Terça-feira

CLIPPING (15.05.2018)

VALOR ECONÔMICO

Empresas captam mais no mercado local com queda de custo

A queda do custo de captação no mercado de renda fixa e a maior demanda dos investidores por papéis de crédito privado - resultado da queda da taxa Selic - têm levado as empresas brasileiras a buscar mais o mercado local e a aumentar o tamanho e o prazo das ofertas. O volume médio por operação, excluindo as emissões de instituições financeiras, praticamente dobrou nos quatro primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo período de 2017, passando de R$ 161 milhões para R$ 319 milhões.

As emissões totais de títulos de crédito privado corporativo cresceram 54,8% no período, somando R$ 40,223 bilhões, segundo Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). E esse volume deve continuar aumentando. Só em debêntures, há mais de R$ 12 bilhões em operações em andamento. As empresas também têm aproveitado o aumento da demanda por papéis de crédito privados para alongar o prazo das operações e elevar o volume captado.

A Lojas Americanas , por exemplo, planejava levantar R$ 500 milhões em debêntures, mas, com a forte demanda pelos papéis, optou por aumentar o volume da oferta para R$ 1 bilhão.

O financiamento de operações de fusões e aquisições também deve ajudar a elevar o volume das ofertas. A Neoenergia aprovou a emissão de até R$ 5,5 bilhões em debêntures para financiar a possível compra da Eletropaulo.

O prazo médio das emissões de debêntures no mercado local, que costumava girar entre 3 e 5 anos, aumentou para 6,3 anos nos primeiros quatro meses de 2018, segundo dados da Anbima. "De dezembro para cá temos visto redução de taxas e alongamento de prazos", diz Daniel Vaz, chefe da área de mercado de dívida local do BTG Pactual.

A estreia de novos fundos de crédito privado, com os investidores buscando opções de maior retorno, tem sustentado a alta da demanda por esses ativos e contribuído para a queda do custo de captação. A Rio Paranapanema Energia conseguiu reduzir a taxa oferecida para um dos vencimentos da oferta de R$ 320 milhões em debêntures realizada neste ano. A empresa pretendia captar a uma taxa de 6% ao ano para o prazo de 2025, mas a operação acabou saindo com um custo menor, de 5,5% ao ano.

A remuneração média das debêntures, segundo a Anbima, recuou para 103,6%% do CDI nos primeiro quatro meses deste ano, ante 105,7% do indicador no mesmo período de 2017. Muitas empresas têm aproveitado a queda do custo para pagar as dívidas mais caras. Além disso, há um movimento para garantir os financiamentos antes das eleições de outubro, que podem trazer mais volatilidade para o mercado. "Vemos muitas empresas indo a mercado tentando antecipar o risco eleitoral", diz Guilherme Silveira, superintendente executivo da área de mercado de capitais de dívida do Santander.

Com a alta do custo para emitir dívida no exterior, o mercado local ficou mais atrativo, inclusive para as empresas com risco de crédito maior. Guilherme Maranhão, executivo da área de renda fixa do Itaú BBA, já nota um aumento do apetite por ativos de maior risco. "O mercado de capitais ainda é muito concentrado em empresas com bom risco de crédito, mas já começamos a ver ofertas com rating 'A+' e 'AA -'."

Com o aumento da demanda por papéis privados e os bancos ainda com liquidez e sem a necessidade de ampliar rapidamente a captação de recursos diante de uma retomada lenta do crédito, os gestores começaram a ter que olhar para papéis com risco de crédito um pouco maior e que oferecem prêmios mais altos. Esse é caso da TAG Investimentos, que passou a analisar investimentos em produtos estruturados, como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) com maior risco de crédito e taxas de retornos mais altas.

"Buscamos operações com garantia e que não tenham prazos de vencimento tão longos", diz Carolina Camões, analista de crédito da TAG. Já a estratégia da gestora de patrimônio GPS é buscar operações exclusivas, que são vendidas sob demanda para poucos investidores.

