Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

Mercado projeta inflação maior em 2017 e mantém expectativa para PIB

O anúncio do aumento do PIS-Cofins sobre os combustíveis, realizado na semana passada, interrompeu uma sequência de sete semanas de queda nas expectativas para a inflação deste ano. O relatório Focus, do Banco Central (BC), informa que a mediana das estimativas dos participantes do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 3,29% para 3,33%. A projeção em 12 meses aumentou de 4,37% para 4,40%. A expectativa para a inflação em 2018 foi mantida em 4,20%.

Entre os analistas Top 5 de médio prazo, a projeção para o IPCA deste ano saiu de 3,08% para 3,10%, enquanto a de 2018 permaneceu em 4,19%. Na quinta-feira passada, o governou elevou o PIS-Cofins sobre a gasolina, o diesel e o etanol. A elevação de R$ 0,41 na alíquota que incide sobre a gasolina, que tem o maior impacto entre os três combustíveis, deve aumentar o preço do combustível na bomba em 16,6%, com um impacto diluído entre o IPCA de julho e agosto em 0,63 ponto percentual, segundo analistas.

No Focus, a expectativa do mercado para a inflação em julho foi na direção contrária e passou de 0,17% para 0,15%, enquanto a previsão para o avanço do IPCA em agosto foi de 0,23% para 0,25%. Também na quinta-feira, o IBGE informou que o IPCA-15 de julho caiu 0,18%, bem mais que o esperado, anotando a taxa mais baixa para o mês desde 1998. A despeito do esperado impacto do aumento dos combustíveis na inflação, mercado em geral e Top 5 não mexeram nas apostas para a Selic. O mercado vê o juro básico encerrando neste ano e no próximo em 8%, de atuais 10,25% ao ano.

O grupo Top 5 estima 7,75% para o fim de ambos os períodos. Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para discutir o juro. Atividade Os analistas do mercado financeiro não alteraram as estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 (0,34%) e 2018 (2%), mas reduziram as expectativas para a produção industrial. A previsão agora é que o setor tenha crescimento de 0,83% neste ano, ante 0,97% previsto antes, e de 2,26% em 2018, em vez de 2,30%.

 

FMI reduz projeção de crescimento dos EUA e do Brasil em 2018

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo as previsões de crescimento dos EUA e do Brasil em 2018, em novo relatório. E defendeu ainda o aperfeiçoamento dos mecanismos multilaterais para aprimorar o comércio e garantir mais crescimento econômico aos países. Para o Fundo, políticas "de soma zero" acabam prejudicando todos os países, numa aparente referência aos EUA. "Como as políticas nacionais inevitavelmente interagem e geram efeitos de contágio através dos países, a economia mundial funciona muito melhor para todos quando os formuladores dessas políticas se engajam num diálogo regular, usando mecanismos para solucionar as divergências", diz o FMI no relatório "Panorama da Economia Mundial" (WEO, na sigla em inglês), divulgado na noite de ontem.

"Um sistema de comércio mundial aberto e baseado em regras é particularmente vital para a prosperidade internacional." No documento, o FMI manteve a projeção de abril de 3,5% para o crescimento da economia global neste ano. Já a previsão para os EUA foi revisada para baixo, de 2,3% para 2,1%. A queda foi maior na previsão para 2018, indo de 2,5% para 2,1%. Essa redução reflete o fato de o presidente Donald Trump estar tendo dificuldades no Congresso para aprovar planos que poderiam dar impulso à economia americana, como a reforma tributária e o pacote de investimentos em infraestrutura.

O relatório não menciona Trump, mas faz críticas técnicas a várias políticas que estão em implementação por seu governo. Além de querer reverter acordos comerciais do país para negociações bilaterais, o presidente pretende fazer uma desregulação financeira nos EUA. O FMI alertou que movimentos nesse sentido podem elevar os riscos à economia global. "Uma reversão ampla na regulação financeira poderia reduzir os amortecedores de liquidez de capital e enfraquecer a efetividade do sistema de supervisão com repercussões negativas para a estabilidade financeira global."

O relatório indica que a economia global deverá passar por um período "mais prolongado de incertezas". Apesar de identificar uma queda nos riscos eleitorais, o Fundo colocou a incerteza política em nível elevado e alertou que ela poderá até aumentar, refletindo, por exemplo, as dificuldades para prever as políticas regulatórias e fiscais nos EUA, as negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia e os riscos geopolíticos. "A generalização do protecionismo ou uma corrida competitiva rumo à redução da supervisão e da regulação financeiras deixaria todos os países em situação muito pior", afirma o FMI.

O relatório elevou em 0,1 ponto a estimativa de crescimento da China para este ano, que ficou em 6,7%. Mas destacou riscos financeiros e de excesso de crédito no país, que podem "resultar numa abrupta desaceleração do crescimento com efeitos de contágio adversos para outros países através do comércio, dos preços das commodities e dos canais de confiança".

