nicola Tingas.
O momento ainda casa com as contas características de início de ano —como IPTU (Imposto Predial e Territorial e Urbano) e IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores)— e com um alto índice de desemprego no país.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que o desemprego alcançou 13,4 milhões de pessoas considerando todo o ano de 2020.
O movimento, somado a um cenário de taxa básica de juros maior, pode aumentar os spreads bancários (diferença entre a taxa de captação e de empréstimos) e elevar o custo do crédito na ponta, para pessoas físicas e jurídicas.
"A possibilidade de um aumento de calotes existe, mas não necessariamente diz respeito a uma inadimplência represada. Houve renegociações e postergações de crédito ao longo de 2020 e tudo isso se encaixou em uma nova esteira de pagamentos", afirmou o presidente do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), Roque Pellizzaro Junior.
No início da pandemia, os bancos prorrogaram o prazo de pagamento de dívidas de empresas e pessoas físicas. A ação, junto a medidas como o auxílio e o lançamento de créditos com garantia do Tesouro, melhorou a condição de pagamento de devedores, impedindo uma explosão de novos atrasos e levando a inadimplência para níveis historicamente baixos.
O último relatório de crédito do Banco Central, divulgado no final de fevereiro, apontou que o índice de calotes total do sistema financeiro ficou em 2,1% em janeiro --0,8 ponto percentual menor do que o registrado em igual mês de 2020 e o menor patamar da série histórica.
O mesmo acontece nos níveis de inadimplência para pessoas físicas e jurídicas, que ficaram em 2,9% e 1,2% em janeiro, respectivamente, também os menores níveis da história para a categoria.
A inadimplência das empresas, por sua vez, tende a ficar mais para frente, uma vez que os créditos tomados ao longo de 2020 tinham período de carência.
Assim, para pessoas jurídicas, a expectativa dos especialistas é que o efeito nas pessoas jurídicas comece a ser sentido no final de 2021 e início de 2022.
O estoque total de crédito no Brasil, segundo o BC, ficou estável em janeiro na comparação com dezembro, em R$ 4,020 trilhões, equivalente a 54,1% do PIB (Produto Interno Bruto).
ESTADÃO
Evento da FGV discute como piora da pandemia ameaça retomada da economia
A economia brasileira terminou 2020 num ritmo de retomada mais acelerado do que o esperado por analistas econômicos, mas os primeiros indicadores de 2021 sugerem uma freada neste início de ano. Tanto que, após dois trimestres de forte alta no Produto Interno Bruto (PIB), todo o valor gerado na economia em determinado período) na segunda metade de 2020, o primeiro semestre de 2021 poderá ser de retração. A piora na pandemia de covid-19 e do fim do auxílio emergencial pago pelo governo federal ao longo do ano passado trazem incertezas para a retomada.
Esse cenário será debatido no 1.º Seminário de Análise Conjuntural de 2021 do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), na próxima segunda-feira, 8. Em formato on-line, o evento é organizado em parceria com o Estadão.
Para os pesquisadores do Ibre/FGV, a freada na retomada da economia levará a uma queda de 0,5% no PIB do primeiro trimestre ante o quarto trimestre de 2020. Dificultam retomada o agravamento da pandemia, a lentidão na vacinação, os desequilíbrios fiscais – que limitam a reedição da transferência de renda na mesma magnitude de 2020 – e a “normalização da política monetária”, ou seja, a elevação da taxa básica de juros (Selic, hoje em 2,0% ao ano), após atingir as mínimas históricas por causa da crise.
Segundo Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre, e uma das palestrantes do seminário, “controlar a pandemia é crucial”, porque somente com a covid-19 correrá uma retomada consistente. Para a economista, seria possível controlar melhor a pandemia e, ao mesmo tempo, “não perder de vista o equilíbrio fiscal”, mas não é isso que tem sido feito. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza a reedição do auxílio emergencial, aprovada no Senado Federal na quinta-feira, 4, é uma “péssima sinalização”, porque não aciona contrapartidas de corte de gastos no curto prazo.
“Como não nos organizamos bem na luta contra a covid-19, o cenário é muito mais preocupante e incerto. Avalio que agora a estratégia é a de contenção de danos, pois não temos mais como evitar o impacto negativo na economia”, disse Silvia.
Além de Silvia, darão palestras no seminário Armando Castelar, coordenador da Economia Aplicada do Ibre/FGV e José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV. O debate será moderado por Adriana Fernandes, jornalista do Estadão. O evento está marcado para as 10h e as inscrições podem ser feitas pelo site do evento.