"Compramos, por exemplo, Certificados de Recebíveis Imobiliários [CRIs] com lastro em estoque de imóveis prontos de uma construtora", diz Jean-Pierre Cote Gil, sócio responsável pela gestão de crédito na GPS. A GPS também têm buscado aplicar em fundos de recebíveis de emissores não tradicionais como o de empresas de tecnologia financeira (fintechs) que oferecem crédito e chegam a pagar um retorno de 3% a 4,5% mais a variação do CDI, ou de fornecedores de grandes empresas.

A gestora comprou, por exemplo, cotas de um fundo com lastro em recebíveis de fornecedores da Fiat com remuneração de 120% do CDI, cujo risco final acaba sendo o da multinacional. "Tentamos buscar mais alternativas que tenham diferencial de prêmio", afirma Cote Gil. Os fundos de investimento estão tendo que diversificar mais as carteiras, uma vez que precisam repor o estoque em papéis de bancos que estão vencendo, e não estão sendo renovados pelas instituições financeiras. "Os bancos estão emitindo títulos a taxas mais baixas e não há sinais de que isso mude no curto prazo", acrescenta Cote Gil.

A analista de crédito da TAG cita, por exemplo, que, enquanto uma Letra de Crédito Imobiliário (LCI) de um banco de porte médio com prazo de um ano chega a pagar um retorno de 94% a 95% do CDI, o CRA de uma empresa com rating 'AAA' no mercado secundário está pagando em torno de 98% do CDI. "Temos visto uma migração natural dos investidores de títulos bancários para papéis de crédito corporativo, diz Rafael Quintas, sócio e chefe da área de distribuição a XP Investimentos.

A Bradesco Asset Management (Bram) tem buscado renovar o estoque de papéis de instituições financeiras que estão vencendo, mas hoje está com uma alocação mais equilibrada entre títulos bancários e papéis de empresas. Segundo a gestora responsável pela mesa de crédito da Bram, Ana Luisa Rodela, os produtos estruturados como FIDCs continuam com taxas interessantes e ela também tem visto mais papéis de empresas que antes eram atendidas pelo BNDES como do setor elétrico.

No caso dos papéis incentivados como CRI e CRA, que oferecem isenção de Imposto de Renda para pessoa física, a demanda tem diminuindo com esses investidores buscando outras alternativas de alocação com a queda da Selic. No caso das debêntures de infraestrutura, que também oferecem o benefício fiscal, Silveira, do Santander, afirma que não houve tanto impacto na demanda porque os papéis oferecem retornos atrelados ao IPCA.

De modo geral, Marco Bismarchi, sócio e gestor da TAG, considera que o cenário para investimento em crédito privado está melhor, com a recuperação da economia e a desalavancagem financeira das companhis. "As empresas sofreram muito, mas conseguiram cortar custos e hoje têm acesso a um crédito mais barato e um volume menor de juros a pagar."

 

Mercado espera crescimento menor e inflação mais baixa em 2018

A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia em 2018 saiu de 2,70% para 2,51%, segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), divulgada nesta segundafeira. Para 2019, o ponto-médio das estimativas segue nos mesmos 3% pela 16ª semana seguida. Foi o segundo corte consecutivo para a mediana de 2018 e acompanha o movimento das últimas semanas da própria pequisa do BC e aquele anunciado pontualmente por bancos e consultorias.

Na semana passada, o Itaú reduziu as estimativas para o crescimento da economia brasileira para 2% neste ano e para 2,8% em 2019, ante os 3% e 3,7% esperados anteriormente para aqueles respectivos períodos. Vale lembrar que, no fim de maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga as Contas Nacionais Trimestrais do primeiro trimestre de 2018.

Os economistas consultados pelo BC também elevaram a mediana das projeções para a inflação oficial nos próximos 12 meses, de 4,12% para 4,21%. Foi a sétima elevação consecutiva para o período estimado. Para 2018, no entanto, o ponto-médio das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) retomou o movimento de queda interrompido nas últimas duas semanas, indo de 3,49% para 3,45% de aumento.