Já a baixa demanda interna e os riscos políticos fizeram o FMI concluir que a recuperação da economia brasileira será moderada. A instituição entende que o país está saindo da recessão, mas o ritmo do crescimento do PIB tende a não se intensificar fortemente no ano que vem por causas desses fatores. O FMI elevou a previsão para a economia brasileira em 2017, de 0,2%, em abril, para 0,3% agora.

Já a previsão para 2018 foi rebaixada de 1,7%, em abril, para 1,3%. Essa queda de 0,4 ponto se deve à baixa demanda e à crise política no país, que não dá segurança sobre a aprovação das reformas. A nova previsão do Fundo está abaixo da expectativa de economistas brasileiros, que, segundo o último boletim Focus, do Banco Central, estimam o crescimento do PIB em 2% em 2018. "A previsão para 2017 está agora maior graças ao forte primeiro trimestre", diz o FMI. "Mas os sinais de fraqueza na demanda doméstica continuam, e o aumento de incerteza política que o país enfrenta deverá refletir num ritmo de recuperação mais moderada e, portanto, numa projeção mais baixa de crescimento para 2018."

O Fundo estimou que a recuperação no Brasil, mesmo em níveis baixos será importante para tirar também a América Latina de um cenário de PIB negativo. A perspectiva é de crescimento econômico de 1% na região neste ano, após queda de 1%, em 2016. Para 2018, o PIB regional subiria 1.9%. A previsão do México foi revista para cima, de 1,7% para 1,9%. Basicamente, há duas razões para essa elevação: a forte atividade da economia no primeiro trimestre e a constatação de que as medidas restritivas ao comércio anunciadas pelos EUA no começo do ano, como a revisão do Nafta, não são de fácil realização e, portanto, não devem ser implementadas de imediato. O FMI alertou ainda para a deterioração contínua das condições econômicas na Venezuela.

O FMI recomendou aos países que adotem medidas de política fiscal para expandir o potencial de oferta da economia. "Países com necessidade de consolidação fiscal devem adotar medidas favoráveis ao crescimento", diz o Fundo. E devem continuar a usar as taxas de câmbio para amortecer os choques, quando for possível. Entre os riscos aos emergentes, o FMI alerta para um eventual aperto monetário nos EUA maior que o esperado, o que poderia reduzir os fluxos de capitais para os emergentes e desvalorizar suas moedas. Uma eventual guinada protecionista nos países ricos também elevaria as pressões de saída de capital dos emergentes.

 

Eleições podem impor retrocesso às reformas

A eleição presidencial de 2018 poderá minar o esforço empreendido até agora para aprovar reformas estruturais com o objetivo de promover uma recuperação econômica, capaz de minimizar os efeitos inquestionáveis da Operação Lava-Jato sobre a atividade. Para grandes investidores, é de 90% a probabilidade de o próximo governo dar continuidade às reformas estruturais e garantir ao Brasil uma política fiscal sustentável e que dará suporte para uma taxa de crescimento econômico igualmente sustentável.

Os investidores não consideram a possibilidade de a corrida eleitoral mostrar que a probabilidade do ajuste é de 50% e não de 90%. Se for configurado o cenário de 50%, os preços dos ativos financeiros sentirão o baque em função da reestimativa do sucesso já creditado não se sabe a quem. O mais provável é que tudo termine bem, mas isso não é certo. Nos próximos quatros meses nada acontece.

Contudo, a corrida eleitoral pode levar o mercado a fazer o dobro do ajuste feito até agora em câmbio e ações. A delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo JBS, não promoveu esse ajuste. Os juros, em forte queda, seguem sua própria dinâmica. Reagem à inflação em queda e à atividade baixa. Essa combinação permite ao Banco Central manter, por um período, o juro abaixo do patamar considerado 'neutro', que banca crescimento sem pressões inflacionárias.

Um descompasso do juro corrente em relação ao juro 'neutro', estimado em torno de 8%, é necessário inclusive para a recuperação do crescimento", disse em entrevista à coluna, na condição de anonimato, um experiente profissional sempre dedicado ao setor privado e que hoje compõe a diretoria de uma importante gestora de ativos. Questionado sobre candidatos que poderão despertar confiança nos investidores, nosso interlocutor apontou personalidades filiadas ao PSDB: João Doria, prefeito de São Paulo, e Geraldo Alckmin, governador do Estado. "O PSDB é um atestado de qualidade de política econômica. Qualquer candidato do partido seria recebido dessa forma".

Quanto às condições em que o mercado financeiro pode vir a receber uma candidatura de Ciro Gomes, do PDT, o diretor da asset garante que o exsenador tem duas características entre aquelas que o mercado financeiro mais teme: "Vai fazer a coisa errada e de maneira errática. E isso é tudo o que o Brasil não precisa." Nosso entrevistado lembra que os candidatos devem ser conhecidos no ano que vem, perto da eleição de outubro, e afirma que Marina Silva (Rede Sustentabilidade) é um balizador de preferências.

"De Marina à direita, todos serão vistos como bons candidatos e ela mesma pode surpreender sendo bem assessorada. O PMDB está fazendo uma política econômica exemplar, mas não parece haver condição de o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se fazer candidato. Ele seria o ideal por sua credibilidade, experiência e acertos da atual gestão."