Para o ano seguinte a estimativa passou de 4,03% para 4% de alta, retomando o nível das projeções de meados de abril. Entre os economistas que mais acertam as previsões, grupo chamado Top 5, de médio prazo, as medianas para a inflação também caíram: de 3,40% para 3,16% em 2018 e 4% para 3,80% em 2019.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA fechou abril em 0,22%, abaixo das expectativas do mercado. Consta ainda do Boletim Focus que as estimativas para a taxa básica de juros se mantiveram em 6,25% para o fim de 2018 — sem alteração pelo sexto levantamento consecutivo — e em 8% no encerramento de 2019, conservada pela 17ª semana seguida. Entre o grupo Top 5, de médio prazo, a previsão para a Selic continuou em 6,25% para este ano e em 7,50% para o próximo calendário.

 

Copom deve endurecer tom para sinalizar fim de cortes

O mercado financeiro aguarda a decisão de política monetária do Banco Central nesta quarta-feira para selar as apostas sobre o fim dos cortes de juros no Brasil. Especialistas acreditam que o Copom adotará um discurso mais duro sobre a deterioração do ambiente externo, que tem motivado a escalada do dólar para a casa dos R$ 3,60.

Sinal de uma postura mais defensiva, até a aposta de uma queda final da taxa nesta quarta-feira - de 6,50% para 6,25% - já não encontra tanta convicção no mercado, embora ainda seja a expectativa majoritária. Ao mesmo tempo, cresce a preocupação entre os investidores de que o Copom pode ter de antecipar uma alta de juros, esperada anteriormente só para meados de 2019.

Ontem, os contratos de juros negociados na B3 voltaram a subir em praticamente todos os vencimentos, o que reflete que a perpceção de risco no Brasil tem piorado. O DI janeiro de 2020 - que embute apostas para a Selic até o fim do ano que vem - subiu 11 pontos-base para 7,40%. E num prazo mais longo, o DI janeiro de 2025 voltou a rodar com dois dígitos, a 10,05%.

Em meio a preocupações, o Copom deve ser mais explícito sobre o fim do ciclo de corte de juros. Em suas últimas comunicações, o colegiado já havia indicado que a interrupção do processo seria "adequada" para as reuniões posteriores a maio, "salvo mudanças adicionais relevantes no cenário básico e no balanço de riscos para a inflação".

Desta vez, o colegiado deve alterar o texto para deixar poucas dúvidas sobre os próximos passos, mesmo que o Copom mantenha algum grau de liberdade e continue a se direcionar pelos indicadores econômicos. Uma evidência da mudança de tom, para algo mais cauteloso, deve vir com a descrição do externo. Até a ata da última reunião, o Copom colocava o cenário internacional como "favorável", na medida em que a atividade econômica crescia globalmente. E esse quadro contribuía para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes.

No entanto, esse trecho deve ser completamente atualizado, na avaliação de Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. "O cenário para emergentes é mais desafiador, os riscos geopolíticos no mundo são maiores e isso tem impactado os ativos brasileiros", afirma.

Para o sócio e gestor da Rosenberg Investimentos, Marcos Mollica, o cenário benigno para emergentes - que vinha sendo indicado nas comunicações do Copom - "piorou sensivelmente". "Em um cenário pressionado, não tem espaço adicional para cortar juros para além desse 0,25 ponto (na decisão de maio)", diz.

O impacto da escalada do dólar no cenário de inflação também pode ganhar espaço na comunicação do Copom. Esse é um dos principais motivos, na avaliação de operadores, para o avanço dos juros futuros na B3. No entanto, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, já afirmou que as decisões de juros se baseiam em inflação, expectativas e atividade, minimizando assim o efeito inicial da alta do dólar.

Até o momento, calcula-se que a projeção de inflação do Copom deve ficar estável ou pouco alterada para 2019, ano que ganha relevância para condução da política monetária. Na ata da última reunião do Copom e no relatório de inflação, o IPCA esperado para o ano que vem estava em 4,1%. O que deve mudar, de maneira moderada, é a estimativa de inflação deste ano, de 3,8% para 4% em 2018, de acordo com o Itaú. "O Copom deve citar o fortalecimento recente do dólar, derivado da perspectiva de reversão da política monetária americana", diz afirma Flávio Serrano, economista sênior do banco Haitong.