A atual equipe segue um "bom roteiro" de política macroeconômica. A questão fiscal não está equacionada, mas o teto de gastos do setor público foi um meio competente de endereçar os problemas fiscais.

O diretor de investimentos de um conglomerado brasileiro entrevistado pela coluna afirma que o espólio do governo Dilma foi uma política macro toda errada, o que levou o país a crescer abaixo do potencial. "A taxa de crescimento do PIB voltará ao seu potencial, mas além das reformas estruturais, o governo deve rever uma série de mecanismos que foram criados como paliativos. Um desses mecanismos é atrelar tudo à variação do PIB. O melhor exemplo é o salário mínimo. Mas o Brasil teve importantes avanços na área social", diz.

Esse profissional entende que a conquista de uma agenda social não pode e nem deve ser esquecida. "Temos hoje uma pausa na política de distribuição de renda. Ao mesmo tempo, com o desequilíbrio da Previdência, temos também uma transferência de renda do futuro para nós. O sistema de aposentadoria precisa ser totalmente reorganizado. O Brasil tem uma agenda fiscal complexa também em função dos gastos", comenta. O entrevistado da coluna calcula que o ajuste fiscal deve ser equivalente a 5% do PIB. O problema é grave, mas não insolúvel.

A carga tributária não vai subir mais e os gastos continuarão avançando. Ainda no escopo da política fiscal, entende a fonte, o governo deverá rever subsídios e optar pela transparência. "O BNDES tem subsídio para as suas operações, mas deveria demarcá-lo explicitamente e definir em que prazo esse mecanismo será usado." As contas externas também chamam a atenção desse profissional que teme uma mudança de ventos, antes de o governo brasileiro realizar as reformas.

Os dados do setor externo divulgados pelo BC, na semana passada, mandaram um recado curto e grosso para o presidente Michel Temer: cuide da competitividade das exportadoras, faça valer cada centavo de investimento direto no país e não menospreze as políticas mais restritivas dos grandes bancos centrais. O desempenho das contas externas também chama a atenção desse profissional que teme uma mudança de ventos no exterior antes de o governo brasileiro realizar as mudanças necessárias. "As condições internacionais ainda são bem favoráveis, mas os maiores bancos centrais do mundo estão em movimento."

No primeiro semestre, as contas externas tiveram o melhor resultado em anos. Fizeram diferença para melhor o superávit comercial e o ingresso de US$ 80 bilhões para investimento na economia real. O juro, ainda um dos mais altos do mundo, não evitou a saída de US$ 11, 3 bilhões de estrangeiros aplicados em renda fixa local. Investimentos financeiros em ações superaram ligeiramente US$ 2,2 bilhões __ cifra ainda modesta para um país cujo governo já vê crescimento. E se o crescimento não vier, ou não tiver sustentação, haverá um retumbante retrocesso da política econômica.

 

Adiar reforma da Previdência para 2019 tem custo fiscal elevado, diz Credit Suisse

Adiar a aprovação da reforma da Previdência para 2019 tem um custo fiscal muito alto, segundo um estudo do Credit Suisse. Nas estimativas do banco, se as principais medidas do projeto original passarem no Congresso apenas no próximo governo, a economia com aposentadorias, pensões por morte e os benefícios de prestação continuada (BPC) entre 2018 e 2027 será 3,6 pontos percentuais do PIB menor do que se isso ocorrer neste ano. Em valores de 2016, a poupança seria reduzida de R$ 921 bilhões para R$ 664 bilhões. "Como se vê, o custo de não aprovar a reforma por dois anos é elevado", diz o economista Paulo Coutinho, do Credit Suisse.

O estudo também destaca que as mudanças promovidas pela comissão especial da Câmara dos Deputados reduziram consideravelmente a economia que seria obtida em dez anos com os gastos do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e do BPC com a proposta original. Nos cálculos do Credit Suisse, a perda é de 45% - em vez de economizar os R$ 921 bilhões de 2018 a 2027, as alterações que resultaram no substitutivo do projeto poupariam R$ 504 bilhões das despesas com aposentadorias, pensões e BPC (os benefícios para pessoas com deficiência e idosos de baixa renda).

O governo calcula uma perda de 22%, segundo Coutinho. O estudo enfatiza que as propostas do substitutivo não são capazes de estabilizar o déficit dos benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Pelos estimativas do Credit Suisse, se não houver nenhuma mudança no sistema de Previdência, o rombo passaria de 3,7% do PIB neste ano para 5,9% do PIB em 2027. "Em média, o crescimento real [descontada a inflação] dos gastos nesse período seria de 4,1% ao ano", aponta o estudo.

Se o Congresso aprovar o substitutivo elaborado pela comissão especial da Câmara, o déficit subirá para 4,9% do PIB em dez anos, com as despesas com aposentadorias, pensões e BPC crescendo a uma média anual de 3,2% no período, em termos reais. Com o projeto original, o buraco do INSS permaneceria em 3,7% do PIB em 2027. Os gastos cresceriam então a um ritmo anual mais modesto, de 2% ano, descontada a inflação.

"Mesmo se a proposta inicial for aprovada, as despesas continuarão a crescer em termos reais, ainda que se estabilizem como proporção do PIB", diz Coutinho. Segundo Coutinho, isso indica que cumprir o projeto que limita a expansão das despesas da União será uma tarefa árdua. "O cumprimento do teto dos gastos requer uma reforma da Previdência Social ainda mais profunda do que a contida na proposta original enviada pelo Executivo", afirma o relatório. "Mesmo no cenário em que o texto original é aprovado, os gastos previdenciários continuariam aumentando aceleradamente nos próximos anos."

Nesse quadro, as outras despesas (excetuando as da Previdência, BPC, saúde e educação) teriam que cair muito. Para cumprir o teto em 2019, teriam que diminuir 7,5% em relação ao nível de 2016, descontada a inflação. Até 2026, a redução real teria que ser de 36%.

Até 2026, a redução real teria que ser de 36%. O estudo do Credit Suisse detalha o efeito das mudanças do substitutivo na economia esperada com a reforma até 2027. Uma das mais relevantes ocorreu no caso das regras de aposentadoria por tempo de contribuição. "O projeto original previa aumento da idade mínima para 65 anos, independentemente do gênero. O substitutivo estabeleceu idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. No entanto, a maior mudança foi feita na regra de transição para os trabalhadores que já fazem parte do sistema", observa o relatório.

"O projeto original determinava como regra de transição que o segurado teria de contribuir com 50% a mais do tempo que faltasse, na data de aprovação da PEC, para completar o mínimo de 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos, se mulher. Além disso, apenas os homens com mais de 50 anos e as mulheres com mais de 45 anos entrariam na regra de transição", diz o estudo, notando que uma das grandes mudanças do substitutivo foi reduzir para 30% o tempo adicional de contribuição e estabelecer que a regra de transição seria válida para todos os contribuintes, independentemente da idade.

Segundo o Credit Suisse, isso reduziu a poupança esperada de R$ 276 bilhões para R$ 176 bilhões. As alterações nas regras de acesso a pensões por morte também tiveram um efeito significativo, segundo o estudo. "O projeto original continha três medidas que teriam impacto bastante relevante sobre a dinâmica dos gastos com pensão por morte", diz o relatório. A primeira definia o valor do benefício como sendo proporcional ao número de dependentes do segurado, a segunda proibia a cumulatividade do benefício com outro benefício do INSS e a terceira desvinculava o valor do piso das pensões do salário mínimo.

"O substitutivo manteve a primeira medida, estabeleceu que a segunda seria válida apenas se as duas pensões somarem mais de dois salários mínimos e extinguiu a terceira. Com isso, a economia foi reduzida de R$ 271 bilhões para R$ 141 bilhões." Coutinho ressalta o forte impacto das mudanças promovidas no caso da aposentadoria rural. O projeto original estabelecia paridade da aposentadoria de trabalhadores rurais e urbanos, com homens e mulheres se aposentando aos 65 anos, respeitada a regra de transição. "Isso implicaria redução substancial no fluxo de novos aposentados nos próximos anos, que precisariam permanecer mais tempo no mercado de trabalho", destaca o estudo.

No entanto, a comissão especial da Câmara manteve as regras atuais quase sem alterações, diz o Credit Suisse. "A idade mínima para mulheres será elevada gradualmente dos atuais 55 anos para 57 anos ao longo dos próximos anos. Para os homens, a idade mínima permaneceu em 60 anos." A elevação do tempo mínimo de trabalho de 15 para 25 anos em atividade rural foi extinta. Com isso, a economia projetada caiu de R$ 101 bilhões para apenas R$ 1 bilhão. Outras mudanças relevantes ocorreram na aposentadoria urbana por idade, no cálculo do valor dos benefícios e no BPC, que seria desvinculado do salário mínimo, medida que foi deixada de lado no substitutivo.

As simulações consideram que a regra de correção do salário mínimo, válida até 2019, vai ser mantida até 2027. Por esse critério, o piso salarial é reajustado pela inflação do ano anterior mais a variação do PIB de dois anos antes. Numa estimativa que considera o salário mínimo subindo apenas de acordo com a inflação, o projeto original da reforma da Previdência economizaria R$ 789 bilhões até 2027. Com as mudanças contidas no substitutivo, a poupança cairia para R$ 492 bilhões. A redução, com isso, seria de 38%, em vez dos 45% caso a regra de correção do salário mínimo seja mantida.

 

Governo dá novos prazos para entregas do MCMV em pequenos municípios

O Ministério das Cidades definiu novos prazos e condições para a entrega de residências do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) em municípios com menos de 50 mil habitantes, contratadas entre 2009 e 2012.

A portaria publicada nesta segunda-feira no “Diário Oficial da União” (DOU) permite que as unidades habitacionais com menos de 50% de sua execução concluída até 12 de julho deste ano sejam entregues até maio de 2018. Já aquelas com execução entre 50% e 80% terão que ser terminadas até janeiro do próximo ano. As que têm execução superior a 80% devem ser entregues até outubro deste ano.

A Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades pode prorrogar esses prazos por até 12 meses. A portaria leva em conta a “quantidade expressiva de obras não terminadas” e “necessidade de se fixar novos prazos que proporcionem a conclusão e entrega das unidades habitacionais a partir do estabelecimento de compromisso e declaração”.

 

MRV pretende construir 500 mil unidades até 2017

Uma década após sua abertura de capital, a MRV Engenharia - focada no segmento econômico - almeja produzir 500 mil unidades nos próximos dez anos. Desde 2007, a incorporadora mineira produziu o total de 275 mil unidades. Com crescimento impulsionado pelo programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, a MRV tornou-se a maior incorporadora do país, ultrapassando a receita da tradicional Cyrela, em 2015, e entra, agora, no seu terceiro ciclo desde o lançamento inicial de ações (IPO).

"Nos próximos dez anos, a necessidade de habitação econômica será enorme, mesmo que possam faltar fontes de financiamento ou haver mudanças nas regras de política pública em algum momento. A MRV terá de ser a empresa mais capaz de operar neste modelo", afirma o copresidente da companhia Rafael Menin. Segundo o executivo, a incorporadora está preparada para crescer, mas também para piora do cenário, se ocorrer.

No ano passado, a MRV produziu 34.898 unidades, volume dez vezes superior às 3.443 unidades de 2007. O recorde foram 39.656 unidades em 2012. A companhia esperava alcançar a marca de 50 mil unidades já neste ano, mas os números do primeiro semestre - quando foram produzidas 17.709 unidades - sinalizam que isso não será possível. Prazos mais longos do que os previstos para obter licenças levaram a incorporadora a postergar parte dos seus lançamentos. Os atrasos nas licenças são o "calcanhar de Aquiles da MRV", de acordo com o copresidente.

Na avaliação de Menin, no segundo semestre, a produção poderá chegar a 50 mil unidades anualizadas. A MRV já tem estrutura para dar conta dessa patamar, conforme o executivo e, no médio prazo, pretende chegar a 60 mil unidades por ano. Futuramente, a incorporadora poderá lançar projetos com valores acima dos enquadrados no programa habitacional, mas ainda no segmento econômico, financiados por recursos da poupança. Menin reconhece que a companhia se beneficiou do Minha Casa, Minha Vida, mas afirma que a principal razão para a MRV ter se tornado a maior incorporadora do país foi a gestão.

A companhia combina, segundo ele, escolha "artesanal" da equipe e produção industrializada. "Temos uma marca forte e amadurecemos o relacionamento com clientes. Mesmo crescendo muito, mantivemos o nível de excelência na execução", acrescenta. O copresidente ressalta que, com o anúncio do programa habitacional, em 2009, outras incorporadoras passaram a desenvolver também empreendimentos direcionados à baixa renda, mas não tiveram o mesmo desempenho da companhia. "Mesmo em 2013, nosso pior ano, a MRV foi uma empresa lucrativa", destaca.

O primeiro ciclo da companhia após a abertura de capital foi marcado pela diversificação geográfica. Atualmente, a MRV está em 145 cidades. Na segunda fase, houve aumento expressivo do banco de terrenos e "ajuste fino das operações". Neste ano, os desembolsos com compra de áreas chegarão a R$ 420 milhões. O banco de terrenos tem Valor Geral de Vendas (VGV) potencial de R$ 42,9 bilhões. "No terceiro ciclo, o crescimento será menor do que no passado", afirma Menin.

A expansão prevista para a MRV baseiase mais no aumento da atuação nas cidades em que a companhia já está presente do que na entrada em novos mercados. Mesmo assim, a incorporadora mantém a dispersão geográfica e, até setembro, começará a operar também na região Norte, a única em que não estava presente. Recentemente, o conselho de administração da MRV aprovou emissão de até R$ 700 milhões em debêntures. "Temos recursos para passar 2018 sem preocupação de captações", diz Menin.

No primeiro semestre, a companhia gerou caixa de R$ 176 milhões, patamar que deve crescer na segunda metade do ano. A MRV encerrou o primeiro trimestre com R$ 2,9 bilhões em caixa e relação entre dívida líquida e patrimônio líquido de 6,9%. Nos próximos anos, a gestão da companhia pelo tripé formado por dois copresidentes executivos - Rafael Menin e Eduardo Fischer - e pelo presidente do conselho e fundador da MRV - Rubens Menin - será mantida.

O fundador cuida mais de questões estratégicas e institucionais. Rafael Menin é responsável por área formada por Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Centro-Oeste e Nordeste, enquanto Fischer responde pelo Estado de São Paulo e pela Região Sul.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Grandes fundos globais perdem com aposta no Brasil

Investir em títulos dos mercados de países emergentes continuou, no segundo trimestre, a ser um bom negócio, mas grandes fundos globais que apostaram no Brasil e em outros países da região ficaram a ver poeira no período.