"Ainda que reconhecendo a piora na margem do câmbio, os membros do Copom deverão enfatizar que a economia brasileira está preparada para absorver este choque." Por outro lado, uma comunicação relativamente menos inclinada a novos cortes de juros deve, inclusive, limitar riscos de uma nova rodada hipotética de depreciação cambial, diz o economista-chefe do Rabobank Brasil, Maurício Oreng.

"O plano de voo - isto é, de pausa em junho - provavelmente será mais enfatizado nesta ocasião do que em reuniões anteriores", aponta. "O BC provavelmente será mais enfático no cenário-básico desta vez, para evitar [o risco de] adicionar um pouco mais de combustível na onda de venda de moeda, especialmente porque a surpresa na atividade não deve ser relevante o suficiente para o BC optar por ainda mais estímulo."

 

Moody's vê Brasil exposto a alta de juros

O Brasil está entre os dez países mais expostos a um crescimento do custo das dívidas e lidera a lista dos mais frágeis na América Latina, segundo a Moody's. Conforme a agência de classificação de risco, Egito, Barhein, Paquistão, Líbano e Mongólia estão "particularmente em risco".

Sri Lanka e Jordânia pertencem ao grupo de "altamente expostos". A agência aponta o Brasil entre os que podem sentir um revés, devido ao fraco perfil fiscal e endividamento crescente. A agência de classificação de risco projeta, em seu cenário base, um crescimento do endividamento público bruto brasileiro dos atuais 74% para 82% do PIB em 2022.

Mas, em um cenário no qual ocorra um choque mais severo para as condições financeiras globais, o Brasil estaria vulnerável a um crescimento acelerado dos custos das dívidas. O estudo da Moody's analisou 125 papéis soberanos em dois cenários: um de elevação moderada dos juros no mundo e outro mais severo de alta mais forte e repentina. Segundo a agência, "com exceção do Brasil, outros grandes mercados emergentes como Argentina, Indonésia e Turquia não figuram entre os soberanos mais expostos, em termos fiscais, ao aperto das condições financeiras".

Conforme Elisa Parisi-Capone, analista sênior que assina o relatório, "um choque severo adicionaria pressão a um amplo conjunto de ratings". O cenário base da agência, no entanto, prevê um movimento mais gradualista dos juros globais. "Um choque moderado teria, no geral, impacto limitado sobre as dívidas soberanas."

Na estimativa da Moody's, um choque moderado de juros levaria a um crescimento de 250 pontos-base nas taxas globais até 2021. Um cenário severo, porém, conduziria os yields a elevação de 350 pontos-base no mesmo período.

 

Atuação do BC no câmbio divide economistas

Os analistas econômicos estão divididos sobre se a mudança na forma de atuação do Banco Central no câmbio será suficiente para acalmar o mercado de dólar, com alguns deles pedindo intervenção mais pesada e outros defendendo cautela para não impedir que a cotação da moeda americana atinja seu novo equilíbrio.

Os economistas e operadores do setor também têm opiniões diferentes sobre como o Comitê de Política Monetária (Copom) deve reagir ao novo patamar do dólar - seguindo com o corte já sinalizado, de 6,5% ao ano para 6,25% ao ano, ou antecipando para agora a pausa no ciclo de distensão esperada para junho.

Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de política monetária do BC e atual sócio da Mauá Capital, diz que é questão de tempo para que a ração diária de US$ 250 milhões em swaps tenha um efeito "cumulativo" no mercado que alivie a percepção de pressão na taxa de câmbio. "No primeiro dia são US$ 250 milhões.

Parece que nada aconteceu. Mas no segundo dia são mais US$ 250 milhões. E no terceiro, mais US$ 250 milhões. Esse efeito de acúmulo de liquidez é importante e deve acalmar o câmbio", afirma Figueiredo. Ele se refere aos ajustes anunciados pelo BC na sexta-feira em relação aos leilões de swap cambial.