Fundos especializados em países em desenvolvimento como o Pictet Asset Management, o Neuberger Berman Group e o RBC Global Asset Management fecharam o primeiro semestre com o pior desempenho em sua categoria.

Boa parte desses problemas de desempenho se relaciona à América Latina, que vinha sendo uma das regiões favoritas dos maiores fundos de títulos desde 2016.

Os títulos de dívida da região se provaram menos lucrativos neste ano, dados os escândalos de corrupção que abalam os presidentes do Brasil e do Peru.

Os títulos de dívida pública latino-americanos denominados em dólares apresentaram retorno de 5,8% nos seis meses até junho, ante a média de 14% de 2016.

Um dos mais afetados foi o Pictet Short Term Emerging Corporate Bonds Fund, que fez uma forte aposta em títulos de empresas brasileiras nos meses que antecederam maio, quando os papéis desabaram após a delação da JBS que atingiu o governo do presidente Michel Temer.

O fundo teve a pior colocação entre os que operam com títulos de dívida de países em desenvolvimento e capital mínimo de US$ 1 bilhão. Ele teve retorno de 2,2% no período, ante o retorno médio de 7,6% do segmento.

O Neuberger Berman Short Duration Emerging Market Debt Fund sofreu com sua exposição ao Brasil e a títulos da JBS. O fundo obteve retorno de 2,4% nos seis primeiros meses do ano.

O fundo, que favorece títulos de menor volatilidade, adquiriu mais papéis brasileiros depois que irrompeu o escândalo sobre Temer, considerando que os títulos eram atraentes, na cotação que então apresentavam.

Um dos líderes de 2016, o BlackRock Emerging Market Bond Fund teve retorno de 5% no primeiro semestre, já que apostas em títulos venezuelanos e russos não foram capazes de reproduzir os retornos obtidos em 2016.

O Ashmore Emerging Markets Debt Fund também perdeu terreno. A aposta em títulos de Venezuela e Equador o ajudou a superar os rivais no ano passado, quando esses papéis apresentaram os mais altos ganhos no planeta. Nos últimos seis meses, porém, o fundo se viu superado por quase dois terços de seus concorrentes, quando essas posições se reverteram.

MELHORA

Títulos de curto prazo do Brasil e da Venezuela apresentaram baixo desempenho no início do ano e devem se recuperar agora, segundo Greg Saichin, vice-presidente da Allianz Global Investors.

"Para o Brasil, o escândalo já teve seus efeitos incorporados aos preços, de certa forma, e os investidores conhecem os cenários possíveis no contexto da queda da inflação e futuros cortes de juros."

"No caso da Venezuela, creio que seja difícil imaginar problemas de crédito mesmo em 2017, se o país tiver liquidez para manter em dia o pagamento dos juros e do principal de sua dívida."

 

Recuperação do crédito não deve elevar endividamento

A retomada do crédito no país ainda depende de sinais mais vigorosos de recuperação da economia brasileira, mas não deve provocar inflexão imediata no atual grau de endividamento das famílias, que se encontra no menor nível desde junho de 2007.

O indicador do Banco Central que mede o estoque de crédito no sistema financeiro vem caindo consistentemente desde março de 2013 e, em abril, se situou em 23,18%.

Essa queda pode ser atribuída a alguns fatores, entre eles a menor propensão dos bancos a dar empréstimos por condições econômicas adversas -como desemprego e inadimplência- e uma baixa intenção dos consumidores de tomar crédito diante de perspectivas ruins de emprego e renda.

Há também o efeito da queda dos juros -nos últimos nove meses, a taxa básica da economia recuou de 14,25% para os atuais 10,25%. O mercado enxerga novo corte de um ponto percentual na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) de quarta (26).

Novas dívidas contratadas teriam juros menores, reduzindo ainda mais o estoque de crédito. Maurício Molon, economista-chefe do Santander Brasil, vê espaço para que o indicador caia para 20% até meados do próximo ano.

"O comprometimento de renda deve acelerar a queda, tendo em vista que o BC continua cortando juros e existe uma certa defasagem entre o corte e o seu reflexo no custo do estoque da dívida", diz.

No BNP Paribas, a queda estimada é para 19%, em um cenário em que a taxa de juros terminará o ano a 8%. "A recuperação do mercado de trabalho entra de forma gradual", afirma Gustavo Arruda, economista do banco.

"Quando a atividade está bem, todo o mundo quer emprestar. Quando está devagar, demora-se para emprestar. A recuperação vai acontecer e vai ser mais forte do que as pessoas imaginam."

RENDA COMPROMETIDA

Se o estoque de crédito vai bem, a parcela comprometida com dívidas não reage com a mesma velocidade. Esse indicador, que mede o percentual da renda familiar destinado ao pagamento de juros e amortização do valor principal dos empréstimos, mostra a folga no orçamento que pode ser destinada a consumo ou contratação de novos créditos.

"O aumento forte dos juros entre 2015 e 2016 pressionou o comprometimento para cima, enquanto o estoque de crédito caía porque demanda e oferta estavam em queda", diz João Morais, economista da consultoria Tendências.