Ontem, o BC já começou a separar as operações de rolagem e as de oferta líquida. Com isso, antecipou a colocação de dinheiro "novo" no mercado. Para Sergio Goldenstein, que foi chefe da mesa de juros do BC e atualmente é economista da Flag Asset, as mudanças operacionais foram corretas, mas o volume ofertado parece pequeno. "A moeda está num patamar que não se justifica, quando se olha para as contas externas do país e o fluxo cambial", afirma. Ainda segundo Goldenstein, "o BC deveria ter uma atuação mais incisiva para quebrar uma espiral negativa que começa a se formar".

Na avaliação do professor do Departamento de Economia da PUC-Rio Márcio Garcia, o BC atua no mercado de câmbio para evitar problemas pontuais de liquidez, nada semelhante ao programa de 2013, quando a autoridade se comprometeu com ofertas diárias de swaps e semanais de linha. "O BC está atuando como deveria atuar. Tendo alguma deficiência de liquidez, ele entra para acalmar o mercado, mas não para segurar o câmbio", explica.

Segundo Garcia, o BC indica que atua para melhorar a situação, mas tenta deixar claro ao mercado que não vai ficar provendo hedge barato para quem tomou dívida em dólar e não fez a proteção adequada e está descoberto em momento no qual o dólar busca outro patamar. "Essa não é a função do BC", diz.

Segundo o coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EESP), Emerson Marçal, a valorização do dólar ante o real nas últimas semanas é reflexo da conjuntura internacional, com o mercado trabalhando com a elevação da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano. "Não tem como remar contra esse processo de normalização. O mercado tem de se acostumar a essa nova realidade de juros mais altos no exterior", diz Marçal, que também é um dos responsáveis pelo Observatório de Taxa de Câmbio da FGV.

A alta do dólar também está levando analistas a cogitar a suspensão do corte de juros sinalizado para reunião nesta semana, dos atuais 6,5% ao ano para 6,25% ao ano. Eduardo Canto, da Aria Capital, afirma que tecnicamente há argumentos tanto para manter os juros quanto para cortar. "Se pesar o cenário básico, de fato a alta do dólar não muda o quadro de inflação abaixo da meta", afirma Canto.

"Mas o balanço de riscos tornou-se mais desfavorável, o que pode ser um bom motivo para não cortar os juros." Figueiredo, da Mauá, diz não ver motivos para qualquer mudança no plano de voo do BC em relação à política monetária. Segundo ele, o mercado está embutindo "excessivo" prêmio de risco à decisão do Copom desta quartafeira.

"Não há nenhuma razão para o BC não entregar o que havia sinalizado sobre a decisão do Copom. O cenário teria de fugir muito do previsto. E isso não está acontecendo." Entre as razões que amparam nova queda da Selic nesta semana, Figueiredo cita a inflação corrente abaixo do esperado e, sobretudo, a queda nas expectativas para este ano e o próximo.

Para o ex-diretor do BC, a queda nas expectativas de inflação demonstra que o enfraquecimento das perspectivas para a atividade econômica tem se mostrado mais relevante para o cenário inflacionário do que a alta do dólar - inclusive reduzindo o repasse da variação cambial aos preços ("passthrough").

Uma depreciação de 10% do câmbio elevaria o IPCA em 0,3 ponto a 0,4 ponto ao fim de 12 meses, nas contas do sócio da Mauá. "Ou seja, não só a inflação deste ano continuaria abaixo da meta como a do ano que praticamente não seria afetada."

 

ESTADO DE SÃO PAULO

Volume de investimentos do PAC em 2019 deve minguar e preocupa equipe econômica

Os investimentos previstos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) devem minguar para um patamar próximo a R$ 17 bilhões no Orçamento de 2019 - o primeiro do próximo presidente da República. Em alguns ministérios, o espaço para novos investimentos deve ficar próximo de zero, segundo apurou o Estadão/Broadcast. A previsão para 2018 é de R$ 25,57 bilhões - volume já considerado muito baixo para impulsionar os investimentos prioritários do governo.

O Ministério do Planejamento vai enviar aos ministérios um pré-limite de despesas que poderão ser gastos com investimentos no ano que vem. Com esse valor inicial, os órgãos vão definir os projetos mais importantes que não podem sofrer descontinuidade. Uma fonte da área econômica contou que a situação é " muito grave" para os investimentos porque o teto de gasto - o limitador do crescimento das despesas à variação do IPCA- comprimiu o espaço fiscal.

O baixo nível dos investimentos foi discutido na semana passada em reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO), que já começou a preparar também uma estratégia para o ano que vem. A JEO é um colegiado de ministros que define as metas fiscais e as diretrizes do Orçamento. Além do adiamento do reajuste dos servidores previsto para o próximo ano, o governo quer aprovar o projeto de reoneração da folha de pagamento, que vai diminuir o custo com o benefício tributário que hoje atinge 56 setores.

O Orçamento de 2019 vai prever um volume de apenas R$ 98,4 bilhões para todas as despesas discricionárias, que são aquelas não obrigatórias que o governo tem liberdade para corte e remanejar ao longo do ano e que incluem os investimentos. Em 2018, a previsão no Orçamento é de um gasto de R$ 128,9 bilhões de despesas discricionárias - patamar que dificilmente será alcançado. Em 2017, as despesas discricionárias atingiram R$ 114 bilhões. Como mostrou o Broadcast, os investimentos públicos em 2017 chegaram ao menor patamar em 50 anos.

O governo prepara também o próximo relatório bimestral de avaliação de despesas e receitas do Orçamento deste ano. Uma reavaliação das despesas, principalmente, dos gastos do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT). O governo deve reduzir no relatório a projeção de crescimento em 2018 de 3% para 2,5%. Uma fonte da equipe econômica disse que não há hipótese de liberar o que não pode ser liberado para não comprometer o teto de gasto. Mas também a equipe econômica não quer segurar os gastos além do necessário para não prejudicar o funcionamento da máquina.

 

EXAME

Hoje é um dia decisivo na Argentina — e, por tabela, no Brasil

Há exatamente uma semana o presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou a volta do país ao Fundo Monetário Internacional, o FMI. Hoje, a Argentina tem novo dia decisivo em sua crise fiscal. Vencem nesta terça-feira cerca de 30 bilhões de dólares em Lebacs (Letras do Banco Central), títulos de curtíssimo prazo que são o principal meio de financiamento do governo argentino. É metade do estoque do país, ou o equivalente a 5% do PIB.

Esses títulos têm preferencialmente validade de 35 dias. Foram lançados em abril com taxa anual de 26,3%, mas no mercado secundário rendem 40% — o juro básico mais alto do mundo, que subiu três pontos no dia 28, mais três no dia 4 e 6,75 no dia 5. Ou seja: o vencimento desta terça-feira mostra como os vizinhos estão andando na corda bamba.

Caso o governo não consiga rolar a dívida, pode haver uma saída elevada de dólares do país, piorando ainda mais a situação argentina. Ontem, o dólar bateu novo recorde no país, chegando a 25 pesos, mesmo com o Banco Central incentivando bancos comerciais a comprarem Lebacs. Na semana passada os bancos comerciais compraram cerca de 3 bilhões de dólares em Lebacs. O BC argentino queimou 5 dos 65 bilhões de dólares de suas reservas para segurar a depreciação do peso.

Mesmo que passe no teste de fogo desta terça-feira, como esperam analistas, Macri terá novo problema a encarar já no mês que vem, quando vencem mais 12 bilhões de dólares em títulos de curto prazo.

Um risco crescente, para analistas internacionais, é que a crise argentina se espalhe para além do Rio da Prata. Segundo reportagem do jornal The Wall Street Journal, a história de crises financeiras modernas mostra que elas costumam se originar em cantos obscuros do sistema financeiro (como a Tailândia ou as hipotecas americanas), são ignoradas de início e, de repente, irrompem.

O risco, diz o jornal, é que o que está acontecendo na Argentina se repita em outros países, com o possível fim de um ciclo de dinheiro fácil para mercados emergentes. Em 2017, eles receberam 1,2 trilhão de dólares. Caso o afluxo cesse, os países podem ter que aumentar as taxas de juros para se manter atrativos a investidores cada vez mais avessos aos riscos.

Seria um cenário preocupante para quem precisa de investimentos para crescer, como o Brasil. As Lebacs argentinas, portanto, são importantes também do lado de cá da fronteira.

 

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