De novo, a queda dos juros deve levar a uma desalavancagem das famílias, contribuindo para destravar novas concessões de crédito. "Vemos o início da recuperação no crédito pessoal, especialmente no consignado, e também no financiamento de veículos", afirma Morais.

Rafael Cardoso, economista do Daycoval Investimentos, também vê uma queda mais rápida do comprometimento da renda. Mas a retomada, avalia, não será em linhas de consumo de longo prazo, como imóveis, veículos e bens duráveis.

"O crescimento do crédito vai continuar baixo no ano que vem e também em 2019. A recuperação que se desenha para o Brasil é cíclica, com crédito para itens que precisam ser renovados, como roupas. Não é um consumo de investimento."

Para Morais, da Tendências, o mercado de crédito terá de se acostumar a volumes inferiores em relação aos do passado. "O mercado vai demorar a se ajustar. O quadro para o crédito é de níveis muito abaixo dos de 2014."

CONSUMO

Os efeitos negativos da crise sobre as finanças do consumidor não fizeram com que ele repensasse sua relação com o crédito. Pelo contrário: são grandes as chances de que o dinheiro sobrando na conta se transforme em novas dívidas e comprometa, de novo, o orçamento familiar, diz Otto Nogami, professor de economia do Insper.

"O brasileiro não conseguiu satisfazer suas necessidades e desejos, que continuam latentes. Mesmo que ele tenha uma condição de crédito maior, sempre vai dar preferência a consumir, em vez de poupar", diz. "Limpou o nome, mergulha em dívida de novo, e o ciclo volta."

Luiz Rabi, economista do birô de crédito Serasa Experian, também tem ressalvas. "A gente imagina que tanto os consumidores quanto os bancos devem ter aprendido as lições de que um crescimento acelerado do crédito não tem um bom final."

INADIMPLÊNCIA

"A dívida não é uma coisa ruim, o que não pode é ficar inadimplente. Enquanto o endividamento é controlado ou não gera aumento da inadimplência, movimenta a economia", complementa Rabi.

Para Sergio Furio, presidente da fintech Creditas, o problema não é o endividamento, e sim o tipo de dívida que é contraída.

"Se pegar o mercado americano, eles são dez vezes mais endividados que a gente. O importante é ver o custo desse endividamento e como compromete o orçamento familiar."

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

ENTREVISTA – Alfredo Setúbal

‘Eleição é a chance de corrigirmos a rota”

Um dos maiores conglomerados do País, a Itaúsa, holding de investimentos do Itaú Unibanco, está em busca de novos negócios. Depois de adquirir uma participação minoritária no gasoduto NTS, que pertencia à Petrobrás, em parceria com a gestora canadense Brookfield, a Itaúsa anunciou, no último dia 12, a compra da Alpargatas em sociedade com o Cambuhy, braço de investimentos da família Moreira Salles, também sócia do banco. Alfredo Setubal, presidente da holding, diz que a companhia tem cerca de R$ 3 bilhões para investir, mas não quer entrar em setores regulados pelo governo. Setubal reconhece que o momento atual é de cautela e vê uma lenta recuperação da economia. “A eleição de 2018 é crucial para definir a rota do País.”

A seguir, os principais trechos da entrevista.

A aquisição da Alpargatas sinaliza uma mudança nos investimentos da Itaúsa?

Há algum tempo estávamos pensando em como diminuir a dependência do banco da receita total da Itaúsa e revendo o nosso portfólio de investimento. O banco representa hoje cerca de 94% do total (antes era 97,7%). A ideia é reduzir a 90%. Vamos zerar nossa participação na Itautec (de tecnologia) entre o fim de 2018 e início de 2019. Chegamos a ter 30% da companhia e hoje temos 11%. Essa fatia vai ser vendida à Oki Brasil (controlador) e vamos olhar outros ativos.

Quais negócios que a Itaúsa está procurando?

Contratamos a McKinsey no ano passado, que começou a olhar setores da economia em que poderíamos fazer investimento. Já fizemos dois importantes movimentos. Um na NTS, gasoduto da Petrobrás, em consórcio com a Brookfield, e agora com a Alpargatas, em parceria com o Cambuhy, que já tinha analisado esse ativo antes de a Camargo Corrêa vendê-lo à J&F, da família Batista.

E essas negociações foram feitas com os irmãos Batista?

Foi com o Wesley. Foi um processo rápido e fomos bem assessorados. Fizemos um contrato que nos protege bastante em função da leniência.

Quanto a Itaúsa está disposta a investir?

Para o banco representar 90% do total dos nossos investimentos, teríamos entre R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões para investir em outros negócios. Já fizemos a aquisição da NTS e da Alpargatas, que somam cerca de R$ 3,5 bilhões. Sobraram entre R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões para novas oportunidades. Estávamos avaliando a BR Distribuidora, da Petrobrás, mas desistimos após a companhia optar pela abertura de capital. Queremos negócios que tenham fluxo de caixa, liderança e uma marca forte, como é o caso das Havaianas. Buscamos empresas que possam ter melhoria operacional, de gestão e retorno. A conjunção disso tudo não são muitas alternativas.

Algum setor específico?

Não queremos setor regulado, como concessões e energia, com o governo interferindo em preço. A gente não quer controlar nada diretamente. Preferimos ter parceiros que possam também participar da gestão. Queremos estar no grupo de controle, com acordo de acionistas. O setor de serviços e consumo pode ser interessante.

Já estão olhando outras empresas para investir?

Desde o ano passado, bancos de investimento e fundos de private equity começaram a bater na nossa porta. Nem tudo casa com o que a gente quer, com a rentabilidade que a gente espera. O custo de capital no Brasil é muito alto. A Itaúsa está muito concentrada no banco, que tem rentabilidade de 20% a 23% ao ano. No setor industrial, esses retornos são mais difíceis de serem alcançados. Mas, com esses dois investimentos, a gente tem retorno bem próximo ao do banco.

Procuram negócios com esse perfil de rentabilidade?

Não faz sentido procurar negócio que dilua essa rentabilidade da Itaúsa. Somos uma companhia aberta. Procuramos negócios que gerem certa diversificação, mas que não prejudiquem resultados.

Pretendem continuar investidos na Duratex e Elekeiroz?

Sim. A Duratex é uma empresa muito tradicional, mas passa por dificuldades de resultado, uma vez que o setor de construção não está bem. Não pensamos em nenhum desinvestimentos. Na Elekeiroz (química), a mesma coisa. A gente tem feito uma agenda interna muito intensa para melhorar a parte operacional das companhias nos próximos semestres.

Há planos de investimentos fora do País?

No caso da Itaúsa, não. Serão investimentos apenas no Brasil. No caso do banco, por questões regulatórias, é impossível fazer investimentos aqui. Já compramos o Citi e uma participação na XP Investimentos. O banco tem crescido no exterior. Foi o caso do Corpbanca, no Chile. Dependendo da oportunidade, há possibilidade de crescer na América Latina. Mas não estamos procurando nada neste momento.

Como o sr. vê os impactos da atual turbulência política na economia?

As vendas vinham se recuperando ao longo dos últimos meses, mas depois da delação (dos irmãos Batista em maio), deu uma parada em junho. Em julho, vejo a demanda retomando um pouco na Duratex, que é o nosso termômetro industrial. Os setores mais afetados com queda de juros podem ter uma melhoria.

O sr. trabalha com um cenário de recuperação lenta?

Sim. Mas, com tantas delações, fica difícil julgar o que pode acontecer ou não. De qualquer foram, gerou insegurança. Teremos as eleições no ano que vem, mas ainda não temos candidatos. Há algumas indicações, como o Lula, mais à esquerda; e Jair Bolsonaro, mais à direita. Então, esperamos um candidato no centro. Mas não sabemos quem. Ninguém ainda se posicionou, com capacidade de aglutinar.

Qual sua expectativa de crescimento do PIB?

O banco trabalha com 2,7% para o ano que vem. Eu pessoalmente acho que vai ser menos do que isso. O nosso trabalho na área industrial aqui é continuar fazendo a lição de casa. É um cenário ruim. Se analisarmos o Brasil desde 2014, o PIB caiu quase 10%. Não adianta os políticos quererem culpar a crise internacional para justificar a nossa recessão. Não tem influência externa nesta crise. Temos sido muitos cautelosos nos investimentos, tanto industrial quanto no banco.

Em sua avaliação, Michel Temer chega ao fim do mandato?

Chega, mas é difícil saber. Cada dia tem uma novidade. Acho que o Temer tem um governo de propostas. Uma parte das reformas ele já fez. Se a gente olhar o que ele fez em um ano em termos de reforma, modernização, não foi pouca coisa. É claro que ele ficou mais enfraquecido depois das delações, mas até hoje não se cristalizou uma pessoa que possa substituí-lo.

O Rodrigo Maia tem sido apontado como possível sucessor.

Rodrigo Maia tem sido o nome que caminha para ser um consenso. Mas precisaria ter um problema ainda maior para o governo Temer cair. O cenário ideal seria de continuidade para evitar uma nova crise. É preciso dar continuidade às reformas, como a da Previdência.

O governo anunciou aumento de imposto. Havia muita resistência dos empresários em relação a isso. O pato voltou para a rua...

À medida em que a economia não reagiu da maneira que se esperava, mesmo com a queda de juros, ficou inevitável o aumento de imposto. A receita do governo não cresce. Não é o melhor caminho, mas me parece que não tem o que fazer. A eleição de 2018 é crucial.

Quem o sr. vê como liderança?

Tem o João Doria, o Geraldo Alckmin. Antonio Carlos Magalhães Neto pode ser um bom nome para uma composição de chapa, com perfil mais liberal, de centro. Álvaro Dias é um nome de centro-esquerda. Tem nomes possíveis. Se vão emplacar eleitoralmente, é outra questão. A eleição de 2018 é uma oportunidade grande de corrigir essa rota. Se o Brasil quiser estar entre os países desenvolvidos, precisará de uma geração de novos governantes.

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